Plagiando Shakespeare (15/12/2022): Reflexão aos 59 anos

Por Nasaré Silva

 

Até que ponto vou poder continuar como nômade?

Na futura varanda da casinha de sapé desfruto do vento frio

Que, enquanto refrigera o calor, inquieta minha alma.

Qual o meu pertencimento?

 

“Com o tempo a gente aprende” que qualquer lugar é bom

Desde que se tenha paz.

 

E as amigas, por onde estão?

Algumas, se tornaram estrelas.

Outras, apesar da proximidade

Geográfica, encontram-se distantes.

“Com o tempo a gente aprende”

Que podem estar em qualquer lugar

Ou em lugar nenhum.

 

Que fazer amizade é mais fácil

Do que preservá-la.

Que os amigos se tornam caros

Não por serem onerosos,

Mas por falta de tempo

Para cultivá-los.

 

Aprende-se com o tempo:

Que tudo é tão fugaz,

Que os amores não são eternos.

Acontecem como chuva de verão.

Alguns deixam seu registro,

Sua identidade.

Outros, nada, nem a lembrança.

Foram jogados em calabouços

Do esquecimento.

Outros, ainda, são apenas sombras

Que se mexem como

Na “Caverna de Platão”.

 

“Aprendi com o tempo”,

Que nem sempre a visita que

Se espera, é a mesma que se recebe.

Que assim como há confluência

Também, há divergência.

E os caminhos podem nunca

Se encontrar.

 

“Aprendi com o tempo”

Que as verdades absolutas

De outrora, hoje são apenas

Ilusões rancentas

Ultrapassadas pelo tempo.

 

“Com o tempo a gente aprende”

Que nem todos os elogios são verdadeiros

Uns, são usados apenas como meio

De aproximação.

 

Hum, o tempo é cruel

Deixa marcas e dores.

Por isso, o tempo também ensina

Que as cicatrizes,

dependendo da situação

podem voltar a sangrar.

E assim, de fase em fase,

De etapa em etapa,

A vida se encaminha

Para o fim.