Peri-Mirim sedia a primeira Mini Olimpíada de Filosofia, aplausos para este momento

A primeira mini olimpíada de Filosofia promovida por professores e alunos do Curso de Filosofia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) ocorreu em Peri-Mirim nos dias 18 e 19 de novembro de 2019. Participaram alguns membros da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), entre eles: Adelaide, Alda Ribeiro, Ataniêta Martins, Giselia Martins e Nasaré Silva.

De acordo com informações fornecidas do Ataniêta Martins, que é membro da ALCAP e aluna do Curso de Filosofia, as equipes dos alunos da UFMA envolvidos na brilhante apresentação, sob a coordenação da Profª Adelita, foram: Atanieta Martins; Sidlayne Martins; Simony Martins; Francineide Andrade; Zacaria Pereira; Kelisson Melo; Agnaldo Nogueira; Valterlino Silva; Nayara Nunes; Conceição; Maria Ribamar; Minerviba; Sandra Nogueira; Ieda Gomes; Jucinalva; Edna Rouse; Elycarlos; Darlene Nunes; Rosilandia; Karla Patrícia; Antônia e Cíntia. Parabéns aos alunos pelo empenho, vez que conseguiram repassar a mensagem proposta pelo trabalho apresentado.

A mini olimpíada foi distribuída da seguinte forma: dia 18, pela manhã, o evento deu-se no povoado Tijuca. A equipe “Paradoxo” foi  liderada pela acadêmica, a Prof.ª Adelaide Pereira Mendes, com o tema: “A Educação tem por objetivo principal a emancipação humana”.

Ainda no dia 18, no turno vespertino, a equipe, intitulada “Esmagai a Infame”, liderada pela acadêmica, a Prof.ª Maria Nasaré Silva e Ataniêta Martins que trabalharam com o tema: “Até que ponto agimos em respeito às leis”? Esse trabalho fora desenvolvido da seguinte forma: O julgamento de Eichmann (júri simulado) e o julgamento de Sócrates.  Os dois julgamentos foram apresentados pelos alunos da turma 901 do 9.º ano, escola Cecilia Botão “Anexo II”.

As mini olimpíadas originaram-se a partir de um projeto de intervenção da disciplina Laboratório do Ensino de Filosofia II da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), ministrada pelo professor Dr. Almir Ferreira Júnior, que dividiu os temas em diferentes equipes, para possibilitar amplo debate, por serem temas muito reflexivos.

No dia 19, turno vespertino, três equipes apresentaram seus trabalhos. A escola selecionada foi “Arthur Teixeira de Carvalho, com três equipes com a seguinte distribuição:

  1. Equipe Otimismo Filosófico,  desenvolveu o tema: “Estamos condenados a ser livres”, embasado no existencialismo de   Sartre;
  2. Equipe Existencialismo com o tema: O cuidado como questão existencial  e como problema especifico e
  3. Equipe: “Ousar Saber” com tema: Como conviver com o outro.

 

A presidente da ALCAP, Eni Pereira Amorim, compareceu ao evento e ficou maravilhada. Suas palavras foram de agradecimento pelo convite, constatando que “temos muitos talentos em nossa cidade, jovens que alimentam sonhos. Turma de diversidades, três  alunos surdos, uma altista, alunos depressivos, hiperativos, que possibilitou ao grupo conviver com diferenças, respeitando ideias, fazendo uso da alteridade, rompendo a barreira do egoísmo, da desigualdade, é ir em direção ao outro e dizer: “estou aqui”,  que o outro  não pode viver excluído da sociedade, mergulhado em palavras vazias”. E vaticina a presidente “o eu não existe sem o outro”, comentou a presidente.

Para a Secretária de Educação, Alda Ribeiro, o evento enriqueceu o conteúdo programático das escolas envolvidas, além de possibilitar/ensinar aos alunos os princípios da solidariedade e tolerância. Vez que a Educação visa formar o ser humano integral, capaz de conviver e respeitar as diferenças dos seus colegas e estar apto a conviver em sociedade.

A incursão filosófica despertou os costumeiros dons poéticos da Prof.ª Maria Nasaré Silva, que  brindou os presentes com um poema de singular discernimento:

POEMA SÓCRATES OU HANNAH

Todos vocês que aqui estão

Recebam meus cumprimentos,

É muita honra tê-los conosco,

A prestigiar nosso evento.

Mini olimpíada de filosofia

A primeira da freguesia

Palmas para este momento.

Nesta tarde ensolarada

Tivemos dois julgamentos:

O primeiro foi de Eichmann

Que só produziu sofrimento,

Não somente ao povo judeu

Condenou até o filisteu

Seu problema: discernimento.

O segundo foi de Sócrates

Que todos já ouviram falar,

Século V a. de Cristo

Ele vivia a perambular,

Questionava todo mundo

Parecia com vagabundo

A Ágora: seu habitat.

Para falar sobre Eichmann

Convém neste momento citar

A cientista política

Hannah Arendt, ouviram falar?

Viajou para Jerusalém,

Não foi para dizer amém

Foi ao julgamento reportar.

Eichmann fora julgado

Em mil novecentos e sessenta e um.

Por muitos crimes de guerra,

Aqui falamos de um a um.

Ele dizia ser inocente

Não pensava, pois, sua mente,

Não tinha dote nenhum.

Mandou para o holocausto

Seis milhões de judeus

Idosos, crianças ou jovens,

Quem tinha religião ou ateus

Seu problema era não pensar

Hannah Arendt fez confirmar,

No livro que escreveu.

Eichmann em Jerusalém

É um livro seu famoso

Nele Arendt conta a história

De julgamento oneroso

De Argentina a Israel

Fora conduzido o réu

Sob um regime rigoroso.

Hannah Arendt escreveu

Muitos livros, no entanto.

Praticamente em todos eles

Questionar era seu acalanto

Judaísmo: a religião

Questões políticas: sua missão

A verdade era seu manto.

Em 1906 nascera

A Alemanha era seu mundo.

Morou na grande Paris

Num período infecundo.

Vivera em tempos sombrios

Sobreviveu às guerras, o vazio,

 Conviveu com moribundo.

O livro que lhe deu notoriedade

As Origens do Totalitarismo,

Arendt narra como surgiu

O conhecido antissemitismo,

Pois ela queria entender

Por que tanto ódio e Poder

No mais novo regime, o Nazismo.

Em Homens em Tempos Sombrios

Arendt biografa homem e mulher

Walter Bejamin, Karl Jaspers,

Os seus dois amigos de fé.

Rosa, Lessing e reflexões,

Heidegeer, uma de suas paixões,

Arendt, judia,  grande mulher.

O termo “banalidade do mal”

Por ela cunhado no julgamento

Amigos judeus de Hannah Arendt

Não sentiram contentamento,

Pensaram que a Eichmann defendia

Não entenderam o pensar da judia

Amizade sofre estremecimento.

Passaria a tarde inteira

Falando de Hannah Arendt

Todo o tempo ainda é pouco

Quando o poema expressa arte.

Preciso a Sócrates voltar

E sua linda história narrar

A verdade foi seu baluarte.

Sócrates fora condenado

Por crimes que não cometeu

Indagar era o seu forte

Aos jovens não corrompeu,

Aos deuses não desrespeitou

Contra a mentira sofística lutou

Deram-lhe cicuta, ele bebeu.

Por vezes o  interlocutor

Ao Sócrates não entendia

Usava método maiêutico,

Concomitantemente, a ironia,

Quando da conversa, o fim,

Não visualizava o jardim

Da luz da sabedoria.

Isso gerou confusão

Na vida de muita gente,

Em Atenas, na Grécia Antiga,

Nessa parte do Ocidente,

Os cidadãos se reuniam

Na Ágora e decidiam

O melhor ao continente.

Assim narra-se a história

De quem buscava a verdade,

Não mentia, perguntava,

Sobre os temas da cidade

Ele indagava, só queria saber,

Desconhecia a essência do Ser

E não aceitava caridade.

Um grupo de filósofos

Chamado de sofistas

Ficou muito incomodado

Com sucesso do politeísta.

Armaram uma encenação

Condenaram Sócrates, então,

Por crimes ainda não vistos.

A peça que apresentamos

Foi parte de seu julgamento

Escrito no Apologia a Sócrates

De Platão, o pensamento,

O seu discípulo fiel

A condenação  fora o fel

Amargo desse momento.

O objetivo deste evento

É mostrar nosso projeto

“Até que ponto nós agimos

Mediante as leis”, fazendo certo?

Vê-se nos dias atuais

Medidas descabidas, fatais,

Que impedem nosso progresso.

Mediantes a tantas PECs

Que tiram nossos direitos

Nos calamos, nos omitimos

Aceitamos o desrespeito.

Até onde vão os desmandos?

Nossa honra blasfemando

E tudo sendo desfeito?

Vamos unir nossas forças

Nossa coragem, a fé.

Aprendamos a dizer não,

Lutemos contra o cifer

Eichmann aceitava tudo,

Até mesmo dos judeus o tributo,

Não pensava, vivia de cliché.

Somente nós podemos mudar

O rumo da nossa história.

Nascemos pobres e somos dignos,

Sonhamos com muitas vitórias

Não fiquemos aprisionados,

Do contrário, seremos condenados,

A não termos momento d e glória.

Quero registrar  no momento

Meus queridos professores:

Almir e Marly Cutrin,

Ambos são doutores.

Transmitem conhecimento,

E nos dão contentamento,

E assim, perpetuam valores.

Deixamos aqui registrado

Os sinceros agradecimentos

A secretária Alda Regina

 Dalcione, no engajamento,

Aos amigos da equipe

Vieram a pé ou de jipe

Mas estão neste momento.

A equipe “Esmagai a Infame”

Encerra sua apresentação.

Adquirimos competências

Dotados ou não, de inspiração.

Dizemos até breve a todos.

Estes são nossos modos

Agradecemos de coração.

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