PERI-MIRIM: Fazenda São José – Século XIX

Autora Ataniêta Martins

Essa fazenda tem uma grande história para ser explorada e contada.

A Fazenda São José fica localizada no Povoado Tapera, município de Peri-Mirim. Construída no século XIX, por mãos talentosas e mágicas de escravos que viveram naquela época. A fazenda encontra-se intacta atualmente, sem nenhuma modificação, tudo feito com materiais bem resistentes.

No centro da cozinha, encontra-se até hoje um poço, com águas cristalinas que serve para saciar a sede dos moradores daquele lugar.

Na época de sua construção, a fazenda era iluminada por candeeiros que funcionavam a querosene, depois a motor e atualmente com energia elétrica.

Várias famílias residiram na fazenda São José: incialmente morou a família do coronel Joaquim Sousa (fazendeiro rico, prestativo com sua comunidade); Dr. Viera Fontes que, em relatos do senhor Antônio Brígido Ribeiro, o Dr. Vierira Fontes, era desembargador, homem mais rico da redondeza, tinha uma caneta era de ouro, era respeitado por quem o conhecia, foi um dos primeiro a trazer helicópteros ao município.

Posteriormente residiu o coronel Altiberto Francisco Câmara, que possuía o título honorário de Soldado da Borracha, por ter sido dono de seringal em Porto Velho – Rondônia. Um de seus filhos, Ney Câmara, relatou-me que ele, era homem de caráter, valorizava a família sendo o bem mais precioso, deixou saudades à família e à comunidade. Tive o prazer de conhecer sua amável esposa, a Srª Maria do Rosário Câmara, com a qual passava horas conversando, devido meu amor pelos estudos das raízes históricas do seu município.

A Fazenda também pertenceu ao senhor José Domingues Pinheiro, dono de muitas fazendas na Baixada, das quais conservara os detalhes históricos.

Atualmente a fazenda tem como proprietário, o Sr. Sérgio, que é advogado, conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional do Maranhão. O Dr. Sérgio tem por meta restaurar a fazenda e garantir a preservação da fauna e flora, com intuito de deixar para as futuras gerações um património Histórico-Ambiental preservado.

Peri-Mirim, 13 de maio de 2020. PS: A fazenda já passou por reformas.

Revivendo os tempos do açúcar em Peri-Mirim na década de 1950

Autora Clarice Pinheiro Almeida*

Algumas pessoas que viveram durante a existência dos engenhos de Peri-Mirim, e que trabalharam neles, ou tiveram parentes que neles trabalharam, ainda vivem, por isso, entendemos que é possível escrever sobre o tema, a partir dessas memórias e assim recuperar aspectos fundamentais da História de Peri-Mirim que ainda não foram explorados.

O município de Peri-Mirim guarda ainda hoje muitos vestígios da atividade açucareira, tanto material (ruínas de antigos engenhos e outros ainda em funcionamento) quanto imaterial (lembranças de homens e mulheres ligados de uma ou outra forma a essa atividade), como podemos perceber na fala de Bernardino Araújo de Almeida de 83 anos (in memoria), o qual inclui em suas lembranças de infância, diga-se de passagem, uma infância de muito trabalho, o cotidiano do engenho Teresópolis:

… e nós aqui, levantava… nós … morava…aquele magote de mulecote e juntava cofinho e socó e tocava. Nós encostava lá em Teresope … ele, assim que começava, o engenho, moer a cana, ele enchia aquela lata de garapa encostava lá. Aí nós ia chegando, criança, entrava, tudinho, já era mesmo que ser boi no bebedouro…tudinho encostado, criança, nós tudinho, cada qual… criança é bicho mau! (risos). Nós tumava cuiada de garapa… Ele tava por lá (o proprietário), não ligava… Nós tumava tudinho, todo mundo, saía, ia embora pro campo.

 

Segundo Paz (2014), Peri-Mirim contava com 10 unidades de engenhos assim distribuídos: Engenho Rio da Prata de propriedade de João Bertold; Engenho Santa Filomena de propriedade de Jomar Rodrigues; Engenho Queimado de propriedade de Raimundo Rodrigues; Engenho “Tijuca” de propriedade de Tarquínio Viana Sousa; Engenho “Teresópolis” de Francisco Viana de Sousa; Engenho “Santa Cruz” de propriedade da família Sousa; Engenho “Santana” de propriedade da família Bacelar, Engenho do “Itaquipé” de propriedade da família Pinheiro e; Engenho “Palestina” de propriedade de Timóteo Sousa.

O número significativo de engenhos em Peri-Mirim indica uma dinâmica econômica do município, baseada na produção de açúcar, cachaça e mel, pois, de acordo com relatos de antigos trabalhadores desses engenhos todos eles produziam esses três produtos.

O açúcar era o principal produto dos engenhos do município de Peri-Mirim, pois a cachaça e o mel eram obtidos dos resíduos do processo de depuração desse açúcar. Roberval Pinheiro de 72 anos conta que entre os 13 e 14 anos trabalhava no Engenho Teresópolis ajudando seu pai: “trabalhei muito ainda engarrafando cachaça pra meu pai”, e completa dizendo que nesse engenho era “produzido açúcar, mel e cachaça”. Analisando sua idade atual com o período em que “ajudava seu pai” no Engenho Teresópolis, constatamos que esse engenho estava em plena atividade por volta de 1958, dentro do marco temporal da nossa pesquisa.

O Engenho Teresópolis conforme mostra Paz (2014) pertencia a Francisco Viana de Sousa, que pelo sobrenome “Sousa” pode ter alguma relação de parentesco com Francisco Joaquim de Sousa, antigo chefe do Partido Liberal em Pinheiro, citado por Jerônimo de Viveiros pelo seu envolvimento numa disputa política com o coronel Guilherme de Araújo e Sousa, chefe do Partido Conservador em Pinheiro. O autor ao mencionar a disputa política entre os dois coronéis relata que: “os amigos de Francisco Sousa viviam nas redondezas de seu Engenho “Tijuca” (grifo do autor) […] Era um eleitorado pé de boi, que não faltava, mas que pertencia à freguesia de São Bento, onde não estavam os interesses políticos do chefe liberal” (VIVEIROS, 2014).

O engenho “Tijuca”, localizado no município de São Bento em 1885, ao que tudo indica, é o mesmo arrolado por Paz (2014) de propriedade de Tarquínio Sousa. Em 1885 Peri Mirim pertencia a São Bento. Francisco Viana de Sousa era proprietário do engenho “Teresópolis”, que formava um só território com “Tijuca”, tanto que o mesmo teria doado ao filho que estudava na Europa e por ocasião da Guerra de 1914 voltou ao Brasil e se instalou como proprietário de engenho como mostra a fala do senhor Jerônimo Costa, conhecido como “Coreiro”, de 88 anos, residente na atual comunidade quilombola “Tijuca”/Peri Mirim:

Esse camarada foi estudar…Tarquinio Viana de Sousa, era filho de Chico Sousa que era dono de Teresope, aí…o camarada que tinha eles lá, era muito amigo de Chico Sousa, esse tempo era barão dendo mato, e..rebentou a guerra de quatorze e lá, encaixotaro ele e colocaro no fundo do navio e ele veio embora pra São Luís, de São Luís ele veio bater no Teresope…Ele diz, meu filho eu vou arrumar umas área de terra pra vocês trabalhar […] Vieram no Santana, de Santana Eles vieram aqui […] e fundaram um engenho aqui. Então lá tinha um lugar chamado Tijuca. Tarquínio sabia tudo[…] então apelido daqui é Tijuca.

 

O relato que o Sr. Jerônimo faz sobre o engenho de “Teresópolis” e “Tijuca” deve ter chegado a ele por seus familiares ou outras pessoas mais velhas, pois o mesmo nasceu quinze anos após o início da Primeira Guerra Mundial (1914) que ele já menciona em sua fala. Portanto, é possível a existência de outras versões para o nome dado ao lugar. Porém, é fato que esse lugar pertencia a São Bento tanto em 1885, como assegura Viveiros quanto em 1914 como diz Sr. Jerônimo.

A longa vida do engenho “Teresópolis” pode ser observada também nas lembranças que o Sr. Bernardino guarda de sua infância. Em seu relato, já anotado neste trabalho, ele narra que passava nesse engenho quando ia pescar. Nesse período ele já utilizava o socó como instrumento de pesca. Embora ele não tenha precisado sua idade, deveria ter entre dez e doze anos, haja vista que por não ser tão leve, a criança para manejar um socó teria que ter mais ou menos essa idade. Levando em consideração que o mesmo nasceu em 1928, sua convivência no cotidiano de “Teresópolis” teria ocorrido lá pela década de 1930. Queremos com isso demonstrar que engenhos em Peri-Mirim existiram desde antes da abolição do trabalho escravo e que esses mesmos engenhos não se extinguiram totalmente com o fim oficial da escravidão.

Sobre o engenho “Tijuca”, resguardadas as questões envolvendo o seu surgimento, colocadas neste artigo, partiremos da fala do Sr. Jerônimo Costa (Coreiro). Esse engenho teria sido doado para Tarquínio Viana Sousa, filho de “Chico Sousa”, proprietário do engenho “Teresópolis”. De acordo com a fala do Sr. Coreiro, Tarquínio estudava na Europa, quando por ocasião da explosão da Primeira Guerra Mundial (1914) “encaixotaro ele no fundo de um navio e veio simbora pra São Luís, de São Luís veio bater em Teresópolis”. Esse engenho, como os demais, produzia mel, açúcar e cachaça.

O Sr. Coreiro informa que trabalhou no engenho “Tijuca” desde os dez anos de idade “bateno crivo e coano a garapa, tirano o cisco…”. A partir dos 15 anos passou para temperador de dorna pra fazer cachaça, com mel. Essa atividade era bastante cansativa como mostra o mesmo. “Era duzentos e setenta lata d’água que eu batia numa bomba pra depois carregar pra subir numa altura assim…pra encher uma dorna do tamanho dessa porta, de três em três dias”.

A dinâmica da produção de açúcar no engenho “Tijuca”, segundo o Sr. Coreiro, compreendia plantação da cana por terceiros em terras do Sr. Tarquínio, posteriormente a cana era moída no engenho. Geralmente, eram produzidos 2000 quilos de açúcar bruto por safra que ia de setembro a dezembro. O açúcar era divido ao meio com o lavrador. Porém, a cachaça e o mel ficavam para o proprietário. A metade do açúcar reservada para o lavrador muitas vezes era comprada pelo proprietário do engenho, embora, segundo conta Sr. Coreiro, esse poderia vendê-la para outras pessoas.

O açúcar do engenho “Tijuca” era distribuído para o mercado local e para outros municípios vizinhos como por exemplo, Bequimão e Pinheiro, segundo Coreiro.

Tarquínio Viana Sousa foi prefeito de Peri-Mirim no período de 1959 a 1961. De acordo com Paz (2014, p. 51), “pela sua experiência empresarial e seriedade, administrou o município com austeridade e fez o que estava ao seu alcance”. Para o Sr. Coreiro, no entanto, “…ele trabalhou quatro ano lá em Peri-Mirim, não fez nada”.

Não conseguimos dados quanto à época que o engenho deixa de produzir açúcar, cachaça e mel, mas ao que tudo indica, quando ele é transferido para outro dono, Ribamar Bacelar, essa produção começa a perder força. Ribamar Bacelar transfere o engenho para os irmãos Gonçalves de Pinheiro que mais tarde vão transferi-lo para os irmãos pernambucanos. Segundo Paz (2014) esses não demonstraram interesse em continuar produzindo açúcar.

Outro engenho que funcionou em Peri-Mirim foi o “Rio da Prata”, de propriedade do Sr. João Bertoldo Ferreira, que segundo Paz (2014), produzia açúcar, cachaça e mel. O engenho “Rio da Prata” encontra-se registrado na memória da Senhora Dioneia Paula de Almeida, com 94 anos por ocasião de nossa entrevista com ela.

O envolvimento dela com esse engenho era como pequena plantadora de cana de açúcar, ao lado do seu esposo, já falecido. Entrevistamos a Sra. Dioneia em 25 de maio de 2014 e ela confirmou a existência de “engenhos de cana de açúcar em Rio da Prata, Santa Filomena, Itaquipé e Tijuca”.

Dona Dioneia contou que plantou um canavial que ao final produziu 2000kg de açúcar, sendo que, seguindo a regra geral, foi dividido ao meio com o proprietário do engenho Rio da Prata. “O restante ficou armazenado em casa e foi sendo vendido aos poucos, sendo que até a década de 1980 ainda tinha açúcar em casa”. Ela fala também que o açúcar era vendido, pelo menos na época em que comercializou o seu produto, a 300 reis que equivalia a 3 tostões. A comercialização desse açúcar era feita em Pinheiro como afirma Dona Dioneia. Consta também no depoimento de Dona Dioneia que o último proprietário do engenho Rio da Prata foi o Sr. Faustino, assassinado na década de 1990 quando finalizou também a atividade desse engenho que ainda produzia cachaça e mel.

Os engenhos Santana e Santa Cruz pertenciam também à família Sousa como aponta Paz (2014), aliás, a família Sousa era a principal proprietária de engenho em Peri-Mirim, visto que também estava ligada aos engenhos “Teresópolis” e “Tijuca” como já mostramos acima. Sobre os engenhos Santana e Santa Cruz não conseguimos reunir informações mais precisas. Na visita que realizamos na comunidade “Santa Cruz” onde funcionou esse último não encontramos moradores mais antigos, e os mais jovens não souberam dar maiores detalhes sobre o mesmo.

O engenho Palestina de propriedade do Sr. Timóteo Sousa também não nos foi possível recolher maiores informações, a não ser que na década de 1980 as terras desse engenho foram transferidas para o Sr. João Ramalho e o Sr. Timóteo terminou seus dias muito pobre morando no povoado Curitiba, município de Palmeirândia.

O que sabemos a respeito do “Engenho Queimado” de propriedade do Sr. Raimundo Rodrigues é que ele se localizou “nas terras da Fazenda Todos os Santos”, conforme informação dada pelo Sr. Raimundo Inácio Rodrigues Bittencourt, filho do proprietário, em 06 de maio de 2017. O Sr. Raimundo Inácio está hoje com 62 anos de idade e informa que ao nascer (1955), encontrou o “Engenho Queimado” em pleno funcionamento.

Ele contou também que o “Engenho Queimado” foi desmembrado na década de 1970 quando seu pai se separou da esposa. Em 1973 o outro engenho, construído na altura do km 157 da MA 014, iniciou suas atividades produzindo açúcar, cachaça e mel, sendo que a cachaça era o “carro chefe” da produção. O novo engenho recebeu o nome de engenho “Dona Moça”, em homenagem à proprietária Avelina Costa, conhecida como “Dona Moça”.

O engenho “Dona Moça” continua em funcionamento até os dias atuais, produzindo, exclusivamente, cachaça. Atualmente, o mesmo é comandado por dois netos do Sr. Raimundo Rodrigues.

Quando perguntado sobre a questão da mão de obra utilizada no “Engenho Queimado” faz o seguinte esclarecimento: “o peão é aquele que a gente coloca no chão para rodar e o pião é aquele que trabalha em uma obra e que quando a obra termina ele se desloca para outro local. Na época não era conhecido como pião e sim como trabalhadores braçais ou trabalhador braçal”. Assim ele aponta que a mão de obra daquela época era o trabalhador livre, o qual além de fazer trabalhos pesados, não possuía vínculos empregatícios com o engenho, sendo, portanto, um trabalhador temporário.

Abaixo apresentamos fotos de equipamentos utilizados para a fabricação de cachaça no engenho “Dona Moça”, o único em funcionamento entre os dez citados neste trabalho. (PS. Deixou-se de publicar as fotos por razões técnicas. Anexamos fotos de uma visita realizada ao Engenho Dona Moça por membros da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense – ALCAP).

Nas diversas entrevistas realizadas, com o Sr. Bernardino, Sr. Roberval, Sr. Coreiro, Dona Dioneia e com o Sr. Raimundo Inácio fizemos questão de falar da mão de obra. Na fala do Sr. Bernardino ele lembra que muitas pessoas eram envolvidas no processo de produção do açúcar; o Sr. Roberval diz que no engenho “Teresópolis”, “trabalhava de 50 a 60 pessoas daquela redondeza todinha, homens e mulheres que vinham tanto dos arredores do engenho quanto de localidades mais distantes.”, e assim por diante. Não percebemos nessas falas reclamações quanto a falta de braços para o trabalho nos engenhos açúcar.

Os engenhos nesse período eram abastecidos, geralmente, com cana de açúcar que era produzida por pequenos produtores, muitas vezes em terras pertencentes ao proprietário do engenho, e isso acontecia no Engenho Teresópolis como relata Sr. Roberval, inclusive, lembrando a situação do seu pai, Sr. Ademar; do mesmo modo relata D. Dioneia que plantava cana de açúcar e abastecia engenho Rio da Prata. Isso ao nosso ver poderia amenizar problemas com mão de obra. Entretanto é muito comum encontrar referências à falta de mão de obra como uma das causas de fechamento dos engenhos no Maranhão e também em Peri-Mirim como mostra Paz (2014).

A presença de plantadores de cana que abasteciam os engenhos era uma prática recorrente na produção açucareira no Brasil. Era assim no nordeste açucareiro, onde os senhores de engenho não davam conta sozinhos de bastecer o engenho de cana de açúcar, havendo sempre a necessidade de recorrer a plantadores externos, que tanto poderiam produzir em suas propriedades quanto na do dono do engenho, (SCHWARTZ 1988). Pelo visto essa prática persistiu no pós-abolição, também aqui em Peri-Mirim.

Quando a cana era produzida por terceiros (os pequenos produtores) esses eram responsáveis por todo o processo produtivo da cana, que depois de colhida era levada para ser processada no engenho. O açúcar, a cachaça e o mel produzidos, geralmente eram divididos ao meio como mostram alguns relatos. Isso era comum não apenas em Peri-Mirim, mas também em outros municípios da Baixada Maranhense.

 Os diversos depoimentos demonstram que a produção açucareira em Peri-Mirim não era nada desprezível. A senhora Dioneia e seu marido chegaram a produzir até 2000kg de açúcar bruto. Do mesmo modo o Sr. Coreiro também aponta a produção de 2000kg de açúcar bruto em uma safra.

Outra importante questão a ser lembrada neste trabalho são as condições de trabalho nos engenhos. Sr. Bernardino conta que quando criança, o caminho que fazia para ir pescar passava pelo engenho “Teresópolis” onde encostava para tomar “garapa”. Segundo ele, muitas pessoas morreram pela excessiva carga de trabalho, pois a jornada de trabalho começava entre meia noite e uma hora da manhã. O salário que recebiam, segundo o mesmo, era insignificante, não dava para suprir as necessidades. Quando os trabalhadores adoeciam não tinham como custear nem os remédios. Lembrou também que a mão de obra era composta só por pessoas negras e de branco, só o proprietário, o senhor Fradique.

Algumas pessoas que viveram durante a existência desses engenhos, e que trabalharam neles ou tiveram parentes que trabalharam nos mesmos, ainda vivem, por isso, entendemos que é possível escrever sobre o tema, a partir dessas memórias e assim recuperar aspectos fundamentais da História de Peri-Mirim que ainda não foram explorados.

Nas entrevistas que fizemos para este trabalho (Sr. Bernardino, D. Dioneia, Sr. Roberval, Sr. Coreiro e Sr. Raimundo Inácio) percebemos que quase não há divergências em relação a questões importantes da produção açucareira em Peri-Mirim, a maioria dessas informações coincidem e se complementam.

* Clarice Pinheiro Almeida licenciada em Licenciatura em Ciências Humanas, habilitação em História pela Universidade Federal do Maranhão/CCHNST – Campus Pinheiro.

Fonte: https://monografias.ufma.br/jspui/bitstream/123456789/1850/1/ClariceAlmeida.pdf

 

Morre o Padre João Helder aos 90 anos

Faleceu hoje (26.02.2021) aos 90 anos o Padre João Helder, MSC. Atualmente residia na comunidade de São João Batista do Tauape em Fortaleza – CE. Era holandês, chegou ao Brasil em 1960. Em 2005 foi transferido para Fortaleza. Regularmente visitava a Diocese de Pinheiro. Considerados grande benfeitor da referida diocese, ajudando na manutenção da Fazenda do Amor Misericordioso.

Na Diocese exerceu as seguintes ofícios pastorais:
1980 – 1986: Pároco da Paróquia de São Matias, em Alcântara, MA
1988 – 2003: Pároco da Paróquia de São Sebastião em Peri Mirim – MA
1988 – 2000: Coordenador da CPT e da Cáritas na Diocese de Pinheiro.
2003- 2004: Assistência nas Paróquias de Peri-Mirim e Pinheiro.

Fonte: Arquidiocese de Pinheiro.

A procissão

Autora Eni Amorim

O festejo de São Sebastião em Peri-Mirim este ano aconteceu de um modo atípico.

São Sebastião cuja imagem que do cume do outeiro da Currupira vigia a cidade e que pela sua história de vida é o protetor das pestes, da fome, das guerras e das calamidades.

Hoje a sua imagem desfilou ornamentada em flores vermelhas e brancas em cima de um carro de som, seguida por outros carros com alguns devotos.

Uma procissão meio solitária sem a alegria pujante dos filhos da cidade e visitantes que costumavam seguir em grande multidão misturando-se pelas ruas da cidade em cantos e orações.

Este ano poucos filhos do lugar visitaram suas famílias como costumeiramente faziam nesta data festiva.

As celebrações litúrgicas aconteceram com restrições seguindo rigorosamente regras para a prevenção da Covid-19.

Durante a procissão caía uma chuvinha fina como se fossem lágrimas dos filhos da nossa terra que não puderam aqui estar ou que partiram para outro plano levados pela pandemia ou por outros tipos de doenças.

E a procissão seguiu seu curso rumo ao encontro do Sacrário, Cristo Vivo que reluz para toda a humanidade aonde o povo clama por milagres com a fé de que somente Deus é capaz de fazer, pois se dependermos exclusivamente de mãos humanas nada acontecerá.

O Festejo religioso realizado na comunidade é a exemplificação de uma história cultural na qual há uma impregnação no universo cultural do Povo da Comunidade. Sendo assim, os rituais aparecem como manifestações marcadas por atividades coletivas, pelas inúmeras representações e pela celebração em torno da imagem do santo protetor. O festejo religioso ultrapassa a si mesmo como unidade temporal para religar o visível e o invisível, aquilo que está dentro e fora de um tempo, buscando estabelecer laços comunitários, de identidade étnica e tradição dentro das mais variadas relações de poder existentes na comunidade.

Peri-Mirim, 20 de janeiro de 2021.

Livro de Viegas encontra-se à venda na Livraria AMEI

A Livraria AMEI no São Luís Shopping expõe o livro de Francisco Viegas Paz, imortal da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), com a seguinte notícia no Facebook: “Nossa dica literária de hoje é o livro “Peri-Mirim: cem anos de emancipação 1919-2019” do escritor Francisco Viegas Paz.
A obra relembra os principais acontecimentos contidos nestes cem anos de emancipação política do município de Macapá, que a partir de 1943 mudou de nome e passou a se chamar Peri-Mirim, os muitos fatos importantes merecem ser relembrados como princípio de uma nova história. A própria mudança do nome original mexeu, radicalmente; com o gentílico dos seus habitantes: antes “macapaenses” e atualmente “perimirienses”.
À venda por: R$50,00.
Adquira o seu aqui na Livraria AMEI no São Luís Shopping ou peça delivery (98-982832560).
Entregamos em todo o Brasil (www.ameilivraria.com).”

Peri-Mirim: Cem Anos de Emacipação

É o nome da nova obra do escritor e imortal da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), Francisco Viegas Paz.

Autor de Seminarista Graças a Deus e Curiosidades Históricas de Peri-Mirim, Viegas lança sua nova obra que trata dos cem anos de história de emancipação da sua cidade natal, que ocorreu em 31 de março de 1919.

O livro aborda os principais acontecimentos ocorridos nesses cem anos de emancipação política do município de Macapá, que a partir de 1943 passou denominar-se Peri-Mirim.

Além dos fatos históricos relevantes, Viegas fala dos poetas, cantores de bumba meu boi, repentistas, do carnaval, tambor de crioula e outras atrações artistas. Retrata várias personalidades que contribuíram com História de Peri-Mirim.

Os perimirienses, com certeza, relembrarão fatos e personagens retratados pelo autor, fruto de sua memória prodigiosa, de consulta a documentos históricos e de entrevistas com os pioneiros do município.

De grande valia para consultas estudantis e de todos que quiseram aprender mais sobre a história de Peri-Mirim e sua gente, o livro pode ser adquirido na Livraria AMEI no São Luís Shopping, em Peri-Mirim na Loja de Carmem de Saulo, ou diretamente com o próprio autor.

Participe do debate virtual com o Professor Ozaias Batista sobre a obra “O Meu Pé de Laranja Lima”

O Prof. Dr. Ozaias Batista, titular da cadeira de Sociologia na Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal do Piauí (UFPI/CPCE), participará no próximo dia  31 outubro, às 16 horas de debate virtual, por meio da plataforma digital Google Meet, para análise da obra “O Meu Pé de Laranja Lima”, promovido pelo Clube de Leitura da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP).

Ozaias Antonio Batista é Doutor em Ciências Sociais (UFRN). Mestre e Licenciado em Ciências Sociais (UFRN). Pesquisador do Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Educação, Ciência Descolonial, Epistemologia e Sociedade (NEPEECDES) (UFPI). membro e pesquisador do grupo de pesquisa Mythos-logos: ciência, religião e imaginário da UFRN.

O convidado possui experiência como professor no ensino médio, superior e educação à distância nas disciplinas de Sociologia, Ciências Sociais e Educação. Tem amplo conhecimento sobre a obra objeto de debate, inclusive sua tese de Doutorado versa sobre o tema, cujo título é: Sonhos entre as páginas do meu pé de laranja lima: imaginação e devaneio poético voltado à infância.

A escolha do livro O Meu Pé de Laranja Lima foi objeto de votação aberta à comunidade, sendo a 3ª obra a ser lida dentro do projeto do Clube de Leitura “João Garcia Furtado” promovido pela ALCAP. Além da convidada especial, haverá sorteio de livros.  Inscreva-se no Clube de Leitura e participe da reunião, pelo link para o grupo de WhatsApp: https://bit.ly/2EmmhWF.

Após a leitura da obra, os participantes poderão escrever uma breve dissertação, sem delimitação de conteúdo e forma, apenas como incentivo à leitura de interpretação de texto. Os textos serão dirigidos à Comissão, para análise.

A acadêmica e professora Nasaré Silva será a responsável pela apresentação sobre a vida e obra do autor da obra, José Mauro de Vasconcelos e Ana Creusa Martins dos Santos será a mediadora do debate.

Conheça mais sobre o  Clube de Leitura João Garcia Furtado.

Coordenadores do Projeto: Ana Creusa Santos, Eni do Rosario Pereira, Diêgo Nunes Boaes, Jessythannya Carvalho Santos, Maria de Lourdes Campos, Nasaré Silva e o aluno Paulo Silva.

CLUBE DE LEITURA ALCAP: ajude-nos a escolher a próxima obra

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) continua as atividades de leitura do livro o Mágico de OZ, que foi a segunda obra escolhida apenas pelos acadêmicos no Projeto Clube de Leitura “Professor João Garcia Furtado”.

Para escolha da terceira obra, os acadêmicos resolveram consultar o público em geral, com o desiderato de envolver mais pessoas no mundo mágico da leitura. A votação será encerrada às 20 horas do dia 27 de setembro (domingo).

Para escolher um dos título sugeridos:

Qual livro você gostaria de ler? Clique em um dos link abaixo para votar:

O MEU PÉ DE LARANJA LIMA – João Mauro de Vasconcelos
https://pollie.app/kp513

JARDIM SECRETO– Francês Hadgson Burnett
https://pollie.app/vnmjd

PLUFT O FANTASMINHA – Maria Clara Machado
https://pollie.app/1g9sc

OU ISTO OU AQUILO – Cecília Meireles
https://pollie.app/9c7ex

O MENINO DO DEDO VERDE – Maurice Druon
https://pollie.app/5i9vr

A HISTÓRIA DA MINHA CIDADE

Por Diêgo Nunes

Vamos juntos dar início
com muita animação
falar de uma cidade
que é pedaço do Maranhão

é a nossa Peri-Mirim
Terra de São Sebastião
que amamos a cada dia
com muita satisfação

cem anos de muita história
Tu tens a contar
foi povoado de São Bento
chamada Macapá

a história da minha cidade
é bonita de se ver
herança de várias culturas
povos que vieram aqui viver.

Tem a história dos três irmãos
que aqui se fixaram
Marcelino, Maximiniana e Martiliano
onde estas terras desbravaram

de Alcântara e São Bento
vieram alguns moradores
que aqui se encantaram
com os campos e as flores

produtora do arroz,
da mandioca e também do babaçu
tem a famosa piaba, farinha
tiquara e angu

aqui existe o famoso festejo
que atrai gente de todo lugar
a festa do padroeiro
aonde todos vem comemorar

tem as danças folclóricas
Bumba-meu-boi e cacuriá
tem balaio, dança do coco,
e a quadrilha para animar

festejo do divino,
tambor de crioula e mina
forró de caixa, corrida de cavalo
tudo isso me fascina.

Terra de muito encanto
que nos traz recordação
a sua bandeira tão linda
criada por alguém de coração
chamava-se Paulo Oliveira
homem de determinação
que a enriqueceu com as cores do Brasil
e do nosso querido Maranhão

O Hino de Peri-Mirim
criado por João de Deus Paz Botão
retrata a nossa cidade
que é aclamada por emoção
fala dos campos, paisagens, características de uma nação
conta à história de um povo
que vive em paz e união

Em 1919 foi elevado município
mas continuou com o nome Macapá
pra isso teve que ser mudado de nome
e algo da terra homenagear
como tinha muito junco
então Peri-Mirim resolveram colocar

Tem vários encantos
verdadeiras belezas naturais
campos inundáveis
e florestas de babaçuais
pena que alguns rios
já não existem mais

Quero aqui mencionar
o talento das redeiras
que muitos sustentos trouxeram
e não levaram em brincadeira
o serviço era pesado
mas, mesmo assim não dava canseira

tem coisa boa e ruim
muitas histórias pra contar
mas o que é mais importante
é que amo esse lugar.

Carol Chiovatto participa de debate virtual sobre a obra O Mágico de Oz

O Clube de Leitura “João Garcia Furtado da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) é um sucesso. Hoje (12/09/2020) fizemos uma atividade importante para discutirmos a obra o Mágico de Oz, com participação da escritora e tradutora de livros da série Mágico de Oz, Carol Chiovatto.

O encontro virtual foi realizado por meio da plataforma Google Meet e foi coordenado pela acadêmica Jessythanya Carvalho Santos que explicou a metodologia do debate, apresentando todos os presentes na sala virtual, bem como fez um breve relato sobre o currículo da escritora, Carol Chiovatto, que é doutoranda (Inglês-USP), escritora, tradutora de obras sobre o Mundo Mágico de OZ, é a autora do livro Porém Bruxa.

Após a apresentação da escritora, a coordenadora do debate passou a palavra à professora Lourdes Campos que fez uma rica apresentação sobre vida e obra do autor do Mágico de OZ, Lyman Frank Baum.

Ato contínuo a convidada iniciou o debate, fazendo considerações interessantes sobre a obra. Em seguida, alunos, acadêmicos e professores discorreram sobre as suas impressões sobre a obra e realizaram perguntas à debatedora que dirimiu as dúvidas dos participantes sobre o papel dos personagens da obra, sobre os valores de capacidade de liderança, perseverança, amizade, coragem, humildade, individualidade, respeito, possibilitando reflexão sobre o contexto histórico e atual sobre a obra em análise.

A debatedora presenteou a ALCAP com algumas obras sobre o maravilhoso Mundo de OZ e a Academia a presenteou-a com as obras Dicionário do Baixadês e Curiosidades Históricas de Peri-Mirim dos acadêmicos Flávio Braga e Francisco Viegas, respectivamente. Houve o sorteio de dois livros entre os alunos inscritos no clube.

O debate superou as expetativas, possibilitando um novo olhar sobre a obra analisada. Após o encontro, a escritora postou em seu Twitter, o seguinte: “Acabei de falar sobre Oz com alguns alunos no ensino médio e da academia de letras de Peri Mirim (MA) Nada é mais legal, enquanto pesquisadora, do que poder falar da minha pesquisa com uma turma que leu o livro que o originou e está a fim de conversar”.

O Projeto Clube da Leitura da ALCAP está avançado para se tornar referência no estímulo aos jovens e adolescentes no maravilhoso munda da leitura. Quem ainda não leu a obra em apreço, acesse o link e delicie-se com a leitura do: O Mágico de Oz