Poema de Rosinha à ACADEMIA DE LETRAS E CIÊNCIAS PERIMIRIENSE

Maria Rosa Gomes Soares nasceu no povoado Santana, Peri-Mirim/MA, em 03 de fevereiro de 1942, filha de Eduarda Gomes e Albertino Nunes, perdeu sua mãe muito cedo, sendo criada por Romana Campos e Lúcio Campos. Teve 09 filhos, dois falecidos. Foi professora por 40 anos, atualmente aposentada, também ensinou particular por um período. É católica, muito engajada na igreja e uma líder religiosa com um bonito trabalho prestado à comunidade.

Rosinha, como é conhecida, fez um poema em homenagem à Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) que seria declamado por ela durante o II Festival ALCAP de Cultura que ocorreu no dia 14 de novembro de 2024, porém, um problema de saúde a impediu de declamar seus versos durante o evento. O belíssimo poema segue abaixo:

ACADEMIA DE LETRAS E CIÊNCIAS PERIMIRIENSE

Quero falar a todos

Povo perimiriense

Sobre a academia do Fórum

Da baixada maranhense

 

Em 20 de março de 2018

Eram grandes as influências

Afim de que fosse fundada

A academia de letras e ciências

 

Criar academia de letras

Era um sonho almejado

Por João Garcia Furtado

Que faleceu antes do sonho realizado

Mais seus companheiros lutaram

Por esse meio inesperado

Que com força, luta e coragem

Fomos todos agraciados

 

Pois com trabalho e dedicação

Coragem, paz e união

Chegamos ao desejado

Alcançamos a conclusão

 

A posse da acadêmicos e patronos

Ainda bem que eu lembro

Foi no ano de 2018

No dia 15 de dezembro

 

O brasão da academia de letras

Aconteceu há vários anos

Pela senhora acadêmica

Edna Jara Abreu Santos

 

O desejo era para criar

E despertar muitos lares

Para assim formar um grupo

De academias populares

 

A academia do FDBM

Posso lembrar com certeza

Arquitetada na presidência

Da senhora Ana Creusa

 

Era um sonho muito lindo

Mas não foi realizado

Da patrona e professora

Que nos deixou legado

Por dona Naisa Ferreira Amorim

Que não está mais ao nosso lado

 

A ALCAP tem projetos

São trabalhados excelentes

Como atuar no plantio de árvores

E preservar algumas ainda existentes

 

No ano de 2020

Um grande golpe o grupo sentiu

Com o adeus do senhor Bordalo

Que nos deixou saudade e partiu

Todos os projetos

E atividades culturais

Por João de Deus Martins

Homem de sabedoria e paz

 

Vanguarda do conhecimento

Um trabalho bem capaz

Pelo senhor acadêmico

Francisco Viegas Paz

E também o companheiro

Diêgo Nunes Boaes

A academia foi realizada

Pela senhora se não me atrapalho

Jessythannya Carvalho

 

Agora vou concluir

Desculpe se não lhe agradar

E com fé no senhor Deus

Vamos continuar

Você é o nosso convidado

Venha participar.

II Festival ALCAP de Cultura: Presidente da ALCAP expõe seus desenhos

Jessythannya participou da exposição artística do II Festival ALCAP de Cultura, realizado em 14 de novembro de 2024. Membro fundadora da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), Jessythannya diz que tem se aventurado no mundo da arte – mais especificamente no desenho realista – uma paixão descoberta durante o isolamento social da pandemia de COVID-19.

Foi inusitada a forma como ela começou a desenhar. Propôs um desafio de melhor desenho ao sobrinho e ao final gostou muito do resultado e de todo o processo. Ao perceber a facilidade com os traços e motivada pela descoberta, passou a se dedicar mais à arte, buscando aprimorar suas habilidades e aprender com outros artistas e novos materiais. Além disso, desenhar durante o período de isolamento tornou-se uma forma de terapia, algo que a ajudou ocupar a mente e o tempo de uma maneira positiva.

No II Festival ALCAP, Jessythannya expôs alguns de seus trabalhos, que mostram sua evolução no desenho realista. Embora esteja apenas começando no meio artístico, sua participação no evento foi um passo importante em sua trajetória.

Jessythannya acredita que, mais do que um dom, o talento é algo que se desenvolve com prática e persistência. “Hoje, posso afirmar com certeza que não podemos simplesmente dizer que não temos dom ou talento para algo sem, ao menos, tentar. A arte me mostrou que, se dermos uma chance a nós mesmos, podemos descobrir habilidades que nem imaginávamos ter. A arte não é só um dom, é uma jornada de aprendizado e superação.”

Com planos de continuar aprimorando sua técnica, ela segue sua jornada no universo da arte, com desejos de explorar outras técnicas e materiais.

II Festival ALCAP de Cultura: Projeto “Cantos de Almas” – Coral Infantil

O coral “Canto de Almas se apresentou no festival cultural da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), um coral que através do seu canto nas vozes infantojuvenil busca transcender as fronteiras da música para tocar os corações e alimentar as almas de quem canta e de quem ouve o seu cantar.

O coral surge da convicção de que a música, especialmente quando expressa através das vozes puras e sinceras de crianças, possui o poder único de inspirar, unir e transformar.

Por meio do canto coral, os participantes exploram não apenas as nuances da música, mas também cultivam valores essenciais como trabalho em equipe, disciplina, autoexpressão e respeito mútuo.

As crianças e adolescentes envolvidas no projeto terão a oportunidade de desenvolver habilidades musicais, aprimorar a autoconfiança e criar memórias que irão permanecer a vida inteira.

Através das suas apresentações musicais “Cantos de Almas” buscará envolver a comunidade com um repertório diversificado abrangendo canções tradicionais e composições contemporâneas, proporcionando uma variedade de estilos que refletem a riqueza da expressão musical.

Acreditamos que a música não só enriquece a vida das crianças e adolescentes, mas também contribui para a construção de comunidades mais vibrantes e conectadas.

II Festival ALCAP de Cultura: O talento artístico de Lindiney Carlos, de Pinheiro, inspira a comunidade de Peri-Mirim

Lindiney Carlos, 26 anos, é um artista natural de Pinheiro, Maranhão. Sua trajetória artística começou na infância, influenciada pelos desenhos que eram feitos por seus tios. Relembra o artista que:

“Acho que isso acabou se tornando uma motivação. Somos quatro irmãos e mais três primos, morávamos lado a lado. Sempre desenhávamos (…) Chegamos até a competir entre nós para descobrir quem era o melhor desenhista da família”.

Atualmente, Lindiney e seu primo Adryermesson dividem o título de “melhores desenhistas” da família. Autodidata, ele aprendeu sozinho, com o apoio de seus irmãos e primos. Ao longo do tempo, conheceu outros artistas e aprimorou suas técnicas, mantendo-se aberto a novas ideias e experimentações: “nunca me prendo a materiais ou técnicas. Gosto de ser livre nas minhas criações. Acho que essa veia artística veio da família, apesar de não termos nenhum artista renomado. As histórias que conheço sobre eles me motivaram a ser quem sou”, reflete.

Além de desenhar, Lindiney também se destacou no universo da dança. Durante a adolescência, ingressou no breaking dance, estilo de dança de rua que integra a cultura hip-hop.

Sua relação com a comunidade é outro aspecto marcante de sua história. Há cinco anos, Lindiney contribui ativamente com sua igreja, tanto financeiramente quanto com trabalho voluntário. Foi nesse contexto que começou a doar sua arte para projetos evangelizadores. “Isso me deixou muito mais contente, porque aprendi muito sobre ser comunidade. Evangelizamos com arte, e isso me aproximou ainda mais da arte sacra“, explica.

Recentemente, Lindiney teve a honra de ser convidado para participar da exposição artística do II Festival ALCAP de Cultura, que aconteceu no dia 14 de novembro de 2024, em Peri-Mirim. Ele levou algumas das suas telas do arquivo pessoal, compartilhando com o público a profundidade e a diversidade de suas obras. Além disso, Lindiney também participou da Tenda Cultural do evento, onde fez uma demonstração de seu talento na dança, apresentando-se com a energia vibrante do hip-hop. Sua performance foi uma representação autêntica da cultura que ele tanto aprecia e promove.

 

II Festival ALCAP de Cultura: Participação do Colégio ARC com o Projeto “Nossas Estrelas Literárias”

Durante o II Festival ALCAP de Cultura, ocorrido no dia 14 de novembro de 2024, o Colégio Alda Ribeiro Corrêa (ARC) apresentou seu projeto denominado “Nossas Estrelas Literárias“,  apresentando obras editadas por seus alunos, os quais denomina “Pequenos Escritores”.

O colégio ARC funciona na sede do município de Peri-Mirim, iniciou suas atividades em ensino de Educação Infantil, Ensino Fundamental no ano de 2021. É uma instituição que utiliza conceitos pedagógicos atuais, estrutura de ensino e material didático em consonância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Oferece Língua Inglesa, Libras e Música como disciplinas na grade curricular a partir do 1° ano. As aulas são planejadas visando à interdisciplinaridade dos conteúdos, os quais são separados entre os anos de forma global.

Segundo a Diretora Geral da Escola, Alda Ribeiro, “a leitura é uma porta aberta para um mundo de descobertas sem fim“, por isso, a Escola investe no incentivo à literatura.

No festival foi apresentada uma prévia para o lançamento dos livros da Estante Mágica. A Estante Mágica visa transformar crianças em autoras de seus próprios livros.

ENTREVISTA COM LENIR COSTA

Por Francisco Viegas Paz

Em 14 de novembro de 2024, entrevistei na Praça de São Sebastião, a senhora Lenir Costa, nascida em 03 de novembro de 1947 no povoado Pericumã, município de Peri-Mirim – Maranhão. Há treze dias havia completado setenta e sete anos.

Dona Lenir é conhecida na região, como compositora, cantora e poeta. Ela começou a desenvolver seus dons artísticos desde os sete anos de idade, quando ainda era alfabetizada pela professora Helena Ribeiro. O conteúdo escolar alcançado por ela limitou-se, tão somente, a carta de ABC e de uma Cartilha. Naquela época a didática obrigatória do soletrar, contribuiu, significativamente, para ela aprender a ler de carreirinha como se costumava dizer para quem lia sem se atrapalhar com as palavras.

Outra contribuição que dona Lenir teve, por ocasião do aprendizado, foi dos livrinhos de história da literatura de cordel, devido ao conteúdo ser todo em versos e muito bem rimados. Inspirada nesses versos surgiu o interesse para desenvolver seus contos literários tal qual os que costumava ler nos livrinhos.

Dona Lenir aprendeu a rezar ladainhas, quando ainda eram em latim. E, quem aprende a rezar é solicitado constantemente devido ao grande número de devotos existentes nas comunidades e para pagar as promessas contraídas e das graças alcançadas.

A entrevistada tem muita facilidade de fazer versos desde a sua infância e, com a prática conta histórias, de acordo com a sua inspiração, se utilizando do aprendizado da literatura de cordel, que ela sempre gostou de ler.

Uma das músicas mais famosas, que dona Lenir gosta de cantar, tem a seguinte letra:

REGUE DA MADAME

Madame eu já cheguei

Vim pra festa dançar

Para encontrar o meu broto

Para me namorar.

Eu vou pintar o sete

Eu vou espalhar brasa

Quando acabar a festa

Eu levo ele pra casa

Quando chegar em casa

Ele quer se banhar

Enquanto ele se banha

Eu esquento o jantar

Eu entrego a toalha

Ele diz que me ama

Se me ama tanto, meu bem!

Vou te enxugar na cama.

Dona Lenir pertence ao quilombo de Pericumã e tem destaque na comunidade, pelo fato de saber se expressar bem, compor e cantar. E assim ela vai levando a vida sendo útil aos seus conterrâneos. Para mim foi um prazer ter conhecido esta senhora das letras que orgulha a sua geração.

Patrono da Academia de Peri-Mirim é homenageado na obra “Vultos Ilustres Baixadeiros da Baixada Maranhense”

O escritor Flávio Braga, ocupante da Cadeira 16 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), lançou a obra “Vultos Ilustres da Baixada Maranhense: Histórias e Legados de Grandes Personalidades”. Segundo ele, o livro é uma homenagem às contribuições de figuras proeminentes da Baixada Maranhense, apresentando o registro literário das trajetórias de personagens que marcaram a história da região, destacando seus feitos, lutas e o impacto duradouro de seus legados.

O primeiro volume da obra – que faz parte de uma trilogia – foi lançado na Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB), no último dia 19 de novembro de 2024, em um evento belíssimo que contou com a presença massiva de baixadeiros e amigos, especialmente os membros do Fórum em Defesa da Baixada Maranhense (FDBM), do qual qual Flávio é idealizador e primeiro presidente.

A história magnífica do patrono da ALCAP, João Garcia Furtado, está nas página 104 a 106 do livro. Vale a pena ler, pois apresenta fatos inéditos, que não constatam biografia disponível na ALCAP e que demostram o porquê de o perimiriense estar entre os vultos ilustres da Baixada Maranhense, que passou pela seleção cuidadosa e justa do escritor Flávio Braga, a este nossas homenagens.

Presidentes do FDBM: João Martins, Ana Creusa, Flavio Braga e o atual presidente, Expedito Moraes.

II FESTIVAL ALCAP DE CULTURA: Projetos Inéditos são apresentados pelo Terceirão do Centro Educacional Artur Teixeira de Carvalho

As escolas do município de Peri-Mirim têm uma importante missão de transmitir conhecimento aos alunos, bem como contribuir para preservar a cultura por meio da Educação, fortalecendo a identidade cultural, a criatividade, preservação do patrimônio, dentre outros – tarefa que vai além da sala de aula -, pois envolve conhecimento científico e meio aos saberes populares de gerações.

A confreira Edna Jara Abreu, professora da área de Linguagens das turmas do Terceirão (vespertino) do Centro Educacional Artur Teixeira de Carvalho trouxe ao II Festival ALCAP de Cultura: uma a exposição do Projeto Sarau Artístico-Literário Maranhense, que funciona durante todo ano letivo e tem foco nas produções artísticas e literárias do Maranhão.

Diversos grupos de alunos tiveram uma importante missão no II Festival ALCAP de Cultura – 2024, trazendo consagrados nomes da literatura maranhense, com declamações de poesias, arte em desenho, músicas e outros, afirma a Prof.ª Edna Jara.

Nesse contexto de produções artísticas e literárias, o aluno Deyvith França dos Inocentes destacou-se na noite interpretando, em estilo musical, a poesia “Canção do Exílio”, do escritor maranhense Gonçalves Dias. Ele e sua equipe interpretaram de forma belíssima e inesquecível a música, com ritmo exclusivo para o evento.

II FESTIVAL ALCAP DE CULTURA: “ALCAP: um legado em Peri-Mirim”

Durante o II Festival ALCAP de Cultura ocorrido em 14 de novembro de 2024, no largo da Praça São Sebastião, vários alunos da rede municipal e particular de ensino revelaram seus talentos em várias áreas da literatura, arte e cultura. A poesia abaixo é de Bruna Carla Silva França, egressa da Escola Municipal “Carneiro de Freitas”, atualmente cursa o 1º ano de Informática no Instituto Federal do Maranhão (IFMA).


ALCAP: um legado em Peri-Mirim 

Em 20 de maio foi criada

A Academia de Letras, Ciências e Arte perimiriense

Uma esperança no território da baixada

A fim de promover a educação a seus discentes.

 

Composta por 28 membros

Assim ela se faz

Escritores, Professores, Acadêmicos formados…

Verdadeiros profissionais.

 

Preocupados com o futuro da cidade

Se juntaram em prol da educação

Todos juntos em uma só voz

Todos juntos em união.

 

Naisa Amorim, mulher guerreira

Ǫue se empenhou com força e determinação

Uma professora de coragem

Ǫue deixou nos perimirienses o sentimento de gratidão.

 

Não podemos esquecer do eterno Bordalo

Ǫue partiu para o céu em 2023

Deixando conosco a saudade, um belíssimo legado

E os trabalhos que em Peri-Mirim ele fez.

 

E mais uma vez, me regozijo em participar

De mais um evento e poder citar

Grandes nomes da ALCAP

Ǫue ajudaram a elevar a educação deste lugar.

II FESTIVAL ALCAP DE CULTURA: “Memória ou nostalgia?”

Durante o II Festival ALCAP de Cultura ocorrido em 14 de novembro de 2024, no largo da Praça São Sebastião, vários alunos da rede estadual, municipal e particular de ensino revelaram seus talentos em várias áreas da literatura, arte e cultura. A crônica abaixo é de autoria de Lia Carla Silva França, egressa do Centro de Educacional Artur Teixeira de Carvalho. Atualmente finalizou o ensino médio, preparando-se para prestar Vestibular.


      Dias atrás pesquisei o que  é nostalgia. Esse conceito sempre me acompanhou, não nego, também sempre soube o significado, mas queria ter certeza de que a sensação que me acompanhava realmente era aquela. Com a certeza em mãos, procurei no Google o conceito de memória, também sabendo do que se tratava, busquei saber o que a internet definia como memória. Segundo o Google, memória é o armazenamento de informações e fatos obtidos através de experiências ouvidas ou vividas. Já um sentimento nostálgico – segundo o mesmo meio de pesquisa – é a sensação de saudade originada pela lembrança de um momento vivido no passado ou de pessoas que estão distantes. Confio plenamente nas duas definições, mas acrescento que ambas possuem algo em comum, a saudade talvez? A sensação de pertencimento ao passado? Acredito que varia de pessoa para pessoa, experiência para experiência, e de alma para alma. No meu caso, exclusivamente, a nostalgia está relacionada à repetida sensação de vivência. Exemplo disso é um sentimento de que eu já vivi este momento antes, mas talvez de outra forma.

      Quando criança, sonhava em fazer várias apresentações escolares, não como competição, mas queria que as pessoas ouvissem um pouco do que eu tinha para dizer – isso é memória. Anos depois, a ALCAP proporcionou um concurso de poesias, consegui ser ouvida, a poesia narrava – pela minha visão como criança – a cidade na qual cresci e desenvolvi toda uma vida. Foi um acontecimento pra mim, essa foi a primeira poesia lida e ouvida por alguém, por várias pessoas, inclusive – isso sim é nostalgia.

      Um fato importante sobre tal memória, é que me sentir ouvida foi um ponto inicial para aprender a me ouvir e aprender ouvir a voz dos outros. Lembro que na época eu achei o máximo a iniciativa da academia de letras, uma criança sendo ouvida em público era algo brilhante. Várias outras crianças tiveram suas poesias e desenhos vistos. Adolescentes também foram ouvidos através de suas crônicas.

     A escrita me acompanhou em grande parte da vida, o estudo sempre foi um forte aliado em dias nublados, ou até mesmo completamente limpos. Quando não conseguia falar, a escrita me acompanhava, escrevia tudo o que sentia, narrações do cotidiano, um diário pessoal, ou talvez uma crônica.  Talvez isso seja um pouco dos dois sentimentos.

      Ouvir e ser ouvida traz um sentimento de pertencimento, pertencimento ao lugar, lugar que digo são pessoas, momentos, aqueles momentos em que queremos morar para sempre. Foram nessas que ouvi várias histórias dos meus pais e avós, esses relatos foram responsáveis pelo meu segundo prêmio na ALCAP, 1° lugar na categoria crônica. Terceiro ano do ensino médio, ano em que tudo poderia mudar, ano em que todos os vestibulares finalmente se tornariam decisivos e sérios. Esse sim é um sentimento de nostalgia, é quando vivemos um momento pela primeira vez, mas sentindo o mesmo frio na barriga de todas as memórias passadas. Talvez porque o valor de um momento só seja medido quando é tornado em memória.

     Nostalgia é vivência, memórias são um poder que o passado nos proporciona, usar o passado para transformar o futuro é desafiador, mas benéfico. Um outro exemplo de memória é que: quando criança eu acreditava que os estudos mudariam a minha vida. Exemplo de nostalgia? O hoje. É como falar com a mesma empolgação e crença que a Lia de 13 anos tinha. A educação transforma!

     O sentimento de nostalgia talvez seja para nos lembrar e nos fazer reviver algo que pensávamos ter esquecido pra sempre, como um sonho. Foi através desse sentimento que tive a certeza da mulher que queria me tornar, foi revivendo sonhos e sensações que eu tive a coragem de correr e lutar. Talvez o passado não seja um lugar pra se morar, mas visitá-lo para que possamos transformar o nosso presente ou futuro em um lugar habitável e prazeroso, pode ser sim algo a se pensar.

    Revisito meu passado hoje, com o mesmo frio na barriga de momentos passados, momentos que vivi só por transformar em escritos o que meu eu criança pensava e o meu eu adolescente guardava, revisito meu passado, pois através dele sou quem sou hoje.  Revisito o meu passado porque me foi proporcionado a oportunidade de ser ouvida, já agora, sou eu quem ouço a voz das outras crianças, isso sim é nostalgia.

Crônica recitada por Lia durante o II Festival ALCAP de Cultura que ocorreu no dia 14/11/2024 na Praça São Sebastião em Peri-Mirim/MA.

Lia Carla Silva França vestida de branco.