CARLOS ANTONIO ALMEIDA

Carlos Antonio Almeida, filho de Antonio Nóbrega de Almeida e de Ivonete de Sena Almeida, nasceu na cidade de Mamanguape, Estado da Paraíba, no dia 1º de maio de 1946. Casado com Delzanira Nunes Almeida, perimiriense, tem dois filhos: Marihusha Nunes Almeida, enfermeira e, Charles Antoine Nunes Almeida, advogado e funcionário do INSS.

Iniciou sua carreira no magistério no ano de 1992, no governo de Carmem Martins, lecionando Educação Moral e Cívica (EMC) e Organização Social e Política do Brasil (OSPB), na Escola Cenecista Agripino Marques, que na época, tinha como diretor Raimundo João Santos, mais conhecido como Taninho. Já no ano seguinte, passou a lecionar Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. Nessa época, de 1996 a 2002, era também, Agente Administrativo do Estado do Maranhão, quando, em 2002, teve que pedir exoneração para assumir o cargo de Professor do Estado para o Ensino Médio, a fim de lecionar Língua Portuguesa/Literatura, no Centro de Ensino Artur Teixeira de Carvalho, onde ainda é professor, embora esteja afastado de sala de aula por motivo de saúde.

Graduado em letras pela Universidade do Estado do Maranhão – UEMA, em 2002, com especialização em Orientação Educacional pela Universidade Cândido Mendes – “Lato Senso” Rio de Janeiro/2006, tem, inclusive, outros cursos na área educacional, oferecidos pelo Estado.

Seu interesse pela língua portuguesa vem desde o tempo em que ainda era estudante secundarista (ginásio e científico) hoje, ensino fundamental e médio. Provavelmente, por ter estudado durante cinco anos no seminário franciscano, em João Pessoa/PB e em Lagoa Seca/PB, bem como no Liceu de João Pessoa/PB, onde teve a oportunidade de estudar latim no seminário e encontrar sempre bons professores da língua portuguesa, é bem provável que todo esse contexto tenha contribuído bastante pelo interesse da língua portuguesa.

Ainda, quando na sua juventude, em João Pessoa, tinha o hábito de se encontrar com amigos, aos sábados e domingos, para discutir sobre quem leu tal livro. Era interessante, pois, enquanto nós rapazes discutíamos sobre obras literárias, sentados nos bancos da Praça João Pessoa, as moças passeavam de mãos dadas, como se estivessem desfilando e almejassem encontrar alguém entre nós para namorar.

Portanto, muito antes de ser professor tinha o hábito e o gosto pela leitura de obras literárias, não somente brasileiras, mas também de outras nacionalidades, como as de Morris West, escritor australiano: (As sandálias do pescador, A filha do silêncio, O advogado do diabo), Antoine de Saint-Exupéry, escritor francês: (O pequeno príncipe), Miguel de Cervantes, escritor e dramaturgo espanhol: (Dom Quixote De La Mancha). Já na literatura brasileira admirava as poesias de Gregório de Matos Guerra (A Jesus Cristo Nosso Senhor), de Gonçalves Dias e de Cruz e Souza, que são várias. Nos romances são destaques as obras de Machado de Assis (Memórias póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba), Manuel Antonio de Almeida (Memórias de um sargento de milicias), Bernardo Guimarães (A escrava Isaura), Raul Pompéia (O Ateneu), Aluísio Azevedo (O cortiço, O mulato, Casa de Pensão). Na literatura maranhense, Josué Montello (Os tambores de São Luís, Cais da sagração), Ferreira Gullar (Poema sujo), José Sarney (O dono do Mar), entre outros autores e obras.

Além de professor, teve a oportunidade de ser diretor da Escola Municipal Cecília Botão durante quatro anos, no mandato do Senhor DeJesus, depois, por mais quatro anos no mandato de João Felipe, e, atualmente, no governo de Geraldo Amorim, volta a dirigir a mesma escola pela terceira vez, procurando sempre fazer o melhor pela educação dos filhos de Peri-Mirim/MA.

A sua maior alegria é saber que hoje, muitos ex-alunos estão graduados em várias especialidades, tais como, enfermagem, odontologia, pedagogia, letras e sociologia. É muito gratificante quando se encontra com um ex-aluno e recebe aquele abraço carinhoso e ele diz: “professor, hoje estou formado. Ou diz, trabalho em tal empresa”. “Nunca mais esqueci…”, são tantas coisas bonitas que se escuta. Como é bom ser professor!

Nas reuniões que precederam a instalação da ALCAP, declarou que: “Sabemos que fazer parte da fundação da Academia é um orgulho muito grande, mas, acima de tudo, devemos ter consciência que do outro lado há pessoas muito mais inteligentes e mais capazes que nós “acadêmicos”, por isso, a humildade, para nós, deve estar sempre acima de qualquer situação”.

Por estas razões, Carlos foi candidato a ser um dos fundadores da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) porém, por razões de saúde, desistiu antes de ocupar uma das cadeiras. Professor Carlos faleceu em Peri-Mirim no dia 17 de abril de 2023, deixando um legado ímpar na Educação do munícipio, à medida em que dedicou sua vida na formação de jovens e adultos.

JOÃO BATISTA LIMA

Por Ana Creusa e Ana Cléres

João Batista Lima nasceu em 15 de março de 1931, no Bairro de Portinho, no município de Peri-Mirim/MA. Filho de Raimundo Lima e Raimunda França Lima. Afirmou que teve 16 (dezesseis) irmãos e que ainda tem uma irmã viva que mora em Brasília.

Estudou até o 4º ano com a professora Santinha Miranda. Vinha caminhando do Portinho até a sede para estudar. O ensino era na palmatória. A professora batia nas pernas. No dia do “Argumento” ele sentava-se no final da sala para dar bolo nos colegas que erravam a Tabuada ou na leitura.

Vereador na época de Zé Bacaba. Conviveu com Agripino Marques. Conheceu Ignácio de Sá Mendes, que morava na esquina, onde hoje funcionou Centro de Ensino Médio Escolar Artur Carvalho (antigo CEMA).

Lembra que a Igreja de São João Batista do Portinho foi fundada por Secundino Pereira, cujo barco também homenageava o Santo.

João Lima casou-se com Maria Celeste Martins Lima. Tiveram 10 (dez) filhos, todos vivos: Maria do Sacramento Lima; Dulcineia Lima Barros, José Ribamar Lima, João Lima Filho, Jaime Martins Lima, José de Jesus Lima, Assunção de Maria Lima, Doralice Lima Nunes, Jadilson Martins Lima e Maria do Livramento Lima.

Foi vereador por vários mandatos, informou que as reuniões eram marcadas pelo Prefeito e que não existia remuneração para os vereadores. Foi empregado do Estado do Maranhão, vigia do CEMA, nomeado pelo Governador João Castelo.

João Lima foi responsável por várias obras, como a estrada do Portinho. Lembra que o prédio antigo da prefeitura fora construído por Marcionílio, que era do Povoado Santana e morava na Rua do CEMA. Teve conhecimento que Marcionílio era juiz. Lembra que a 1ª professora da Escola São João Batista foi Irani, filha de Luís Escovado, que casou com a filha de Ignácio de Sá Mendes.

Quanto à rivalidade entre as pessoas residentes da sede e os moradores do Portinho, diz que existia essa contenda, mas, que nunca se envolveu, pois, “não era de briga”.

Diz que conheceu José dos Santos, que era conhecido por ser forte, que amassava barro para fazer telhas e tijolos e era amigo de todos e que brincava Bumba Boi, que João Lima também era apreciador. Recorda que existia uma grande competição para ver quem se vestia melhor na festa de São Sebastião.

Disse que o Padre Edmundo ficou muito tempo na paróquia de Peri-Mirim, tem fortes recordações do Casarão das Freiras, as quais trabalhavam na área da Saúde. Também lembrou das parteiras: Rosa, mãe de Severino; Nharinha, mãe de Albertina, irmã de Rita de Osmar, as quais prestaram relevantes serviços à comunidade em uma época que os partos eram feitos de forma rudimentar e na casa da parturiente.

Recorda que a Cooperativa dos Produtores Rurais de Peri-Mirim foi fundada pelo Padre Gerard Gagnon e foi muito importante para os trabalhadores que tinham onde vender seus produtos a preços justos.

Acompanhou vários melhoramentos no município de Peri-Mirim, como a instalação da energia elétrica. Andou de avião teco-teco a partir do Campo de Pouso, com destino a São Luís, levando a sua esposa doente.

João Lima é muito querido em sua comunidade, tem vários afilhados, goza de boa saúde, trabalha no comércio, ainda faz contas e tira prova. É apreciador da cultura popular e mantém viva algumas superstições. Por exemplo, recebeu as entrevistadoras com a camisa do lado do avesso, para não “pegar mal olhado”.

 

OSVALDO ALVES

Por Ana Creusa e Ana Cléres

Osvaldo Alves, conhecido como Brigador, nasceu na sede de Peri-Mirim, em 19 de agosto de 1932. Filho de Mundico Castro e Juliana Maria Lopes Alves. Trabalhava com agricultura e pesca, mas, sua atividade principal era trabalhar com o gado de propriedade de Vadico, irmão de Cotinha de Osmar. Estudou até o 1º ano primário na Casa de Santinha Miranda, a educação era “na palmatória”. Teve que parar de estudar para poder trabalhar e ajudar sua mãe.

Perguntado sobre a sua alcunha de Brigador, Osvaldo falou que morava com sua mãe no local onde depois residiu Sipreto, saía escondido de casa e ia lutar com os amigos no Bairro Campo de Pouso, onde era conhecido como bom de briga.

Casou-se com Nelci, com quem teve 09 (nove) filhos: José Luís Lopes Alves (in memoriam); João Pedro; Osvaldo Alves Filho; Nilton; Francite; Marinete; Lucinete; Carlos Alberto e Josuel.

A casa de Osvaldo e Nelci, localizada na entrada da cidade, era utilizada para abrigar alunos da zona rural, especialmente dos povoados: Poções, Ponta D´Poço, Cametá e Ilha Grande. Os filhos de Zé Santos, Santinho, Dico Nunes e outros, sempre tomavam banho e trocavam roupas para irem à Escola. A criançada eram bem tratada pelo casal.

Perguntado sobre as suas lembranças sobre os prefeitos de Peri-Mirim, Osvaldo respondeu que lembra de Tarquínio de Souza, que morava na Tijuca, tinha engenho, onde um macaco de ferro era utilizado como ferramenta. Muita gente trabalhava nos engenhos do Rio da Prata, Teresópolis e do Engenho Queimado que, segundo Osvaldo, ainda existe.

Também mantém fortes lembranças de Agripino Marques, Ademar Peixoto e Zé Bacaba. Ele destaca que Agripino construiu o Cemitério, a Delegacia, o Colégio Carneiro de Freitas e a Barragem do Defunto (hoje Maria Rita) em regime de mutirão, onde ele participou dos trabalhos como voluntário, assim com Zé Santos e outros. No mutirão ganhavam apenas comida e cachaça. A comida era servida em folha de bananeira. Contou que Agripino indicou a hora exata de fazer a tapagem da barragem. O barro ficou todo acumulado ao lado do canal e foi colocado todo de uma vez, segurando a maresia. Sobre Zé Bacaba, Osvaldo destaca que no seu governo foi instalado o motor de luz elétrica que funcionava somente até as dez horas da noite.

Quanto às tradições, recorda Osvaldo, com saudade, que era brincador de Bumba Boi, que nas apresentações sempre era chamado a participar de lutas como diversão para os presentes, mas para ele era sério, pois, não admitia perder e assim mantinha a sua fama de brigador. Também gostava de brincar Carnaval e do festejo de São Sebastião, cujas roupas eram compradas em São Bento, sempre feitas no capricho pelo alfaiate Antônio Porca e os sapatos, por Antônio de Coió e Chico Putuca. No Festejo de São Sebastião sempre caprichava no paletó.

Conta que era compadre de Jacinto Pinto, padrinho do seu filho Carlos Alberto. Seu compadre foi morto no Povoado Xavi na véspera de ano novo. O corpo passou em sua porta, foi motivo de muita tristeza e comoção.

Osvaldo, com sua memória prodigiosa, falou sobre o carpinteiro Antoninho Lobato, dos marceneiros Jair Amorim e Albino, seus colegas de festas. Afirmou que conheceu Naísa Amorim, que era professora, morava no mesmo local onde posteriormente viveu Paulo Dentista, em frente à casa de Dedeco Mendes. Disse, ainda que conheceu os filhos de João de Deus do Feijoal, especialmente: Manoel Martins, Procório, Benvindo e Isabel Nunes. Conheceu também o Coronel Carneiro de Freitas, que quando vinha a Peri-Mirim, sempre se hospedava na casa de José Gomes, que era irmão de Miguel Gomes que, por sua vez, era marido de Mundica Gomes, mãe de Chiquinho e Borges Gomes.

Recorda com carinho da sua mãe que educava os filhos com rigor, mas não costumava bater. Ele é o 2º filho. Sua mãe os colocava nos trabalhos da roça, tinha muita fartura, fazia farinha na casa de Zé Barreira.

A convite da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), no dia  25/01/2024, Osvaldo Alves participou da Expedição com acadêmicos, professores, alunos e idosos, participou das visitas às obras da Barragem Maria Rita. Osvaldo, visivelmente emocionado, comentava cada momento marcante que o fez voltar ao tempo em que participou da construção da barragem, que àquela época levava o nome de Barragem de Defunto.

Raimundo Martins Nunes

Por Rosilda Pinheiro Nunes, Robson Pinheiro Nunes e Rouseli Pinheiro Nunes, com revisão de Diêgo Nunes Boaes

Raimundo Martins Nunes nasceu no Povoado Canaranas aos 06 de setembro de 1948, filho de Jose Evaristo Amorim Nunes (Zé Grande) e Antonia Paula Martins Nunes (Tonha). Teve três irmãos sendo Domingos Martins Nunes, Ana Luiza Nunes Martins e Raimundo Gabriel Amorim, família de classe baixa, humilde, mas com muita dignidade educaram-no com respeito e ensinaram-no a lutar para ser alguém na vida. Devido às dificuldades da vida iniciou seus estudos quando já tinha 12 anos terminando o ensino primário com 17 anos. Tendo que se contentar com o que o município oferecia, pois, naquela época, década de 60, só continuava seus estudos as pessoas, filhos de família de classe média alta que podiam mandar seus filhos estudar fora. Como seus pais não podiam mandá-lo estudar em São Luís teve que esperar e trabalhar na lavoura juntamente com estes, perdendo o gosto assim pelo estudo.

Iniciou sua vida religiosa na comunidade de JJM, sendo convidado para participar de uma preparação para catequista no município de Guimarães, o qual aceitou e foi de bicicleta até lá. No dia 18 de janeiro de 1974 casou-se com Rosilda Pinheiro Nunes e deste casamento nasceram 4 filhos: Rouseli Pinheiro Nunes, Raimundo Martins Nunes Junior, Robson Pinheiro Nunes e Roberth Pinheiro Nunes. Em 1977 voltou a estudar fazendo o curso ginasial, logo após, o curso Normal e em 2003 iniciou a faculdade de Pedagogia concluindo a mesma no ano de 2007.

A convite do saudoso Padre Ubirajara entrou para faculdade de Teologia a qual realizou no Centro de Formação de Mangabeira juntamente com outros colegas da nossa Paróquia, e com o incentivo do saudoso Padre Ubirajara, Padre Sarges e do Padre Marcio iniciou o estudo para o Diaconato Permanente no mesmo período, recebendo o Sacramento da Ordem como Diácono Permanente no dia 30 de maio de 2015.

Sipreto como era conhecido por todos é igual a seu Fulgêncio (pau para toda obra). Foi lavrador, marceneiro, fotógrafo, professor, foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Peri-Mirim (STTR) durante doze anos, foi vereador durante 16 anos, abdicando deste último para se dedicar à vida diaconal, sendo incentivado por sua esposa, filhos, demais familiares, padres e amigos.

O Diácono Sipreto fez sua páscoa no dia 10 de fevereiro de 2024 estando junto ao seu netinho Pablo, seus pais Zé Grande e Tonha e deixando como maior legado sua família: esposa Rosilda; os filhos Rouseli, Raimundo Junior, Robson e Roberth e seus amados netinhos: José Erick, Maria Eulalia, Robson, João Víctor, Guilherme, Mariana, João Gabriel e Ravi Luca; e seu bisneto Zion.

Jaime Lima Campos

Por Assunção de Maria Martins Lima, com revisão de Diêgo Nunes Boaes

Jaime Lima Campos, brasileiro, natural de Peri Mirim-MA, militar, residia no bairro do Portinho, filho de Alexandre Campos e Isabel Lima Campos, pai de 06 filhos, nasceu no dia 14 de maio de 1941 e faleceu no dia 14 de outubro de 2018 no Centro Médico Maranhense em São Luís.

Formado em Técnico de Contabilidade pela Escola Técnica e Comércio do Centro Caixeiral de São Luís-MA. Serviu a Polícia Militar do Maranhão em setembro de 1967 e se aposentou como subtenente em 02 de abril de 1991.

A volta de Jaime para sua terra natal foi com o intuito de ajudar os seus amigos e conterrâneos, visto que foi convidado por um grupo político registrado sob a legenda PTB onde foi lançado candidato a vereador, sendo eleito com um mandato de 1999 a 2002.

Trouxe em sua bagagem, sonhos e um desses sonhos foi realizado quando fundou a Associação de Moradores do Bairro do Portinho, tendo ele conseguido o êxito com o então Governado Edson Lobão, a construção do prédio da associação de moradores, onde funcionava a Creche Menino Jesus, na direção da professora Delza Pereira Alves, com um quadro bem elevado de funcionários e colaboradores.

Jaime foi funcionário público municipal da prefeitura de Peri-Mirim de 1988 a 1992, pela Secretaria de Ação Social, na gestão da prefeita Carmem Martins, da qual tinha maior respeito e admiração. Presidente da Escola do Império do Samba por três anos consecutivos. Membro fundador da Associação de Difusão Cultural e Comunitária Peripiaba, a rádio do município. Nomeado como membro da Comissão de Acompanhamento e Avaliação dos Servidores Público de Peri-Mirim.

A Associação de Moradores do Bairro do Portinho foi fundada em 28/06/1987 por meio dela, Jaime conseguiu 53 casas pelo projeto da então deputada Nice Lobão, das quais 49 foi para o bairro do Portinho e as demais para o bairro Campo de Pouso.

Jaime Lima como era mais conhecido, deixou um grande legado em nossa cidade, exemplo de pai, esposo, amigo e muito influente na política e no esporte.

Adelar José Álvares Mendes

Por Ana Cléres Santos Ferreira

Adelar José Álvares Mendes, popularmente conhecido como Dedeco Mendes, é natural de Peri-Mirim/MA, nasceu em 20 de janeiro de 1926. Filho de Raimundo Botão Mendes e Mariana Álvares Mendes. Casou-se em 30 de janeiro de 1967 com Lêda Maria Pereira Amorim, que passou a denominar-se Lêda Maria Amorim Mendes, conhecida como Dona Ledinha. Tiveram como testemunhas de casamento Agripino Álvares Marques e Julieta de Castro Marques. Da união matrimonial, nasceram três filhos: Solange Amorim Mendes; Cleon Saluc Amorim Mendes e Adelar José Álvares Mendes Júnior.

Iniciou seus estudos em Peri-Mirim, posteriormente, cursou o Técnico em Enfermagem, onde aprendeu várias técnicas de cuidados médicos e farmacológicos.

Desempenhou as funções de funcionário público municipal.

Adelar desenvolveu a técnica da farmacologia, na prática, foi o médico da região onde a população se dirigia ao profissional para receber assistência à sua saúde numa época em que os serviços médicos eram raros e, por vezes, inacessíveis. Com sua técnica apurada e conhecimento da composição dos remédios, os quais vendia em sua farmácia atendia a população na assistência médica e farmacêutica, sempre com um atendimento humanizado caracterizado por empatia, compreensão e diálogo. Tanto ele receitava os medicamentos, como os aplicava. A confiança do Sr. Dedeco era imensa. Ela ajudou a combater preconceitos, como a resistência a tomar vacinas – aconselhava os pais a aplicar as vacinas nas crianças, em uma época em que a mortalidade infantil era muito grande por doenças como: verminoses, desidratação, desnutrição, sarampo, coqueluche, cataporas e outras enfermidades.

A Farmácia do Sr. Dedeco funcionava em um ponto contíguo à sua casa, o que permitia que ele atendesse a qualquer hora do dia e da noite. Muitas vezes, os doentes dos povoados eram trazidos em cavalos ou em redes que serviam para locomoção do paciente, pois precisavam ser medicados com urgência.

O atendimento do Sr. Dedeco era como dizemos nos dias atuais, personalizado, ele nunca se negou atender ninguém que precisasse dele, sempre com um sorriso no rosto a qualquer hora do dia ou da noite. Tinha sempre o remédio ideal, quando não tinha o prescrito na receita ele subistituia por outro similar, ele ficou conhecido por usar muito a frase “fabulosa”: – “Ah esse remédio é fabuloso” e assim pela fé que a população tinha em seus conhecimentos ele tinha sempre o remédio que curava.

Informações fornecidas pela esposa Lêda Maria Amorim Mendes pela filha Solange Amorim Mendes, informações adicionais fornecidas por Eni do Rosario Pereira Amorim.

Zaira Miranda Castro

Por Jucilea de Jesus Ferreira Cabral

Zaira Miranda Castro nasceu em Peri-Mirim no dia 27/08/1925 e faleceu no dia 26/02/2012. Filha de João Capistânio Gomes de Castro, ex-prefeito interino, e de Isabel Miranda Castro, união esta que gerou ainda mais 05 irmãs: Celeste Miranda Castro, Diva Miranda Castro, Eline Miranda Castro, Hulda Miranda Castro e Olga Miranda Castro e 4 irmãos: Arnaldo Miranda Castro, Esdras Miranda Castro, Antônio Custódio Miranda Castro e Valber Miranda Castro. Casou-se no dia 20/06/1975 com o senhor José Ribamar Martins Amorim, não teve filhos. Morou por muitos anos em São Luís e no Rio de Janeiro. Estudou em Peri-Mirim, São Luís e Rio de Janeiro.

Sua formação foi no Colegial, além de Corte e Costura, onde teve como profissão. Foi professora de alta costura na Singer no Rio de Janeiro, por longas datas. Se converteu na Igreja Presbiteriana Independente. Quando voltou para Peri-Mirim se congregou na Igreja Batista a qual se tornou líder durante uns 40 anos. Era filha do prefeito de Peri-Mirim, mas nunca seguiu carreira política, a sua vida pública, sempre foi se dedicar à igreja e como professora de corte e costura e costureira. Mulher destemida, militante na questão religiosa, mulher valente, inteligente, que vivia além de seu tempo.

Manoel Lopes

Por Edna Jara Abreu Santos

Manoel Lopes, mais conhecido como “Nhozinho”, nasceu em 02 de agosto de 1926 na cidade de Peri-Mirim, filho de João Boás e Genoverva Lopes. Casou-se com 18 anos com a professora leiga Maria José Martins Lopes (23/10/1923 – 28/01/2003), o qual teve 13 filhos.

Quando seus primeiros filhos nasceram, teve a necessidade de buscar trabalho em São Luís e lá ficou por cinco anos. Em uma das suas vindas à Peri-Mirim, comprou uma residência no povoado Poções de ‘Zé Bacaba’ e transformou em ponto de comércio. Para a pequena família se locomover até lá, era preciso atravessar de canoa e ainda ir sobre bois. A casa continha apenas um quarto, uma sala pequena e uma varanda bem extensa cheia de tamboeiras até o teto.

Além de revender mercadorias diversas em seu pequeno comércio, gostava de fazer serviço social. Na verdade, toda sua família ajudava como podia a todos da comunidade que lhes procuravam, seja com ajuda de custos em construções de casas, compra de alimentos e remédios, assistência médica, transporte de pessoas para outras localidades e outros.

Além disso, mandou construir um campo de bola e um poço em suas terras para sua família usufruir e também para servir a todos da comunidade. Em seu vasto quintal tinha o chamado “Bananal”, por ser cheio de frutas de vareadas espécies, onde ele podia alimentar os filhos e presentar quem o visitasse.

Na década de 50, o Brasil era um país pobre e agrícola, onde levavam uma vida simples, com quase nenhuma tecnologia à disposição, com exceção de alguns raros aparelhos de rádio. Na baixada maranhense, a pobreza e fome imperavam, por compaixão, Nhozinho sentia prazer ajudar com o pouco que podia e gostava de ter sempre sua casa cheia de pessoas.

Suas terras, além de extensas no povoado Poções, eram ricas, pois nelas brotavam “ouro” do solo fértil e ele precisava ser lapidado pelas “Quebradoras de coco de Nhozinho”. Memoráveis mulheres como: Genosa, Varista, Luzia, Madalena e suas filhas ficaram conhecidas na época pela troca de serviço “coco de meia”, onde coletavam e lhes revendiam os cocos babaçus da sua própria propriedade.

Sua ajuda cotidiana à sociedade perimiriense fez-lhe ser conhecido e seus esforços reconhecidos por todos. Sua influência na cidade levou-o a instalar sua primeira organização sindical  no prédio da Prefeitura, com o objetivo inicial de incentivar, defender os trabalhadores e ir em busca dos seus direitos.

Já no dia 17 de março de 1973, na gestão do Prefeito Deusdete Gamita Campos (1973-1976), aos 47 anos, ele fundou o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Peri-Mirim, sede localizada até hoje à rua Rio Branco, Centro, foi o primeiro presidente aclamado e sua gestão durou por vários anos.

Em todos seus mais de 50 anos de fundação, muitas lutas foram travadas, em prol dos lavradores em mais de 90 comunidades e muitos direitos foram reivindicados, mediante reuniões com pautas de negociações com governantes. Se fosse necessário, ocupavam prédios públicos, faziam passeatas, movimentos, iam ao congresso…com essa luta árdua, muitas vitórias foram alcançadas.

Como bem lembra o servidor aposentado Francisco Júlio de Oliveira (Chico Grande) com 77 anos, que acompanhou a partir dos anos 90 a luta do Sindicato, com conquista de direito à aposentadoria – a mesma era 65 anos tanto para homem, quanto para mulheres, nos dias atuais tem direito: homem 60 anos e mulher 55 anos; ao auxílio doença (homem e mulher), conseguiram pensão por morte (ambos os sexos), salário maternidade, direito à terra, mais médicos, dentistas e outros.

Manoel Lopes (Nhozinho) comprou uma residência na Rua Desembargador Pereira Júnior, Centro, onde viveu até o resto de seus dias. Foi candidato a vereador e era bem religioso. Estimava muito a presença de todos os filhos nas principais refeições. Sua esposa ensinava e costurava, suas filhas ajudavam na escolinha e onde era necessário. Quando partiu deste mundo, em 23 de março de 2001 (aos 75 anos), deixou 14 filhos, 36 netos, 16 bisnetos e grandes contribuições aos perimirienses de caridade, ajuda ao próximo e luta pelos direitos básicos. Seu legado eternizou-se com a nomeação do Sindicato em sua homenagem.

Luiz Gonzaga Campos

Por Eni do Rosario Pereira Amorim

Luiz Gonzaga Campos popularmente conhecido como “Luis Bode”, filho ilustre de Peri-Mirim, nasceu em 21.06.1930 e faleceu 20/04/2018.

Pais: Teodoro Campos e Libânia Pereira  Campos

Casado com Maria Madalena Campos com a qual teve dez filhos, seis mulheres e quatro homens os quais educou eticamente.

Filhos: Luisa Libânia Campos, Luis Gonzaga Campos Filho (in memoriam), Roseli Campos, José Augusto Campos, Marineusa Campos Ferreira, Aldemir de Jesus Campos (in memoriam), Maria Luana Campos, Teodoro Campos Neto, Jeane Martins Campos, Cintia Cristina Martins Campos.

Seguindo a ordem de serviços na carteira profissional:

Ano 1948 – trabalhou na empresa J.A Castro & cia (escritório de representações) no cargo de contínuo.

Empresa Raiol & cia (escritório de representações) no cargo de contínuo.

1949 –  Santa Casa de Misericórdia  do Maranhão onde exerceu o cargo de servente, aprendeu vários procedimentos que o qualificaram na profissão de enfermeiro auxiliando em pequenas cirurgias, curativos, aplicação de injeção, aplicação de sondas, sendo maqueiro e foi ganhando experiência na área de enfermagem e dentista.

Em 1970 retornou a Peri-Mirim na qual além da atividade de lavrador, exerceu na comunidade a função de dentista e enfermeiro em residências e povoados e na sua residência, auxiliando em pequenas cirurgias como: extração de bala de revólver e chumbos de espingarda, suturas, imobilização de fraturas, sondas, curativos em ferimentos e cortes, extração de dentes, recolocação de mandíbula entre outros.

Teve um trabalho significativo no município como “guarda sanitarista” em uma época aonde havia muita pobreza, os recursos eram escassos, as “tecnologias” não chegavam, havendo grandes dificuldades de transporte, educação e comunicação.

Andando pelos caminhos mal traçados, a pé, de canoa ou montado às costas de um animal, lá estava ele, não media as dificuldades encontradas no caminho; isso é amor à profissão, isso é serviço à quem necessita.

Ajudou arduamente a população na conscientização e prevenção de doenças como esquistossomose, hanseníase e tuberculose que na época vitimou muitas pessoas da comunidade.

Nos anos 1980 foi nomeado enfermeiro no posto de saúde Santa Terezinha realizando atendimento á população, entregando remédios, curativos, vacinas e partos entre outros.

Ainda exerceu trabalhos de vigilante sanitário na fiscalização de produtos vencidos em comércio no município e vizinhanças.

Foi lavrador, pescador, caçador, um bom filho, um bom pai e um bom cidadão.

Entrevista feita com os filhos: Cintia Cristina Martins Campos, Marineusa Campos Ferreira e Luisa Libânia Campos.

Maria de Jesus Castro Martins

Por Maria do Carmo Pereira Pinheiro

Maria de Jesus Castro Martins, popularmente conhecida como Dona Morena, nasceu em Perimi-Mirim-MA no dia 07/03/1927. Tendo como pais Joana Darc Silva Castro e Almir Gomes de Castro. Seu esposo era José de Ribamar Martins.

Irmãos: Maria dos Remédios Castro, Helena Castro, Tereza Castro, Almir Castro, Adalto Castro e Alcina Castro,

Filhos: José Maria Castro Martins, Marilurdes Castro Martins, Antônio Pádua Castro Martins, Idivanda Castro Martins, Ivanoel Castro Martins, Maria de Fátima Castro Martins, Raimunda das Neves Castro Martins, Raimundo Nonato Castro Martins, Sebastião de Jesus Castro Martins, Almir Castro Martins, Edson Castro Martins, Francisco de Assis Castro Martins, Maria Laudames Castro Martins. Teve também muitos netos e bisnetos, deixando um legado de amor e dedicação à família.

Educação e Formação: Seus filhos não souberam informar onde estudou, mas sabem que Dona Morena teve sua formação em Peri-Mirim. Ela foi uma grande parteira tradicional, ou parteira leiga com grandes saberes em sua prática tradicional e conhecimentos éticos e culturais. Vocação essa que exerceu com maestria e generosidade, gratidão e amor ao longo da vida.

Vida e Atuação: Mulher sábia, de muitas habilidades, Dona Morena era conhecida por sua generosidade e coração gigante. Atuava como parteira, sua prática se configura como uma prática popular, reconhecida e respeitada pela sua comunidade. Ela se concretiza através das orações, do uso de plantas medicinais, de superstições e de simpatias. Embora essas práticas não sejam de credibilidade de todas as parteiras, a fé é sempre incorporada como regra e parâmetro para que o trabalho de parto aconteça sem maiores problemas, independentemente de religião. Entre os seus saberes estavam: benzimentos, rezas, orações, banhos, chás e remédios caseiros.

A dureza do trabalho, as longas caminhadas, as privações e as dificuldades faziam parte da trajetória das parteiras tradicionais, também a falta de material, treinamento, transporte, acesso dificultado e ambiente de trabalho precário representavam condições desfavoráveis ao bom desempenho de suas funções favorecendo a diminuição da capacidade física e psíquica das parteiras. Essas condições adversas expressavam, também, uma condição de vida margeada por sentimentos de medo, incerteza, insegurança e tensões.

Sentimentos como medo e coragem, alegria e tristeza, sofrimento e prazer são sentimentos constantes no trabalho de uma parteira demonstrando ter consciência dos riscos de vida a que a mulher e o recém-nascido estão sujeitos, quando um parto se realiza em domicilio rural.  Mas também há os sentimentos positivos, entre eles, alegria e satisfação relacionados com o êxito no trabalho e, desta forma, significam reconhecimento, status e valor social como era reconhecida Dona Morena como uma excelente parteira no Município de Peri-Mirim.

Diante das dificuldades acima citadas, Dona Morena possuía um quarto em sua casa, construído por seu marido, onde passou a realizar atendimentos e acolhia a gestantes prestes a dar à luz. Muitas grávidas passavam o último mês de gestação sob seus cuidados e só partiam após o nascimento do bebê. Muitas vezes, não cobrava por seus serviços, movida pelo desejo de ajudar. Seu último parto foi o de seu neto Cristhyan, filho de Maria Laudames. Além disso, Dona Morena abrigava estudantes vindos de povoados distantes que precisavam estudar na sede do município. Seu espírito acolhedor fazia com que ninguém saísse de sua casa sem comida, sem água ou sem um atendimento, mesmo quando ela mesma não se sentia bem.

Religião e Filosofia de Vida: Dona Morena era católica e também seguia ensinamentos espíritas. A sua prática de trabalho estava voltada para ajudar aqueles que a procuravam, principalmente em meio às dificuldades de atendimento médico no município pelo poder público. Suas palavras de sabedoria marcaram profundamente seus filhos. Entre suas frases mais lembradas, destacam-se: “Escorregar não é cair, a carga é ruim para quem não sabe conduzir.”  “Deixa o rastro, mas não deixa o nome.” (Dita aos filhos quando saíam sem ela): “Não estou nem aí, sou que nem cera: só quero quem me queira. Espero a pessoa aqui porque o meu batente é de pique.” (Expressão usada quando se sentia magoada.)

Legado: Dona Morena deixou um exemplo de força, generosidade e sabedoria. Sua vida foi dedicada ao cuidado do próximo, seja através do acolhimento, da medicina popular ou dos ensinamentos passados para seus filhos e netos. Seu nome permanece vivo na memória daqueles que tiveram o privilégio de conhecê-la e que foram tocados por seu amor e dedicação. Deixou um grande legado e muitas saudades. Partiu deste mundo em 11 de julho de 2016.

Entrevista concedida por: Maria Laudames Castro Martins e Sebastião de Jesus Castro Martins (seus filhos).