ENTREVISTA COM LENIR COSTA

Por Francisco Viegas Paz

Em 14 de novembro de 2024, entrevistei na Praça de São Sebastião, a senhora Lenir Costa, nascida em 03 de novembro de 1947 no povoado Pericumã, município de Peri-Mirim – Maranhão. Há treze dias havia completado setenta e sete anos.

Dona Lenir é conhecida na região, como compositora, cantora e poeta. Ela começou a desenvolver seus dons artísticos desde os sete anos de idade, quando ainda era alfabetizada pela professora Helena Ribeiro. O conteúdo escolar alcançado por ela limitou-se, tão somente, a carta de ABC e de uma Cartilha. Naquela época a didática obrigatória do soletrar, contribuiu, significativamente, para ela aprender a ler de carreirinha como se costumava dizer para quem lia sem se atrapalhar com as palavras.

Outra contribuição que dona Lenir teve, por ocasião do aprendizado, foi dos livrinhos de história da literatura de cordel, devido ao conteúdo ser todo em versos e muito bem rimados. Inspirada nesses versos surgiu o interesse para desenvolver seus contos literários tal qual os que costumava ler nos livrinhos.

Dona Lenir aprendeu a rezar ladainhas, quando ainda eram em latim. E, quem aprende a rezar é solicitado constantemente devido ao grande número de devotos existentes nas comunidades e para pagar as promessas contraídas e das graças alcançadas.

A entrevistada tem muita facilidade de fazer versos desde a sua infância e, com a prática conta histórias, de acordo com a sua inspiração, se utilizando do aprendizado da literatura de cordel, que ela sempre gostou de ler.

Uma das músicas mais famosas, que dona Lenir gosta de cantar, tem a seguinte letra:

REGUE DA MADAME

Madame eu já cheguei

Vim pra festa dançar

Para encontrar o meu broto

Para me namorar.

Eu vou pintar o sete

Eu vou espalhar brasa

Quando acabar a festa

Eu levo ele pra casa

Quando chegar em casa

Ele quer se banhar

Enquanto ele se banha

Eu esquento o jantar

Eu entrego a toalha

Ele diz que me ama

Se me ama tanto, meu bem!

Vou te enxugar na cama.

Dona Lenir pertence ao quilombo de Pericumã e tem destaque na comunidade, pelo fato de saber se expressar bem, compor e cantar. E assim ela vai levando a vida sendo útil aos seus conterrâneos. Para mim foi um prazer ter conhecido esta senhora das letras que orgulha a sua geração.