Academia de Peri-Mirim inova no Amigo Secreto de Natal

Depois do sucesso da  I Feira de Troca de Mudas, Sementes e Saberes que ocorreu durante a IV Ação de Graças na Jurema, promovida pela Família Santos, a Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) resolveu promover a troca de mudas de plantas durante a confraternização de Natal deste ano de 2021.

A brincadeira consiste na troca de mudas de plantas, ornamentais ou frutíferas, como presentes do Amigo Secreto entre confrades e amigos. Mais uma ação dentro Projeto Plantio Solidário “João de Deus Martins” mantido pela Academia.

Feira de Troca de Mudas, Sementes e Saberes na Ação de Graças na Jurema

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense  (ALCAP) participou da IV Ação de Graças na Jurema, dia 20 de novembro de 2021, durante o evento promoveu, por meio do Projeto Plantio Solidário, a primeira Edição da Feira de Troca de Mudas, Sementes e Saberes.

O objetivo da feira é preservar a biodiversidade, promover a educação ambiental e estimular a alimentação saudável e orgânica, que foi coordenada pro Jessythannya Santos. As mudas foram fornecidas pela UEMA, por meio do Prof. Dr. Gusmão Araújo e pela comunidade interessada na troca das mudas.

Além de mudas de hortaliças, legumes e vegetais, foram trocadas plantas ornamentais, como por exemplo, flores e cactos, bem como frutíferas e não-frutíferas, plantas medicinais, sementes e muito conhecimento. Contudo, por ser um evento gratuito e não possuir inscrição não foi registrada a quantidade de plantas disponíveis. Para participar, bastou levar uma muda e/ou sementes, para troca ou doação no local.

O evento deste ano não contou com a participação do engenheiro agrônomo ou outro especialista, Mas algumas orientações foram repassadas.

A feira, conforme relatou a coordenação, foi muito bem aceita pela comunidade, pois agregou conhecimentos sobre cultivo e ecologia, os quais foram compartilhados pelos participantes.

 

Vá, e entrega-te ao vício da embriaguez!

Por Ana Creusa

José dos Santos, meu pai, era um contador de histórias. Ele estudou apenas três meses. Depois desse período, a professora mandou comprar-lhe livro de 2º ano primário.

As aulas foram interrompidas e o menino ficou com seu livro, leu e releu, memorizou todas a lições, que depois contava a seus filhos. Memorizou todos os afluentes do Rio Amazonas, margem direita e esquerda; os números do Jogo do Bicho em verso e outras histórias memoráveis.

Uma história que me marcou muito e que me causava medo, mas que contém uma lição de vida que não pode passar despercebida, trata-se da história chamada “Vá, e entrega-te ao vício da embriaguez[1]

Era uma vez um menino chamado Antônio, o Toinho, muito educado e obediente aos pais, mas tinha a mania de chamar “nomes feios[2]”, apesar das advertências constantes de sua mãe que dizia que esses nomes são do Maligno.

 Certo dia, a mãe mandou Toinho que fosse à quitanda comprar açúcar para temperar o café que já estava quase pronto.

No caminho, o rapazinho deu uma topada em uma pedra que o levou ao chão, levantou e desfilou sua insatisfação proferindo todos os nomes do seu imenso vocabulário: mi, di, borra de café …[3]

Ao levantar-se, tomou um susto ao ver um homem com vestes estranhas, com um gorro na cabeça, um cajado e forte cheiro de enxofre que lhe falou em tom autoritário:

– Por que me chamas, menino!?

– Eu te chamo?

Me chamaste sim. Eu sou o Lucífer e atendo por todos esses nomes que você chamou. Uma vez me chamando, eu tenho que fazer meu serviço e disse:

– Vá, mate seu pai; bata na sua mãe e na sua irmã.

– Como posso fazer isso? Matar meu paizinho, bater na minha doce mãezinha e na minha irmãzinha? Não poderei fazer isso!! Me peça qualquer coisa, menos isso!

– Eu não vim aqui à toa, você me chama todos os dias!

– Já que não queres cumprir a minha ordem, então: vá, e entrega-te ao vício da embriaguez.

Antônio chegou à quitanda. Não comprou o açúcar. Com o dinheiro comprou uma garrafa de cachaça, bebeu todo o conteúdo, sob o olhar admirado dos fregueses do pequeno comércio.

Quando chegou a casa estava totalmente embriagado. Seu pai veio ao seu encontro e o filho já lhe desferiu alguns golpes de fação que portava na cintura, o pai correu assustado. A mãe chegou e quis saber o que se passava, o filho lhe deu um tapa no rosto; a sua irmã também fora espancada.

Nesse momento a mãe, que era muito religiosa, percebeu que havia algo de errado com o filho e pôs a orar.

O filho caiu ao solo e dormiu. Ao despertar lembrou da ordem daquele sujeito estranho e percebeu que havia recebido ordem do Demônio para matar seu pai e bater na sua mãe e irmã e que ele havia se recusado, mas que a embriaguez possibilitou que o desejo do maligno se realizasse. Cansado, em gesto de gratidão, disse:

– Meu pai do céu, eu estava fazendo tudo que o Diabo mandou. Por pouco não mato meu pai e espanco minha mãe e minha irmã.

Antônio pediu perdão ao seu pai, mãe e irmã e lhes contou sobre a aparição e ordem que recebera do Satanás.

A partir daquele dia, o rapaz nunca mais chamou nome feio e voltou a ser o menino obediente de sempre. Aprendeu a lição de que o vício da embriaguez pode levar a pessoa a cometer qualquer desatino e até crimes.

[1] Papai contava que na história tinha a ilustração de um menino assustado com a aparição do demônio; [2] José detestava que os filhos chamassem nomes feios e [3] Mi (miserável); Di (desgraçado) e borra de café (porra).

Perdão Emília

Por Ana Creusa

Era uma vez um casal de jovens. Casamento marcado. Antes do casamento, uma dúvida atormentou o noivo:  se era, de fato, amado pela sua prometida.

Naquela época eram os pais que acertavam o enlace matrimonial dos seus filhos, sempre levando em consideração o dote e os laços de amizade entre familiares dos nubentes.

Para testar o amor da moça, chamada Emília; Manoel noiteceu, não amanheceu. Sumiu. Passada uma semana, nenhuma notícia do noivo. Ninguém viu em ouviu falar sobre o paradeiro de Maneco.

Emília que tinha profundo amor pelo noivo. Paixão que alimentava desde a puberdade, torceia para que seu pai a desse em casamento ao rapaz, aos olhos dela, mais o bonito e virtuoso do lugar.

Com o sumiço do noivo, Emília entrou em profunda depressão. Não conseguia mais se alimentar, depois, nem água conseguia mais tomar.

Passados quinze dias naquela situação. As famílias desesperadas. Emília não resistiu e veio a óbito. Depois do velório comovente da jovem. No dia seguinte, deu-se o sepultamento.

Era noite do dia do sepultamento, quando Manoel retornou da sua viagem. Para sua surpresa, antes de chegar a casa, soube do falecimento de Emília, de puro desgosto pelo sumiço do noivo.

Desesperado, foi ao Cemitério visitar o túmulo de Emília. Aos soluços cantou:

Já tudo dorme, vem a noite em meio
A turva lua vem surgindo além
Tudo é silêncio; só se vê nas campas
Piar o mocho no cruel desdém

Depois de um vulto de roupagem preta
No cemitério com vagar entrou
Junto ao sepulcro, se curvando a meio
Com triste frases nesta voz falou

Perdão, Emília, se roubei-te a vida
Se fui impuro, fui cruel, ousado
Perdão, Emília, se manchei teus lábios
Perdão, Emília, para um desgraçado

Monstro tirano, pra que vens agora
Lembrar-me as mágoas que por ti passei?
Lá nesse mundo em que vivi chorando
Desde o instante em que te vi e amei

Chegou a hora de tomar vingança
Mas tu, ingrato, não terás perdão
Deus não perdoa as tuas culpas todas
Castigo justo tu terás, então

Mas este vulto de roupagem preta
Tombou, de chofre, sobre a terra fria
E quando a aurora despontou, na lousa
Um corpo inerte a dormitar se via

Perdão, Emília, se roubei-te a vida
Se fui impuro, fui cruel, ousado
Perdão, Emília, se manchei teus lábios.

Esta pequena canção trata-se de parte de uma ópera, cantada por nossa avó Ricardina, nas noites de serão durante o trabalho na roca de fiar algodão, que papai José dos Santos sempre cantou para nós. Saudades eternas do nosso José.

Pesquisando na Internet, encontrei a música, que segue abaixo:

A Academia de Peri-Mirim entrega projetos ao Prefeito do município

A Academia de Letras Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), entidade que atua na promoção da cultura, literatura, artes e ciência; de grande expressão na formação das pessoas, no interesse da comunidade perimiriense., entregou, por meio de Ofício dirigido ao Excelentíssimo Senhor Prefeito de Peri-Mirim, HELIÉZER DE JESUS SOARES, 04 (quatro) projetos, idealizados pela ALCAP,  para que sejam incluídos no Plano Plurianual e na Lei Orçamentária Anual do município, os projetos são os seguintes:

1) II Concurso Artístico e Literário “Prêmio ALCAP Naisa Amorim”, premiação de alunos da rede municipal, nas categorias Desenho, Poesia, Crônica e Escola Criativa, com o tema “Os valores essenciais para a construção de um mundo melhor”;

2)  Clube de Leitura “Professor João Garcia Furtado” é um projeto de incentivo à leitura, que objetiva fomentar a leitura na comunidade perimiriense como uma prática social, bem como contribuir para a formação de uma nova geração de leitores;

3) Festival ALCAP de Cultura é um grande encontro de manifestações culturais que surge com o objetivo promover um evento democrático de ampla participação popular que incentive a prática e vivência da cultura como expressão artística, contribuindo para a difusão cultural e o desenvolvimento regional por meio da cultura tradicional e

4) Plantio Solidário considerando a crescente degradação ambiental e poluição dos rios do município de Peri-Mirim, como forma de colaborar com a preservação do meio ambiente, o projeto busca atuar no plantio de árvores nativas em áreas de degradação ambiental e preservação das espécies ainda existentes.

Os referidos projetos também foram encaminhados aos secretários de Educação, GISELIA PINHEIRO MARTINS; de Administração, PAULO SÉRGIO CORRÊA; de Agricultura, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, LUÍS EDUARDO FRANÇA TUPINAMBÁ e de Cultura, FRANK WDSON DOS SANTOS.

A ALCAP sente-se honrada em colaborar com o Poder Público no interesse da comunidade perimiriense. A execução dos projetos contam com a mão de obra e expertise dos acadêmicos da entidade, necessitando apenas de pequeno aporte financeiro, para consecução dos seus objetivos. A ALCAP agradece a recepção dos projetos que se deu em clima de confiança mútua.

A saga filosófica da turma de Peri-Mirim

Por Nasaré Silva

Amigos e companheiros

Chegou a vez de narrar,

Nossa saga filosófica,

Para entender e apreciar

Como estudar filosofia

É labor no dia a dia

Foram 5 anos sem parar.

Tudo começou em um dia

Na SEMED de João Batista

Reunido com Heráclio

Professor, conferencista,

Klaus, gigante no saber,

Todos juntos no empreender

Sei que são cientistas.

O sonho do perimiriense

É uma educação de ponta.

Muitos já tinham tentado,

Porém, não deram conta

Mas eis em que um belo dia

Batista, Heráclio e companhia

E a filosofia desponta.

Nunca foi fácil, acreditem

Estudar em Peri-Mirim.

Muitos foram os percalços

Tivemos o bom e o ruim.

Porém, enfim, vencemos

Aos professores enaltecemos

O saber é um querubim.

Em 30 de abril de 2016

Foi nossa aula inaugural.

Que momento emocionante!

Palestrantes, no plural!

Doutores e pós-doutores

Ensinando novos valores

Tudo de forma maestral.

Por quarenta e nove alunos

Nossa turma foi composta,

Alguns desistiram, no entanto

Outros continuaram a aposta

Com a ajuda de tanta gente

Não paramos, fomos em frente

Em busca de uma resposta.

A primeira professora

É viva em nossa memória

Rita de Cássia, o nome dela,

Filósofa cheia de vitória.

Doutora em filosofia

Docente com maestria

Faz parte da trajetória.

Muitos outros professores

Do curso são partes inerente:

Lindalva, Castro, Fernandes

Luciano, quanta gente!

Marly a coordenadora

Nossa mãezona, preceptora

Nos incentivou: “sigam em frente”.

Como não falar de Plínio

Sempre a reger a orquestra?

Do estágio I, ao II

Na arte, em grandes palestras.

Ensinando-nos novas lições

Enternece nossos corações,

Onde se apresenta, tem festa.

Professor Flávio chegou

Parecia meio durão

Qual nada, meus amigos

Conosco dividiu o pão,

Acendeu a luz da caverna

Iluminou nossa parte interna

O professor é só emoção.

Preciso falar de Lindalva

Linda como uma flor

Sempre gentil e amorosa

Sua alma irradia calor

Fez-nos perceber enfim,

Que sem ajuda tudo é ruim

Precisamos plantar o amor.

Diogo chegou aqui

E nos fez estremecer.

Trouxe no pescoço crachá

Nossa força a esmaecer.

Na campanha de vice-reitor

A todos ele encantou

Nos unimos para Façanha vencer.

Portela e a sua Lógica

Chegou e arrebentou,

Uma perna de seus óculos

Nossa cabeça pirou.

Deu sete para todo lado

Mas por fim, fomos aprovados

Glória a jesus Salvador

Não posso esquecer de Hamilton

Teoria do Conhecimento

Fiquei roxa, indignada

Quase a turma se arrebenta

Pensei logo em desistir

Mas Deus me fez insistir

Ufa, acabou o tormento.

Ticiane nos fez brincar

Com a vassoura na mão.

Eita disciplina boa

Brincávamos a rolar no chão.

A prova não foi legal

Nos enganamos, afinal,

deixou aluno na contramão.

 

O professor de Hermenêutica

Era lindo pra chuchu

Teve aluna caidinha

Brilhava que só abajur

Ensinava maestralmente

Era muito bom de mente

Wandeilson era só glamour

 

O meu amado professor

Que jamais posso esquecer

Lincoln é o seu nome

Deu logo seu parecer

Arendt me apresentou

Foi à primeira vista, amor

Sinto a alma enternecer.

 

Nosso professor Almir

Deu show de capacidade

Trabalhou com disciplinas

Ressaltando “humanidade”

Miniolimpíada um sucesso

Peri-Mirim é só progresso

Nessa contextualidade.

 

Nosso querido Gastão

Gerou em nós simpatia

Nos unimos mais e mais

No campo da analogia

Por não ser a nossa praia

Um cigarrinho de palha

Nos causou certa apatia.

 

Itanielson ajudou

A compor a trajetória

Do curso de Filosofia

Nosso momento é de glória

Foram tantos professores

Quase sempre eram doutores

Rumamos para a vitória.

 

Conceição e Ana Zilda

Conosco também somaram.

José Ribamar, Deus me livre

Alunos, zero tomaram

Cinco desistiram num dia,

Era aquela gritaria

Nem todos se conformaram.

 

E assim fomos seguindo

Uns tristes, outros contente.

Tinha professor bem bonito

Que nos irradiava a mente

Outros sem alteridade

Distribuíam temeridade

Mesmo assim, fomos em frente.

 

Chegou professor Façanha

E a todos nós encantou

Com seu sorriso sereno,

Ensinou sobre Rousseau

Voltaire e D’Alambert

Tudo era só mister

Que até Naiara assustou.

 

A nossa turma formou

Cinco equipes bem valentes.

Cada uma tinha um nome

Não os guardei na mente

Lembro apenas da minha

“Esmagai a infame” tinha

Cinco alunos competentes.

 

Walterlino, meu amigo

Por toda a turma amado.

Naiara escrevia tanto

O que ditava Agnaldo.

Kelisson brigava comigo

Querendo invalidar o meu dito

Era um arranca rabo danado.

 

A equipe “Ousar Saber”

É de júnior de Butilho

Trabalho árduo, sua meta

No almoço, éramos seus filhos

Saboreando ‘arroz de bicha’

Nossa barriga espicha

Não achávamos empecilho

 

Adelaide e Minervina

Sua equipe é de Rousseau

Falaram tanto do filósofo

A turma até decorou.

Sandra, filósofa porreta

Conceição fazia careta

Maria Ribamar se enturmou.

 

A equipe de Darlene

É o “Existencialismo”

Cintia e Rosilândia

Não usam de conformismo

Kerla e Antônia, são

Pensadoras de Platão.

Em busca do academismo.

 

Jucinalva, Ieda e Ely

São de uma outra estirpe

O grupo não sei o nome

Porque ninguém no zap disse

Mas Rosinete fez parte

O outro nome é uma arte

Mas todos formaram equipe.

 

Peço desculpas aos alunos

Se aqui não foram citados

Porém são todos importantes

Deixo bem ressaltado”.

Vamos nos unir sempre mais

Vejam os exemplos, os sinais

Do sucesso conquistado.

 

Diante de tudo isso,

Gostaria de frisar

A coordenadora Marly

Vive a nos prestigiar.

Sua presença é sublime

Nossa turma é o seu time

Está na aula a desfrutar.

 

Nosso muito obrigado

Aos professores presentes

Também aos nossos amigos

Sempre estiveram com a gente

Nossas famílias, então,

Elas são o nosso chão

O baluarte, de Deus o presente.

 

Flávio Luiz e Lindalva

Quanta honra tê-los aqui.

Nesta aula da saudade,

A nossa mestra Marly.

“Coração de estudante”

Nossa música cativante

Lembraremos sempre de ti.

 

Encerremos estes versos

Que ficarão há história.

Lembramos de muitas coisas

Guardadas na memória

Sem luta jamais vencemos

Vamos em frente e lutemos

Em busca de mais vitória.

Palavras: ditas e não ditas

Por Sodré Neto

Um bom começo pode ser extraído do conto de Guimarães Rosa, A terceira margem do rio, ao dizer que “nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação”. Assim era Zé Santo, a quem peço vênia para chamar, a partir de agora, de Papaizão.

Nascido em 2/2/22, natural de Palmeirândia e criado na Jurema em Peri-Mirim, Papaizão, aos dezoito anos, já assumia as rédeas da família em virtude da perda de sua mãe. Aqui, percebo que a precocidade de sua paternidade permitira o desenvolvimento de tudo o que se sucedeu. Os acontecimentos não foram fáceis, mas, para ele, não precisavam ser. “Mar calmo nunca fez marinheiro experiente”. E, assim, a vida o fez um almirante de primeira!

Comunicar não é sair verbalizando tudo e Papaizão sabia disso como poucos. Lembro-me dos momentos em que nos sentávamos todos à mesa para almoçar – vestidos com camisa, é claro! – e, por alguma ou outra razão, começámos a tagarelar. Evidente era o desrespeito àquela hora sagrada que ele ensinara com seus agradecimentos silenciosos sobre o prato de comida. Bastava que ele repousasse a sua colher sobre o prato para sabermos que o limite havia sido ultrapassado. Se ele levantasse a vista, pronto! A vergonha se instalava entre nós.

Mas nem sempre gestos são suficientes e palavras precisam ser ditas. Ele também sabia disso. Aliás, em toda nossa história, acabei não conseguindo descobrir o que ele não sabia. Mas voltemos às palavras. Com a precisão de um neurocirurgião, Papaizão proferia, sussurrava e até disparava palavras, tamanha era a sua destreza com elas. Com o tom perfeito para cada ocasião. Não me lembro de tê-lo visto gritar com alguém que estava perto. Não porque lhe faltava capacidade ou estridência, mas porque lhe sobrava sabedoria.

E, ainda tratando das palavras de Papaizão, me lembro das muitas histórias contadas quando nos sentávamos num mocho para que ele cortasse os nossos cabelos. Do que não me lembro – porque não acontecia – era dele repetir os contos, salvo se houvesse pedido nesse sentido.

Não posso deixar de mencionar que Papaizão não confrontou o tempo, como muitos de nós o fazemos. Eles se aliaram. Lembram daqueles almoços sagrados em silêncio? Pois é, continuaram sempre sagrados, mas deram lugar a risos e boas conversas. As inarredáveis rugas se apresentaram no rosto, mas a velhice nunca lhe tocou o coração.

As conversas e histórias sobre a sua meninice não saíram de cena. Entretanto, surgiram piadas sobre Barack Obama. Ele viveu em um tempo atemporal. E, se vivesse mil anos, falaria de carros voadores como conversava sobre uma plantação de maniva.

Enganam-se aqueles que acham que sua sabedoria se esvaiu com seu corpo. Hoje, a sua descendência fala – ou cala! – seguindo os passos de Papaizão. Não com a mesma habilidade, é bom que se diga. Carregamos marcas indeléveis de sua educação, de seu caráter e de sua integridade.

Com estas reflexões sobre as palavras, por pertinência, registro os parabéns pelos 3 anos da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense, trazendo as lembranças do nosso estimado patrono da cadeira nº 24, José dos Santos.

Encantos de Minha Terra

Vou falar um pouquinho do meu folclore popular, nomes de muitos artistas que vivem a encantar.

Peris terra abençoada, já foi narrada em rimas e em versos cantada por França, Paim e Santiago sempre é bem representada.
Nossa cultura por todo Maranhão é levada pelo Carlos Pique e o Antônio João que sempre cantam coisas vindas do coração.
Nas noites estreladas, a mulherada muita saia girava e ao som do tambor na roda entravam. Dona Antônia, dona Rosa e ainda tem a Maria que com seu rebolado deixa gente de olhos arregalados.

Se quiser conhecer as foliolas do Divino, Dona Nicinha vai tocar, na frente dela um imperador e imperatriz estão sempre a lhe honrar, mas se quiser conhecer um forró de caixa, meu bem vou lhe sugerir o de JJM com ele qualquer chão treme.

Às benzedeiras daqui estão sempre de seu povo a cuidar, mas teve uma que deixou seu nome na história deste lugar. Dona Morena assim era chama e 3 folhas de pião ela usava. Tirava quebrante espantava a mofina, hoje temos Dona Nair que nos recebe com muita alegria.

Neste dia do folclore minha gratidão venho externar ao povo que contou nossas lendas e tornou nosso ditado popular. Não posso esquecer das brincadeiras que vivem a nos ensinar, do pião, da amarelinha, pular corda como se a rua fosse minha.

Brincar de roda e de ciranda pular elástico na varanda. Ainda tenho muito a falar de pessoas como Diêgo, prof.ª Gisa, Eni, Nazaré e Tatá poetas da nossa terra que em versos estão sempre a narrar.

Aqui tem gente que canta como Eliane Dantas, tem gente que toca e gente que dança. Esta é minha cultura popular, foi um prazer vim lhe apresentar, espero que para as futuras gerações possam levar este é um trabalho de resgate e aos mestres vou dedicar.

QUERIDO DIÁRIO..

Hoje eu vou falar de memórias, falar de saudades…
Tudo começou no ano de 2016. No dia 30 de abril de 2016.
Era um período de chuvas na nossa baixada, a lua fazia quarto crescente…
Um dia que ficou registrado na nossa memória…
Sala cheia ,
Burburinhos,
Expectativas,
Sonhos…
Aliados a tudo isso, surgiram às dificuldades:
Medo
Perdas
Inseguranças
Ansiedade
Desistências…pessoas ficaram pelo caminho…sonhos interrompidos.
E veio talvez, o maior desafio da caminhada. A pandemia , a pandemia da covid 19:
Medo, muito medo,
Isolamento,
Distanciamento,
Mudança de metodologia,
Adequação às aulas remotas,
Ansiedade,
Vontade de desistir…Mas os colegas, as famílias surgiram como anjos e nos reanimaram. A corrente de energia positiva emanada nos sustentou até aqui.
Querido diário não foi fácil…
Mas aprendemos tantas coisas…
Aprendemos sobre comportamento humano, talvez a mais difícil das engenharias, porém fundamental para a nossa convivência.
Os caminhos trilhados no curso de filosofia nos moveram a ter uma consciência lúdica na busca de conhecimento. Capacitou-nos para a leitura, para a pesquisa e escrita, além de desenvolvermos um raciocínio abstrato, espirito investigativo e interpretativo.
E como não falar dos professores e orientadores que estiveram esse tempo todo conosco?
Estes cada qual com seu saber, nos ajudavam a traçar a estrada do nosso futuro. Sem eles seria impossível chegarmos até aqui.
Querido diário…Hoje nossa alegria se mistura com a nossa tristeza o sorriso com as nossas lágrimas.
Simplesmente porque, fechar o capítulo de um livro é muito difícil ,principalmente quando se está inserido na história, fazendo parte dela como um dos principais personagens.
Muitas vezes comentamos:
Esse dia nunca chega!!
Mas essa dia chegou!!
E vocês podem me perguntar sobre esse tempo…Quais as melhores lembranças que você irá levar? E eu vou responder:
Vou levar as amizades ,
As lembranças ,
O jeito sapeca de cada um ou o jeito ranzinza do outro,
As manias de cada professor,
Os puxões de orelhas,
Levarei principalmente o conhecimento, as experiências e o saber de cada um,
E uma oração de gratidão…
Muito obrigada!

PLANTIO SOLIDÁRIO: Baobá de Maria Sodré

Por Cleonice

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) lançou no dia 29/02/2020 um projeto intitulado: Plantio SolidárioJoão de Deus Martins”. A primeira etapa do projeto prevê que cada membro da ALCAP deverá plantar uma árvore duradoura em homenagear ao seu patrono.

Para representar a patrona da Cadeira 09 da ALCAP, Maria José Campos Sodré Ferreira, foi escolhida a árvore Baobá (Adansonia digitata), cuja muda foi adquirida em São Paulo, pois, o único exemplar na Baixada Maranhense, que se tem notícia, está em São Vicente Férrer. Foi tentada, sem êxito, a germinação das sementes do Baobá pela equipe do Dr. Gusmão Araújo, professor do Curso de Agronomia da Universidade Estadual do Maranhão.

O baobá é uma árvore que fascina povos de todo o mundo, no Brasil ela tem uma forte relação com a religiosidade do povo, sobretudo o de matriz africana. É a árvore-símbolo do livro “O Pequeno Príncipe” que foi escolhido como a primeira obra do Projeto Clube de Leitura da ALCAP.

Maria Sodré deixou um grande legado de amor à natureza, inspirando seus descendentes como sua filha Sheila, seu filho Tozinho Sodré e  sua nora Ana Cléres, que se encarregou de cuidar da planta com amor e carinho.

A muda de baobá foi plantada no Sítio Boa Vista em Peri-Mirim, no dia 12 de março de 2021.  Estima-se que  daqui a 15 anos os primeiros frutos possam ser saboreados.