O dia da multiplicação dos livros

Por Ana Creusa

Cada expedição do Fórum da Baixada é uma missão cercada de mistérios. Primeiro, é a dúvida quanto ao comparecimento dos que coloram o nome na lista, pois os encontros acontecem, quase sempre, na madrugada.

Essa dúvida atormenta os organizadores porque geralmente recebemos o transporte em cessão, o qual solicitamos na medida das inscrições.

Lembro-me que em uma das expedições solicitamos um ônibus para 30 pessoas, mas somente 17 guerreiros tiveram coragem de estar na Praça Maria Aragão às 04 horas da manhã. Resultado: o Fórum teria que ressarcir a diferença! Perdeu quem não foi, tivemos uma expedição memorável.

De outra feita, fomos ao Quilombo de Frechal, para participar de um evento promovido pelo Sebrae. O ônibus que iria nos aguardar no Porto do Cujupe, foi parar em Alcântara e nós, com a força de expedicionários, pagamos o transporte regular e fomos ao local. O Superintendente do Sebrae, o forense João Martins, não conseguiu almoçar até que chegamos ao local já eram mais de 13 horas.

Essa expedição foi considerada a melhor de todas, até agora, tivemos o privilégio de dormir na Casa Grande do quilombo do Frechal e participar de rodada de conversa com as pessoas do lugar, em uma noite de luar.

Porém, nada se compara em emoção à expedição a São João Batista ocorrida em 02 de dezembro de 2017 que se propunha relançar o Livro Ecos da Baixada naquele município. O primeiro lançamento ocorreu dia 14/11/2017 em São Luís. Não combinamos quem levaria os exemplares do livro para serem vendidos. Chegando lá, ficamos sabendo que tínhamos apenas 11 (onze) livros para serem comercializados para uma plateia de mais de cinquenta pessoas.

O desespero se abateu sobre o chefe do cerimonial, que me perguntava a todo o momento: – o que faremos? Deu-me um sono momentâneo, resultado da noite não dormida e do peso do comunicado iminente:  não haveria livros para vender. Minha irmã Ana Cléres que foi de Peri-Mirim para o evento, me despertou do cochilo em plena mesa de cerimônia.

Novamente o colega me abordou: – o que faremos? De repente, sem pensar em nada, disse a ele: – vamos sortear os 11 livros! Ele virou e disse: “boa ideia’. E assim procedemos. Outro colega, auxiliado por outros começaram a distribuir um pedacinho de papel para colocar o nome dos presentes e depois proceder ao sorteio.

Os onze livros encheram o salão e ninguém falou em comprar livros. Os colegas não falaram mais no assunto, até hoje. Nós forenses envolvidos nesse episódio criamos laços de amizade ainda mais fortes, pela parceria na resolução de um problema, que se avizinhava intransponível. Por tudo isso, eu trato esse episódio como “o dia da multiplicação dos livros”.

Como os livros estavam em meu poder para venda, fiz o depósito do valor corresponde aos 11 livros sorteados na conta da instituição.

Depois desse episódio, fizemos outras expedições a Matinha, Viana, São João Batista novamente, Bequimão (Expocapril e Paricatiua) e tudo voltou à quase normalidade, pois a agonia dos encontros na madrugada permanece.

Que venham mais expedições do Fórum em Defesa da Baixada Maranhense, pois temos que conhecer para amar essa bela região.

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