Mérito Cultural Perimiriense: Discurso da Presidente da ALCAP

Por Eni Amorim

Mais uma vez Saúdo a todos!

Inicio a minha fala parafraseando o Padre Antônio Vieira:

Para falar ao vento, bastam palavras. Para falar ao coração, são necessárias obras.

Hoje, nesta noite memorável, homenageamos com o diploma de Mérito Cultural Perimiriense, João de Deus Paz Botão, um dos ícones da cultura folclórica do município, um poeta que se inspirava na natureza, naquilo que vivia e assim traduzia em versos os objetos das suas inspirações.

O Diploma de Mérito Cultural Perimiriense é uma forma de a ALCAP reconhecer alguns artistas da terra, artistas criadores, que com suas obras, seus feitos, em um determinado momento da História falaram ao coração de Peri-Mirim encantando o povo do município e do Estado do Maranhão, fazendo o município brilhar lá fora.

Se olharmos para o passado, com os olhos do presente, veremos que temos muito a fazer no nosso quesito cultural.

A política cultural deve ser vista pela sociedade (e realizada pelos gestores da cidade) como um cardápio de iniciativas, de promoção, de desenvolvimento econômico.

A cultura gera renda, gera emprego, gera inclusão, gera desenvolvimento. Estes atores que a ALCAP reconheceu hoje pelo seu trabalho, sua dedicação e sua criatividade, ajudaram a construir a história da cidade através da promoção e apoio à adversas manifestações culturais.
A ideia da ALCAP é realizar um evento anual para homenagear pessoas envolvidas ou que já se envolveram na promoção e/ou apoio à manifestações culturais no município.

E para não me alongar mais, encerro a minha fala com a famosa frase de Walt Disney: “Ninguém faz nada sozinho”. Em nome da Academia, agradeço a todos os envolvidos para realização deste projeto, pois para chegarmos até aqui, tivemos o envolvimento de vários atores, para que esse momento se tornasse real.

A todos nossa gratidão!

Rui Ribeiro Corrêa

Rui Ribeiro Corrêa, nasce em  19 de novembro de 1967 no povoado Pericumã, Peri-Mirim-MA. Filho de Anastácio Florêncio Corrêa e Helena Ribeiro Corrêa. Pai de 07 filhos. Trabalhou por muito tempo com times de futebol. Sua inspiração pela cultura iniciou por intermédio da Dança do Urubu de Viana-MA, onde ele e seu time prestigiavam até a madrugada aguardando a tão esperada dança se apresentar.

Por esse fato, Rui teve a ideia de organizar uma dança indígena, mas por condições desfavoráveis à época o impediram de avançar nesse sonho. Então, ele assistindo um programa de TV viu uma belíssima dança se apresentar, em estilo country, se encantou. Resolveu, então, organizar uma dança country em Peri-Mirim, mas a ideia era um homem dançando com várias mulheres, porém, como a dança era uma inovação na cidade, logo se propagou e a procura foi grande, a comissão então resolveu montar os pares, surgindo a Dança Country Laço de Prata, surgindo no ano de 2005 e abrilhantando os arraiás da Baixada e da capital do Estado. O lema da dança sempre foi respeito, responsabilidade e união, este último era presente entre os componentes em todos os âmbitos, desde o futebol até as gincanas.

Como tinha uma dança laço de ouro em Ariquipá, Bequimão-MA, pensou em optar pelo brilho e os paetês suavam um brilho prateado, se destacando muito, resolveram batizar a dança com o nome Laço de Prata, para expor o objetivo da dança que era de brilhar nos arraias.

Atualmente, a dança tem o Reconhecimento de Utilidade Pública Estadual e Municipal, aprovada em 2010. No início os ensaios normais aconteciam na Unidade Escolar Carneiro de Freitas e o ensaio redondo acontecia no Clube Recreativo. Atualmente tem local próprio para ensaios e transporte próprio. Venceram um concurso de danças de Peri-Mirim e um em Pinheiro.

A dança sempre carregou um legado nos quesitos: respeito, responsabilidade e união, estavam juntos em todos os movimentos perimiriense. E o objetivo era valorizar a cultura de Peri-Mirim e envolver os jovens tirando-os da marginalidade.

Em 2021, o senhor Rui Ribeiro Corrêa, recebeu da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense- ALCAP a honraria Mérito Cultural Perimiriense, João de Deus Paz Botão, concedida pessoas da cidade, de forma a reconhecer a importância, o trabalho e a dedicação daqueles que constroem a história da cidade por meio da promoção e apoio a diversas manifestações folclóricas e culturais no Município de Peri-Mirim.

Maria de Lourdes Campos

Maria de Lourdes Campos nasceu na cidade de Peri-Mirim em 20 de julho de 1962, filha de Maria do Socorro Campos. Teve toda sua formação e história em Peri-Mirim. Desde muito cedo, sempre apreciava as festividades juninas, nos tempos escolares participava como brincante e organizadora. Tem como ponto forte o amor e o apreço aos arraiais, e quando se tratava em organizar alguma festividade na escola, sempre era primeira a se manifestar. É muito influente nas gincanas culturais.

Participou da dança Thiagad, organizada pelo professor Valtinho, em um dos anos, foi componente e por três anos ajudou na comissão organizadora. Na gestão da Unidade Escolar Carneiro de Freitas, dirigida pela professora Ana Maria Silva, foi organizada a Dança Portuguesa Milho Verde, em que ela mesma era a coreógrafa. Um ponto importante é que a escola abraçou a ideia, e nela toda a comunidade escolar, desde os funcionários e alunos aos pais, que não mediam esforços para ajudar. Na própria escola tinha quem ajudava na escolha das roupas, das músicas, das coreografias e até costureira, e os pais contribuíam e a escola ajudava por meio de rifas e bingos.

O nome da dança foi batizado por Milho Verde, devido aos componentes serem crianças, com idades entre 07 a 12 anos, significa que estavam na flor da idade, ainda iam amadurecer. A dança enfeitou arraial de muitas cidades circunvizinhas, como eram crianças naquela época não podiam sair para lugares distantes. Se apresentaram nas arraias das cidades de Pinheiro, São Bento, Bequimão e em Peri-Mirim. Atraía o público por serem crianças talentosas, durou cerca de 04 anos.

Maria de Lourdes é fã da cultura e na Cultura de Peri-Mirim por que não falar? Ajudou a organizar várias danças portuguesas, como Majestade de Lisboa na organização de seu sobrinho Gregory e no Bumba meu boi Brilho da Baixada na presidência de J. Campos, juntamente com Santiago e Venceslau.

Em 2021, foi homenageada pela Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) com a honraria do Mérito Cultural Perimiriense, João de Deus Paz Botão,  concedido a pessoas, de forma a reconhecer a importância, o trabalho e a dedicação daqueles que constroem a história do município por meio da promoção e apoio a diversas manifestações folclóricas e culturais no Município de Peri-Mirim.

Manoel de Jesus Campos, o Santiago

Cantor e compositor de Bumba-Meu-Boi e manifestações folclóricas no Estado do Maranhão. Nascido em 03 de junho de 1947 no povoado Tremedal, zona rural do município de Peri-Mirim, filho de Maria Almerinda Campos e Pedro Damião Campos. Conhecido popularmente como Santiago. O mesmo vem de uma geração de oito irmãos. Santiago possui três filhos, cinco netos e uma bisneta.

Sua paixão pela cultura deu-se aos 13 anos no povoado em que nasceu. Os moradores se reuniam e confeccionavam chapéus de palha de uma palmeira conhecida na região como Tuncum. O boi tinha como matéria prima a palha do babaçu feito em formato de cofo e era enfeitada com o papel dourado retirado da carteira de cigarro Continental. Na época os moradores preparavam mingau de arroz para doar, ao término das apresentações, os responsáveis por organizar as brincadeira e convidar os cantores de boi chamava-se Pedro Sabino e João de Lázaro, a comunidade  tinha a missão de socar o arroz no pilão e fazer o mingau para a noitada. A partir daí o gosto e a vontade de participar das manifestações folclóricas sempre falou mais alto.

O primeiro boi que participou, fora do seu município de origem, tinha como nome Bumba Boi Paziano sotaque de orquestra do São Domingos que tinha como Dono o Raimundo Cordeiro, a partir daí os convites para abrilhantar as noites juninas foram surgindo e em seguida integrou no período de um ano o boi do São Joaquim sob o comando do Sr. Eusébio.

Na década de 70 viajou para Santa Inês em busca de novas perspectiva de vida e melhores condições financeiras, pois o Sr. Manuel é oriundo de uma família humilde de lavradores. Não se adaptando às mudanças e a saudade de seus familiares retornou para junto dos mesmos no ano seguinte. De volta, aceitou o convite para participação no Boi da Tapera de responsabilidade de Zé Pereira (In memória), na ocasião dividia os palcos com Antônio João de Ladica.

Em 1973, Deusdete Gamita Campos é eleito prefeito do município e na ocasião fundou um Bumba Boi chamado Campeão do Norte no sotaque de zabumba. Reuniu uma boiada e colocou nos palcos entre rimas e versos três repentistas o Santiago, o Diér e Paulo da Beira. Tornando-se o primeiro boi da região a se apresentar nos arraiás da capital maranhense. No ano seguinte o Campeão do Norte reuniu os grandes mestres repentistas da cidade e as noitadas juninas foram embaladas ao som das toadas de Santiago, Carlos Pique, João Betouve, Dier e Paulo da Beira.

Em 1977, João França Pereira ganha as eleições municipais e mantém viva a tradição do boi de zabumba Campeão do Norte, a fama dos Mestres de boiada da nossa querida Peri-Mirim percorre as cidades do Maranhão e o boi é convidado a se apresentar em Chapadinha. Em 1978 recebeu o convite de Deusdete para integrar um boi que ele estava organizando na comunidade de Campo de Pouso, na oportunidade comandou a boiada juntamente com João Betouve e na organização tinha Biu, Betinho e Antônio de Zila.

No ano de 1979 o convite veio de Itamatatiua cidade de Alcântara, onde comandou o Boi de Itamatatiua do seu Ricardo. Na chama da fogueira que esquentava o tambor lindas rimas o Santiago criou despertando o interesse de muitos donos de boiada. No ano seguinte, estava a cantar e encantar no boi do Ferro de Engomar da cidade de Bequimão.

Do chapéu de palha simples aos canutilhos e paetês, Santiago acompanhou e participou do processo de evolução e reconhecimento da cultura maranhense. O mesmo cantou muitos repentes olhando as saias da mulherada girar nas rodas de tambor de crioula ascendeu fogueira para esquentar tambor e muitos corações conquistou de Pontal a Três Marias uma temporada passou, no conjunto de Timótio de Olávio no povoado de Minas sua marca deixou. No Tubarão em Alcântara muita correia fez punga escutando Santiago cantar.

Em 1995, durante a gestão do prefeito Benedito de Jesus Costa Serrão surge em Peri-Mirim o Bumba-Meu-Boi Brilho da Baixada no sotaque de orquestra, o primeiro boi desse gênero que integrou fazendo composições para interpretação própria e para outros cantores como a mais famosa música da época “Peri-Mirim, minha terra é um amor”. Toada que foi interpretada por França e na ocasião gravada pelo mesmo.

Muitas toadas foram gravadas durante a existência do Brilho da Baixada, algumas em fitas que eram o instrumento que se tinha na época para registro de músicas e outras estão nos CD’s que até hoje embalam a saudade de um geração apaixonada pela cultura perimiriense.

Com o término do Brilho da Baixada, o Santiago seguiu carreira no Boi Unidos de Palmeirândia também no sotaque de orquestra . Este batalhão tem sobre seu comando a Sr. Rita Marques que mantém viva esta tradição até os dias atuais.

Em 2010, aceitando o convite de Seu Arcanjo, o Santiago atravessa a Baia de São Marcos para integrar no Bumba-Meu-Boi Anjo dos Meus Sonhos, sotaque de Orquestra do Anjo da Guarda. Aqui entre pandeirões, vaqueiros e índias cantou coisas do amor e muitos corações agradou.

Em 2013, estava de volta nos arraiás da sua cidade natal, desta vez no Bumba-Meu-Boi Mimo de Peri-Mirim.  Que tinha como representatividade a Ex.ª Vereadora Rosa Pinheiro. A Toada que ficou registrada neste batalhão diz assim “Guarnece turma, guarnecer se faz assim, vamos mostrar a cultura da nossa Peri-Mirim. O povo está animado, quem tá na frente do gado é Santiago e Paim”. Por muitos anos, Paim e Santiago fizeram muitos apitos assobiar para São João homenagear.

No ano seguinte, o Santiago fez parte de um projeto municipal da Secretária de Assistência Social que reuniu jovens e idosos na perspectiva de se fazer um batalhão o projeto deu certo o Boi do CRAS como era chamado saiu ao som do teclado e reuniu muitos perimirienses no dia do seu batizado.

Manuel é um homem feito de muitas veias culturais, dono de versos, músicas, poemas e toadas que soam o ano inteiro  compondo um verdadeiro canteiro de manifestações folclóricas da Baixada.

Nos carnavais da nossa cidade muitos sambas criou, passou pelo Império do Portinho, mas foi no Unidos do Campo de Pouso que  sua história registrou.  Entre alegorias e baianas conquistou muitas notas 10. Comandava uma bateria como ninguém na passarela, ao lado de Paim emoções e muitas composições surgiram. Títulos embalados pela euforia de uma torcida que todo ano o esperava, na ponta do pé muita gente sambava e com aplausos saia de cena sempre com gostinho de quero mais.

Hoje, com seus 74 anos o Santiago tem uma legião de fãs, amigos e admiradores de seu belíssimo trabalho. Por onde passa sempre deixa a seguinte mensagem “A cultura é a marca de um povo e somos nós quem fazemos este feito”.

Em 2021, Manoel de Jesus Campos, o Santiago, recebeu da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense- ALCAP a honraria Mérito Cultural Perimiriense, João de Deus Paz Botão, concedida pessoas da cidade, de forma a reconhecer a importância, o trabalho e a dedicação daqueles que constroem a história da cidade por meio da promoção e apoio a diversas manifestações folclóricas e culturais no Município de Peri-Mirim.

José de Jesus Pereira Campos, o J. Campos

Nasceu em Bequimão/MA, no dia 22 de abril de 1966. Filho de Deusdete Gamita Campos e Jarinila Pereira Campos. Formação: Estudou da 1º a 4º série na Escola Carneiro de Freitas, do 5º ao 8º ano na Escola Artur Teixeira de Carvalho (CEMA).

Foi um dos fundadores do grupo de jovens Associação Fraternal da Juventude Perimiriense –AFRAJUP -entre os anos de 1977 e 78.

Técnico em Agropecuária na Escola Agro Técnica Federal de São Luís MA, ano de 1985; Comunicação e Publicidade na Faculdade São Luís em São Luís MA, ano de 2005.

Prestação de serviços:

  • Projeto Nordeste – Pinheiro MA; ano de 1986;
  • Secretário de adjunto na secretaria de Desporto e Lazer em Peri-Mirim- MA;
  • Lecionou no Ensino Médio com a disciplina História em Peri-Mirim –MA;
  • Secretário de Cultura do município de Peri-Mirim-MA;
  • Programa 30 minutos TV Difusora em São Luís-MA;
  • Locutor Radialista nas rádios de Peri-Mirim e Pericumã FM;
  • Domingão da Sorte, trazendo vários prêmios para a região;
  • Suplente de Vereador em 1993 a 1997;
  • Presidente do Boi Brilho da Baixada.

Esporte: Futebol – Torcedor do Vasco da Gama ( time do coração), Corrida de Fórmula 1 e Luta de MMA.

Matrimônio: Casou-se em 1987, aos 21 anos, com Yolene Amorim Campos, tendo dois filhos, Romário Willian Amorim Campos e Deusdete Gamita Campos Neto, separando-se em 1996. Em outro relacionamento, com Leydiane Vieira teve uma filha Maria Ellys Viana Campos.

Em 05 de maio de 2005 perdeu seu pai, seu grande amigo.

Faleceu no dia 05 de outubro de 2013, com 47 anos de idade.

Em 2021, in memoriam, J. Campos foi homenageada com a honraria do Mérito Cultural Perimiriense, João de Deus Paz Botão, concedida a pessoas da cidade, de forma a reconhecer a importância, o trabalho a dedicação daqueles que constroem a história da cidade por meio da promoção e apoio a diversas manifestações folclóricas e culturais no Município de Peri-Mirim.

Carlos Pereira Oliveira, Carlos Pique

Conhecido como “Carlos Pique”, ocupante da Cadeira nº 02 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), cujo patrono é Jacinto Pinto Pinheiro. Nasceu no dia 04 de novembro de 1935, no povoado Enseada Santo Antônio, hoje povoado Canaranas, filho de uma geração de quatro filhos dos senhores Cássio Henrique de Oliveira, natural do município de Alcântara, mas precisamente do o povoado Itamatatiua, e Maria Caetana Pereira Oliveira, nascida no povoado Enseada Santo Antônio, Peri-Mirim.

Estudou até o 4º ano do primário, casou-se com a senhora Marilda Silva Oliveira, natural do povoado Serra, Peri-Mirim, matrimônio este que gerou sete filhos: Maria Lucinda Silva Oliveira, Claudenice Oliveira França, Carlos Oliveira Filho, Claudinel Silva Oliveira, Cláudia Regina Silva Oliveira, falecida aos 7 anos de idade, Claduilene Silva Oliveira e Claudenir Silva Oliveira. Além de nove netos e oito bisnetos.

Sempre trabalhou na roça para ajudar nos sustentos da família, começou a cantar as suas toadas de bumba-meu-boi aos 14 anos de idade, sua primeira atuação foi no povoado Pontal, Bequimão, no ano de 1949, quando lançou uma toada no boi de Otaviano, a toada teve como significado o retrato das pessoas que viajavam para a capital, São Luís, a trabalho e se apreciavam com o cinema.

Teve apenas um professor, chamado Raimundo de Doteia, que dava aulas no povoado Enseada da Mucura, na varanda da residência do senhor Hemeterio Oliveira, onde hoje residem o casal Neide e Jhon. Lá aprendeu a contar e a escrever seu nome, entrou aos 10 anos de idade, numa escola onde os alunos eram multisseriado.

Carlos Pereira Oliveira, conhecido por Carro Pique, inspirou-se em alguns talentos da cultura de Peri-Mirim, como Jacinto Pinto, João Botão, Rafael Botão e Dé da Tijuca, todos já falecidos, que deixaram um grande legado de companheirismo e determinação.

Em suas lembranças uma de suas toadas de valor expressivo e de muita tristeza aos ouvintes foi a de homenagem a Jacinto Pinto, que o fez por muitas décadas parar de cantar, na toada ele contava a história de Jacinto Pinto que para alguns serviu de protesto sobre a morte daquele singelo personagem da cultura perimiriense, por conta disso, Carro Pique foi perseguido por oito dias para ser morto.

Tem de berço como maior valor, o respeito pelos pais a partir de uma surra que levou por sua mãe ao desrespeitá-la, onde ela a solicitou que fosse da Enseada Santo Antônio até a Enseada da Mucura e ele respondeu que não iria, ela lhe prometeu uma grande surra, ele então correu pelos quatro cantos daquela região, chegando a noite, ele se deitou em sua rede, se embrulhou e quando pegou no sono, ela chega no seu quarto e devagar retira-lhe o lençol e lhe dá a tão temida surra. Desde então para ele a obediência aos pais é um dos bens mais precioso, um valor de extrema importância.

Compôs e cantou várias todas, dentre as quais as mais conhecidas foram: Lá vai da difusora, Copa de 70 e muitas outras. Hoje um imortal da academia perimiriense de letras, um exemplo vasto de amor à cultura da sua terra.

Apaixonado pela cultura de Peri-Mirim aceitou o convite por conta de contribuir ainda mais com suas lembranças e memórias e suas diviníssimas toadas para abrilhantar mais a Academia de Letras de Peri-Mirim.

Em 2021 foi homenageado com a honraria do Mérito Cultural Perimiriense, João de Deus Paz Botão, concedida pessoas da cidade, de forma a reconhecer a importância, o trabalho e a dedicação daqueles que constroem a história da cidade, por meio da promoção e apoio a diversas manifestações folclóricas e culturais no Município de Peri-Mirim.

Adalberto Ferreira Coimbra, Galanchinho

Adalberto Ferreira Coimbra nasceu no Bairro do Portinho, Peri-Mirim-MA, no dia 08 de setembro de 1962. Casado com Jeane Margareth Martins Ferreira, pai de 04 filhos. Filho de José França Coimbra (popular Biruá) e de Mariana França Coimbra. Conhecido como Galanxinho, apelido dado por sua bisavó paterna.

Galanxinho aos 19 anos de idade organizou uma quadrilha denominada Força Jovem que envolvia jovens de várias comunidades. No ano de 1977 na Rua Humberto de Campos no Bairro do Portinho, os ensaios aconteciam no quintal da casa de seus pais, terreno amplo e propício para adequar os ensaios da quadrilha. A quadrilha tinha a participação de 50 integrantes e durou por 10 anos.

Passando-se alguns anos, comandou o Bumba-meu-boi de zabumba Campeão do Norte do Bairro do Portinho, na administração do prefeito Vilásio, em 1995 que durou apenas 01 (um) ano. Anos mais tarde, comandou outra quadrilha “Agora que são elas”, organizada pelo professor Valtinho, Terezinho, Shonem e Dora. Que tinha como lema: Arraial sem preconceito, era uma dança diferenciada que fazia muito sucesso nos arraiás, pela dinâmica e liberdade de gênero, onde o cenário era diferente das outras quadrilhas, nesta, homem se vestia de mulher e mulher de homem. A quadrilha abrilhantou os arraiais por 03 anos.

Após a quadrilha: Agora que São Elas, Galanxinho resolveu organizar a Dança Portuguesa Império de Portugal que se encerrou em 2014. A dança também foi uma das atrações mais marcantes dos arraiais de Peri-Mirim, pela exuberância, estilo e delicadeza na qual levava em suas apresentações.

Galanxinho teve sua inspiração por danças culturais desde sua infância, quando um senhor por nome Vicente organizava uma quadrilha e ele por ser muito criança não podia participar, até que Antônio de Lauro, pai do atual vereador Cleomar organizou uma quadrilha no bairro e ele pôde participar. Foi par da professora Lourdes na Dança Portuguesa Thiagad, organizada pelo professor Valtinho.

Sempre teve muito apoio da comunidade do Portinho, na organização das danças e nas despesas e algo que ele retratou que fazia com que a cada ano eles se empenhavam em fazer mais bonito eram as disputas entre as danças. Os ensaios eram às portas fechadas, as roupas só no dia das apresentações do dia 23 de junho no arraial em Peri-Mirim. A rivalidade era sadia. O que o desestimulou a não fazer mais danças foi o apoio que além de ser pouco, a dança portuguesa tem muitos gastos. E para mantê-la é muito caro. Mas até hoje ele sente muita saudade das andanças pela baixada, pois a Império de Portugal abrilhantou o arraial de várias cidades maranhenses.

Em 2021 foi homenageado pela Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) com a honraria do Mérito Cultural Perimiriense, João de Deus Paz Botão,  concedido pelo reconhecimento da importância, o trabalho e dedicação daqueles que constroem a história do município por meio da promoção e apoio a diversas manifestações folclóricas e culturais no Município de Peri-Mirim.

ALCAP: Mérito Cultural Perimiriense

A ALCAP – Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense, realizará na próxima quarta-feira, em 30 de junho de 2021 às 19:30 horas em ambiente virtual uma solenidade de entrega do Diploma de Mérito Cultural Perimiriense, João de Deus Botão, que será concedida à algumas pessoas da cidade, de forma a reconhecer a importância, o trabalho e a dedicação daqueles que constroem a história da cidade por meio da promoção e apoio a diversas manifestações folclóricas e culturais no Município de Peri-Mirim.

Homenageados:

Adalberto Ferreira Coimbra (Galanchinho);
Carlos Pereira Oliveira (Carlos Pique);
José de Jesus Pereira Campos (J. Campos – in memorian);
Manoel de Jesus Campos (Santiago);
Maria de Lourdes Campos e
Rui Ribeiro Corrêa.

Helena Ribeiro Corrêa

No dia 29 de outubro de 1934, na cidade de Peri Mirim- MA, nascia Helena Silva Ribeiro. Filha de família tradicional da região, sendo seu pai o senhor Justino e a mãe senhora Rosa Silva Ribeiro. Seus pais vieram da zona rural atraídos pelas ricas terras Macapá. Hoje atual cidade de Peri Mirim, uma vez que eram agricultores. Dos quatro filhos ela era a 3ª. Estudou na Escola Reunida, naquela época, aonde hoje é a Escola Carneiro de Freitas (Escola Municipal Cecilia Botão- anexo II), teve como Professoras Maria Guimarães, Naísa Amorim, Matilde (cujo nome popular Matilde Perigosa), Margarida…, conta-se em relatos que era uma das melhores alunas. Aos sete anos de idade, a então menina Helena Ribeiro ingressava na escola primária, frequentando na época o Grupo Escolar de sua cidade natal.

Quando concluiu o curso primário, matriculou-se no mesmo estabelecimento de ensino para frequentar o Curso Complementar, formando-se assim como Professora Complementarista, e que a mesma recebia seu honorário em valor de conto de reis, conta-se que aos dezesseis anos de idade, no ano de 1951. Como era muito dedicada ao ensino, naquela época o responsável pela Escola Municipal Urbano Santo no Povoado Picumã, onde, a pedido do senhor Clovis Ribeiro (seu irmão), a convidou, a título de estímulo para ser funcionária municipal, na função de Professora de Ensino, atividade esta que desenvolvia com remuneração de 50 conto de reis. Nessa época (1951), Helena ingressava no Curso Normal Regional, formando-se Professora Regionalista no ano de 1954.

Em primeiro de março de 1954, Helena Silva Ribeiro foi nomeada Professora Complementarista, para lecionar no estabelecimento onde estudava, passando assim a trabalhar oficialmente como professora nomeada, recebendo uma remuneração conto de reis, realizando dessa forma um de seus maiores sonhos o de ser “professora nomeada”. Em dezembro de 1954, formara-se no Curso Normal Regional. Formada normalista Regional, Helena Silva Ribeiro continuava exercendo suas atividades docentes, conquistando a simpatia das pessoas que com ela trabalhavam bem como de seus alunos e que a chamava de minha mestra.

A professora Helena Silva Ribeiro, em 20 de janeiro de 1960, casou-se com o Senhor Anastácio Florêncio Corrêa, na época Lavrador, onde mais tarde passou a exercer também a profissão de Vigilante de Portaria do CEMA. A partir dessa data passou a assinar Helena Ribeiro Corrêa, passa a residir então no povoado Pericumã, na cidade de Peri Mirim. Dessa união, nasceram dez filhos: José Reinaldo Ribeiro Corrêa, Renivaldo Ribeiro Corrêa, Rosângela Ribeiro Corrêa, Rosélia Ribeiro Corrêa, Rubem Ribeiro Corrêa, Rui Ribeiro Corrêa, Alda Regina Ribeiro Corrêa, Everaldo Ribeiro Corrêa, Roseane Ribeiro Corrêa e Herbeth Ribeiro Corrêa.

Decorrente da atividade de seu marido, Helena Ribeiro Corrêa, transferia sua residência para sede do município no ano de 1969, conseguindo também a transferência do exercício de seu cargo para esta cidade, onde exerceu o cargo de professora na sede do município, fora nomeada com a função de Diretora da Escola Municipal Cecília Botão no período compreendido de 1976 a 1982.

Como professora e diretora, Helena Ribeiro Corrêa teve atuação marcante, era responsável e dedicada, apresentava grande capacidade administrativa e pedagógica, sempre pronta para solucionar os mais diversos problemas inerentes ao cargo que ocupava, atraindo dessa forma a simpatia de todos que com ela trabalhavam: colegas, alunos e a comunidade em geral.

Durante a sua vida profissional Helena Ribeiro Corrêa, procurava frequentar todos os cursos de aperfeiçoamento que eram ministrados em sua cidade em outras localidades pertinentes. E assim superar os obstáculos e realizar uma das tarefas que ela mais gostava, dedicar-se a educação.

Com 35 anos de serviços, se aposentou, na então gestão do Prefeito João França Pereira, e a mesma depois de aposentada continuou na profissão de rendeira que antes em suas folgas exercia, com suas belezas de estampas e transados do tear de madeira onde os fios de cores variadas, sobre saídas e entradas, entre fios e outros fios e dava origens de suas belezas incalculáveis.

Em 1983, o casal Anastácio Florêncio Corrêa e Helena Ribeiro Corrêa que viviam 25 anos de bodas de prata, no dia 11 de setembro seu casamento chega ao fim depois de tantos tempos de amores e namorados.

Preocupada com seu aperfeiçoamento e tendo em vista que possuía apenas uma vida normal, a professora, rendeira e mãe separada, Helena Ribeiro Corrêa, mãe de 10 (dez) filhos, continuou a sua inteira vida trabalhando para o sustendo da sua família.  Com o passar do tempo alguns filhos foram morar em São Luís, no ano de 1985 muda-se também para lá.

Logo a sua família foram aumentando com 23 (vintes três) netos e 7 (sete) bisnetos, tinha uma vida bastante dedica à Igreja Católica e com o passado tempo entrega a sua inteira dedicação em outra religião, ou seja, converte-se à Igreja Evangélica Batista aonde morava. Pela vida regressa de tantos trabalhos, sua idade e tantas outras coisas, seu estado de saúde de Helena se agravava, mas, sempre visitava sua cidade natal que tanto amava.

Um ano após, mesmo sofrendo muito em relação a doença (diabete, pressão alta, dificuldades de locomoção) acreditando que haveria de vencer a própria doença, mesmo dependendo da cadeira de rodas para se locomover, ficou internada na UTI do Hospital de São Domingos em São Luís, seis meses e dezoito dias.

Porém, no dia 18 de março de 2016, falecia a professora, rendeira e mãe Helena Ribeiro Corrêa deixando entre todos que a queriam bem uma imensa saudade, que nem mesmo o tempo conseguirá apagar tendo em vista ser ela uma pessoa batalhadora, competente, que não mediu esforços em prol da educação e, principalmente pelo estabelecimento que dirigia, seus filhos que sempre almejavam de dedicação de uma mulher mãe dedicada, carinhosa e muita atenciosa.

O baú da Bisa Bebel

Por Eni Amorim

A Bisa Bebel era uma mulher de porte pequeno, magra, aparência de mulher frágil, mas tinha um forte espírito de liderança. Sua palavra era Lei.
De face fina, olhos miúdos, narinas estreitas com a ponta levemente para cima e o dorso levemente côncavo.
Usava vestidos longos, nos cabelos um cocó, (coque) no qual colocava uma flor do seu jardim.
A bisa Bebel tinha um baú de estimação no qual guardava os seus tesouros: biscoitos, ovos, chocolates, bolos e frutas do seu pomar.
Todas as pessoas que a visitavam, tinham que receber algum mimo que ela tirava do seu precioso baú.
Juntamente com aquele gesto singular, a bisa Bebel tirava do fundo do seu baú sentimentos de: amizade, carinho, ternura, e amor, uma forma de demonstrar que aquela pessoa era importante para ela.
Os gestos da Bisa Bebel diziam muito para nós seus netos (as) e bisnetos (as) era uma aula de delicadeza, partilha, solidariedade e amor ao próximo.

N.A: Créditos da Imagem, banco de imagens do Google.