Na década de 1970, o dia 07 de setembro era dia de desfile obrigatório no Grupo Escolar “Carneiro de Freitas” em Peri-Mirim/MA, lembro-me da Professora de Ciências, Graça Diniz (in memoriam) que organizava e treinava os pelotões diferenciados, ensaiava acrobacias, danças e performances criativas.
Eu nunca soube onde aquela mulher esquia e brava aprendia essas técnicas. Quando eu cursava a 3.ª série, fui escolhida para sair no Pelotão do “Moinho”, treinei, sabia toda a coreografia. Mas tinha que comprar um tecido quadriculado em vermelho e branco.
Fui tirar as medidas da roupa com tia Rosa – esposa de Constantino -, que morava na sede. Na época eu não sabia o motivo, mas mamãe não comprou o tecido. No dia do desfile, como era obrigatório, tive que ir desfilar de farda.
Ainda bem que eu era a menor da turma e ficava no final do pelotão, assim ninguém podia me ver. Ouvia Graça Diniz gritar: “cadê a Ana Creusa??!!!, cadê Ana Creusa??!!”. Não sei se ela me viu, mas o desfile começou e eu podia ver a turma do “Moinho” com suas evoluções.
Senti o gosto amargo da decepção, na mesma hora compreendi que minha mãe não pôde comprar o tecido, pois a tia Rosa não cobraria pelo feitio da roupa.
Voltei para casa, não falei nada para minha mãe, não falei da minha decepção, nada! A professora discreta, que já tinha sido minha professora na 2ª série, também nunca falou sobre o assunto comigo, acho que ela também compreendeu que eu não tinha roupa para sair no pelotão especial.
Graça Diniz voltou a ser minha professora no Ginásio, na matéria Ciências. Quando eu a via, sempre lembrava do fato. Mas eu tinha uma forma de chamar a atenção daquela nobre professora: era estudar mais! Na 5ª série ginasial apenas três alunos passaram direto, sem fazer prova final, eu estava entre eles, com Gilberto Câmara e Delma Ribeiro.
Memórias de Ana Creusa
Ana isso tb aconteceu comigo, meus pais não podiam comprar roupas especiais para pelotões em destaque por isso eu sempre desfilei de farda. Ficava só na vontade de sair em pelotões especiais, mas a grana era curta e havia 6 filhos para sustentar em uma época onde as coisas eram bem difíceis.
Eu nunca saía, mas dessa vez sonhei que seria possível. Mas eu soube ver o lado bom da decepção.