No coração do povoado Aurá, em Peri Mirim (MA), nasceu em 05 de julho de 1976 um menino pequeno, de choro forte e destino traçado pela música.
Edielson Lima Almeida, filho de Antônio França Almeida, o conhecido Deco de Guilherme, cantador de boi, e de Valdeci Lima Almeida, veio ao mundo em um lar de simplicidade e afeto, embalado pelas toadas que marcavam as noites de festa do interior.
Foi o pai quem lhe deu o apelido de “Paim”, carinhoso e certeiro, inspirado pelo tamanho miúdo do filho, mas ninguém imaginava que aquele pequeno se tornaria uma das grandes vozes da cultura da Baixada Maranhense.
Entre brincadeiras e sons de matraca, Paim cresceu ouvindo os cantadores e admirando a força dos grupos de bumba-meu-boi que cruzavam as estradas de terra.
Em 1990, movido pela inspiração do mestre João Bertoldo, deu os primeiros passos na cantoria.
Desde então, sua voz passou a ecoar pelos arraiais, firme e ritmada, levando emoção e resistência.
O amor pela tradição o acompanha até hoje é dele a certeza de que o bumba-meu-boi não é apenas festa, mas identidade, história e pertencimento.
No carnaval, outra paixão o atravessou: a alegria do samba.
Foi Butilho quem o inspirou a cantar nas festas momescas, tornando-se presença marcante nas atrações da cidade.
Autodidata, Paim nunca precisou de orientação formal: as toadas nasciam de dentro, da intuição, do ritmo que corria nas veias. Ele mesmo criava, rimava e corrigia, movido apenas pela força do dom que carrega.
Ao longo da trajetória, contou com o apoio de Santiago, amigo fiel e companheiro de cantorias.
Apesar das dificuldades, Paim nunca desistiu dos estudos. Concluiu o Ensino Fundamental e hoje continua aprendendo no EJA do Ensino Médio, conciliando a vida escolar com o trabalho de pedreiro, ofício que também faz parte de sua luta cotidiana.
Em 2001, foi um dos fundadores da Escola de Samba do Campo de Pouso, sob a direção de Ivaldo Lima, reafirmando seu compromisso com a arte popular e com o brilho das manifestações da comunidade.
Hoje, Edielson Lima Almeida, o Paim, é reconhecido como um homem de fibra e paixão pela cultura.
Suas toadas cruzaram fronteiras, levando o nome de Peri Mirim e da Baixada Maranhense para outras cidades e palcos.
Canta com o coração, mantendo viva a tradição herdada do pai e reinventando o boi a cada verso que nasce de sua voz.
Paim é mais que um cantador.
É a memória viva de um povo, o som do tambor que não se cala, a poesia que resiste porque enquanto houver canto, haverá cultura, e enquanto houver Paim, haverá sempre um boi dançando no terreiro da saudade.