Por Nasaré Silva
Até que ponto vou poder continuar como nômade?
Na futura varanda da casinha de sapé desfruto do vento frio
Que, enquanto refrigera o calor, inquieta minha alma.
Qual o meu pertencimento?
“Com o tempo a gente aprende” que qualquer lugar é bom
Desde que se tenha paz.
E as amigas, por onde estão?
Algumas, se tornaram estrelas.
Outras, apesar da proximidade
Geográfica, encontram-se distantes.
“Com o tempo a gente aprende”
Que podem estar em qualquer lugar
Ou em lugar nenhum.
Que fazer amizade é mais fácil
Do que preservá-la.
Que os amigos se tornam caros
Não por serem onerosos,
Mas por falta de tempo
Para cultivá-los.
Aprende-se com o tempo:
Que tudo é tão fugaz,
Que os amores não são eternos.
Acontecem como chuva de verão.
Alguns deixam seu registro,
Sua identidade.
Outros, nada, nem a lembrança.
Foram jogados em calabouços
Do esquecimento.
Outros, ainda, são apenas sombras
Que se mexem como
Na “Caverna de Platão”.
“Aprendi com o tempo”,
Que nem sempre a visita que
Se espera, é a mesma que se recebe.
Que assim como há confluência
Também, há divergência.
E os caminhos podem nunca
Se encontrar.
“Aprendi com o tempo”
Que as verdades absolutas
De outrora, hoje são apenas
Ilusões rancentas
Ultrapassadas pelo tempo.
“Com o tempo a gente aprende”
Que nem todos os elogios são verdadeiros
Uns, são usados apenas como meio
De aproximação.
Hum, o tempo é cruel
Deixa marcas e dores.
Por isso, o tempo também ensina
Que as cicatrizes,
dependendo da situação
podem voltar a sangrar.
E assim, de fase em fase,
De etapa em etapa,
A vida se encaminha
Para o fim.