SECUNDINO MARIANO PEREIRA

Por Diêgo Nunes Boaes

Nasceu no povoado Meão, não sabia ler e escrever, mas obtinha uma inteligência admirável, nunca havia frequentado escola, mas seus saberes e conselhos eram temidos por todos. Na comunidade era tido como um profeta. É patrono da Cadeira número 08 (oito) da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Graça de Maria França Pereira.

Casou-se com a senhora Alaíde Pereira, quando construiu família mudou-se para o bairro do Portinho. Em sua união com a Alaíde teve 09 filhos: João Pereira, Antônio Pereira, José Pereira, Macico Pereira, Constâncio Pereira, Donízia Pereira, Anicolina Pereira e Raimunda Pereira, e de outro casamento, Raimunda Azevedo, todos já falecidos. Secundino criou seus filhos e muitos de seus netos, adorava fumar charuto.

Secundino Mariano Pereira foi vereador em Peri-Mirim, ele também gostava da cultura, fazia blocos carnavalescos e bumba-boi. Conforme depoimento do seu neto João Pereira Amorim: “lembro de um dos blocos, chamado BLOCO DOS MARINHEIROS, no bloco tinha um barco de buriti de 2 e meio metros, era muito bonito, para minha felicidade quando acabou a festa fui apresentado pelo meu avô com  aquele barquinho“.

Em 1977 na gestão de um de seus netos: João França Pereira, teve a praça do bairro do Portinho construída em sua homenagem, e em 2003 na gestão do seu outro neto: Geraldo Amorim Pereira, reformada e ampliada além da construção de uma escola no povoado Centro dos Câmaras.

Secundino tem uma geração de netos e bisnetos, doutores, professores, advogados e pessoas ilustres. O próprio era uma das pessoas ilustres de Peri Mirim, dono de barcos, canos, gado, carros de boi e de muitas terras. Ele tinha um barco chamado “formosa”, um barco famoso, quando chegava na Beira Mar em São Luís, o povo já avistava de longe, com suas belas cores nas tonalidades: amarelo, azul, branco e preto, cores prediletos do Secundino, que pintava anualmente, abrilhantava seu belo barco que se destacava em meio a muitos naquela época.

O Secundino era quem construía o seu próprio barco, o consertava e pintava. Além de fabricar canoas e pneus dos carros de boi, na época eram muito utilizado no translado de lenhas para as olarias, além de outros tipos de cargas. Secundino e Gaudêncio eram os únicos, na época que transportavam mercadorias de São Luís, atracavam na Beira Mar, pegavam as compras dos comerciantes perimirienses, traziam até o armazém, na Vala ou barragem do defunto (atual barragem Maria Rita) para abastecer os comércios de Peri Mirim, praticamente 05 dias de viagem, eles reversavam, um dia Secundino (barco Formosa) e no outro Gaudêncio (barco França Filho, depois mudou para Lucimar).

Um fato importante é que hoje o bairro do Portinho tem o padroeiro São João Batista graças ao Secundino Mariano Pereira, que fez a primeira capela para abrigar a imagem doado pela senhora Gertrudes Pinheiro, conterrânea do povoado Minas, que morava no Rio de Janeiro e mandou a imagem pra São Luís de avião, Secundino trouxe em seu barco formosa, deixou na residência do senhor Egídio Martins, no povoado Jaburu, e assim organizou uma procissão do povoado Jaburu até a capela de São João Batista no bairro do Portinho, no dia 24 de setembro de 1952, procissão esta que marcou a vida do Secundino, além de ser devoto de São João Batista, o mesmo começou a ser um cristão assíduo nas missas e rezas da igreja local. Com isso, há 72 anos o bairro do Portinho tem como padroeiro São João Batista. 

No dia 14 de janeiro de 1960, aos 78 anos, Secundino Pereira faleceu em São Luís onde foi sepultado no Cemitério do Gavião.

 

 

OS PATRONOS DA ALCAP

Por Diêgo Nunes Boaes

Agora irei iniciar,
falando aqui minha gente
de pessoas que fizeram história
e ficarão na memória, eternamente.

 

Tem a professora Naisa
Que foi prefeita, professora e mulher de garra
E por nossa educação, dedicou-se e
Sempre lutou na marra

Foi uma mulher além do seu tempo

Competente sem forçar a barra

 

Conheci um senhor modesto
de cartório foi escrivão
Olegário Martins é o seu nome
que sempre ajudou a população.

 

Temos também

O senhor João Botão,
O hino de Peri-Mirim criou,

Com esforço e dedicação
Temos o Edmilson que na saúde e no esporte

Fazia tudo com determinação

 

Em melodia vou me expressar
Contando a história de um músico de aptidão
Me refiro ao amigo de todos
O senhor Rafael Botão

 

Os políticos competentes
Vou mencionar aqui então
Carneiro de Freitas
Agripino Marques e
Raimundo João
Trabalharam sempre em prol
Da nossa querida população

 

E o jogador Jacinto Pinto?
foi um simples carpinteiro
do bum-meu-boi
como José Santos
se tornou herdeiro

 

Um médico ousado
que era muito inteligente
Vou falar de doutor Sebastião Pinheiro
Que ajudou muita gente.

 

Tem ainda uma professora
que fez história sim
foi a famosa Cecília Botão
Que abrilhantou Peri-Mirim

 

Além dela temos Helena, Nazaré e Jarinila
Mulheres de fibra e muito admiradas

mulheres fortes e de atitude

Inteligentes e compromissadas

Foram por todos

sempre muito respeitadas

 

Professores renomados
que fizeram muita história
Alexandre Botão e João Furtado
Que até hoje estão em nossa memória

Deixaram um grande legado

Peri Mirim a fora

 

Pessoas ilustres
Que foram líderes de comunidade
Secundino Pereira
Julia SilvaJoão de Deus
Deixaram grande saudade
Temos ainda
Isabel Nunes
Tetê Braga
José Silva
Uma verdadeira irmandade.

 

Quando se trata de fé
Não podemos estes deixar de falar
Venceslau Pereira
Furtuoso Corrêa
Temos que citar
E a história de vida de Maria Sodré
e Raimunda França mencionar.

 

Estes foram os patronos
Que a ALCAP sim tem
Onde nossa Peri-Mirim
Da vasta memória vai além

Trazendo e fazendo história

Para contar! Amém?

 

Raimunda França

Por Edna Jara Abreu Santos

Patrona da Cadeira nº 25 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Edna Jara Abreu Santos. Nasceu em 1919 davam-se o fim da 1ª Guerra Mundial e vinte anos depois (1939) davam-se início à 2ª Guerra no mundo. Já no Brasil, o ano de 1934 foi considerado o divisor de águas na história devido as inúmeras alterações que Vargas fez no país tanto no setor social quanto no setor econômico. Criou leis que beneficiaram a educação, saúde, trabalho e cultura, o qual ficou conhecido como a promulgação da Constituição brasileira.

E nesse cenário, nascia nesse mesmo ano (1934) no interior do Maranhão, em 05 de fevereiro, a Raimunda França na Povoação Macapá atual Peri-Mirim, filha de José Valeriano França e Atanázia Martha França, naturais e residentes desta cidade, sendo a segunda mais velha dos 6 (seis) filhos do primeiro casamento da sua mãe.

Atanázia Martha França, sua mãe, era doméstica e vinha de uma linhagem de 6 (seis) filhos de João Francisco dos Inocentes e Francisca Romana da Silva, casal que vivia maritalmente, porém não eram casados no Civil. Os seus irmãos eram: João Príncipe dos Inocentes, Francisca Paula dos Inocentes, Hilário Bispo dos Inocentes, Marcolina Rosa dos Inocentes e Juvencio Raimundo dos Inocentes.

Grande parte da povoação que até 1943 se chamava Macapá pertencia ao seu bisavô passando para seu avô João Francisco dos Inocentes – conhecido como “Carabá” (redução de “cabra brabo”) – o qual fez as doações de terras, ainda em vida para seus seis filhos.

Já o seu pai, José Valeriano França, herdou dos pais Inocencio França e Petronila França grande parte do Povoado Portinho (residia onde hoje é conhecida a Passagem dos padres) e a sua esposa Anastásia era dona das terras das proximidades do Povoado Conceição (da ponte de Anastácio para o centro). Com o passar do tempo, foram vendendo grandes lotes de terras por pequenas quantias. Sem saberem ler nem escrever deixavam as suas digitais em documentos de venda e transferências de terrenos e muitas vezes eram enganados por quem tinham estudos e más lábias. E assim foram perdendo terrenos e consequentemente ficando pobres.

José Valeriano, era moreno, lavrador que faleceu em casa aos trinta e seis anos mais propriamente em 01 de julho de 1946. Teve seis filhos com Atanázia, assim sendo: Raimunda, Antônia, Maximo, João, Floriano e Maria dos Inocentes França. Não deixou testamentos nem bens a inventariar. Atanázia se casou novamente e teve mais três filhos.

‘Raimunda de Atanázia’ como era conhecida na cidade, estudou a cartilha do ABC que hoje consideramos o 1º Ano. A criança, o adolescente, ou até mesmo o adulto que concluía a tal cartilha era considerado alfabetizado. E era o maior nível de ensino na época.

Na cidade não havia médicos nem hospitais; quando se tinha alguma enfermidade que os remédios caseiros e os macumbeiros não conseguiam a cura, os doentes precisavam ser transportados em redes ou a cavalos até cidades vizinhas como São Bento, Pinheiro e de canoa para São Luís. Sem vacinas e antibióticos as doenças dizimavam milhares de seres humanos inocentes.

Tinha doze anos quando foi eleito Prefeito o Sr. Agripino Marques (1946 a 1949), que muito trabalhou nos seus quatro anos de governo. Não havia estradas, e o único meio de locomoção era na sela de um cavalo. Aliás, quem possuía um cavalo de “sela de cilico” tinha-se como barão. O prefeito Agripino Marques mandava abrir caminhos nas estradas, assim aconteceu com o Campo de Pouso que era mata fechada com apenas um caminho estreito no meio. Construiu o prédio da atual Prefeitura que servia também de escola.

Ainda jovem, Raimunda foi duas vezes a São Luís; era uma viagem de canoa que demorava dias e noites e tinham como acompanhantes indesejáveis as temidas muriçocas.

No tocante à juventude de Raimunda sentiu que precisava de liberdade então decidiu sair de casa, pensou que deveria buscar formas para viver melhor a sua vida, já que o estado de pobreza extrema imperava na cidade onde nascera. São tantas possíveis justificativas que a fizeram sair de casa, no entanto, o que buscava mesmo era a sua liberdade, ser independente. Porém, mal ela sabia que ao sair de casa, teria um futuro de muita dor e miséria com os seus nove filhos. Três destes vieram a falecer por conta de complicações na gravidez e no parto e em razão da falta de recursos médicos e hospitais, todos os serviços de pré-natal e parto eram feitos pelas mãos das parteiras em suas próprias residências.

Criou os seus seis filhos sem as assistências dos pais, visto que, eles foram concebidos por pais diferentes e muitos dos filhos cresceram, se tornaram adultos sem saberem quem eram os seus ascendentes.

Desde cedo teve que assumir o difícil papel de ser mãe e pai, se preocupando com as terríveis doenças e com a tão preocupante fome e miséria fazendo muitos sacrifícios para criá-los. Talvez por isso tinha uma postura rígida com as proles, ou era apenas um reflexo das judiações e dos hábitos brutos dos seus próprios pais.

Logo após o nascimento dos filhos, ela pedia um caderno e lápis à parteira e escrevia apenas os seus nomes, data e hora do nascimento, depois guardava aquelas anotações como forma de registro. O registro civil em Cartório saia caro e a viagem para o Município de São Bento era muito difícil. Por essa razão, quando tinha a possibilidade de pedir ajuda a algum candidato a Prefeito ou vereador e conseguia a ajuda ela tirava as certidões de nascimento dos filhos.

Todos os filhos tinham a obrigação desde cedo de ajudar o (s) pai (s) ora na roça, ora nos afazeres domésticos e na criação dos irmãos menores.

A sua primeira casa foi erguida com muita dificuldade assim como todas naquela época em que hoje é conhecido o “Caminho da frieira”. Colocavam nos quatro cantos os esteios e para cercá-la formando as paredes eram colhidas e abertas as “pindovas brabas” que são conhecidas como palhas verdes, encontradas na mata das famílias das palmas.

De tempos em tempos havia a necessidade de repor algumas dessas palhas que secavam e apodreciam. Para cobrir as casas utilizavam as palhas secas estaladas, ou seja, abertas, os cômodos eram divididos em duas partes, assim sendo: sala e quarto. As duas únicas portas eram fechadas com “mensabas” e não havia janelas. A cozinha fazia-se na sala, suas louças eram escassas, fazendo jus a falta de alimentos e simultaneamente à fome. Enfincada no chão batido da casa havia uma forte estaca de três pontas com um pote que se armazenava água do poço, havia uma panela, um caldeirão, “caiambucas”, cuias feitas de cabaças que serviam de pratos e colheres na contagem exata com números de pessoas e ao meio diversas redes penduradas nos esteios de ponta-a-ponta.

Aprendera a “sacudir barriga” de mulheres grávidas, ou seja, ‘mexia’ na barriga para ver a posição dos fetos, tamanhos, data do possível nascimento e foi parteira algumas vezes também.

Raimunda viveu por 81 anos (03/05/2015), era vigorosamente protestante e sem dúvidas uma mulher virtuosa, que dedicou sua vida em prol dos seus filhos. Lutou contra a pobreza extrema há mais de seis décadas de sua existência e só depois de se aposentar pelo Sindicato dos trabalhadores rurais que conseguiu construir uma casa de barro para morar.

Esta é uma singela homenagem a esta mulher guerreira, que com seus braços nus ajudou de alguma forma erguer a cidade de Peri-Mirim e/ou contribuiu para o seu crescimento. Em reconhecimento às suas lutas, grandeza e valor a esta verdadeira filha de Peri-Mirim demonstro aqui a minha eterna saudade e gratidão.

Jarinila Pereira Campos

Por Adelaide Pereira Mendes

Patrona da Cadeira nº 11 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Adelaide Pereira Mendes. Nasceu no dia 28 de maio de 1929, no Município de Peri-Mirim-MA, nasceu uma linda menina que recebeu o nome de Jarinila, filha de Benedito Pereira e Sebastiana Gomes de Castro Pereira, teve quatro irmãos e três irmãs. Aos seis anos de idade, foi para companhia de seus pais adotivos Sr. Raimundo Leocádio Corrêa e Florinda Castro Alves Corrêa, os quais faleceram em 1978 e 1979. Foi alfabetizada em casa pelos seus pais adotivos e, do 1º ao 5º ano – antigo primário, cursou na cidade de São Bento, na Escola Paroquial, sob a direção da professora Luciana Ramos Batista.

Depois que término do seu primário em 1945, deixou de estudar cinco anos por falta de condições financeiras de seus pais adotivos e, durante esse período, trabalhou como Professora Leiga na referida cidade de “São Bento”. Em 1950 foi para São Luís em companhia de seus pais adotivos a fim de continuar seus estudos mesmo com muito sacrifício. Nesse mesmo ano começou a trabalhar durante o dia no Laboratório Jesus, à noite iniciou Curso Ginasial fazendo o Exame de Admissão, a 1ª série no Colégio São Luís, os demais anos, no Liceu Maranhense.

Fez o Normal na Escola Normal, formando-se em 1957. Em 1958 foi nomeada para trabalhar em São José de Ribamar onde lecionou quatro anos no Convento:  depois foi transferida para São Luís, trabalhou no Grupo Escolar Sotero dos Reis. No dia 17 de dezembro de 1963, casou-se com o Sr. Deusdete Gamita Campos, como não foi genitora, o casal decidiu adotar como filho uma criança a qual passou a ser chamado José de Jesus Pereira Campos, que por sua vez estudou e lhe agraciou com os seguintes netos: Romário Willian Amorim Campos, Deusdete Gamita Campos Neto, Maria Elis Campos e Jhonatan Silva Melo.

 Removida para sua terra natal como Professora trabalhou no Grupo Escolar “Carneiro de Freitas”, turno matutino. Em fevereiro de 1977, foi chamada e enquadrada como Professora de 1º Grau, Classe A – referência I. Desde a fundação (1968) do Ginásio Bandeirante ela exerceu duas funções: de Diretora e Professora até 1980 quando foi extinto e emancipado para a Instituição Roquete Pinto (CEMA).  Com a extinção dessa Unidade de Ensino, foi contratada para trabalhar no Supletivo o 1º grau à noite exercendo a função de Diretora.

Em 1979 foi convidada pelo Secretário de Educação para fazer o Vestibular da FESMA com a finalidade de uma Licenciatura Curta em Pedagogia e Administração Escolar. Foi aprovada, e no dia 25 de janeiro do mesmo ano ingressou na Faculdade de Caxias, concluindo e colando Grau no dia 02 de maio de 1980. No dia 26 de dezembro do mesmo ano foi transferida de cargo, assumindo área de Administração Escolar, classe A, referência VII. Durante esses períodos de atividades nunca deixou de se qualificar participando de seminários, cursos e outros eventos.

Fez os seguintes Cursos:

Diretores de Ensino Médio de 1º a 10 /07/1968 – 70 horas.

Matemática Moderna de 08 /01 a 03/02/1968 – 150 horas.

Formação Pedagógica de 1º a 31 /06/1969 – 200 horas.

Ensino Global de 06/01 a 01 /02/1969.

Treinamento de Liderança de 26 a 30 /12/1971 de 1º a 10 /07/1968 – 70 horas.

III encontro de Unidades Bandeirantes de 10 a 12 /127/1975 – 24 horas.

III Encontro Livros Didáticos de 13 a 15 /12/1976 – 24 horas.

Seminário sobre Reforma de Ensino de 25 a 29 /10/1976 – 40 horas.

I Curso de Pessoal de Apoio de 08 a 10 /09/1976- 24 horas.

Curso Formação Religiosa de 02 a 07 /02/1976- 36 horas.

Seminário para Diretores de Unidade Bandeirantes de 28/11 a 02 /12/1977-40 horas.

Curso de Atualização em Avaliação e Planejamento de 20 a 24 /06/1977-40 horas.

V Encontro Livro Didático de 25 a 27/09/1979-24 de 28/11 a 02 /12/1979-40 horas.

Curso de Aperfeiçoamento de Professores de 5º a 8ª série de 13 a 31/07/1978.

Porém, a nossa vida é uma dádiva de Deus, então nos lembramos deste como exemplo de mulher, esposa, e Mãe, ensinou não só o seu filho como tantas e tantas crianças a seguir no caminho certo, digno e verdadeiro, enquanto pôde, foram incapazes de baixa os braços, a cabeça para a luta que Deus lhe ofereceu, mulher com princípios fortes, tratamento especial para todos. Faleceu no dia 18 de junho de 2015, deixando seu legado que muito contribuiu para nossa Cidade e para os cidadãos Perimirienses  Dona: Jarinila Pereira Campos tinha uma habilidade ímpar de lidar com as pessoas.

Júlia Silva

Por Elinalva de Jesus Campos

Patrono da Cadeira nº 27 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Elinalva de Jesus Campos. Natural do município de Peri-Mirim, nascida no dia 28 de julho de 1919. Filha do casal Águida Botão Silva e Luís Silva. Seus pais a criaram no povoado chamado Serra hoje considerado um local extinto devido a migração de seus moradores para outros locais em busca de melhores condições de vida.

Júlia ficou conhecida popularmente como “Júlia da Serra”, titularidade adquirida devido ao local onde residia. Familiares acreditam que em 1959 aos 40 anos de idade ela migrou com sua família para o centro da cidade saindo do povoado que ficava a quatro quilômetros de distância e foi formado por integrantes de uma mesma família, após sua mudança para o centro e com a extinção de seu povoado, Júlia passou a ser referência no município como fonte de saber e informações sobre essa localidade.

A família da Dona Júlia era devota de Santa Terezinha por ser a santa que sua comunidade celebrava e festejava e assim como as pessoas de lá se deslocaram para outros locais com eles também saíram, costumes e tradições como a festividade religiosa que teve acompanhamento da missão canadense e que hoje é celebrada pela comunidade Campo de Pouso, pois é nessa capela que a Santa Terezinha trazida pelos moradores é festejada seguindo uma tradição que sobreviveu ao tempo e a extinção de muitas lembranças.

Júlia da Serra não foi alfabetizada e sempre trabalhou no cultivo da terra, ou seja, era lavradora, além do serviço braçal na roça fazia também suas atividades domésticas e cuidava de sua família. Ela nunca foi casada e teve quatro filhas dedicando seu tempo livre para educá-las.

Suas filhas são oriundas de relações diferentes: Marilda (in memoriam) e Matilde são filhas do seu Osvaldo; Maria de Jesus e Domingas são filhas de Raul Mendes. Após crescerem e construírem família duas delas permaneceram na cidade e outras duas fixaram morada em São Luís capital do Maranhão.

De suas filhas a Dona Júlia ganhou dezesseis netos que são; Maria Lucinda, Claudenice, Carlos, Claudinel, Claudia Regina (in memoriam), Claudilene, Claudenir, Jailton, Edmundo Filho (in memoriam), Edmeyre, Jerferson, Poliana, Paloma, Elieide, Silvancilda e Edglébson. Netos estes pelos quais a avó possui afeto e um carinho enorme vivendo sempre rodeada de muito amor e cuidados.

Além dos netos, Júlia tem os seguintes bisnetos: Kedson, Rhayanne, Jhonata, Ana Carolina, Paulo Henrique, Carla, Kauany, Junior, Agatha Carolina, Alice Sofia, Jailton Júnior, Iara, Rebeca, Isabela, Ana Lívia, Rafael, Thamyla, Sâmilla, Caio Nohan, Cássio, Margarida, Kerllyson e Kelly. Tem nove tataranetos, Rhayk, Kayla, Yamilla, Enzo, Ana Julia, Maria Clara, Maria Eduarda (in memoriam), Pedro Kauã e Dhyovana.

No livro Curiosidades Históricas de Peri-Mirim, o autor fala um pouco de Júlia e de seu povoado do qual carinhosamente recebeu seu apelido.  Ela faleceu em 01 de julho de 2015 com seus 96 anos.

Edmilson Ferreira Ribeiro

Por Liliene da Glória Costa Ferreira

Patrono da Cadeira nº 22 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Liliene da Glória Costa Ferreira. Filho de Clovis da Silva Ribeiro e Valeriana Ferreira Ribeiro, natural de Peri- Mirim/MA, nasceu em 29 de Agosto de 1945.

Aos 4 anos de idade mudou-se para Pericumã, juntamente com seus familiares. Aos 7 anos de idade iniciou seus estudos na Escola Urbano Santos, com a professora Helena Ribeiro, sua tia. Aos 10 anos e idade deu continuidade aos seus estudos na sede onde concluiu o 5º ano na Escola “Carneiro de Freitas”, durante todo esse período, sua família continuou morando no Pericumã, onde o mesmo  ajudava seu pai no comércio, criação de animais, plantio de bananas, colheita de babaçu dentre outros para o sustento da família.

Em 1965, voltaram a morar no Centro da cidade, onde continuaram com a comercialização para atender as necessidades básicas da família. Na época, o jovem Edmilson Ribeiro ainda iniciou um curso por correspondência (Daltro), para concluir o Ginásio, o jovem supracitado trazia consigo o desejo de ajudar a sociedade perimiriense, foi incansável nessa luta, fez a diferença na cidade de Peri-Mirim, pois foi incansável e jamais desistiu de seus objetivos. Observando a situação precária da população do referido município, iniciou sua carreira política com vitória garantida para o cargo de Vereador no ano de 1972, numa legislatura que se iniciou em 1973-1976, momento histórico onde não havia renumeração para essa função, mesmo assim o Edmilson Ribeiro não mediu esforços em busca de um novo tempo, de uma sociedade mais justa e igualitária, sendo assim, esse digníssimo cidadão e representante da sociedade lutou por uma educação de qualidade, melhorias na saúde, nas estradas, deixando assim um legado para a nossa sociedade a partir de suas contribuições sociais.

Após seu primeiro mandato tentou continuar na política, porém, no momento não foi bem sucedido, após ter se passado um tempo e em 1992, foi eleito vereador para pleito de 1993-1997. Durante o pleito realizou mais de vinte ações legislativas tornando-se desde sua emancipação a município, Peri-Mirim a mais atuante, destacando-se dentre outros: Projeto de Lei, constituindo-se o Conselho Municipal de Saúde; Lei de Complemento à Educação, incluindo os portadores de necessidades especiais; Lei da Agricultura, responsabilizando a prefeitura com apoio financeiro e técnico. Foi responsável por importantes indicações: construção da praça São Sebastião, asfaltamento do ramal da Boca do Campo, estradas e pontes de Inambu a Palmeirândia, construção de postos de saúde e escolas em vários povoados e reformas significativas, iluminação pública e abastecimento de água. Cabe ressaltar que das 902 das Leis aprovadas foram de sua autoria como versa em seu memorial.

Suas atribuições não pararam por aí, em 1984, Edmilson Ribeiro destacou-se quando assumiu a liga de esportes do município, bons campeonatos até montar uma das melhores seleções do momento, consequentemente, obteve os melhores resultados, sendo campeões respectivamente: 1985- “Juventude” (sede); em 1986- “União” (Portinho); 1987- “Botafogo” – (Inambu). Nesse mesmo período, assumiu a presidência da comissão da igreja São Sebastião, que, segundos relatos escritos passava por um momento de desmotivação. Com sua humildade, coragem e comprometimento com a obra de Deus o Sr. Edmilson Ribeiro bastante popular no meio social qual estava inserido, conseguiu elevar o ânimo dos fiéis, dando-lhes incentivos e promovendo atrações aos festejos de São Sebastião o qual é considerado o padroeiro da cidade.

No período de três anos conseguiu muitos benefícios para a igreja, dentre estes a reforma desde a cor da Praça até o alto da igreja. O mesmo criou um livro que tinha como objetivo prestar contas do arrecadado ao aplicado, teve uma grande representação e prestígio para a Igreja Católica, visto às suas contribuições para o crescimento desta, que se destacou notadamente pela sociedade religiosa apostólica romana.

No campo profissional o biografado destacou-se na saúde, com participação em Congressos e Conferências, diretor do Posto de Saúde Santa Tereza, no Centro, entre 1989 a 1993. Em 1994 -1996, atuou coo secretário de Saúde, nomeado pelo então prefeito Vilásio Pereira, onde desenvolveu  várias ações, destacando-se um profissional lícito, fez junto à sua equipe, um grande trabalho de atendimento e prevenção, ressaltando não houve nenhum óbito por negligência, atuou ainda no tratamento da Hanseníase, uma doença muito temida pela população, inclusive atendendo  pessoas dos município circunvizinhos, dando-lhes uma nova perspectiva de vida diante do tão terrível preconceito que sofriam.

Em 1997 mudou-se para a capital São Luís em busca de melhores condições de vida para seus filhos, sua família, e transferido por conveniência para o posto de saúde Genésio Rego na Vila Palmeira e no Posto e Saúde Central (municipal), onde prestava serviço com o mesmo amor e dedicação, primando pela qualidade, confortando a todos que o procuravam, pois seu lema é ” servir o público e ser útil ao maior número de pessoas”.

Ainda é muito forte a lembrança de todos que acompanharam seus passo a passo, sua família, seus amigos, compadres e sua extensa lista de afilhados.

Estava próximo em requerer sua aposentadoria e o seu projeto seria voltar para sua terra natal, dar continuidade a sua história, agora alicerçada e acompanhada por outras pessoas que, direta ou indiretamente fazem parte de todo contexto, pois tinha como centro de sua religiosidade e de sua vida o primeiro e o segundo mandamento da Lei de Deus: Amar a Deus sobre todos as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Mas, de repente, em 12 de maio de 2011, nos chega a notícia: Edmílson faleceu! Nesse momento, as palavras se empobrecem porque não dá para transmitir tudo o que está cheio o nosso coração. O chão parece que se abre debaixo dos nossos pés e nos traga. Ficamos zonzos. Não se trata de um sonho ou de um pesadelo. É triste, mas verdadeira realidade.

Sempre imaginamos a possibilidade da morte de outro, como se ela nunca chegasse para nós. E, de repente, perdemos um ente querido, ficamos privados de sua presença física no meio de nós. Nessa hora, precisamos de gente que nos saiba ouvir e assim como Jesus chorou na morte de Lázaro, não nos envergonha chorar, sofrer, pois Deus não está indiferente às nossas lágrimas ele também sabe o que é sofrer.

Este é um registro de alguns momentos da história de vida de Edmílson Ribeiro, Missinho, para os mais íntimos, que viveram juntos. Já que, nada pode ser mudado, desfeito ou refeito, pensemos nas coisas boas feitas por ele e agradeçamos por estes momentos tão preciosos! Temos certeza que parte do que somos hoje é a soma deste relacionamento: mais maduros, completos, vemos a vida de outra maneira, pois Deus estava em cada uma delas!  (Palavras contidas no memorial produzido pela família do patrono Edmilson Ferreira Ribeiro), o qual foi o maior referencial de pesquisa para produção desta Biografia.

Maria Isabel Martins Nunes

Por Eni do Rosário Pereira Amorim

Patrona da Cadeira nº 14 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense, ocupada por Eni do Rosario Pereira Amorim. Nasceu em 15 de abril os de 1892, no povoado chamado Feijoal no município de Peri-Mirim-MA. Filha de João de Deus Martins (Dedeus) e Maria Rosa Pinheiro Martins (Mãe Cota). Foi Lavradora, doméstica, arteira leiga. Maria Isabel Martins casou-se aos dezenove anos com Domingos Nunes, ficando então seu nome Maria Isabel Martins Nunes, se mudando então do Feijoal para a comunidade onde seu marido morava, que mais tarde veio a se chamar Santana dos Nunes, localidade formada principalmente pela família dos Nunes e dos Silvas.

Era uma mulher franzina fisicamente, mas tinha um forte espírito de liderança, usava vestidos longos, nos cabelos um cocó no qual colocava uma estrela (flor muito cheirosa do seu jardim).

Uma marca muito forte na Isabel era a “partilha”, tudo o que ela tinha era partilhado com outras pessoas, talvez por isso, nunca faltava nada em sua casa, principalmente gêneros alimentícios; Ela tinha um “baú” onde guardava tudo o que lhe era especial, algo assim como a “canastrinha” da Emília do Sítio do Pica-Pau Amarelo, e a cada visita que recebia ela sempre tinha algo a lhe oferecer, algum “mimo” que tirava do seu baú: frutas, ovos, bombons, chocolates, farinha etc…

A casa de Isabel sempre teve as portas abertas para a comunidade, abrigava: amigos, vizinhos, visitantes, forasteiros, ciganos em passagem pela comunidade e até saltimbancos que faziam seus espetáculos na varanda da sua casa. Ela tinha o hábito de fazer bastante comida, porque ela sabia que sempre chegaria algum visitante, e este não podia sair sem se alimentar.

Na fotografia de destaque, é possível visualizar o perfil de Maria Isabel, liderança importante para a implantação da Comunidade de Santana e o surgimento dos festejos de Sant`Ana na comunidade.

Maria Isabel era muito religiosa, segundo relatos de alguns moradores, dizia-se que “ela tinha uma fé inabalável”. Ela fez promessa a Sant’Ana para engravidar. Comenta-se que durante suas gestações, Isabel se apegava a essa Santa para lhe ajudar e lhe conceder sempre um bom parto.

Isabel teve 12 (doze) filhos gerados e protegidos por sua Santa protetora. Seus filhos Legítimos: Joanita Nunes Pereira, Terezinha de Jesus Nunes Pereira, Edna Nunes Gamita, Maria José Nunes Silva, Maria Rosa Martins Nunes, Adotino Martins Nunes, Izidório Martins Nunes, Raimundo Martins Nunes, José Martins Nunes, Emanoel Martins Nunes, João Martins Nunes, Domingos Sebastião Martins Nunes. Filhos Adotivos: Inacia Rosa Pereira e Magnaldo Amorim.

A gestação da prole de filhos e filhas contribuiu significativamente para a devoção e admiração de Isabel por Santa Ana. Para agradecer a proteção e as bênçãos concebidas por intermédio da Santa, ela começou a organizar, no ano de 1939, as novenas e as ladainhas em louvor a Santa Ana.

O novenário e as ladainhas aconteciam durante nove noites em sua residência. No início das festividades, as ladainhas começavam somente com a presença da família e vizinhos, mas ao longo dos anos foi tomando uma proporção maior e novos visitantes passaram a frequentar o festejo em louvor a Santa Ana, que se homenageia em  26 de julho.

Isabel Martins Nunes, além de fazer novenário para Santa Ana, organizava também, no dia 13 de junho, ladainha para Santo Antônio, porém com menos intensidade. Atualmente, duas de suas filhas Terezinha Nunes e Edna Gamita fazem as novenas para Santo Antônio em suas casas Edna Nunes em São Luís-MA e Teresinha de Jesus na varanda de sua residência, no centro da cidade em Peri-Mirim.

As orações de Isabel não aconteciam só uma vez ao ano, todas as noites ela se reunia na sala de sua casa para rezar com sua família. Uma de suas filhas, Terezinha de Jesus Nunes, relatou que sua mãe tinha sonhos com orações. Conforme seu depoimento: “Às vezes durante a noite mamãe tinha sonhos onde ela se via fazendo orações e assim que acordava não importava a hora ela saia chamando seus filhos e todos que estavam em casa para escreverem a oração que ela tinha sonhado e para juntos rezarmos.”

Essas orações eram feitas em momentos com a família, nos festejos ou quando a procuravam solicitando orações. Foi assim que Isabel construiu uma família muito religiosa. Na casa, havia uma mensaba, na qual todas as noites, reunia os filhos; todos se colocavam de joelhos com as mãos postas para juntas rezarem o terço e agradecer pelo dia concebido por Deus.

Outro momento forte era a hora do almoço, momento mais sagrado do dia para a família, pois todos iam para a mesa e novamente se colocavam de joelhos para agradecer pelo alimento de cada dia, e assim a cena se repetia dia após dia.

Domingos, seu esposo, ficava responsável pelas orações da Sexta-feira Santa. Nesse dia, era ele quem dirigia as orações. Segundo os relatos da família, ele tentava reproduzir do jeito que Jesus fez na Santa Ceia, rezava e depois se alimentavam, não só com alimentos para o corpo, mas também com orações que traduziam-se em sustento para a alma.

A comunidade admirava a fé de Isabel e iam até ela sempre que precisavam de orações, pois como dizia o povo: “Dona Isabel pede e a Santa atende…”. Essa admiração era tão grande que naquela época era comum quando as mulheres estavam com dores do parto de seus filhos, os familiares saíam em busca de parteiras e também dela, pois enquanto a parteira fazia seu serviço de ajudar a mulher a ter a criança, Isabel ficava no cantinho rezando e pedindo proteção para que tudo ocorresse bem, tanto para a mãe como para o filho que estava chegando.

As pessoas acreditavam no poder das orações de Isabel. Muitas vezes iam até ela levando crianças, jovens e até adultos para que ela fizesse orações e os benzesse. Esses benzimentos eram feitos por meio de suas orações e através de sua fervorosa fé.

Os gestos de Isabel demostravam seu jeito simples e carinhoso de viver, No sitio onde foi sua morada existem muitas árvores frutíferas e plantas medicinais. Ela na sua iluminação divina produzia remédios naturais que curavam várias doenças (lambedor excelente para expectoração de catarro, vermes, erisipela, cobreiro, gripes em geral, dores de barriga…) tudo produzido pelas plantas medicinais da sua horta.

Isabel era semiletrada e a única coisa que aprendeu a escrever foi o seu nome, mas era dona de uma sabedoria única, sua solidariedade não tinha tamanho e nem preço, estava sempre pronta para servir a hora que precisassem e, muitas vezes, deixava de fazer suas atividades pessoais para ir ajudar o próximo. Contribuiu significativamente para construção da Comunidade de Santa Ana.

Os anos se passavam e ela seguia firme sua caminhada de Fé. Ela presenciou, segundo as narrativas, um momento histórico para o povo, que foi a emancipação do município de Peri-Mirim; festas, bailes e todas as comemorações que foram feitas em honra as conquistas do povo perimiriense em razão de sua nova condição. Em 1919, a Vila de Macapá foi declarada município pela Lei nº 850 de 31 de março de 1919. O povo se organizou e fez uma grande festa no dia 07 de agosto do mesmo ano para comemorar sua emancipação.

Quando Deus a chamou de volta ao seu regaço, subiu como um raio de sol, iluminada pelo bem que praticou aqui na terra, deixando na sua trajetória de vida, um rastro de bondade, solidariedade, humildade e fortaleza a ser seguido por quem conviveu com ela.  Faleceu de morte natural em 24 de fevereiro de 1989, estava rezando na rede e foi deitando devagarinho e se apagando como uma vela, assim foi o seu ultimo momento neste plano material.

Furtuoso José Corrêa

Por Paulo Sérgio Corrêa

Patrono da Cadeira nº 18 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Paulo Sérgio Corrêa. Nasceu no dia 08 de janeiro de 1933, no povoado Conceição, Peri Mirim/MA. Filho de Manoel Paciência Corrêa e de Maria Raimunda Martins. De uma família de 4 irmãos, sendo ele caçula.

Iniciou sua vida escolar no povoado vizinho Pericumãzinho onde estudou até o 4º ano do ensino Fundamental em 1945, após passou a estudar na sede do município, onde concluiu o 5° ano, ensino máximo oferecido no município na época e que teve como professora a Senhora Maria Guimarães. Após concluir o 5º ano mudou-se para São Luís (capital do estado do Maranhão), a fim de aprender uma profissão. Pois até o momento só conhecia como profissão o trabalho na agricultura que aprendera com seu pai que era lavrador. Em São Luís, aprendeu a profissão de pedreiro e carpinteiro, profissões que passou a exercer para a sua sobrevivência. Nesse mesmo período, Furtuoso que tinha paixão pela música, passou a estudar música com os professores Nélio e Godofredo, onde aprendeu a ler partituras e tocar Saxofone e Saxtenor. Voltou a Peri-Mirim onde passou a trabalhar de tudo que tinha aprendido como profissão: pedreiro, marceneiro, carpinteiro, músico e lavrador.

Formou com uns amigos uma banda a qual era composta por: Furtuoso no Saxfone, Amadeu no Banjo, Ribamar na Bateria, Biné no Pandeiro, Crescenço no Violino, banda que animava as os bailes de toda a região. Nesse período conheceu Eunice Alves, que foi seu primeiro relacionamento sério, relacionamento este que deu frutos, dois filhos: José Marçal e José Orlando, mas este relacionamento não foi muito longo e deu-se a separação do casal. Em seguida, conheceu Altair, Tazinha, como era conhecida, moradora do povoado vizinho Pericumãzinho, filha de um dos músicos de sua banda, Amadeus, namoraram e em 13 de margo de 1959 casaram-se e em 30 de dezembro de 1959, nasceu a primeira filha do casal a primogénita dos 11 filhos (Célia, Dilce, Manoel, Deujanira, José Luís (falecido) Ana Cristina (falecida), João Batista, Paulo Sérgio, Ronaldo, Clodoaldo, Claudiane (falecida).

Furtuoso como um homem trabalhador continuou seu trabalho como pedreiro, carpinteiro, construindo casas e outros serviços e como marceneiro fazia móveis, portas, janelas, calçados (chamató) e até urnas funerárias (caixões). Mas não deixou a música de lado, passou a integrar o que chamou o 3° conjunto de Peri-Mirim, que era composto por Rafael Botão (Flauta), Joao Picola (banjo), Botão (bateria e vocal) Furtuoso Corrêa (saxofone) e Constantino (Trombone), era a banda xodó dos bailes perimirienses. Mais tarde junto com o irmão Constantino e Lauro Modego passa a integrar um dos melhores conjuntos musicais da cidade de Pinheiro onde permaneceram tocando juntos até a década de 80.

Como pessoa dedicada, no meado dos anos 70 ele conheceu o Instituto Universal Brasileiro, uma Escola a distância de cursos profissionalizantes e supletivos, Furtuoso com todas as dificuldades da época, conseguiu concluir o Ensino Fundamental pela instituição e o curso de Rádio Técnico, e não parou com os estudos, sempre querendo aperfeiçoar-se. Em 1981, concluiu também à distância o curso de mestre de obras da Construção Civil. Vale lembrar que os cursos à distância na época eram todos feitos via correios, material de estudo e avaliações, era necessária muita dedicação.

Como Pedreiro e Mestre de Obras, Furtuoso construiu muitos prédios no município e fora dele, pode-se citar alguns Prédios públicos: Escola do povoado Conceição, Escola do povoado Baiano, Escola do povoado Pericumã, Escola do povoado São Lourenço, Ampliação da Escola Cecília Botão, Escola do povoado Torna, Posto de saúde do povoado Conceição (hoje demolido para construgâo da UBS no local), Escola do povoado Tijuca, além de inúmeras residências.

Como lavrador gostava muito do trabalho na roça, a agricultura também fazia parte do sustento da família. Deixou este trabalho quando em 1991 e mudou-se definitivamente para a sede do município, onde já possuía residência, após uma doença de sua esposa que a deixou surda.

No lado Religioso como católico, praticante Furtuoso sempre dedicou também seu trabalho em frente à igreja no povoado Conceição. Como dirigente comunitário e alguns moradores, fundaram a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, com a construção da igreja local e transformou esse festejo na época como um dos maiores festejos comunitários do município de Peri-Mirim.

Furtuoso José Correa faleceu no dia 08 de agosto de 2014, aos 81 anos de idade.

Olegário Mariano Martins

Por Raimundo Martins Campelo

Patrono da Cadeira nº 03 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP). Nasceu em 06 de março de 1878, na cidade de Macapá, atualmente Peri-Mirim, filho de Cássio Mariano Martins e Filomena Rosa de Melo Martins, tinha sua residência fixa na Praça São Sebastião no centro de Peri-Mirim-MA.

Estudou apenas o terceiro ano primário. Casou-se aos 32 anos de idade com Amélia Gomes de Castro, com 23 anos, no dia 21 de abril de 1910. Amélia era filha de José Trajano Gomes de Castro e Clarinda Aurora de Melo.

Foi político, conceituado e respeitado pela população, assumindo a responsabilidade de conciliador das famílias, foi escrivão do segundo ofício de Peri-Mirim, comarca de São Bento pela seguinte Apostila:

Apostila

O vencimento do cargo de escrivão do segundo ofício do termo de Peri-Mirim, Comarca de São Bento, do qual é titular interino o senhor Olegário Mariano Martins, foi fixado no padrão B, na conformidade do disposto da Lei nº 491 de 30 de dezembro de 1950, a contar do dia 1º janeiro.

Secretário de Estado dos Negócios do Interior Justiça e Segurança, em São Luís, 13 de março de 1951.

Doutor Elizabeto Barbosa de Carvalho

Secretário do Interior Justiça e Segurança

Teve uma das ruas do centro da cidade de Peri-Mirim em sua homenagem.

Faleceu no dia 29 de dezembro de 1955, aos 77 anos, deixando os seguintes filhos: Valderice Martins dos Santos com 46 anos; Odete Castro Martins com 44 anos; José Ribamar Castro Martins com 42 anos; Ocino de Castro Martins com 40 anos; Zuila de Castro Martins Azevedo com 39 anos; Maria José Martins Campelo com 37 anos; Benedito de Castro Martins com 31 anos e Itaci de Castro Martins com 21 anos.

Helena Ribeiro Corrêa

Por Alda Regina Ribeiro Corrêa

Helena Ribeiro Corrêa é patrona da Cadeira nº 17 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Alda Regina Ribeiro Corrêa. Nasceu no dia 29 de outubro de 1934, na cidade de Peri Mirim- MA. Filha de família tradicional da região, sendo seu pai o senhor Justino e a mãe senhora Rosa Silva Ribeiro. Seus pais vieram da zona rural atraídos pelas ricas terras Macapá. Hoje atual cidade de Peri Mirim, uma vez que eram agricultores. Dos quatro filhos ela era a 3ª. Estudou na Escola Reunida, naquela época, aonde hoje é a Escola Carneiro de Freitas (Escola Municipal Cecilia Botão- anexo II), teve como Professoras Maria Guimarães, Naísa Amorim, Matilde (cujo nome popular Matilde Perigosa), Margarida…, conta-se em relatos que era uma das melhores alunas. Aos sete anos de idade, a então menina Helena Ribeiro ingressava na escola primária, frequentando na época o Grupo Escolar de sua cidade natal.

Quando concluiu o curso primário, matriculou-se no mesmo estabelecimento de ensino para frequentar o Curso Complementar, formando-se assim como Professora Complementarista, e que a mesma recebia seu honorário em valor de conto de reis, conta-se que aos dezesseis anos de idade, no ano de 1951. Como era muito dedicada ao ensino, naquela época o responsável pela Escola Municipal Urbano Santo no Povoado Picumã, onde, a pedido do senhor Clovis Ribeiro (seu irmão), a convidou, a título de estímulo para ser funcionária municipal, na função de Professora de Ensino, atividade esta que desenvolvia com remuneração de 50 conto de reis. Nessa época (1951), Helena ingressava no Curso Normal Regional, formando-se Professora Regionalista no ano de 1954.

Em primeiro de março de 1954, Helena Silva Ribeiro foi nomeada Professora Complementarista, para lecionar no estabelecimento onde estudava, passando assim a trabalhar oficialmente como professora nomeada, recebendo uma remuneração conto de reis, realizando dessa forma um de seus maiores sonhos o de ser “professora nomeada”. Em dezembro de 1954, formara-se no Curso Normal Regional. Formada normalista Regional, Helena Silva Ribeiro continuava exercendo suas atividades docentes, conquistando a simpatia das pessoas que com ela trabalhavam bem como de seus alunos e que a chamava de minha mestra.

A professora Helena Silva Ribeiro, em 20 de janeiro de 1960, casou-se com o Senhor Anastácio Florêncio Corrêa, na época Lavrador, onde mais tarde passou a exercer também a profissão de Vigilante de Portaria do CEMA. A partir dessa data passou a assinar Helena Ribeiro Corrêa, passa a residir então no povoado Pericumã, na cidade de Peri Mirim. Dessa união, nasceram dez filhos: José Reinaldo Ribeiro Corrêa, Renivaldo Ribeiro Corrêa, Rosângela Ribeiro Corrêa, Rosélia Ribeiro Corrêa, Rubem Ribeiro Corrêa, Rui Ribeiro Corrêa, Alda Regina Ribeiro Corrêa, Everaldo Ribeiro Corrêa, Roseane Ribeiro Corrêa e Herbeth Ribeiro Corrêa.

Decorrente da atividade de seu marido, Helena Ribeiro Corrêa, transferia sua residência para sede do município no ano de 1969, conseguindo também a transferência do exercício de seu cargo para esta cidade, onde exerceu o cargo de professora na sede do município, fora nomeada com a função de Diretora da Escola Municipal Cecília Botão no período compreendido de 1976 a 1982.

Como professora e diretora, Helena Ribeiro Corrêa teve atuação marcante, era responsável e dedicada, apresentava grande capacidade administrativa e pedagógica, sempre pronta para solucionar os mais diversos problemas inerentes ao cargo que ocupava, atraindo dessa forma a simpatia de todos que com ela trabalhavam: colegas, alunos e a comunidade em geral.

Durante a sua vida profissional Helena Ribeiro Corrêa, procurava frequentar todos os cursos de aperfeiçoamento que eram ministrados em sua cidade em outras localidades pertinentes. E assim superar os obstáculos e realizar uma das tarefas que ela mais gostava, dedicar-se a educação.

Com 35 anos de serviços, se aposentou, na então gestão do Prefeito João França Pereira, e a mesma depois de aposentada continuou na profissão de rendeira que antes em suas folgas exercia, com suas belezas de estampas e transados do tear de madeira onde os fios de cores variadas, sobre saídas e entradas, entre fios e outros fios e dava origens de suas belezas incalculáveis.

Em 1983, o casal Anastácio Florêncio Corrêa e Helena Ribeiro Corrêa que viviam 25 anos de bodas de prata, no dia 11 de setembro seu casamento chega ao fim depois de tantos tempos de amores e namorados.

Preocupada com seu aperfeiçoamento e tendo em vista que possuía apenas uma vida normal, a professora, rendeira e mãe separada, Helena Ribeiro Corrêa, mãe de 10 (dez) filhos, continuou a sua inteira vida trabalhando para o sustendo da sua família.  Com o passar do tempo alguns filhos foram morar em São Luís, no ano de 1985 muda-se também para lá.

Logo a sua família foram aumentando com 23 (vintes três) netos e 7 (sete) bisnetos, tinha uma vida bastante dedica à Igreja Católica e com o passado tempo entrega a sua inteira dedicação em outra religião, ou seja, converte-se à Igreja Evangélica Batista aonde morava. Pela vida regressa de tantos trabalhos, sua idade e tantas outras coisas, seu estado de saúde de Helena se agravava, mas, sempre visitava sua cidade natal que tanto amava.

Um ano após, mesmo sofrendo muito em relação a doença (diabete, pressão alta, dificuldades de locomoção) acreditando que haveria de vencer a própria doença, mesmo dependendo da cadeira de rodas para se locomover, ficou internada na UTI do Hospital de São Domingos em São Luís, seis meses e dezoito dias.

Porém, no dia 18 de março de 2016, falecia a professora, rendeira e mãe Helena Ribeiro Corrêa deixando entre todos que a queriam bem uma imensa saudade, que nem mesmo o tempo conseguirá apagar tendo em vista ser ela uma pessoa batalhadora, competente, que não mediu esforços em prol da educação e, principalmente pelo estabelecimento que dirigia, seus filhos que sempre almejavam de dedicação de uma mulher mãe dedicada, carinhosa e muita atenciosa.