Antônio João França Pereira

Ocupante da Cadeira nº 06 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), que tem como patrona Cecília Euzamar Campos Botão.  É natural de Peri-Mirim (MA). Nasceu em 24 de junho de 1947. Filho de Antônio João Pereira e Mercedes França Pereira  (ambos in memoriam).

Casado com a Sra. Graça Maria França Pereira. Teve quatro filhos, atualmente só tem três, todos formados em Direito, quatro netos sendo um homem e três mulheres e duas bisnetas.

Estudou em Guimarães no Seminário S. José e em S. Luís no Seminário Santo Antônio viabilizado por Pe. Gerard. Cursou o 2.º grau no Liceu Maranhense. Formado em Letras. Ministrou cursos Intensivos de Matemática e Educação Física, curso de Formação de Gerente de Agência da Caixa Econômica Federal.

Lecionou Português e Matemática no Ginásio Bandeirantes de Peri-Mirim, Anajatuba, e nos colégios Coelho Neto, Escola Normal e colégio Caxiense em Caxias e Escola Normal em Barra do Corda.

Hoje, é aposentado da Caixa Econômica Federal e empresário.

É sincero, gosta da verdade, ama Peri-Mirim, em especial Portinho. Não é omisso, é otimista, filantrópico, solidário, veio para ajudar. Não consegue ter raiva, nem rancor de ninguém.

Tem noções de inglês, francês e latim.

Acredita que todos nós nascemos para fazer o bem.

Agradecimentos a todos que se engajaram na fundação desta Academia, hoje, “ALCAP”

Pensamento: “Enquanto eu era feliz tinha vários amigos, quando as coisas foram ficando difíceis, fiquei sozinho.”

1919: Macapá, festa de inauguração do município

Notícia publicada no Jornal “Pacotilha” em 1919.

De uma visita que fizemos a Macapá, no dia da inauguração do Municipio e vila do mesmo nome, trouxemos a mais agradavel impressão. Então, viu-se quanta força de vontade possue tão nobre gente e a ancia de progredir que preside a todas as almas. Em toda parte, na rua, na Igreja, nos edifícios publicos, nos lares, nos bairros visinhos, a alegria era enorme. Todos exultaram ao sentir que íam ter vida propria, com governo seu, daí por diante.

Entre parentesis, a vila de Macapá está situada ao pé de um morro, de altitude regular, tendo em frente o campo. Está cortada em duas secções por um pequeno rio intermitente, que as limita. Uma dessas secções entende com a denominação propriamente de Macapá, e a outra tem o nome de Portinho, mas essas divisões não têm importancia, é a mesma relação que existe entre a cidade de São Bento propriamente e o bairro “Outra Banda”.  A população de Macapá não deve decrescer de 5.000 habitantes, numero fixado pela Constituição do Estado para autorizar a emancipação.

Pelas delimitações fixadas, o Municipio possue varias fazendas importantes, de engenho e gado, pelo que é de esperar que haja arrecadação suficiente para custear os serviços publicos. Afóra esse parentesis, vamos continuar a nossa narração.

Em viajem, antes de chegarmos a pitoresca vila deparamos com a fazenda do Sr. João de Deus Martins, o homem que, só entre filhos e genros, possue 20 e tantos  electores. A sua amabilidade fez-no transpôr os humoraes da sua morada, e aí fomos tratados fidalguia captivante.

Chegamos a Macapá ás 6 horas da tarde da vespera da inauguração do Municipio. Logo pela manhã, do grande dia, houve alegre alvorada na Igreja, com música e foguetes. O reverendissimo Padre Felipe Candurú, que aí então se achava para provar que a Igreja comungava tambem dos sentimentos do povo, fez de proposito reparar algumas meninas, todas muito interessantes e graciosas para receberem a comunhão sagrada.

Como era natural, depois do despertar, tomamos o caminho da Igreja, e lá assistimos a cerimonia religiosa, em que houve a maior concurrencia popular. Após essa cerimonia, o povo todo, inclusive o Padre Felipe Candurú dirigiu-se em passeata para o lugar destinado á inauguraçao, e durante o trajecto, a banda de musica tocou varias peças alegres e canções patrioticas. Muitos nomes eram aclamados entre estes, com mais fervor, os do Dr. Urbano Santos Cel. Bricio de Araujo, Dr. Raul Machado, Cel. Carneiro de Freitas, Dr. Carlos Reis, etc

O salão que os esforçados macapaenses para a cerimonia estava regularmente movimentado e inteiramente repleto.

As dez horas, começou o serviço das actas. Era meio dia quando foi instalada a Camara e empossados o Prefeito e o Sub-Prefeito ás suas residencias. Era de encantar o modo fidalgo como era tratados todos os visitantes. A familia Ignacio Mendes, numa actividade pasmosa procurava por todos os meios com solicitude e carinho, agradar a todos. Estava aí uma miniatura do lar de Macapá, franco e hospitaleiro. A festa rematou com um animadissimo baile na residencia do Prefeito, em que compareceu toda a elite Macapaense cada qual mostrando o maior capricho no trajar. Foi uma desta, a bem dizer, deliciosa, onde sentimos no coração de cada macapaense pulsar fibra dessa alma sertaneja, orgulhosa da sua fidalguia de trato e nobreza de coração. Ainda relembramos com imensas saudades os dias ditosos que possamos, naquela terra, em contracto com o seu genero e hospitaleiro povo. -Um sambentoense.

Observação: Conservada a linguagem da época. Sabe-se que município de Macapá (atual Peri-Mirim) foi criado pela Lei nº 850, de 31/03/1919.