Extensão e processo de ocupação de Peri-Mirim

Extensão
O município tem 405,3 km² sendo o 184° do Estado em extensão o que corresponde a 0,12%. Em termos regionais, é o 48º na Mesorregião Norte Maranhense com 0,77% e o 17º na Microrregião Geográfica da Baixada Maranhense correspondendo a 2,30%.

Processo de Ocupação
Os criadores de gado dos municípios próximos, presumivelmente de Alcântara e São Bento, no sentido de desenvolverem a pecuária extensiva própria da época e da necessidade de encontrar pastos novos e férteis, penetraram pelo interior e ao encontrar os pastos almejados, ali construíram suas casas, dando ao povoado o nome de Macapá, que
embora tivesse em áreas dos municípios de Alcântara e São Bento, foi anexado ao segundo pela Lei Provincial de nº 1.385, de 17 de maio de 1886.

Pela Lei nº 850 de 31 de março de 1919, o distrito foi transformado em município e 45 dias depois foi procedida à eleição para prefeito municipal, embora o município tenha sido oficial e solenemente fundado em 15 de julho de 1919. Onze anos depois, o município foi extinto por meio do Decreto Lei Nº 75, de 22 de abril de 1931, sendo reincorporado ao município São Bento, na condição de distrito.

Finalmente, o Decreto Lei nº 857, de 19 de junho de 1935, devolveu a Macapá a condição de município e elevando à condição de vila em 19 de julho do mesmo ano, considerando-a, no entanto, cidade a partir de 29 de março de 1938. Com a reforma administrativa do Estado, pelo Decreto Lei Nº 820 de 30 de dezembro de 1943, o município mudou a toponímia de Macapá para Peri-Mirim.

A palavra peri-mirim na língua tupi-guarani significa junco fino, tipo de vegetação que predomina nos campos alagados do município.

________________________________________________

Fonte: Enciclopédia dos Municípios Maranhenses: microrregião geográfica da Baixada Maranhense / Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos. – São Luís: IMESC, 2013.

ANTÔNIA MARTINS NUNES

Nascida em 13 de junho de 1928 no povoado Juçaral do Munícipio de Peri-Mirim-MA, Antônia Martins Nunes, filha de Benedito Martins Nunes e Domingas Maria Martins. Tinha 09 irmãos: Margarida Martins Silva, João Martins, José Raimundo Martins, Teresa Martins Melo, Inácia Elzamar Martins, Damiana Martins Pinheiro, Eloisa Martins, Maria Teresa Pereira Castro e Antônio Luís Martins Pereira.

Antônia Martins Nunes, seus pais lhe colocaram esse nome porque nasceu no dia de Santo Antônio, a mesma nunca frequentou a escola, veio aprender a fazer o próprio nome, anos depois que o filho mais velho Raimundo Martins Nunes, a ensinou.  Abdicou da sua infância para ajudar sua mãe no sustento da família, trabalhava na lavoura, com coco babaçu, confecção de rede artesanal, na pesca e tantos outros.

Ficou órfão de pai ainda pequena, passou por muitas dificuldades, como filha mais velha, teve que arregaçar as mangas e ir à luta junto com sua mãe e seus irmãos  para poder sobreviverem. Todos cresceram, construíram famílias  e tomaram seus rumos.

Recorda que na sua infância sempre estava com sua mãe, nunca a deixava trabalhar sozinha, era sua companheira, iam para o mato juntar coco babaçu, tirar juçara, pescar, fazer roça, levantava bem cedinho, primeiro que todos, para ajudar nos afazeres domésticos.

Sua família tinha tradições a serem seguidas, faziam festa de Santo Antônio no povoado Canaranas e Nossa Senhora das Graças no povoado de São Lourenço, comemoravam os feriados de Santo Antônio e Santa Luzia na casa de seu sogro Torquato Nunes ou da sua Mãe Domingas Maria Martins. A religião foi parte importante em sua vida, católica praticante, batizada no povoado Canaranas, teve como padrinhos Lourenço, que era irmão da sua mãe Domingas e Maria que era uma amiga da família.

Recorda que dava conselhos para os irmãos que não gostavam de trabalhar como: socar o arroz para todos comerem, pescar, cortar juçara no juçaral, às vezes até brigavam para não ajudar, mas a sua mãe sempre interferia e todos ajudavam.

Apreciava os momentos que passava com o seu pai, principalmente quando ele vinha com o gado e gritava “lá vai eu”, abre a porteira…e ela corria para abrir a porteira morrendo de medo dos bois levá-la na frente ou pisá-la. Antônia era corajosa, amansava bois brabos, até mesmo dos fazendeiros vizinhos e quando caía dos animais, os irmãos sorriam e ela chorava, subia em pés de juçareira de todos os tamanhos, isso para ela era uma diversão especial! Conta que em meio às dificuldades, ela era feliz!

Tinha como maior desejo construir sua família e ter filhos… Conheceu seu marido em um baile de coureiro de caixa, duas colegas induziram-na a conversar com José Amorim Nunes (in memoriam), natural de Macapá, atual Peri-Mirim. Conversaram e se reencontraram dias depois em um outro tambor de caixa que aconteceu no povoado Juçaral, nesse momento firmaram o namoro e combinaram o dia para conversarem com a sua mãe Domingas, onde foi aceito e era de bom agrado da sua mãe tê-lo como genro. Ela namorou, noivou e casou-se com o mesmo.

O casamento foi em São Bento em 20/09/1947, na ocasião teve festa, bolo de tapioca com café, chocolate de fubá do coco babaçu, e a pinga para quem gostava. Teve forró de caixa a noite toda. União esta que tiveram três filhos legítimos: Raimundo Martins Nunes (Sipreto), Domingos Martins Nunes (Duro) e Ana Luíza Nunes Martins; e quatro adotivos: Manoel de Jesus Campos (Santiago), Raimundo Gabriel Amorim (Gabi), sua neta Rosangela Pereira Nunes e seu bisneto David Nunes Cunha.

Antônia Martins Nunes conviveu com seu cônjuge José Amorim Nunes por 55 anos. Seu esposo era um homem bom, um bom pai, fazia tudo o que podia por todos, amava todos, mas na hora do conselho tinha que ser escutado, quando um dos filhos fazia algo errado ou se intrometia em conversa de adultos, era só olhar de olhos tortos que já sabiam que mais tarde após a visita sair tinha o paredão dos conselhos.

A mesma lembra que junto com o marido saíam de madrugada para a roça no Tremedal, povoado de Peri-Mirim, umas 5 horas da manhã para chegarem mais cedo e voltavam de tardezinha quando o sol já estava se pondo. Iam montados em bois, eram tempos bons, assim afirma. Ali, enquanto uns trabalhavam na lavoura, outros iam pescar nos rios para comerem na roça. Relembra sua história de vida com sua família quando escutava a música “utopia” de Padre Zezinho.

No calar da noite sempre estava tirando fubá de coco para os porcos ou fazendo azeite da amêndoa do coco babaçu, enchendo grade de rede, tudo isto na luz de lamparina. Enquanto isso, seu esposo animava a criançada com suas lindas histórias de Camões, tia onça, tio lobo, macaco, reis, rainhas e tantos outros com valiosos ensinamentos que aprendeu com seus antepassados.

No povoado Canaranas deste município supracitado, foi construída sua primeira casa: de palha, porta de mensaba e chão batido; dormia em rede, depois obteve uma cama feita de jirau, colocado palha de bananeira e coberta com pano, tinha um par de mochos e alguns troncos de madeira que serviam para sentar, fogão a lenha, o armário era um caixote, um cofo bem feitinho da palha do tucum amarrado no teto da cozinha, servia como porta prato, porta colher e porta escova. Mesmo com as dificuldades que passavam eram felizes.  Naquele povoado, junto com o marido, edificou suas raízes, Antônia viu muitas crianças nascerem, era parteira praticante, sempre estava disposta em ajudar trazer vidas ao mundo, mesmo em povoados distantes ela ia a qualquer hora, enfrentando chuva ou sol.

Antônia, com o passar dos tempos, teve perdas de pessoas queridas da família, sua mãe Domingas, alguns irmãos e amigos. Mas, sua maior provação foi a perda do pai na infância, daí sentindo o desejo de lutar para viver junto da sua mãe e de seus irmãos menores.

Com a perda do seu cônjuge em 2002, Antônia continuou a residir até 2012 na mesma casa no povoado Canaranas, logo após mudou-se para o centro da cidade para a casa da sua filha Ana Luíza, onde viveu os seus últimos anos de vida.

Seu maior medo era perder seus filhos, de ficar longe dos mesmos, sonhava em estar com a família reunida novamente, sentia saudades de todos e dizia que é triste passar pela terra, viver bastante tempo e olhar seus entes queridos partindo e deixando saudade.

Deixa como maior legado suas experiências vividas, suas lutas e conquistas. Tem como aprendizado, que a cada dia precisamos reinventar o nosso sorriso, entender que tudo que acontece é para o nosso bem, até mesmo o “mal” nos torna fortes e que precisamos superar os obstáculos para que a esperança cresça e tenhamos mais fé. Faleceu no dia 31 de dezembro de 2021.

Biografia construída pela sua neta Antoniêta Márcia (Tatá).