Jacinto Pinto Pinheiro

Por Carlos Pereira Oliveira

Patrono da Cadeira nº 02 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada Carlos Pereira Oliveira. Nasceu no dia 30 de janeiro de 1932, no Povoado de Inambu – Peri-Mirim. É o segundo filho do casal Bonifácio Pinheiro e Patrocina Pinto. Na fase pré-escolar, a família mudou-se para o povoado Poções e mais tarde para a sede do município, com o propósito de colocar os filhos para estudarem.

Jacinto foi matriculado no Colégio Coronel Carneiro de Freitas, onde cursou até o quinto ano do primário. Fazia um turno de aula e outro na oficina de carpintaria, sendo seus mestres Manduca (Armando Leôncio Paz) e Tácito Nunes. Aprendeu a profissão rapidamente e se tornou um dos melhores marceneiros da região. Com a competência demonstrada na marcenaria e o carinho que tinha pelas pessoas, atraiu muitos discípulos, para aprenderem a profissão.

Jacinto gostava muito de cantar e tocar pandeiro, o que desempenhava com maestria e altivez. Sendo cobiçado para cantar na Igreja, na Escola de Samba e no Conjunto Musical de Rafael Botão.

Tudo que fazia tinha a marca da sua dedicação, compromisso e perfeição. Era um homem muito tratável, respeitoso e amigo. Por isso, tinha 360 (trezentos e sessenta) afilhados. Uma marca difícil de ser ultrapassada em qualquer localidade da Baixada Maranhense e, principalmente, da sua terra natal Peri-Mirim. O acadêmico da ALCAP, Francisco Viegas Paz foi o seu primeiro afilhado.

Jacinto era um dos principais articuladores do time de futebol Santa Cruz Esporte Clube da cidade de Peri-Mirim, do qual era um exímio jogador. Por ser um homem muito forte, tinha um chute potente e a cabeçada, mais ainda.

Ele teve uma vida dedicada às artes locais e, por isso, convidado para fazer parte até das ladainhas, muito comum nas décadas passadas e que até hoje ainda algumas pessoas pagam suas promessas nos festejos.

Duas moradoras da sede do município tinham horror aos seus apelidos, mas faziam maior elogio aos irmãos Jacinto e Raimundo Pinto que as respeitavam e de certo modo se sentiam amadas por eles. Um bom exemplo para os outros que, por acaso, agiam ao contrário dos bons costumes.

Quando os padres canadenses chegaram a Peri-Mirim, em 15 de agosto de 1958, o contrataram para renovar os bancos da Igreja e construir um parapeito que separava a nave principal da igreja do altar, deixando aberto um espaço para o deslocamento. Os padres ficaram satisfeitos em ver o cantor do coro da igreja executar com maestria as referidas obras.

Em 31 de dezembro de 1962 ele estava ensaiando a Escola de Samba, do qual era membro efetivo e, antes de sair cantou pela última vez uma música de  Ataulfo Alves “Me dá meu paletó”, que diz:

O general chegou Aurora
Me dá meu paletó
Que eu vou me embora

Quem se arrumou se arrumou
Quem não se arrumou se arrumasse
Eu não sou daqui sou de fora
Me dá meu paletó
Que eu vou me embora.

Jacinto foi assassinado no dia 31 de dezembro de 1962 e deixou a cidade de Peri-Mirim perplexa e os seus trezentos e sessenta afilhados órfãos da sua bênção.

One Reply to “Jacinto Pinto Pinheiro”

Deixe uma resposta