A MAMÃE CARMEM

Por Cintia Cristina Martins Serrão

Filha de Tarquínio Viana de Souza, ex-prefeito de Peri-Mirim na década de 1959, e de Maria José Martins. Nasceu no povoado Tijuca município de Peri-Mirim, veio de uma família de mãe solteira, tinha 07 irmãos. Passou uma parte de sua infância no povoado que nasceu e, na juventude passou a residir em São Luís-MA, na casa de seus padrinhos, que assumiram a tarefa de cuidá-la, dando uma boa educação.

Estudou na Escola Rosa Castro, escola pública, conclui o terceiro grau. Trabalhou na loja Brotinho, uma loja conhecida por todos da capital. Nas suas idas e vindas de férias à sua comunidade, conheceu em 1965, o senhor Benedito de Jesus Costa Serrão, conhecido por De Jesus, estabeleceram, a partir daí, uma união estável, que concebeu três filhos: Cintia Cristina Martins Serrão, Benedito de Jesus Costa Serrão Filho e Welliton Jorge Martins Serrão.

No ano de 1970, o casal começou a trabalhar, abriram um comércio de compra e venda de coco babaçu e arroz no povoado Três Marias. E daí em diante, foram fazendo amizades com pessoas políticas. O senhor Isaac Dias de São Bento conheceu o casal e passou a visitá-los constantemente.

Em 1972 o De Jesus concorreu à sua primeira eleição de Vereador, mas não se elegeu e ficou na suplência. No ano de 1976 é que a senhora Carmem Martins entrou na política como candidata a Vereadora e foi eleita em 1995. Foi vereadora por quatro legislaturas e o seu mandato de prefeita foi de 1988 a 1992.

A mamãe Carmem, como era conhecida por todos teve grande participação política no município de Peri-Mirim por ser uma mulher de garra e prestativa com todos. No ano de 2003 na Câmara como vereadora a senhora Carmem Martins lutava contra um câncer, e acabou falecendo no dia 05 de dezembro de 2003, deixando familiares e muitos amigos. O plenário da Câmara de Vereadores tem seu nome em homenagem.

Ana, de Peri-Mirim para o mundo

As pessoas constroem em torno de si seus espaços de existência, com suas singularidades, porém nunca sozinhas. Para o bem ou para o mal, constroem com outras pessoas, semelhantes ou não, o legado da vida e das suas circunstâncias.

Existem pessoas com exemplo de vida a serem compartilhados por seguidas gerações,  não pelo que agregaram ao seu patrimônio individual de natureza econômica ou material, mas pelo que dividiram de virtudes e sabedoria com os outros seres humanos que se dignaram a fazer parte do círculo de suas participações nos diferentes lugares de exercício de suas atividades profissionais e da vivência diária em suas próprias comunidades.

De Peri-Mirim para o mundo, nos fins da primeira metade do século passado, da união matrimonial de dois lavradores – seu José dos Santos e dona Maria Amélia – nascia uma menina, como tantas outras de uma família de dez irmãos, destinada a ser mais uma dentre milhões de crianças brasileiras nascidas na roça; nordestina, acometida de saúde precária, por conta dos surtos constantes de asma, que não lhe conferiam muita esperança de uma infância feliz e muito menos de um futuro diferente dos seus pares.

Contradizendo as circunstâncias adversas, essa menina, Ana, não apenas sobreviveu às dificuldades interioranas da pobreza comum aos municípios da Baixada Maranhense, como concluiu os estudos no Ginásio Bandeirante, o máximo que era permitido à época pela rede de ensino de Peri- Mirim.

Não conformada com essa conquista inicial, Ana partiu para enfrentar novos desafios na capital, prestando exames de admissão para o ingresso no ensino médio do Colégio Gonçalves Dias, e daí para uma jornada profissional e acadêmica que, resumindo, resultou na conclusão de dois cursos superiores, Ciências Contábeis e Direito, ambos pela Universidade Federal do Maranhão.

Paralelamente ao processo de formação, inaugura uma trajetória vitoriosa de acesso a variados cargos públicos, que se inicia no extinto SIOGE e prossegue pelo Ministério do Trabalho, Correios, Auditoria dos estados do Piauí, Rondônia e Maranhão, incluindo uma passagem pelo cargo de analista de controle do Tribunal de Contas da União, e culminando com a investidura no cargo de Auditora-Fiscal da Receita Federal do Brasil. Com exceção do primeiro, todos os demais sob o difícil crivo do concurso público.

Ana Creusa Martins dos Santos é o nome completo da personagem do artigo desta semana; um nome que com certeza não faz parte das colunas noticiosas ou do repertório de matérias sensacionalistas, ou mesmo dos destaques de personalidades do mundo político ou intelectual tão badalado pela imprensa do Maranhão.

Porém, para nós, colegas da Receita Federal do Brasil, que tivemos a honra de comungar por muitos anos da sua solidariedade funcional e competência técnica, um exemplo de dignidade, de pessoa humana que vai deixar uma imensa lacuna no serviço público federal brasileiro. Com todas as letras, e sem medo de errar, um dos melhores e mais capacitados quadros das assim denominadas carreiras de estado, integrantes do Ministério da Fazenda.

Nesta última sexta-feira, 13 de setembro de 2013, Ana completou o que ela mesma chama de mais um ciclo, dos muitos que a vida lhe proporcionou, aposentando-se do serviço público, após uma gloriosa e impecável carreira, cercada de grandes contribuições aos processos e procedimentos referentes à arrecadação e acompanhamento de ações administrativas e judiciais no campo tributário.

Numa cerimônia simples, como quase tudo que aconteceu e acontece em sua vida, realizada no quarto andar do imponente prédio do edifício-sede dos órgãos do Ministério da Fazenda no Maranhão, localizado no Canto da Fabril, Ana recebeu as merecidas homenagens de seus colegas pelo conjunto da obra e serviços prestados às instituições públicas por onde passou.

Ainda teve espaço e tempo para nos brindar com um agradecimento especial por tudo aquilo que o Estado lhe proporcionou, por meio da formação integral nos bancos de escolas públicas, manifestando a sua vontade de retribuir, dentro de suas novas possibilidades de tempo e dedicação, no pagamento da grande dívida social que ainda gera tantas desigualdades na sociedade maranhense e brasileira.

Deixa em nossos corações e mentes uma mensagem bastante simbólica e significativa, avisando que permanecerá engrossando as fileiras do combate às desigualdades e às injustiças sociais, como a dar alcance e sentido aos versos do poeta Thiago de Mello: “Não tenho um caminho novo. O que tenho de novo é um jeito de caminhar”, Só podemos lhe desejar sucesso nos caminhos novos, com seu jeito sutil de saber sempre caminhar pelas veredas retas da vida.

Texto de Joãozinho Ribeiro,  pulicado no Livro ECOS DA BAIXADA, páginas 17/20.