Manoel Lopes

Por Edna Jara Abreu Santos

Manoel Lopes, mais conhecido como “Nhozinho”, nasceu em 02 de agosto de 1926 na cidade de Peri-Mirim, filho de João Boás e Genoverva Lopes. Casou-se com 18 anos com a professora leiga Maria José Martins Lopes (23/10/1923 – 28/01/2003), o qual teve 13 filhos.

Quando seus primeiros filhos nasceram, teve a necessidade de buscar trabalho em São Luís e lá ficou por cinco anos. Em uma das suas vindas à Peri-Mirim, comprou uma residência no povoado Poções de ‘Zé Bacaba’ e transformou em ponto de comércio. Para a pequena família se locomover até lá, era preciso atravessar de canoa e ainda ir sobre bois. A casa continha apenas um quarto, uma sala pequena e uma varanda bem extensa cheia de tamboeiras até o teto.

Além de revender mercadorias diversas em seu pequeno comércio, gostava de fazer serviço social. Na verdade, toda sua família ajudava como podia a todos da comunidade que lhes procuravam, seja com ajuda de custos em construções de casas, compra de alimentos e remédios, assistência médica, transporte de pessoas para outras localidades e outros.

Além disso, mandou construir um campo de bola e um poço em suas terras para sua família usufruir e também para servir a todos da comunidade. Em seu vasto quintal tinha o chamado “Bananal”, por ser cheio de frutas de vareadas espécies, onde ele podia alimentar os filhos e presentar quem o visitasse.

Na década de 50, o Brasil era um país pobre e agrícola, onde levavam uma vida simples, com quase nenhuma tecnologia à disposição, com exceção de alguns raros aparelhos de rádio. Na baixada maranhense, a pobreza e fome imperavam, por compaixão, Nhozinho sentia prazer ajudar com o pouco que podia e gostava de ter sempre sua casa cheia de pessoas.

Suas terras, além de extensas no povoado Poções, eram ricas, pois nelas brotavam “ouro” do solo fértil e ele precisava ser lapidado pelas “Quebradoras de coco de Nhozinho”. Memoráveis mulheres como: Genosa, Varista, Luzia, Madalena e suas filhas ficaram conhecidas na época pela troca de serviço “coco de meia”, onde coletavam e lhes revendiam os cocos babaçus da sua própria propriedade.

Sua ajuda cotidiana à sociedade perimiriense fez-lhe ser conhecido e seus esforços reconhecidos por todos. Sua influência na cidade levou-o a instalar sua primeira organização sindical  no prédio da Prefeitura, com o objetivo inicial de incentivar, defender os trabalhadores e ir em busca dos seus direitos.

Já no dia 17 de março de 1973, na gestão do Prefeito Deusdete Gamita Campos (1973-1976), aos 47 anos, ele fundou o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Peri-Mirim, sede localizada até hoje à rua Rio Branco, Centro, foi o primeiro presidente aclamado e sua gestão durou por vários anos.

Em todos seus mais de 50 anos de fundação, muitas lutas foram travadas, em prol dos lavradores em mais de 90 comunidades e muitos direitos foram reivindicados, mediante reuniões com pautas de negociações com governantes. Se fosse necessário, ocupavam prédios públicos, faziam passeatas, movimentos, iam ao congresso…com essa luta árdua, muitas vitórias foram alcançadas.

Como bem lembra o servidor aposentado Francisco Júlio de Oliveira (Chico Grande) com 77 anos, que acompanhou a partir dos anos 90 a luta do Sindicato, com conquista de direito à aposentadoria – a mesma era 65 anos tanto para homem, quanto para mulheres, nos dias atuais tem direito: homem 60 anos e mulher 55 anos; ao auxílio doença (homem e mulher), conseguiram pensão por morte (ambos os sexos), salário maternidade, direito à terra, mais médicos, dentistas e outros.

Manoel Lopes (Nhozinho) comprou uma residência na Rua Desembargador Pereira Júnior, Centro, onde viveu até o resto de seus dias. Foi candidato a vereador e era bem religioso. Estimava muito a presença de todos os filhos nas principais refeições. Sua esposa ensinava e costurava, suas filhas ajudavam na escolinha e onde era necessário. Quando partiu deste mundo, em 23 de março de 2001 (aos 75 anos), deixou 14 filhos, 36 netos, 16 bisnetos e grandes contribuições aos perimirienses de caridade, ajuda ao próximo e luta pelos direitos básicos. Seu legado eternizou-se com a nomeação do Sindicato em sua homenagem.