Por Manoel de Jesus Andrade Braga
Patrono da Cadeira nº 13 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Manoel de Jesus Andrade Braga. Conhecido como Tetê Braga, nasceu em Pericumã, povoado pertencente ao município de Peri-Mirim (MA), no dia 08 de agosto de 1911, filho de Antônio Florêncio Diniz Braga (o Velho Braga) e de Joana Regina da Silva Braga (Nhá Resna). Teve como irmãos Constantino Braga e Valdivino da Silva Braga. Filho de fazendeiro, herdou do pai a profissão de criador. Criava, além de gado bovino, outros animais como porcos, patos, galinhas, paturis, catraios, perus, cabras, cavalos e peixes. Tinha um tanque em frente à sua casa que dava farturas de peixes. No início de sua vida adulta, Tetê Braga teve uma pequena barraca e também foi pequeno agricultor, mas a paixão pela criação de gado falou mais alto, fazendo-o optar por essa atividade deixando aquelas outras definitivamente.
Em sua pequena propriedade, produzia bastante leite, que servia como base da alimentação de sua família e para a produção de queijos e manteiga. O que era produzido na propriedade, queijos, manteiga, ovos era vendido para comerciantes de Peri-Mirim (Mundico Botão) e de São Bento (Adrião) que levavam para revender em São Luís. Na propriedade havia grande produção de coco babaçu, donde eram extraídas as amêndoas para vender aos comerciantes locais (Ademar Peixoto). A receita da vendas desses produtos era a principal fonte de renda para sustentação da família.
Tetê Braga aprendeu a aplicar injeção e servia a comunidade de Pericumã, aplicando injeção nos enfermos do lugar, inclusive na veia. Desde jovem, era um homem muito conceituado e cobiçado por muitas mulheres da região. Casou-se aos 32 anos com a jovem Maria José Andrade Braga de apenas 16 anos, no dia 23 de dezembro de 1944 (no civil) e no dia 24 do mesmo mês no religioso, na cidade de Pinheiro. Viveram por 45 anos em uma relação profícua que gerou vários frutos. Dessa bela união, nasceram 13 filhos, que são pela ordem cronológica: João Batista, Maria Regina, Valtemar, Walter da Conceição, Maria do Rosário, José Maria, Manoel de Jesus, Valber do Socorro, Leônia Maria, Wewman Flávio, Lidiane da Graça, além dos falecidos Maremaldo e Verionaldo. Complementando a família adotaram e criaram cerca de 10 filhos, dentre eles: Aristo, Ernesto, Cota, José de Cananã, Beatriz, Coronel, Erenice, José Maria e Clenilde.
Ouvindo os conselhos de dona Almerinda Gonçalves e por suas próprias ideias, Tetê Braga alimentou um nobre e grande sonho que era deixar seus filhos bem encaminhados na vida. Para isso, sabia que só tinha um caminho: o estudo. E foi se agarrando com amigos e contando com a ajuda dos padres e freiras que conseguiu realizar seu sonho.
Dona Almerinda Gonçalves, descendente de portugueses e matriarca da destacada família Gonçalves da cidade de Pinheiro, era sua grande amiga e conselheira. Foi através dela que conseguiu uma vaga no Patronato São Tarcísio para seu filho mais velho (João Batista) e uma no Convento das Irmãs para sua filha mais velha (Regina). No ano seguinte, obteve vagas para Valtemar e posteriormente para Waltinho. E assim foi colocando os filhos no caminho certo.
Todos os filhos da dona Almerinda eram seus compadres. O Sr. Américo Gonçalves deu hospedagem para Regina por algum tempo, o mesmo aconteceu com Rosário que foi hospedada na casa do Sr. Raimundo Gonçalves, seu padrinho. E assim as portas da educação foram se abrindo para esse agricultor, que com muito orgulho conseguiu que todos os filhos estudassem e se formassem em cursos de nível superior.
A religiosidade do casal Tetê Braga e Maria José era notável. Como membros da Legião de Maria, participavam das reuniões e cultos dominicais e das missas que aconteciam na comunidade. Uma missão que eles faziam questão de exercitar eram as visitas aos enfermos, idosos e pessoas que estavam passando por momentos de dificuldades, levando a palavra da Bíblia e as orações para conforto dessas pessoas. Outra prática religiosa da família, era a oração do santo terço diariamente.
Por ser muito religioso, conquistou a amizade e o respeito dos padres canadenses que tinham missão em Peri-Mirim, notadamente Padre Edmond Poliot e Padre Gérard Gagnon. Essa amizade abriu as portas para que seus filhos Regina e Valtemar fossem estudar em Guimarães no Convento das Irmãs de Assunção e no Seminário São José, respectivamente. Do mesmo jeito aconteceu com filho Waltinho que foi estudar no Seminário Santo Antônio em São Luís. Sem essas ajudas, dificilmente Tetê Braga teria tido condições de oferecer a seus filhos a oportunidade de estudarem.
Embora nunca tenha frequentado uma sala de aula regular, foi alfabetizado por seu tio André Avelino Mendes, irmão de sua mãe, Tetê desenvolveu uma verdadeira paixão pela educação. Apesar do pouco estudo, tinha um grande prazer pela leitura. Lia a Bíblia, os catecismos da Igreja Católica, livros, revistas, histórias infantis, até bulas de remédios, tudo que aparecia em sua frente ele lia. Essa paixão pela leitura foi passada para seus filhos, podendo está aí, uma explicação para o sucesso destes, em concursos e vestibulares.
Alguns valores muito caros até hoje e que se fossem mais observados, as pessoas viveriam muito melhor, eram cultivados pelo homenageado: Gratidão, Perdão, Tolerância e Serenidade. Em tudo dava Graças a Deus, mesmo quando parecia algo ruim (Gratidão); não guardava rancor de ninguém, perdoava mesmo os ladrões de seus cavalos e gado (Perdão); mesmo sendo muito católico, abria as portas para irmãos de outras religiões que passavam evangelizando, ouvia atentamente sem mudar suas convicções (Tolerância); por pior que fosse a situação, nunca perdia a calma, não exaltava a voz, nunca se exasperava (Serenidade).
Outro ponto que merece ser destacado em sua vida é que nunca teve vícios. Não ingeria bebida alcoólica, nunca fumou e não participava de jogos de azar.
Durante os 45 anos de casado, com Maria José Braga, viveu um clima de harmonia, de respeito, de diálogo, de compreensão, de abnegação, de renúncia e de um amor verdadeiro. Faleceu no dia 10 de novembro de 1989, em São Luís, aos 78 anos, deixando um legado de homem honesto, educado, católico praticante e que gostava de conversar com os filhos, a esposa e os amigos.
Quando morreu todos os filhos estavam casados e quase todos, bem empregados. Portanto, morreu com a missão de educar os filhos cumprida. Viva Tetê Braga!
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