PROJETO CLUBE DE LEITURA DA ALCAP PROMOVE ATIVIDADES DURANTE A VI AÇÃO DE GRAÇAS NA JUREMA

Durante a VI Ação de Graças na Jurema foi apresentada uma mostra de livros e demais materiais didáticos pela Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP). As crianças realizaram leituras, pinturas, ganharam materiais escolares e praticaram várias brincadeiras instrutivas, como atividade desenvolvida pelo Clube de Leitura “Professor João Garcia Furtado” que é um projeto de incentivo à leitura, que objetiva fomentar a leitura na comunidade, como uma prática social e contribuir para a formação de uma nova geração de leitores.

A gestora do Projeto, Tatá Martins, empenhou-se para que todas as crianças pudessem participar daquele momento instrutivo e edificante.

Almoço Tradicional dos Acadêmicos e Amigos da ALCAP no Sítio Jurema

Já é tradição: um depois  da realização da Ação de Graças na Jurema, é realizado um almoço entre os acadêmicos e amigos da Academia de Letras Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), a última edição do evento foi dia 15 de outubro de 2023.

Para ratificar o ambiente de confraternização, cada participante do almoço leva um prato de alimento ou sobremesa a seu gosto. O evento é regado com boas conversas e contação de histórias engraçadas.

PROJETO PLANTIO SOLIDÁRIO DA ALCAP: Promoveu Troca de Mudas e Sementes na VI Ação de Graças na Jurema

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense  (ALCAP) promoveu a terceira Edição da Feira de Troca de Mudas, Sementes e Saberes, durante a VI Ação de Graças na Jurema, realizada em 14 de outubro de 2023, no Sítio Jurema no Povoado do Cametá, município de Peri-Mirim-MA.

A referida feira foi realizada por meio do Projeto Plantio Solidário João de Deus Martins, que tem como gestora, Ana Cléres Santos Ferreira, com a colaboração de Ducarmo, as quais estão preparam um ambiente aprazível para receber a comunidade. A Ação de Graças na Jurema foi idealizada por José dos Santos, para promover a União em sua comunidade.

O objetivo da feira é ajudar a preservar a biodiversidade, promover a educação ambiental e estimular a alimentação saudável e orgânica. As mudas foram fornecidas pelo Jardim Botânico da Vale S.A, UEMA, por meio do Prof. Dr. Gusmão Araújo, a maioria das mudas são oriundas do Sítio Boa Vista, de propriedade da gestora do Projeto.

Além de mudas de hortaliças, legumes e vegetais, foram trocadas plantas ornamentais, como por exemplo, flores e cactos, bem como frutíferas e não frutíferas, plantas medicinais, sementes e muito conhecimento. Esperamos contar com a participação de engenheiro agrônomo ou outro especialista, para orientar as pessoas.

José Vivia na Graça

Por Ana Creusa

O apoio das leis da natureza é o estado de graça. (Deepak Chopra).

Banho tomado. Barba feita. Perfume exalando. Lá estava ele, pronto para mais um baile, em que fora formalmente convidado[1]  pelo dono da casa.

Sentindo um leve remorso, por deixar seu irmão João Pedro em casa e, por cima, ainda ardendo em febre, apesar dos chás que lhe preparava a irmã Maria Santos.

Papai falava com tio João Pedro:

– Acho que não devo ir, e se você não melhorar?

– Já estou melhor, Zé, repetia o irmão enfermo.

Papai percebia que aquelas palavras eram apenas para que ele pudesse ir ao baile em paz.

Papai colocava a mão no pescoço do irmão e nada de a febre aliviar, estava igual brasa. Parecia até que a temperatura havia aumentado.

Mas afinal, o que ele poderia fazer? Maria estava cuidando do irmão. Poderia sim, ir ao baile tranquilamente.

Era inverno. Acondicionou sua roupa bem passada em uma caiambuca[2] e saiu, sempre conversando com o irmão que repetia:

– Vai, Zé, eu já estou melhor.

Na saída da casa na Jurema[3] existia um palmeiral[4] que se movia com a ação do vento, fazendo um barulho assustador.

Papai saiu em meio àquelas palmeiras. Logo percebeu que um temporal se avizinhava. Tinha a sensação de que as árvores cairiam naquela hora.

Voltou para casa correndo para que aquela situação melhorasse.

Conversou com o irmão enfermo que estava sentado na rede de dormir. Não chegou a chover. Era apenas uma ventania.

Na terceira vez que saiu de casa para ir à festa, novamente a tempestade se formou e José voltou para casa. No caminho de volta decidiu que não iria mais àquela festa, que não deveria mais insistir. Quem sabe o seu irmão pudesse piorar.

Naquela festa no Povoado de Poções o seu grande amigo Raimundo de Genoveva que atendia pela algunha de Raimundo Lagarto[5] foi duramente espancado, sofreu açoites de cassete e facão. Ficou muito doente e, dias depois, veio a óbito.

A conversa no dia seguinte era que os inimigos de Raimundo Lagarto iriam primeiro matar José Santos, para que o caminho ficasse livre para eles poderem matar seu amigo.

José Santos sabendo dessa história, não teve dúvidas: todos aqueles eventos, doença do irmão e tempestade, o livraram da morte naquele dia.

Sempre pensava como teriam ficado seus irmãos se ele fosse assassinado? Com essa experiência, ele jamais insistia. Seguia sua intuição, que ele tinha certeza de que vinha de Deus.

Papai tinha o hábito de não insistir, não teimar, não “forçar a barra”, viva na Graça. Cultivava a sua intuição.

Não raro, formávamos uma viagem, arrumávamos tudo e quase na saída, ele dizia:

– Eu não vou mais.

– Como assim? Já estamos prontos, já compramos a passagem!

Ele repetia:

– Eu não vou mais.

Os habituados àquela situação nem mais instigavam. Alguns queriam explicação:

– Por que o senhor não vai mais?

Ele não explicava, apenas desistia e procurava concentrar-se em outra coisa. Viagem desfeita. Negócio inconcluso.

Assim vivia meu pai: na Graça. Surfava na onda. Deixa a vida o levar. Sem pressa. Obedecia aos comandos da sua intuição e ponto final.

Ele contava a origem desse comportamento que ele definia como obediência a Deus. Foi exatamente no dia da festa em que seu irmão João Pedro estava doente e seu amigo foi morto que, após vários sinais, ele resolveu entender que não era para ele comparecer àquela festa em que estava preparado o seu assassinato.


Para mais detalhes sobre o personagem principal desta história, leia a Biografia de José dos Santos.

[1] O convite para os bailes era requisito essencial.

[2] Era costume à época acondicionar roupas em caiambuca para proteger da chuva.

[3] Refere-se ao Sítio Jurema no Povoado Cametá (ou Cametal) onde residia José Santos e seus irmãos.

[4] Área que possuía muitas palmeiras de babaçu antigas, por isso, eram bem altas.

[5] Eu havia esquecido o nome do amigo de papai, tio João Pedro confirmou o nome Raimundo de Genoveva era irmão de Dionísio.