SEBASTIÃO ÁLVARES PINHEIRO

ENTREVISTA REALIZADA EM 07 DE SETEMBRO DE 2022

ENTREVISTADOR: Acadêmico Francisco Viegas Paz

Acompanharam a entrevista alternadamente: João Lopes (genro), Clóvis Martins Pinheiro (filho) e Rosa Amélia Pinheiro Lopes (filha).

Sebastião Álvares Pinheiro, nasceu em 19 de janeiro de 1931, (atualmente com 91 anos de idade), no povoado de Minas, município de Peri-Mirim, filho de Vicente Nunes Pinheiro e Ângela Álvares Pinheiro. Ele se considera lavrador, embora praticasse o comércio de compra e venda de bens de consumo alimentar e outros produtos.

Sebastião foi aluno da professora Cecília Botão, com quem estudou até a 5ª série do primeiro grau. Como foi bem alfabetizado, desenvolveu a técnica de pronunciar o alfabeto de trás para frente.

Sebastião foi casado com Damiana Francisca Martins Pinheiro, já falecida e com a qual teve os seguintes filhos:

01 – Antônia Martins Pinheiro;

02 – Sebastião Martins Pinheiro;

03 – Clóvis Martins Pinheiro;

04 – Fátima Martins Pinheiro;

05 – Rosa Maria Martins Pinheiro;

06 – Luiza Helena Martins Pinheiro;

07 – Rosa Amélia Pinheiro Lopes.

Sebastião é um homem dedicado à religião católica, que a pratica em prol da família e da comunidade. É de sua autoria entre outros a criação da comunidade J.J.M. (Juçaral, Jaburu e Minas).

Durante muitos anos Sebastião conviveu com uma doença que dificultava o seu deslocamento e o fazia andar com passos trôpegos. Em função disso frequentava constantemente consultórios médicos. De tantas idas e voltas, os profissionais de saúde formaram uma junta médica com o intuito de estudarem a sua patologia e tentarem reverter o quadro clínico ora apresentado. E deu certo. Sebastião foi medicado e encaminhado para o Sara em Brasília. O remédio milagroso, até hoje, o mantém literalmente de pé.

Com todas as dificuldades que a vida lhe impôs por muitos anos, ele não se entregava a convalescência e trabalhava na lavoura e principalmente comercializando todo tipo de mercadoria, levando umas de Peri-Mirim para São Luís e trazendo outras de São Luís para Peri-Mirim, em barco a vela, na época da sua militância.

Sebastião criava um pequeno rebanho de gado para a subsistência da família, conforme relatou sua filha Rosa Amélia.

O entrevistador agradeceu em nome da ALCAP e encerrou a entrevista.

PEDRO SILVA (CONHECIDO POR PEDRO BACURAU) 

ENTREVISTADOR: Acadêmico Francisco Viegas Paz. 

ENTREVISTADO: PEDRO SILVA (CONHECIDO POR PEDRO BACURAU) 

ENTREVISTA REALIZADA EM 04 DE SETEMBRO DE 2022 

Acompanhou a entrevista o filho Luís dos Remédios Silva. 

Pedro Silva nasceu no povoado Serra, em 16 de maio de 1923, hoje com 99 anos, porém com um pouco de dificuldade para andar e, em função disso, faz uso de uma pequena bengala. 

Não queria ser entrevistado, talvez por entender que a sua faculdade mental poderia falhar nas respostas. Era apenas receio, pois com o auxílio do filho deu conta do recado. E que recado! 

Pedro é filho de Luís Silva e Águida Botão Silva. 

É lavrador profissional e não tem escolaridade. Pedro é um homem de fé e, por obra do Espírito Santo, aprendeu a ler a Bíblia sem ajuda humana. Tem como recorde a graça de tê-la lido por três vezes, do início ao fim.  

Ele foi casado com a única namorada, Gilda Barros Silva, com quem teve 10 filhos. Ficou viúvo há 14 (quatorze anos) atrás. Com o auxílio do acompanhante da entrevista foi possível obter o nome de todos os filhos: 

01 – Maria Conceição Silva; 

02 – Pedro de Jesus Silva; 

03 –  Maria Luzia Silva; 

04 – Maria Raimunda Silva; 

05 – Maria Isabel Silva; 

06 – Luís dos Remédios Silva; 

07 – João Batista Silva; 

08 – Carlos Augusto Silva; 

09 – Reginaldo de Jesus Silva; 

10 – Domingos de Jesus Silva (morto por uma centopeia aos dois anos de idade). 

Além dos filhos tem 28 netos e 25 bisnetos. 

Com o auxílio da lavoura e a confecção de redes que a esposa fazia, conseguiram criar os filhos, além de educa-los para a vida com responsabilidade e respeitabilidade. 

Pedro tinha como lazer, frequentar alguns bailes, onde tomava um pouco de cerveja. Nunca fumou. O que contribuiu para a sua longevidade, concluiu o entrevistador. 

Na comunidade da Serra, participava da vida ativa dos vizinhos, principalmente nos serviços comunitários de cobertura e tapagem de casas rudimentares. 

A sua convivência sempre foi de respeito e amabilidade para com os habitantes da comunidade. Também desenvolveu o hábito de pregar e ensinar o catecismo na Igreja Católica. O que sempre lhe deu muito prazer na vida. 

O entrevistador agradeceu em nome da ALCAP e encerrou a entrevista.   

REUNIÃO DA DIRETORIA ALCAP EM 29 DE JUNHO DE 2025

Aos vinte e nove dias do mês de junho do ano de dois mil e vinte e cinco, às dezesseis horas reuniram-se os membros da Diretoria da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense-ALCAP, por meio da Plataforma: Google meet. Presentes: Jessythânya Carvalho Santos, Francisco Viegas Paz, Ana Creusa Martins dos Santos, José Sodré Ferreira Neto, Edna Jara Abreu Santos, Eni do Rosario Pereira Amorim, Graça França, Liliene da Graça, Manoel de Jesus Andrade Braga.

A presidente da academia deu início à reunião agradecendo a presença de todos.

1°. Jessythannya falou sobre a documentação para a solicitação do Casarão junto à gestão municipal, expressou sua preocupação quanto ao envolvimento de todos os acadêmicos  e quanto a aquisição de recursos para a recuperação do mesmo caso este seja doado à academia. Ana Creusa falou que vai enviar uma documentação sobre Viana do Castelo para a Presidente para ajudar a dar um  norte ao projeto.

Francisco Viegas, autor do projeto, acredita que a primeira atitude a ser tomada seria conseguir o casarão e caso se consiga o próximo passo será buscar recursos em outras instâncias, o ideal seria inicialmente fazer uma reunião com o prefeito e com os vereadores da cidade para abordar o assunto da doação do casarão, Sodré Neto falou da importância de levar o assunto para a gestão municipal e só então a partir daí fazer uma petição ou um requerimento envolvendo a participação da comunidade, que poderia denominar-se Lista de Apoiamento. Manoel Braga ficou de falar com o prefeito para agendar uma reunião com a diretoria da ALCAP.

2°. Prêmio Naisa Amorim,  Jessythannya falou sobre a terceira edição da Lei Aldir Blanc e a possibilidade de conseguirmos recursos para edição do livro com as melhores obras do prêmio na Naisa Amorim.

Jessythannya comentou sobre reclamações sobre a construção das obras do prêmio serem feitas nas escolas, devido ser um espaço limitado, mas expressou a preocupação de que sendo feito fora da escola possa ser feito por outros atores ou até mesmo com o uso de inteligência artificial, pois em outras  edições do prêmio foram encontrados plágios.

Liliane, gestora do projeto falou que as produções textuais não  podem tolher a criatividade do aluno. E acrescentou que é muito importante premiar o professor gestor do projeto na escola.

Ana Creusa falou  que reclamações sempre irão existir e que essas não podem ofuscar o resultado do projeto e deve-se criar outra categoria de premiação para o professor e manter a escola criativa também falou que escolas rurais não têm condições de competir com as com as escolas da sede.

Deve-se criar uma cota para as escolas da zona rural.

Francisco Viegas sugeriu levar para a Câmara Municipal um projeto de incluir na grade curricular das escolas municipais o conhecimento da história de Peri Mirim.

Formação de uma comissão do prêmio Naisa Amorim com:

Elaboração do edital

Divulgação do projeto

Seleção de textos

Revisão

Premiação

Obs.: Verificar com os acadêmicos a disponibilidade para ajudar no projeto

Avaliar com Manoel Braga a possibilidade de fazer o festival ALCAP Cultural junto com a premiação do Prêmio Naisa Amorim.

3°. Deve-se dar prosseguimento ao projeto da obra do Livro coletivo com as revisões das biografias dos patronos.

4°. Clube da leitura Edna Jara gestora do projeto falou que após as férias deve-se retornar o encontro do clube de leitura devido os alunos estarem envolvidos nas aulas do terceirão durante todo o mês de julho, o terceiro encontro será agendado para setembro com a obra “Cantos à Beira-Mar” é uma obra poética de Maria Firmina dos Reis, publicada em 1871, e dedicada à memória de sua mãe. A coletânea é composta por 56 poemas, nos quais a autora aborda temas como a natureza, o amor, a saudade e a crítica social. Em alguns poemas, ela também presta homenagem a pessoas importantes em sua vida e aos combatentes da Guerra do Paraguai.

Ficou para avaliar junto à SEMED a realização da viagem de Imersão Cultural para definir a visita após o 3° encontro do clube de leitura João Garcia Furado.

Edna Jara Santos Abreu falou que está providenciando as prestações de contas faltantes e a emissão de certificado de quitação das mensalidades.

Nada mais a tratar a presidente Jessythannya encerrou a reunião. Havendo concordância quantos aos assuntos abordados e não havendo mais assuntos a serem tratar encerrou-se a reunião ás 18:00

Eni do Rosario Pereira Amorim

Secretária

Jessythannya Carvalho Santos

Presidente ALCAP

CLUBE DE LEITURA ALCAP PROMOVE RODA DE CONVERSA SOBRE CULTURA POPULAR

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) convida toda a comunidade para o próximo encontro do Clube de Leitura Prof. João Garcia Furtado, que acontecerá no dia 25 de maio de 2025, às 15h, no auditório do Sindicato dos Profissionais da Educação e Servidores Municipais de Peri-Mirim (SINDPROESPEM), localizado na Rua Desembargador Pereira Júnior, nº 85, Centro. Peri-Mirim-MA. A reunião  terá transmissão simultânea via Google Meet.

Com o tema: “Cultura Popular – Heranças e Tradições do Brasil e do Maranhão“, o encontro contará com uma enriquecedora roda de conversa com convidados especiais que são referências em suas áreas de atuação:

  • Francisco Viegas – escritor convidado e voz ativa da memória perimiriense, autor dos livros: Seminarista Graças a Deus, Curiosidades Históricas de Peri-Mirim e Peri-Mirim: cem anos de emancipação;
  • Dona Nicinha – guardiã da tradicional Festa do Divino Espírito Santo em Peri-Mirim e
  • Rodrigo Quintanilha – educador físico, artista da cultura popular e tradicional com as manifestações da Capoeira Angola, Samba de Roda, Tambor de Crioula e Bumba Meu Boi e coordenador da Associação Cultural Casa Angola.

Os participantes terão a oportunidade de dialogar sobre os livros “Arte e Devoção”, de Joana Bittencourt e “Curiosidades Históricas de Peri-Mirim”, de Francisco Viegas, obras que celebram a memória, a fé e a identidade da região.

A mediação será feita pela acadêmica Edna Jara Abreu Santos, coordenadora do projeto.

Segundo a presidente da ALCAP, Jessythannya Carvalho Santos: “Este será mais um momento de valorização das tradições locais e de fortalecimento dos laços entre literatura, cultura e comunidade”.

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SOLENIDADE DA SAUDADE DE MARIA ISABEL MARTINS VELOSO

No dia 24 de maio de 2025, às 16 horas e 30 minutos, a Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), a Família Martins e representantes da Igreja Matriz São Sebastião, promoverão a Solenidade da Saudade em homenagem à imortal da Academia, Maria Isabel Martins Veloso, nas dependências da referida igreja, localizada no Centro do município de Peri-Mirim/MA.

Isabel nasceu da união de Antonio Raimundo Martins e Clotildes Azevedo Martins, no dia 18 de julho de 1927 no povoado de Feijoal, antigo Santa Severa, município de Peri-Mirim.

Sua trajetória de vida é cheia de eventos marcantes, foi professora no povoado Buragical, na “Escola Djalma Brito”, no período de julho de 1950 a maio de 1951, quando foi transferida para a “Escola José Antonio Marques”, no Feijoal. Na época, o então prefeito de Peri-Mirim, Sr. Agripino Marques, lançou um concurso, que previa que: quem fosse aprovado em primeiro lugar seria professor no “Grupo Escolar Carneiro de Freitas”. Maria Isabel foi aprovada em primeiro lugar e assumiu a tão sonhada vaga na Escola.

Apesar do emprego estável, em 1956, Isabel muda-se para a capital maranhense para dar prosseguimento aos seus estudos, tendo trabalhado como comerciária durante alguns anos no escritório da Movelaria Loja das Noivas na Rua Grande, Centro de São Luís.

Casou-se em 1960, na Igreja de São Pantaleão com Francisco Eleutério Veloso (já falecido), união que durou 49 anos. Veloso também nasceu na região da Baixada, na cidade de Bequimão. Tiveram quatro filhos: Maria da Graça Veloso Melo; Antonio José Martins Veloso; Maria Stela Martins Veloso e Kátia Maria Martins Veloso.

No final da década de 1990, Isabel lançou seu livro de memórias denominado Minha Vida, um Destino, contemplando seus leitores com belas reminiscências sobre a família Martins e outros fatos marcantes de sua história. Em 15 de dezembro de 2018 foi empossada na Cadeira nº 01 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP). Na solenidade, foi homenageada por todos e proferiu um belo discurso.

Infelizmente, no dia 9 de janeiro de 2025 recebemos a fatídica notícia que o cérebro da confreira Isabel parou!  No entanto, a sua memória está eternizada e sua vida e obra reverberarão em nossos corações e estenderão por muitas gerações.

ALCAP elege Patronos das Cadeiras em Assembleia Geral

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) realizou, no dia 21 de abril de 2025 (segunda-feira), uma Assembleia Geral Ordinária, na modalidade híbrida (presencial e on line) marcada por um importante avanço na consolidação de sua identidade institucional. Durante a reunião, foram eleitos os patronos das 11 cadeiras que ainda estavam sem definição na estrutura acadêmica da entidade.

Cada patrono eleito representa uma personalidade de destaque com relevante contribuição para a cultura, história, literatura, ciência, arte ou política do município de Peri-Mirim. A escolha desses nomes reforça o compromisso da ALCAP com a preservação da memória local e com a valorização daqueles que ajudaram a construir o legado do município.

Confira os patronos eleitos para as cadeiras preenchidas na assembleia:

CADEIRA 30Carmem Martins
CADEIRA 31José de Jesus Pereira Campos (J. Campos)
CADEIRA 32 – Adelar José Álvares Mendes (Dedeco)
CADEIRA 33 – Raimundo Martins Nunes (Sipreto)
CADEIRA 34 – Maria de Jesus Castro Martins (Dona Morena)
CADEIRA 35 – Maria Madalena Nunes Corrêa
CADEIRA 36 – Raul Pinheiro Mendes
CADEIRA 37 – João Batista Pinheiro Martins
CADEIRA 38 – Fernando Ribamar Lobato Viana

CADEIRA 39Pe. João Helder
CADEIRA 40Floriano Pereira Mendes

Com essa definição, a ALCAP completa a estrutura de suas 40 cadeiras acadêmicas, todas agora oficialmente vinculadas a um patrono que representa a riqueza da história e da cultura perimiriense.

A entidade reafirma, com esse marco, seu compromisso com a valorização da memória, da produção intelectual e das tradições que moldam a identidade de Peri-Mirim.

Filhos Guerreiros, Ninguém os Esquecerá

Por Edna Jara Abreu Santos

Fragmento da Crônica: Filhos Guerreiros, Ninguém os Esquecerá (2018)

[…]

Na década de 50, a crença em criaturas do nosso folclore era bem mais presente. As pessoas temiam e muitos tinham o “desprivilegio” de vê-los frente a frente. Há relatos de pessoas que ficaram diante do mula-sem-cabeça, mãe d’água e curacanga, mas era o curupira que mais atormentava os animais e os poucos moradores da cidade, levando-os a abandonar suas casas e até à morte, em muitos casos. Acredita-se que quando a região de mata densa é pouco habitada por seres humanos é possível que exista as tais assombrações. Dizem os mais velhos que quando o assovio do Curupira é ouvido bem perto, ele/eles já está/estão longe, agora quando o assovio está longe, com certeza à criatura está bem próximo da pessoa. E ademais, quando os trabalhadores entravam no matagal e se dividiam, o (s) curupira (s) fazia (m) o mesmo assovio dos homens e eles se perdiam no mato à dentro, passavam horas para enfim se encontrarem.

Francisca do Carmo França Abreu, perimiriense de 71 anos, relata lendas e crendices sobre a aparição destes seres mitológicos. Recorda-se da vida e morte de um dos seus irmãos. Ele era fascinado por borboletas, a ponto de segui-las em seus mais longos voos, esquecia a hora e nem via o local que adentrava. Muitas vezes era resgatado dentro da mata, por conta desse deslumbre. Até um dia que ficou muito doente, na época sem hospitais e remédios para cura do sarampo, foi definhando dentro de uma rede. E pela sua aparência, todos atestavam que o mesmo estava assombrado. Ouviam com muita frequência assovios de curupiras todos as noites nas proximidades da casa, durante todo o tempo que passou dentro da rede doente, quando morreu, aquele barulho sessou.

O tão temido e conhecido “Caminho da frieza”, localizado no povoado Poções (antes do Chavi), recebeu esse nome por conta dessas aparições e o ambiente ficava uma geleira, mesmo em dias ou noites calorosas. Desde assustar cavalos ou deixá-los cansados na travessia (como se de repente um peso os rebaixava deixando quase rastejando), dor de cabeça no (s) viajante (s), febre e até morte dos mais valentes que queriam medir forças com a tal visagem, quem por algum motivo ou circunstância fizesse a travessia ao meio dia, doze horas, seis horas da tarde e à meia noite, certamente teria um acompanhante desagradável na viagem. Conta que certa vez, quando criança, ela e sua mãe precisaram atravessar esse caminho, e na volta já tarde, passaram por um “igarapezinho”, quando de repente sua mãe, ao olhar para trás avistou bem perto um cavalo enorme, alvo e sem cabeça. Ele passou bem perto e sua mãe assustada puxava-a pelo braço, para saírem daquele lugar.

A “mãe-d’água” era outro ser mitológico que causava terror aos banhistas que adentravam os rios ou que se serviam da água dos poços principalmente ao meio dia, e a partir de seis horas da noite. Para tanto, os banhistas deveriam sempre recorrer ao respeito pedindo permissão para adentrar aquele espaço e usar daquela água. Geralmente, nesse tempo os poços eram bem distantes das casas habitadas e quando iam sozinhos quase sempre chegavam em casa contando as aflições presenciadas.

É provável que um dos motivos que hoje não é possível ouvir sobre estas criaturas com mais intensidade, seja pelo fato do crescimento populacional. Onde antes era só vegetação, hoje tem casas e moradores e, cada vez mais, as pessoas estão devastando áreas para fazer roças e construção de propriedades. Outro possível motivo pode ser o advento da iluminação pública, onde antes havia muitas trevas, hoje há luz.

Nesse sentido, há diversas linhas que correm sobre a veracidade dos fatos: o medo que tem o poder de fazer a mente criar situações apavorantes; os contos engabelados dos antepassados transmitidos a gerações… ou então, devemos acreditar que de fato existiam todos esses personagens fabulosos que um dia dominaram o espaço que ocupamos hoje?

Em meados do século XX, Peri-Mirim era constituída de vegetação em quase toda sua totalidade, por exemplo, o Campo de Pouso era mata fechada com apenas um caminho estreito no meio. Na oportunidade, destaca-se os primeiros padres que aqui chegaram e que tiveram importância significativa na qualidade de vida do Município, bem como na proteção e conhecimento sobre os mitos, foram eles: Monsenhor Gerard Cambron e os padres, Leonel, Edmundo, Paulo, Gil e Gerard Gagnon. A chegada Oficial dos padres na cidade foi em 15 de agosto de 1958, data que marcou também a Fundação da Paróquia São Sebastião. Eles abriram estradas, construíram capelas nas comunidades locais e também em beiras de estradas, incentivavam as famílias a participarem das reuniões, missas, a comungar-se, batizar os filhos, doavam e ensinavam diversos usos de plantas e ervas medicinais.

Em suma, a dona Francisca nostálgica, conta ainda que as crenças religiosas e costumes eram respeitados nas datas comemorativas, por exemplo, no carnaval (fevereiro) se tinha os aqueles dias de festas, mas quando se aproximava a Quaresma, as mulheres não podiam usar nenhum tipo de pintura, como batons, pintar unhas e nenhum tipo de diversão: os dias eram sagrados. Se a Semana Santa (março/abril) começasse em uma quarta-feira, até terça-feira as pessoas limpavam suas casas, torravam café, socavam arroz no pilão, estocavam comida, rachavam lenhas e guardavam. Enfim, faziam tudo antes da “Quarta-feira Santa”, pois a partir desse dia as pessoas nem podiam sair de suas casas, muito menos bater nos filhos ou falar palavrões. Eles também soltavam as galinhas, porcos e os demais animais presos; até os meliantes que se encontravam nas celas da delegacia era dado a eles o direito de ficarem soltos esses dias.

Primeiro encontro de 2025 do Clube de Leitura da ALCAP destaca a cultura maranhense

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) promoveu no dia de 30 de março de 2025, o 1º ENCONTRO DE 2025 DO CLUBE DE LEITURA “Prof. João Garcia Furtado” nas dependências do Sindicato dos Profissionais da Educação e Servidores Municipais de Peri-Mirim (SINDPROESPEM), entidade parceira da ALCAP. O Projeto do  Clube de Leitura é um projeto implantado desde 2019 pela Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), que tem como objetivo promover o interesse pela leitura por meio de uma série de encontros literários, intercâmbio cultural e experiências imersivas. Para 2025, o tema dos encontros é “Cultura Popular: Heranças e Tradições do Brasil e do Maranhão”, explorando livros que abordam diversas tradições, mitos, religiosidades e manifestações culturais presentes nas diferentes regiões do país, com destaque para o Maranhão, suas lendas e expressões culturais únicas, reforçando sua importância na identidade e diversidade cultural do Brasil.

O convite alcançou escolas públicas e privadas, o Grupo “BoraVer”, membros da ALCAP e a comunidade local, incluindo crianças, jovens e adultos.

Para o primeiro encontro do ano (30/03), na modalidade presencial e on line, realizado no 2º piso do SINDPROESPEM, às 15h, houve a seguinte coletânea como leitura de referência: “Passeios pela História e Cultura do Maranhão”, do escritor Wilson Marques.

A Biblioteca ALCAP “Professor Taninho” fez ainda as seguintes sugestões e empréstimos de livros: “Literatura em minha casa: quatro mitos brasileiros” – Mônica Stahel; “Um saci no meu quintal: mitos brasileiros” – Mônica Stahel; “A história do boizinho de brinquedo”– Joana Bittencourt; “Literatura em minha casa: bazar do folclore” – Ricardo Azevedo; “Brincando de folclore” – Maurício de Sousa; “Lendas do Maranhão” – Cunha e Silva Filho; “A Lenda do Rei Sebastião e o Touro Encantado” – Josué Montello e muitos outros.

A presidente Jessythannya, juntamente com Edna Jara Abreu responsável pela pasta, recepcionaram e mediaram a discussão dos livros. Os alunos do colégio Alda Ribeiro Corrêa – ARC, grupo BoraVer e alunos do IFMA fizeram a síntese das principais ideias discutidas, bem como a contribuição dos livros para a valorização da cultura e identidade maranhense. No momento cultural houve a contação de história com a professora Maria da Conceição Melo Pinheiro, mais conhecida como Mariinha e a moradora Francisca Abreu, de 71 anos.

As produções elaboradas pós encontro serão publicadas oportunamente em site designado para esse fim. O próximo encontro agendado (18/05) será também recheado de atrações e o livro em destaque para o momento é: “Arte e Devoção”, de Joana Bitencourt, explorando a relação entre arte sagra e expressões culturais no Maranhão.

ANIVERSÁRIO DE PERI-MIRIM

Por Francisco Viegas Paz

Hoje, Peri-Mirim está completando 106 anos de emancipação política. É mais uma data que tem a marca registrada da Lei nº 850 de 31 de março de 1919, assinada pelo então presidente do Estado do Maranhão, Raul da Cunha Machado.

A inauguração do Município de Macapá se deu em 07 de agosto de 1919, com muita festa. Afinal a sua independência era motivo de alegria, propagada pelos estampidos do foguetório e os mais calorosos discursos dos senhores: Urbano Santos, Coronel Brício de Araújo, Raul da Cunha Machado, Coronel Carneiro de Freitas, Carlos Reis, etc.

Macapá teve o nome substituído para Peri-Mirim, por meio do Decreto-Lei 820 de 30 de dezembro de 1943, assinado pelo Governador Paulo Martins de Souza Ramos. E o motivo da substituição do nome de Macapá para Peri-Mirim, está contido nas páginas 25 a 30 do livro Peri-Mirim, Cem Anos de Emancipação deste autor.

A população ficaria muito grata à Administração, se, em cada aniversário fosse inaugurada uma obra para o enaltecimento do Município.

Peri-Mirim, 31 de março de 2025.

ALCAP promoverá eleição de patronos que representarão a ciência, cultura e a história de Peri-Mirim

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) realizará, no dia 21 de abril de 2025, a eleição dos patronos para preenchimento de 11 (onze) cadeiras vagas na instituição. O processo ocorrerá em sessão secreta, garantindo transparência e legitimidade à escolha dos homenageados.

Os patronos serão escolhidos entre pessoas já falecidas, com base em critérios que consideram a relevância histórica, cultural e social de cada personalidade para Peri-Mirim. Para ser indicado, o patrono deve ter tido contribuição significativa para a literatura, ciência, arte, educação, cultura ou desenvolvimento econômico da cidade. A iniciativa visa preservar a memória desses personagens e fortalecer a identidade cultural local.

A lista de nomes aptos à eleição conta com 19 personalidades, entre escritores, políticos, educadores, religiosos, artistas e figuras que marcaram a trajetória da cidade. As biografias dos indicados estão no site da Academia, basta clicar no nome para acessar as respectivas biografias. Os indicados são:

01 Afonso Pereira Lopes
02 Adelar José Álvares Mendes (Dedeco)
03 Carlos Antônio Almeida
04 Carmem Martins (Mamãe Carmem)
05 Fernando Ribamar Lobato Viana
06 Floriano Pereira Mendes
07 Jaime Lima Campos
08 João Batista Pinheiro Martins
09 José de Jesus Pereira Campos (J. Campos)
10 José do Carmo França
11 Luiz Gonzaga Campos (Luiz Bode)
12 Maria de Jesus Castro Martins (Dona Morena)
13 Maria Madalena Nunes Corrêa
14 Nelsolino Silva
15 Manoel Lopes (Nhozinho Lopes)
16 Pe. João Helder
17 Raul Pinheiro Mendes
18 Raimundo Martins Nunes (Sipreto)
19 Zaira Miranda Ferreira

A presidente da ALCAP, Jessythannya Carvalho Santos, reforça a importância do momento, afirmando que:

A eleição dos patronos é uma forma de celebrar aqueles que ajudaram a construir a nossa identidade cultural. Com essa iniciativa, a ALCAP reafirma seu compromisso em valorizar a história e as raízes do povo perimiriense.

A Academia convida toda a comunidade a acompanhar esse importante marco na preservação da memória local.