Por Nasaré Silva
Todos vocês que aqui estão
Recebam meus cumprimentos,
É muita honra tê-los conosco,
A prestigiar nosso evento.
Miniolimpíada de filosofia
A primeira da freguesia
Palmas para este momento.
Nesta tarde ensolarada
Tivemos dois julgamentos:
O primeiro foi de Eichmann
Que só produziu sofrimento,
Não somente ao povo judeu
Condenou até o filisteu
Seu problema: discernimento.
O segundo foi de Sócrates
Que todos já ouviram falar,
Século V a. de Cristo
Ele vivia a perambular,
Questionava todo mundo
Parecia um vagabundo
A Ágora: o seu lugar.
Para falar sobre Eichmann
Convém neste momento citar
A cientista política
Hannah Arendt, ouviram falar?
Viajou para Jerusalém,
Não foi para dizer amém
Foi ao julgamento reportar.
Eichmann fora julgado
Em 1961.
Por muitos crimes de guerra,
Aqui falamos de um a um.
Ele dizia ser inocente
Não pensava, pois, sua mente,
Não tinha dote nenhum.
Mandou para o holocausto
Seis milhões de judeus
Idosos, crianças ou jovens,
Quem tinha religião ou ateus
Seu problema era não pensar
Hannah Arendt fez confirmar,
No livro que escreveu.
Eichmann em Jerusalém
É um livro seu, famoso
Nele Arendt conta a história
De julgamento oneroso
De Argentina a Israel
Foi conduzido o réu
Sob um regime rigoroso.
Hannah Arendt escreveu
Muitos livros, no entanto.
Praticamente em todos eles
Questionar era seu acalanto
Judaísmo: a religião
Questões políticas: sua missão
A verdade era seu manto.
Em 1906 nascera
A Alemanha era seu mundo.
Morou na grande Paris
Num período infecundo.
Vivera em “tempos sombrios”
Sobreviveu às guerras, o vazio,
Conviveu com moribundo.
Seu livro de notoriedade
As Origens do Totalitarismo,
Arendt narra como surgiu
O conhecido antissemitismo,
Pois ela queria entender
Por que tanto ódio e Poder
No mais novo regime, o Nazismo.
Em Homens em Tempos Sombrios
Arendt biografa homem e mulher
Walter Bejamin, Karl Jaspers,
Os seus dois amigos de fé.
Rosa, Lessing e reflexões,
Heidegeer, uma de suas paixões,
Arendt, judia e grande mulher.
O termo “banalidade do mal”
Por ela, cunhado no julgamento
Amigos judeus de Hannah Arendt
Não sentiram contentamento,
Pensaram que Eichmann defendia
Não entenderam o pensar da judia
Amizade sofre estremecimento.
Passaria a tarde inteira
Falando de Hannah Arendt
Todo o tempo ainda é pouco
Quando o poema expressa arte.
Preciso a Sócrates voltar
E sua linda história narrar
A verdade foi seu baluarte.
Sócrates fora condenado
Por crimes que não cometeu
Indagar era o seu forte
Aos jovens não corrompeu,
Aos deuses não desrespeitou
Contra a mentira sofística lutou
Deram-lhe cicuta, ele bebeu.
Por vezes, o interlocutor
A Sócrates não entendia
Usava método “maiêutico”,
Concomitantemente, à ironia,
Quando da conversa, o fim,
Não visualizava o jardim
Da luz da sabedoria.
Isso gerou confusão
Na vida de muita gente,
Em Atenas, na Grécia Antiga,
Nessa parte do Ocidente,
Os cidadãos se reuniam
Na Ágora e decidiam
O melhor ao Continente.
Assim narra-se a história
De quem buscava a verdade,
Não mentia, perguntava,
Sobre os temas da cidade
Ele indagava porque queria saber,
Desconhecia a essência do Ser
E não aceitava caridade.
Um grupo de filósofos
Chamado de sofistas
Ficou muito incomodado
Com sucesso do politeísta.
Armaram uma encenação
Condenaram Sócrates, então,
Por crimes ainda não vistos.
A peça que apresentamos
Foi parte de seu julgamento
Escrito no Apologia a Sócrates
De Platão, o pensamento,
O seu discípulo fiel,
A condenação fora o fel
Amargo desse momento.
O objetivo deste evento
É mostrar nosso projeto
“Até que ponto nós agimos
Mediante as leis”, fazendo certo?
Vê-se nos dias atuais
Medidas descabidas, fatais,
Que impedem nosso progresso.
Mediantes a tantas PECs
Que tiram nossos direitos
Nos calamos, nos omitimos
Aceitamos o desrespeito.
Até onde vão os desmandos?
Nossa honra blasfemando
E tudo sendo desfeito?
Vamos unir nossas forças
Nossa coragem, a fé.
Aprendamos a dizer não,
Lutemos contra o lúcifer
Eichmann aceitava tudo,
Até mesmo dos judeus o tributo,
Não pensava, vivia de cliché.
Somente nós podemos mudar
O rumo da nossa história.
Nascemos pobres, somos dignos,
Sonhamos com as vitórias
Não fiquemos aprisionados,
Ou seremos condenados,
Sem um momento de glória.
Quero registrar, no momento
Meus queridos professores:
Almir e Marly Cutrin,
Ambos são doutores.
Transmitem conhecimento,
E nos dão contentamento,
E assim, perpetuam valores.
Deixamos aqui registrado
Os sinceros agradecimentos
A secretária Alda Regina
Dalcione, no engajamento,
Aos amigos da equipe
Vieram a pé ou de jipe
Mas estão neste momento.
Eles são Kelisson Melo
Nayara e Walterlino,
Nasaré como já sabem
É a poeta, tem destino.
Agnaldo, grande pastor.
Todos trabalham com amor
Em prol de um bom ensino.
A equipe “Esmagai a Infame”
Encerra sua apresentação.
Adquirimos competências
Dotados ou não de inspiração.
Dizemos até breve a todos.
Estes são nossos modos
Agradecemos de coração.
Esse poema foi uma inspiração do Espírito Santo, pois agregou filósofos, professores, discentes, membros da SEMED e uma rica história dos tempos de Hannah Arendt e Sócrates. O projeto da nossa equipe foi intitulado: Até que ponto agimos mediante às leis? Um rico trabalho de todos da equipe: Nasaré, Walterlino, Nayara, Agnaldo e Kelisson.