Por Ana Creusa
Era uma vez um casal de jovens. Casamento marcado. Antes do casamento, uma dúvida atormentou o noivo: se era, de fato, amado pela sua prometida.
Naquela época eram os pais que acertavam o enlace matrimonial dos seus filhos, sempre levando em consideração o dote e os laços de amizade entre familiares dos nubentes.
Para testar o amor da moça, chamada Emília; Manoel noiteceu, não amanheceu. Sumiu. Passada uma semana, nenhuma notícia do noivo. Ninguém viu em ouviu falar sobre o paradeiro de Maneco.
Emília que tinha profundo amor pelo noivo. Paixão que alimentava desde a puberdade, torceia para que seu pai a desse em casamento ao rapaz, aos olhos dela, mais o bonito e virtuoso do lugar.
Com o sumiço do noivo, Emília entrou em profunda depressão. Não conseguia mais se alimentar, depois, nem água conseguia mais tomar.
Passados quinze dias naquela situação. As famílias desesperadas. Emília não resistiu e veio a óbito. Depois do velório comovente da jovem. No dia seguinte, deu-se o sepultamento.
Era noite do dia do sepultamento, quando Manoel retornou da sua viagem. Para sua surpresa, antes de chegar a casa, soube do falecimento de Emília, de puro desgosto pelo sumiço do noivo.
Desesperado, foi ao Cemitério visitar o túmulo de Emília. Aos soluços cantou:
Já tudo dorme, vem a noite em meio
A turva lua vem surgindo além
Tudo é silêncio; só se vê nas campas
Piar o mocho no cruel desdémDepois de um vulto de roupagem preta
No cemitério com vagar entrou
Junto ao sepulcro, se curvando a meio
Com triste frases nesta voz falouPerdão, Emília, se roubei-te a vida
Se fui impuro, fui cruel, ousado
Perdão, Emília, se manchei teus lábios
Perdão, Emília, para um desgraçadoMonstro tirano, pra que vens agora
Lembrar-me as mágoas que por ti passei?
Lá nesse mundo em que vivi chorando
Desde o instante em que te vi e ameiChegou a hora de tomar vingança
Mas tu, ingrato, não terás perdão
Deus não perdoa as tuas culpas todas
Castigo justo tu terás, entãoMas este vulto de roupagem preta
Tombou, de chofre, sobre a terra fria
E quando a aurora despontou, na lousa
Um corpo inerte a dormitar se viaPerdão, Emília, se roubei-te a vida
Se fui impuro, fui cruel, ousado
Perdão, Emília, se manchei teus lábios.
Esta pequena canção trata-se de parte de uma ópera, cantada por nossa avó Ricardina, nas noites de serão durante o trabalho na roca de fiar algodão, que papai José dos Santos sempre cantou para nós. Saudades eternas do nosso José.
Pesquisando na Internet, encontrei a música, que segue abaixo:
Ler seus escritos é enveredar pelo mundo dos sonhos.
Linda e triste história de amor.
Obg por partilhar
Obrigada minha querida Confreira, Nasaré. A sua opinião é um grande estímulo para mim. Partindo de você esse elogio, não tem como não se emocionar e até envaidecer-se.
Beijos.
Creio que tenha sido baseada na história de Romeu e Julieta.
Papai cantou durante a homenagem aniversário de 80 (oitenta) anos. Ele trocou a palavra desgraçado por apaixonado. Foram muitas palmas nessa hora.
A canção foi acompanhada por acordes de violão por Amadeus Pereira da Silva – um amigo Advogado de Imperatriz.
Nem sabíamos que ele tocava. Ele pediu o violão e passou a cantar músicas antigas. Aí ficamos sabendo que ele é cantor da noite. Foi um momento inesquecível.
O Autor destes versos é o poeta José Henrique Silva, fetos em 1875, a melodia posteriores é de Juca Pedaço.
Essa história é interessante
Bom dia,
Agradecemos pelo comentário. Você é de onde?
Respeitosamente,
Ana Creusa Martins dos Santos