Por Nasaré Silva
(Poema produzido em agosto de 1991 e revisado em fevereiro de 2023).
Peço à Musa Divina
Com seu olhar de menina
Para que venha me inspirar
Sendo em verso ou em prosa
Narre a história ditosa
Daquela que viveu para amar.
Vou falar de Ir. Suzana
De maneira soberana
Destinou a vida a ensinar
Vivendo de forma mansa
Ao sonhar sempre se alcança
E o caminho é estudar.
Lembro quando a conheci
Sua forma de vestir
Atenção me veio chamar
O seu hábito era branco
E o seu sorriso franco
Tinha vindo para ensinar.
Ensinar com maestria
Enfermagem, sociologia
Só pensava em educar.
Com o seu jeito didático
E o seu sorriso simpático
Jamais usou o verbo dar.
“Quem doa não compartilha”
Já nos diz esta cartilha
Que ela veio lecionar.
Ir. Suzana fiel
Aos preceitos do céu
Ensinou o verbo amar.
Quem não aprendeu a lição
Não aflija o coração
Pois ela veio para ficar
Se sente tão nordestina
Só deve ser mesmo sina
Quis no Maranhão habitar.
Sei que de longe vieste
Do Sul ou do Sudeste?
Ao certo não sei falar.
Sei que és missionária
Religiosa, revolucionária
Veio para nos capacitar
Meditando, uma imagem veio
Foi que no Cine Passeio
Agora posso falar.
A senhora me levou
E com carinho mostrou
O cinema à beira-mar
Quantos belos, bons momentos!
Conheci os monumentos
Que apenas ouvia falar.
A senhora é tão louvável!
Conheci o memorável
E hoje eu posso falar
Quando a ler ilusão
A senhora com a mão
Mostrou-me o que é literar.
Nunca mais li baboseira
Literatura de primeira
A senhora veio mostrar.
A primeira bicicleta
Eu tinha trinta, não era atleta
Mesmo assim pude comprar.
Com o incentivo seu
O poder que Deus me deu
Ir. Suzana a orientar.
Enfim, passaria a vida
Relembrando embevecida
Tudo quanto a desfrutar
Os seus sábios conselhos
Refletindo como espelho
Hoje, triste por não escutar.
Ir. Judite Fagundes
Eis o seu nome amiúde
Que o seu pai veio lhe dar,
No tempo do nascimento
Quando entrou no convento
Para Suzana veio mudar.
Ir. Suzana querida
Com o sopro da vida
Viveu a se afeiçoar.
Destemida e valente
Leva a vida sorridente
Quando pensa em chorar.
Defensora de oprimidos
Das crianças; desnutridos.
Os que estão a chorar.
Defende com unhas e dentes
Os mais fracos; os doentes.
Os que vivem a soluçar
Cuida bem da natureza
Mesmo quando a avareza
A mata vem derrubar.
Ela, incansavelmente
Denuncia bravamente
E jamais se fez calar.
Quando vê uma criança
Aproxima-se toda mansa
A sua mão vem pegar.
Acaricia e afaga
O seu sonho não apaga
E uma canção vem cantar.
Oh, querida Ir. Suzana
Parece até Sant’Ana
Quando se põe a rezar.
Tão fervorosamente agradece
Pedindo em forma de prece
Para amigos, abençoar.
Minha amadíssima Judite
Por mim sei que és pedinte
Para Deus sempre guardar.
Confesso neste momento
Que eu só sinto acalento
Por Cristo, sua prece escutar.
Passaste a vida inteira
Assim como a videira
Quando a frutificar,
Levando aos quatro cantos
Às margens, aos recantos,
O verdadeiro sentido de “amar”.
Amando sem distinção
Entregando o coração
E sem jamais vacilar,
Fazendo bem aos pequenos
Com os defeitos terrenos
Sua missão é acreditar.
Acreditar é o seu forte
O seu carinho é suporte
Dos que vivem a mendigar.
Um sorriso pequenino
A senhora é sempre o ninho
Para os que nada têm a dar.
Nem a dar, nem receber,
Pois a vida é padecer
Já cansaram de esperar.
Ir. Suzana encoraja
Não esmoreça, reaja,
Tudo há de passar.
Deus é o maior tesouro
Que nem a peso de ouro
O homem pode comprar.
Tudo sente; tudo ver.
O seu filho a sofrer,
Logo Ele vai ajudar.
E vai levando a vida
Pois tem fé e acredita
Que tudo pode mudar.
Aconselha, reconforta.
Mostra a abertura da porta
Onde devemos passar.
Quando a andar distraída,
Meditando sobre a vida
Até assim está a ensinar.
Com seu passo vagaroso
E seu sorriso amoroso
Olha por nós a rezar.
E eu, particularmente,
Por tantas vezes descrente,
Chega para me iluminar
Mostra-me outro caminho
Corra, siga o destino.
Já é hora de mudar.
Agora chegou a vez
De pedir com sensatez
A Deus para lhe guiar.
Entre prece e oração
Peço ao pai da criação
Para nunca lhe abandonar.
Que seja sempre forte
Na corrida pela sorte
Sem jamais desanimar.
Quando se fecha uma porta
É aí que Deus conforta
Sem jamais deixar de amar.
Agora neste momento
Como se a brisa, o vento.
Aqui viesse soprar
Venho em forma de verso
Tendo crença no universo
Que Deus vai curar.
Toda homenagem é pouca
E tudo que sai da boca
Por certo não vai bastar.
Ir. Judite é alegria
De quem não tem fantasia
Como a mim, pode acreditar.
Poderia passar um ano
Como a olhar um pano
Belo, a vislumbrar.
Recitando poemas,
Brincando de teoremas
Para lhe homenagear.
Mas a hora já se adianta
E o tempo já suplanta
É hora de terminar.
O que aqui escrevi
São versos, não medi.
Por certo não sei contar.
Sei que são verdadeiros,
Num instante derradeiro
Humilde, vou recitar.
Sei que além, muito além.
Como és humilde também
Com certeza, vai lhe agradar.
De tão poucas amizades
Que na vida construir
Falo com sinceridade
A nossa não sei medir.
Sei que é verdadeira
Que só eu posso sentir.
Que não sirva de brincadeira
Aos que aqui estão a ouvir.
Acredite é muito forte
Que o grande Pai nos conforte,
É hora de despedir.
O porquê deste poema:
Por ocasião da despedida de Judite Fagundes de Moraes (Ir. Suzana) do povo desta cidade, pois voltaria para sua terra natal, Bauru, São Paulo.
Ir, Suzana foi a pessoa que mais ensinou-me sobre como deveria lutar para vencer na vida. Ela não acreditava na palavra “desistência”, só na frase: “siga em frente, você pode”.
“Voe como as águias”, ela dizia.
“Diga não aos maus-tratos, aos abusos, aos assédios. Você pode tudo, basta voltar a estudar”.
Foi difícil chegar até aqui, mas aprendi com ela, em jamais desistir.
Esse poema foi produzido por.mim para homenagear Ir Suzana por ocasião de volta para São Paulo.
Saudade
Saudade
Saudade.
Que Jesus lhe cure.
Ainda vamos rir muito de nossas histórias como fazíamos nas viagens da Pastoral da Criança
Ôh amiga Nazaré, quão emocionante este poema. Porém, muito verdadeiro. Nós que conhecemos essa grande e ilustre mulher, só temos a agradecer o acervo de sabedoria que ela nos transmitiu. Obrigada, por tudo, Ir. Suzana.
Professora Nazaré, cada dia você mi surpreende, parabéns você é D mais
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