UMA LEMBRANÇA EMOCIONANTE

Albina Alves nasceu em 31 de março de 1934 no Povoado Enseada do Tanque. Filha de Antônia Alves e Raimundo Amorim. Sua mãe era de Palmeirândia. Albina residiu por muitos anos na casa da família de Jacintho e Mercês Bordalo e guarda lembranças dignas de registro de José Ribamar Martins Bordalo.

Albina tinha apenas 11 anos de idade, estava na varanda da casa dos Bordalos em São Bento quando ouviu o choro de nascimento de José Ribamar. Ele era um menino saudável. A partir daí ocupou-se dos cuidados com o menino. Acompanhou os primeiros passos, o nascimento dos primeiros dentinho e o balbuciar das primeiras palavras daquela criança que aprendeu a amar e que jamais se separou.

Lembra que a família de Bordalo tinha posses, era um dos maiores comerciantes de São Bento. Mas que o filho Francisco foi acometido de uma doença grave e, por conselho de Dr. Fenando Viana do São José, levaram o menino de avião para tratar em São Luís – venderam todas as suas posses para curar o menino enfermo. O Casal Jacintho e Mercês viajaram para São Luís com Francisco e deixaram as outras crianças nas casas de parentes. José Ribamar ficou na casa do irmão da sua mãe Benvindo Mariano Martins, que recebeu os ensinamentos para cuidar do gado com José de Jesus (Zozoca).

Na volta de São Luís, o casal sem a posses que tinha antes, foram morar no Feijoal nas terras de João de Deus, pai da mãe de Bordalo. Lá com muito trabalho e apoio da Família, voltaram a adquirir posse, dessa feita com a pecuária – paixão que acompanhou José Ribamar até os últimos dias da sua vida.

Albina conta que teve 10 filhos com João José Martins, filho da parteira Tibúrcia. Ela morava no Feijoal – nas terras dos Martins, até seu marido ser assassinado. Ela sempre trabalhava na casa dos pais de José Ribamar, mas com a tragédia foi morar próximo à casa da sua sogra. Porém, nunca perdeu o contato com a família.

Recorda com carinho que foi José Ribamar que a levou para Peri-Mirim e providenciou uma casa para ela morar com a família. Fala com carinho do “menino Bordalo”. Que na fase adulta nunca a abandonou, que a visitava. Sempre atencioso. Diz Albina que ainda não se recuperou da perda de uma das pessoas que mais amou na vida.

Com lágrimas nos olhos, Albina lembra com admiração e Gratidão do menino que viu nasceu e que depois sempre cuidou para que ela ficasse bem, que não lhe faltasse nada! Elevando as mãos ao Céu, ela pede a Deus que acolha José Ribamar Martins Bordalo na Luz da Vossa Face!

ALEXSANDRA ALVES GARCIA

Nascida em 1977, em Peri Mirim, Baixada Maranhense, filha dos agricultores, João Roberto Garcia, já falecido e Maria Celeste Garcia. Alexsandra Alves Garcia, chegou ao Paço do Lumiar em 1991 pra morar com as irmãs, concluiu o ensino médio no Colégio Erasmo Dias, no Maiobão, foi doméstica, é comerciante do ramo de refrigeração e chega à Câmara Municipal com uma longa trajetória de mulher trabalhadora. Tem uma filha de 18 anos, Eunice Garcia e vive há dez anos com Adriano Linhares, há seis anos mora na Vila Epitácio Cafeteira.

Ingressou à Câmara Municipal de Paço do Lumiar como filiada ao Partido Rede Sustentabilidade em 2019 e é eleita vereadora pela primeira vez em 2020, com 320 votos. Períodos de Mandatos:
2021 a 2024.

A vereadora é bastante atuante na Câmara Municipal, apresentou vários projetos de lei, destacando-se o projeto que obriga bares, cafés, quiosques, centros e complexos gastronômicos, restaurantes, casas noturnas, casas de show e de eventos em geral de Paço do Lumiar a adotar medidas de auxilio à mulher que se sinta em situação de risco e também o projeto que reconhece oficialmente a língua brasileira de sinais Libras no Município de Paço do Lumiar, bem como outros projetos ligados à Cultura.

Maria da Conceição Pinheiro de Almeida

Maria da Conceição Pinheiro de Almeida nasceu em Peri-Mirim/MA, é licenciada em História na Universidade Federal do Maranhão. Especialista em Saúde da Mulher Negra também pela Universidade Federal do Maranhão. Mestre em História do Brasil pela Universidade Federal de Pernambuco e doutoranda em História Social na Universidade Federal do Ceará. Suas pesquisas estão voltadas para as temáticas referentes à população negra, especialmente, em seus trabalhos de conclusão de curso, especialização e atualmente em seu curso de doutorado, onde está trabalhando o processo de territorialização quilombola na Baixada Maranhense, mas também desenvolveu pesquisas na área da Saúde Pública e pobreza em sua dissertação de Mestrado.

Autora de capítulo de livro nas obras “Histórias da pobreza no Brasil” (Porões, sótãos e palhoças: as moradias dos pobres sob a mira do Serviço Sanitário em São Luís/MA, nos primeiros anos da República – publicado em 2019); “São Luís do Maranhão: Novos olhares” (O Estado sanitário da cidade de São Luís no início do século XX – publicado em 2012); “História do Maranhão: Novos estudos – publicado em 2004).

Autora do livro “Saúde pública e pobreza em São Luís na Primeira República, publicado em 2022. Autora do artigo “Baixada Ocidental Maranhense: aspectos históricos da trajetória de negros e negras na Baixada Ocidental Maranhense, publicado em 2021. Atuou como professora do Ensino Básico na Secretaria de Estado da Educação do Maranhão no município de Pinheiro/MA no período de 2002 a 2018. Atualmente exerce a função de Assistente em Administração na Universidade Federal do Maranhão.

MIRIAN COSTA PEREIRA

Mirian Costa Pereira nasceu no dia 29 de abril de 1934, na Ilha do Maracujá.

Iniciando seus estudos aos 9 anos, com a professora Julieta Castro Marques, em sua casa, no povoado São Lourenço, no ano de 1943.   Mudou-se para São Luís do Maranhão aos 16 anos, em 1950, e iniciou seus estudos no Instituto Rosa Castro, concluindo o 2º grau da época no ano de 1960.

De volta à sua terra natal, no povoado São Lourenço já 1961 – iniciou suas atividades profissionais, na escola Santo Augustinho, povoado do mesmo nome, permanecendo lá ate, 1967.

Em 1966, participou de cursos preparatórios para catequistas, no munícipio de Guimarães, e anos depois participou do Encontro de Casais com Cristo, encontro dos dirigentes e pastoral familiar.

Em 1968 – A convite padre Gerard e o prefeito José Ribamar Martins, conhecido popularmente como (José Bacaba) veio trabalhar como professora de História e Geografia no curso de Técnico Agrícola, no Ginásio Bandeirantes no turno vespertino e noturno, que tinha como diretora a senhora Jarinila Pereira Campos, posteriormente, se tornou diretora do Grupo Escolar Carneiro de Freitas (4ª e 5ª série) sucedendo a senhora Cecilia Botão. Uma das que mais marcaram a vida da dona Miriam foi Jarinila Pereira Campos, amigas durante toda a vida.

No ano de 1972 entrou para o clube das mães, tendo sido presidente do clube da sede, durante quatro anos. Ofereceu suas habilidades tanto culturais como manuais para todos os clubes existentes na paroquia, nas reuniões mensais com sua representatividade.

Atuou como dirigente dos cultos dominicais.

Segundo dona Ana Lúcia, companheira de longa data, ela colaborou com a paróquia ensinando a catequese aos adultos e também na alfabetização dos mesmos para leitura da Bíblia e do catecismo entre os anos de 1968 e 1973. E juntamente com a irmã Marieta formou o Presidium em São Lourenço e fortaleceu a legião de Maria no mesmo povoado.

No ano de 1970 – Conheceu o Sr. Venceslau Pereira, em uma reunião da Cooperativa Agropecuária de Peri-Mirim, a qual foi sócia fundadora.

Os padres Pe. Paulo em Bequimão e Pe. Gerard em Peri-Mirim foram cupidos do namoro entre Venceslau e Mirian, namorando durante mais de dois anos.

Em 1971 a 1985 –  recebeu a direção integral do Grupo Escolar Carneiro de Freitas.

Em 1972 – casou-se com Venceslau Pereira no 12 de fevereiro de 1972 em uma terça-feira de carnaval, na Ilha do Maracujá, casamento este celebrado pela pe. Gerard Gagnon. Desse matrimônio nasceu no ano de 1973 Venceslau Pereira Junior e em 1975 Mercedes costa Pereira. Nesse mesmo ano prestou vestibular na UEMA. Para o curso de Licenciatura em Pedagogia, iniciando as aulas em dezembro desse mesmo ano no município de Caxias.

Entre os anos de 1979 e 1985 participava mensalmente no salão paroquial do estudo da folha bíblica para os cultos dominicais – foi dirigente do mesmo por vários anos.

Depoimento de Rosa Gomes: Enquanto diretora trabalhei com ela sempre admirei sua responsabilidade, paciência, amor e dedicação à sua profissão, eu vinha de Santana, ela já estava no trabalho.

Na época do padre Helder ela se dedicou à igreja e aos trabalhos da casa paroquial, ajudando financeiramente. Em 1985 com padre Helder, vendo a necessidade da igreja fundou o dízimo e pediu a colaboração de D. Rosinha Gomes, ficando as duas responsáveis pelo dinheiro, depois disso, adoeceu e passou para sua companheira.

Mais tarde ingressou na Legião de Maria sempre colaborando com dedicação e amor, estamos lhe esperando com fé em Deus e Maria Santíssima.

1985 – Aposentou-se do Estado aos 35 anos de serviço.

2001 – Ficou viúva no dia 28 de julho.

Mirian Costa Pereira tem dois filhos e três netos.

Inácia Rosa Pereira Amorim

Nasceu em 31/07/1939. Filha de Calixto Pereira Nunes e de Joanita Nunes Pereira. Casou-se aos 21 anos com Jair Amorim, um homem do campo, mãos e pés calejados e rústico com o qual teve seis filhos tendo que enfrentar os conflitos inerentes a vida a dois.

Filhos: Eni do Rosário Pereira Amorim, Laurijane Pereira Amorim (Nita), Sílvia de Ribamar Pereira Amorim (Cici), Jair Amorim Filho (Jacó, Jacolino, Jacó Bala) Cristina Maria Pereira Amorim (Cris), Evandro dos  Santos Pereira Amorim (Vando). Tem 08 netos e 05 bisnetos

Uma mulher de estatura pequena, personalidade forte; desde muito pequena quando veio ao mundo teve que enfrentar os reveses da vida que marcaram seu destino.

Perdeu a mãe com apenas quarenta dias de vida, tendo sido criada pela sua avó materna, seu pai e suas tias em uma época aonde havia muitas dificuldades naquele dado momento histórico; se compararmos com os dias atuais.

Mas a sua garra e perseverança a impulsionaram a construir sua história.

Estudou até a quarta série que era oferecido na época, aprendeu a ler e a escrever e sabe a tabuada na ponta da língua. Estudou corte e costura em Pinheiro com uma costureira renomada Carmerina Amorim.

Inácia apesar das dificuldades da época e com seis filhos para criar, não se deixava abater, estava sempre se reinventando. Era costureira, artesã (tecia redes de fio têxtil), Foi professora de costura em um dos projetos da LBA (Legião Brasileira de Assistência) um dos projetos conseguidos pela Paróquia São Sebastião com a ajuda de Padre Gérard Gagnon e Ana Lúcia de Almeida; fazia, horta e vendia as hortaliças orgânicas produzidas, fazia pastéis, bolos, cocadas e suquinhos tudo para venda e assim ajudar o papai nas despesas da casa. Quando a escassez de recursos era grande, muitas vezes dormiu com a barriga vazia para alimentar os seus filhos.

Acalentou um sonho no seu coração de que colocaria todos os filhos para estudar porque ela apesar de não ter tido a oportunidade, em sua sabedoria, conseguia definir bem a importância do estudo para iluminar os nossos rumos; e assim, atropelou as dificuldades para que seus filhos conseguissem estudar e trilhar seus caminhos por este mundo às vezes um tanto inóspito.

E todos os dias Mamãe, nós teus filhos, só queremos te agradecer pela tua perseverança, por cada incentivo, por cada oração, pelas torrentes de amor que derramas a cada um de nós mesmo sabendo que algumas vezes ferimos teu coração com a espada da ingratidão.

Obrigada pelas gotas de amor que derramas todos os dias em nossas vidas.

TE AMAMOS! Teus filhos.

Biografia encaminhada ao Jornal O Resgate por Eni Amorim

Walton França Martins

Nascido no dia doze de julho de mil novecentos e quarenta e dois, no lugar Rio Grande Município de Peri-Mirim – MA. Filho de João da Cruz Martins e Catarina França Martins, João Barreira e Catita, como eram conhecidos, já falecidos.  Ele lavrador e ela do lar. O quarto filho do casal num total de sete. Ednaldo, Eugênia, João, Walton, Luís, Francisco e Nélio.

Aos três anos, a família mudou-se para a sede do Município, com a finalidade de colocar os filhos na Escola.

Aos seis anos, num determinado dia, passando pela casa da senhora Antônia Barbosa, observei que ali estava um menino por nome Vivaldo que estudava lá, ela estava braba com ele que não sabia a lição, pedi à minha mãe que falasse para eu ir estudar com ela, minha mãe falou e foi prontamente atendida.

Naquele tempo, não existia Jardim de Infância e quando fui matriculado aos sete, na Escola Municipal Coronel Carneiro de Freitas, já sabia ler, escrever, fazer ditado e contas.

A Escola funcionava numa casa situada à Rua Rio Branco, hoje pertencente à família Bacaba. Em seguida mudou-se para a casa do finado Gonçalo Marques, na Avenida Duque de Caxias, hoje a casa Paroquial.

Após a construção do prédio situado à praça São Sebastião, passou para o Estado com o nome de grupo Escolar Carneiro de Freitas, hoje Unidade Escolar Carneiro de Freitas.

As minhas Professoras do Primário foram: 

  • Antônia Barbosa (F) – Alfabetização – Leiga
  • Santinha Miranda (F) – Primeira série – Leiga
  • Naíze e Corina segunda série, Normalistas trazidas de São Luís pelo Prefeito Agripino Marques (F), a primeira no primeiro semestre e a segunda no segundo semestre.
  • Naísa Ferreira Amorim (F) terceira à quinta série – normalista, a melhor Professora que já conheci, não era só uma Professora e sim uma mãe e amiga, criava os melhores métodos de ensinar, motivava os alunos, dando prêmios de incentivo, as equipes eram formadas por partidos ( não políticos ), cada um de seus membros usava um crachá com as cores desejadas e uma bandeira também. No decorrer da semana, eram somados os pontos dos membros e o partido vencedor, a bandeira era colocada na janela da escola, cada um era premiado.

Em 1953, concluí o Curso Primário. Passei 15 anos sem estudar devido não existir em nosso município outro curso e eu não tinha condições de ir para São Luís. Até que surgiu o Ginásio Bandeirante, 1968, na administração do Prefeito Zé Bacaba. Assim mesmo só recomecei em 1971, porque já tinha família e me acomodei um pouco.

Os meus colegas do primário foram:

– Analina Barros Costa; Antônia Pereira; Cleber Ferreira Amorim; Clóvis Pereira Bahury; Constâncio dos Santos Filho ; Edna Almeida; Edison Almeida; Emanuel Gomes; Javandira de Jesus Abreu; João Barros França; João Garcia Furtado (F); João Ribeiro; José Maria Câmara; José Ribamar Martins Pereira(F); José Ribamar Martins Pinheiro; Joselita Pereira; lauro Sousa Ferreira; Manoel Sebastião Botão Melo; Maria da Graça Martins Nunes; Maria das Dores Campos; Maria de Lourdes Martins Nunes; Maria de Lourdes dos Santos (F); Maria Madalena Nunes (F); Maria Teodora Campos; Neusa Pereira Abreu; Otacilia Martins Melo; Sônia Maria Pereira Bahury (F); Valber Nunes Melo; Valdenil Nunes Melo; Vanilda Guimarães Martins; Wallace Câmara França e Zacarias França Azevedo.

No 21 de janeiro de 1959, eu e meus colegas de infância e de oficina, fundamos o baile do pó. 

Os fundadores foram:

  • Itapoan França (F)
  • Jálcero de Oliveira Campos (F)
  • José Hertz França
  • José Maria Câmara
  • José Maria Martins (F)
  • Mariolino Brito Nunes
  • Eugenio Melo (Nhô)
  • Raimundo Nonato Câmara (F)
  • Obias dos Inocentes (F)
  • Raimundo Martins Campelo
  • Wallace Câmara França e
  • Walton França Martins

Estávamos reunidos no coreto da praça, nosso ponto de encontro como era de costume, na maior euforia, começamos a colocar talco uns aos outros, quando surgiu a ideia, vamos fazer um baile! Todos concordaram.

No dia quatro de julho de 1964 minha mãe faleceu. Sofri muito com a perda da minha mãe, o que fazer? Se foi a vontade de Deus. Passei um ano vestindo roupa preta, por sinal de luto e mais de um, sem frequentar qualquer tipo de diversão, já que antes não perdia um baile.

Depois do seu falecimento, mais precisamente 1965 fui para São Luís para trabalhar com os senhores Fernando Mendes (F) e Cândido Pereira.

Dancei muito, comprei até um cavalo para ir no dia quatro de julho bailes. Tive grandes amores em São Luís e aqui, tenho uma filha em São Luís, mas não a conheço (é proibido), minha família sabe.

Quando da minha volta, Deus colocou em meu caminho, a prenda mais preciosa da minha vida, Maria das Graças Campos Pinheiro, hoje Pinheiro Martins, (Bubú), tinha outras paralelas, mas ela sempre foi a titular absoluta. Namoramos um ano e no dia 11 de março de 1967, casamos no Cartório de São Bento.

Desta união, nasceram para enriquecer o nosso lar que, embora humilde é cheio de amor e paz. Os filhos: Hélio – Célio – Zélia – Lélio – Nélio – Giselia e Josélio. Dos quais, já nasceram os netos; Thaise – Monick – Walton Neto – Tamires – Layla – João Bruno – Hélio Junior – Matheus – Guilherme – Breno – Nícolas – Mariana – Allan Victor – Clara Isabela – Johélio – João Hélio e Grazielle.

Em 1968, fui convidado pelo meu tio Chico de Tetê (F), para trabalhar com ele na Cooperativa Agropecuária de Peri Mirim, trabalhei um ano e meses, quando surgiu a demissão dele, dada pelo Padre Gerard (F), simplesmente para satisfazer os caprichos de José Martins (F), diretor comercial.

Após a minha saída da cooperativa, em 1970, fiz o curso de recenseador, passando em primeiro lugar, recenseei e fiquei em primeiro, aí eu fui convidado para trabalhar na Agência, auxiliando Zé Martins (F), corrigindo questionários dos outros recenseadores que não foram muito bem.

Este foi o Censo Demográfico, logo em seguida veio o Agropecuário, oportunidade em que fui indicado pelo Dr. Rufino, supervisor da Regional de Pinheiro, para ser o Agente Censitário de Peri-Mirim.

Em 1972, fui convidado pelo saudoso Deusdete Gamita Campos, para concorrer com ele, na chapa de Vice-Prefeito, aceitei e fomos vencedores. Ainda nesse ano, trabalhei no recadastramento do INCRA.

Em 1973, concluí o Curso Ginasial, no Ginásio Bandeirante de Peri-Mirim, sendo líder das equipes, das turmas que estudava, além de Tesoureiro da turma do último ano para promovermos a nossa festa de formatura.

Os meus Professores do Ginásio foram:

  • Evilton de Guimarães – João Seba de Santa Inês – Marise descendente de Peri Mirim – Maria da Graça Diniz e Maria da Graça Lima de São Luís – Jarinila – Mirian e Padre Gerard (F) do Município.

O Diretor era o padre Gerard e a Secretária, D. Cecília Euzamar Campos Botão.

Os meus colegas do Ginásio foram:

  • Ana Luisa Camara
  • Antonio José dos Santos Martins
  • Antônio Paulo Barros Ferreira
  • Benedito Domingos Barros Ferreira
  • Clemilda Santos Corrêa
  • Edgar Joabe Nunes da Silva
  • Emanoel Botão França
  • Francisca do Livramento Câmara
  • Francisco França Lima
  • Ivaldo Crescéncio  Nunes (F)
  • Jálcero de Oliveira Campos (F)
  • Javandira de Jesus Abreu Melo
  • Joanete Lúcia Gutemberg
  • José Luís Luz Ferreira
  • José Maria Santos Ferreira
  • José Maria Silva
  • José Raimundo Ferreira Guimarães
  • José Ribamar Santos Corrêa
  • Jurací Diniz
  • Juranir Diniz
  • Laudeci Garcia
  • Laudeciana Santos Martins
  • Manoel Lopes Filho
  • Marcionilio da Paz Botão Sobrinho
  • Maria Aparecida Galvão
  • Maria Aparecida Melo Pereira
  • Maria Benedita Silva Garcia
  • Maria Cecilía da Silva Costa
  • Maria da Graça Nunes Soares
  • Maria de Fátima Corrêa Câmara
  • Maria de Lourdes Nunes Alves
  • Maria Luiza Nunes da Silva
  • Maria Tereza Luz Ferreira
  • Maria José Campos Ferreira
  • Marivalda Corrêa dos Santos
  • Pedrolina Galvão Barros
  • Raimunda Eugenia Barros Nunes
  • Sebastião Pereira Melo
  • Silvestre Francisco França
  • Sonia Raimunda Pinheiro Martins
  • Terezinha de Jesus França Gomes
  • Terezinha de Jesus Martins Lopes
  • Valdecir Orestes Nunes Silva
  • Vanda Maria Pinheiro Martins
  • Valter Gonçalves Sousa e
  • Vera Lucia Lopes.

Em 1974 na SUCAM, serviço pesado. Os meus colegas foram:  Alcides de Jesus França (F), Itapoan França (F)  e Sebastião Domingos Alves.

Em 1975, trabalhei na Pesquisa do IPEI, uma prévia para o FUNRURAL, a fim de saber quantas pessoas tinham com a idade de se aposentarem, ou seja, de sessenta anos para cima. O supervisor foi o Aranha (F), um jovem de São Luís que já trouxe o meu nome do IBGE, já que eu havia saído de ser Supervisor do Censo.

 A equipe foi formada pelas seguintes pessoas: 

  • Supervisor – Aranha (F)
  • Chefe da equipe – Walton
  • Coletadores: Emanoel França Botão – Francisco França Lima – João do Carmo Martins – José Ribamar Diniz (F) Rafael Botão França (F) – Raimundo do Socorro Gomes (F)- Sebastião Martins Nunes e Valter Gonçalves Sousa. Em mil novecentos e setenta e seis, concorri como Candidato a Prefeito, mas não obtive êxito, devido a disputa ter sido entre os Partidos – ARENA e MDB e o voto era vinculado… depois da somatória perdi por vinte e dois votos.

Ainda nesse ano, Deusdete (F), levou meu nome à Secretaria de Educação, com a finalidade de conseguir um emprego, já que eu sobrevivia trabalhando pelo oficio de marceneiro, tinha até uma pequena serraria e uma fábrica de cepos de tamancos em sociedade com o meu compadre Sipreto.

Demorou um pouco sair o emprego, mas um certo dia, viajando para São Luís, encontrei-me na lancha com o amigo Nelsolino Silva, Dr. Jerônimo Pinheiro, Secretário de Educação da época garantiu-me que iria arranjar uma nomeação de vigia, pois no momento não dispunha de outro cargo.

Felizmente essa nomeação chegou em minhas mãos, no dia vinte e dois de fevereiro de 1978. No dia seguinte, viajei para São Luís, juntamente com Anastácio Florêncio Corrêa, que também havia sido contemplado com uma vaga. Fui lotado no Centro Educacional do Maranhão (CEMA), que havia sido implantado recentemente em Peri-Mirim.

Passei seis anos trabalhando como Agente de Portaria e Vigilância, mas sempre trabalhando na Secretaria da Escola.

Em 1980, trabalhei no Pró-Município na Secretaria Municipal de Educação, como datilógrafo. Em virtude de ter acontecido o Recadastramento Eleitoral e eu fui indicado para fazer o treinamento, o Dr. Juiz, me nomeou chefe da equipe, por ser Funcionário Estadual.

Em 1983, concluí a terceira série do Magistério, no Colégio Cenecista Agripino Marques, deste cheguei a ser Diretor Adjunto do Diretor Valdevino Jesus Barros, na administração do Prefeito Vilásio França Pereira.

Em 1974, fiz o quarto ano adicional, aos fins de semana, no Colégio João de Deus de São Luís.

Os meus Professores do Magistério foram:

  • Ana Lucia de Almeida
  • Maria da Luz Abreu Melo
  • Maria da Conceição Brito Pereira
  • Maria de Lourdes Santana
  • Padre Gerard Gagnon (F)
  • Rosilda Coutinho
  • Vilásio França Pereira
  • João França Pereira, Prefeito e Fundador da Escola.

O Diretor era o Padre Gerard Gagnon.

Os meus colegas do Magistério foram: 

  • Adelaide de Jesus Silva; Ana Luiza Câmara; Célia Maria Corrêa; Djanira de Fátima Corrêa; Eliézer de Jesus Lima ; Francisca do Livramento Câmara; Francisco de Assis Martins Gomes; Jarbas Botão Melo; Javandira de Jesus Abreu Melo; Joanete Lucia Gutenberg; José Carlos França; José Maria Silva; José Sodré Ferreira Filho; José Mariano da Silva (F); Josefa do Livramento Oliveira Pereira; Jurací Diniz; Juranir Diniz; Laudecí Garcia; Manoel Lopes Filho; Maria Benedita Silva Garcia; Maria Cecíilia da Silva Costa; Maria da Conceição Silva França; Maria da Graça Nunes Soares; Maria de Lourdes Nunes Alves; Maria do Sacramento Lima Gomes; Maria José Campos Ferreira; Nel de Jesus Nunes; Raimunda Martins Amorim; Raimundo Martins Nunes e Rosilda Pinheiro  Nunes.

As Escolas que estudei foram:

  • Alfabetização – particular – Antônia Barbosa
  • Primeira e segunda séries – Escola Municipal Coronel Carneiro de Freitas
  • Terceira à quinta séries – Grupo Escolar Carneiro de Freitas
  • Curso Ginasial – Grupo Escolar Carneiro de Freitas
  • Curso do Magistério e Quarto ano Adicional – Escola Municipal Cecília Botão. Em mil novecentos e oitenta e seis, fui transferido do Cargo de Agente de Portaria e Vigilância, para Professor, graças a uma determinação do Governador Luiz Rocha,  dando direito a essa transferência, já que eu tinha o curso do Magistério.

Em 1988, surgiram trinta e cinco contratos, ainda por intermédio de meu amigo Deusdete, fui contemplado com um. Após um ano, o Governador enquadrou-nos como efetivos no Grupo do Magistério.

O Colégio Cema, como é conhecido até hoje, era Federal e a Lei não permitia que Funcionário do Estado fosse Diretor, era só Supervisor do quadro Federal. Depois de Estadualizado permitiu que tivesse.

Teve diversos Supervisores: Maria da Conceição Brito Pereira, Ana Célia Ferreira Ribeiro, Dilma Ferreira, Delza Pereira Alves e Jarinila Pereira Campos. Esta última, mamãe Jara, como sempre a chamei, se aposentou 1990 e indicou-me para assumir interinamente o Cargo de Diretor.

Os alunos varriam as tele salas, quando cometiam alguma indisciplina, eram punidos com alguma tarefa, conforme constava no Regimento Interno da Escola.

Em 25 de setembro de 1995, recebi a Portaria de Diretor Geral, assinada pelo Secretário de Educação, Dr. Gastão Vieira. Para mim foi uma grande surpresa, não esperava essa grande dádiva de Deus, até mesmo porque eu não tinha pedido a ninguém.

Sou considerado um Diretor de renome, respeitado nos quatro cantos do município, presente em tudo o que existe dentro e fora do Cema. Promovi muitos Eventos, dentre eles, os que mais se destacaram foram, os desfiles de sete de setembro e as festas de conclusão do Ensino Fundamental.

Os pais e os alunos, têm as maiores considerações para comigo. Tenho muitos amigos, não só aqui em Peri Mirim, mas em Bequimão, Palmeirândia, Pinheiro, São Bento, Viana e etc…

Tenho duzentos e quinze afilhados do Batismo, logicamente, quatrocentos e trinta compadres (alguns já são falecidos), teve um dia que fui ser padrinho de quarenta e quatro afilhados.

Já tive quatro momentos tristes na minha vida.

 – 1º Momento – A morte da minha mãe (já foi citado acima)

– 2º Momento – A ida dos meus filhos para São Luís, em 1984, a fim de estudarem.

Primeiramente foram quatro – Hélio- Célio – Zélia e Lélio, este último com apenas treze anos.

Mais tarde, dois – Nélio e Giselia e por último Josélio.

Os primeiros, foram residir nas casas de irmãos, João e Francisco, já todos eles foram residir em uma casa na Cohab, cedida pela minha irmã Eugênia, e posteriormente para a nossa na estrada de Ribamar, na entrada da Maiobinha.

Eu e Bubú, tivemos que nos desdobrar, ela indo para São Luís, às vezes passava vinte dias ou mais, viajando em Barco e Lancha e eu ficava cuidando dos menores e tinha que trabalhar.

A saudade era imensa, no inicio não comia e nem dormia direito, até coloquei uma tranca na porta de uma dispensa que eles dormiam, não podia entrar e nem olhar para ela.

Depois foi a vez da Monick, uma neta que criamos desde o dia que nasceu e consideramos como filha, até mesmo me chama de pai.

– 3º Momento – A morte do meu pai, no dia 5 de março de 1995, fiquei tão abatido que até baixei Hospital, devido a nossa convivência, morávamos em frente um do outro.

Os demais filhos residem em São Luís e eu estava presente em tudo o que acontecia com ele.

-4º Momento – O aparecimento dessa doença que está perturbando a minha paciência, mas tenho certeza que irei ficar bom, se Deus quiser, Ele quer, Ele é bom e nosso pai.

Sou católico, fiz parte do coro masculino e da Legião de Maria, sendo Secretário por vários anos.

Participei de três Encontros de Casais com Cristo (ECC). Fui Presidente do Mobral por vários anos.

Sou desportista, torcedor da Seleção Brasileira, Seleção de Peri Mirim, Club de Regatas do Flamengo e Moto Club de São Luís. Apenas simpatizante do Palmeiras.

Fundei o Juventude Esporte Club, na oportunidade comprei tecido e mandei confeccionar a equipagem. As cores eram, camisas brancas com as iniciais JEC, bordadas em preto, calções pretos e meões brancos.

DATAS DAS MINHAS CONQUISTAS E DESILUSÕES

  • 1953 – Conclusão do Curso Primário
  • 1959 – Fundação do Baile do Pó
  • 1962 – Minha ida para São Luis
  • 1963 – Doença da minha mãe
  • 1964 – Falecimento dela
  • 1965 –  Minha volta à São Luis
  • 1966 – Meu retorno de São Luis
  • 1967 –  Data do meu Casamento
  • 1968 – Trabalhei na Cooperativa
  • 1970 -Trabalhei no Censo – 1972 – Eleito Vice Prefeito
  • 1973 – Conclusão do Curso Ginasial – Trabalhei no Recadastramento do INCRA.
  • 1974 – Trabalhei na SUCAN
  • 1975 – Trabalhei na Pesquisa do IPEI
  • 1976 – Concorri como Candidato à Prefeito
  • 1978 – Minha Primeira Nomeação
  • 1980 -Trabalhei no Prol – Município – Trabalhei no Recadastramento Eleitoral
  • 1988 – Conclui o Curso do Magistério
  • 1984 – Conclusão do quarto Ano Adicional
  • 1986 – Transferência do Cargo de Agente de Portaria e Vigilância para Professor
  • 1988 – Minha segunda Nomeação
  • 1990 – Diretor Interino
  • 1999 – Diretor Geral

 

MEUS ÍDOLOS:

  • DEUS – meu Pai Eterno
  • Minha Família – em especial Bubú, amiga e companheira de todas as horas.
  • São Sebastião – meu Padroeiro e Protetor
  • Cantores – Chitãozinho e Xororó
  • Musica – Fio de Cabelo
  • Jogador – Zico
  • Times- Flamengo e Moto Club
  • Minha Paixão – CEMA
  • Companheiro das manhãs – Radinho de pilhas
  • Programas preferidos – Futebol e Noticiários

 

AGRADECIMENTOS:

– A DEUS – A meus pais – minha esposa – meus filhos – meus netos – meus irmãos – meus genros e noras e aos meus amigos.

Maria Amélia Pinheiro Martins dos Santos

Por Ana Creusa

Nasceu no dia 12 de novembro de 1928, no Povoado Ponta de Baixo, município de Peri-Mirim, filha de Benvindo Mariano Martins e de Militina Rosa Pinheiro Martins. Logo após o nascimento, Maria Amélia e sua mãe retornaram ao Feijoal, onde morava seus pais, nas terras de João de Deus Martins, seu avô paterno.

Seus irmãos são: Raimundo e Ozima (frutos do 1º matrimônio do seu pai, cuja esposa morreu de parto); Raimundo João (Santinho); Maria Celeste; Terezinha; João de Jesus (Zozoca); Benvindo Filho (Benvindinho) e Iraci.

Maria Amélia era uma criança inconformada com as injustiças, era defensora de muitas crianças que seus pais criaram. Na verdade, eram crianças forçados a realizar trabalhos infantis, apenas para ganhar o pão de cada dia e aprender as primeiras letras. Essas crianças e adolescentes viviam na fazenda dos seus pais realizando os trabalhos pesados de criação de gado – como tirar leite, fazer queijo – e ainda realizavam as tarefas da roça, destinadas a extrair ração para os animais e abastecer o celeiro com alimentos, como farinha, arroz e feijão.

Ela estudou até o 2º ano primário na Escola Santa Severa, mantida pelo seu avô João de Deus, juntamente com seus irmãos e primos. Desde cedo, Maria Amélia desenvolveu o gosto pelo comércio. Segundo a sua prima Isabel, ela vendia uns cartões aos seus colegas, mesmo durante as aulas e a professora sempre a advertia dizendo “senta, Maria Amélia”.

Por não continuar seus estudos, ela desenvolveu uma frustração, pois às mulheres daquela época não era permitido sair de casa. Maria Amélia queria estudar, como fez seu primo Manoel Sebastião Pinheiro que se formou em Medicina na Bahia. Consciente do valor da educação, ela estimulou sua irmã mais nova, Iraci, a continuar os estudos no município de Pinheiro, esta fez até o 5.º ano, o que a credenciou a exercer a profissão de professora no Cafundoca, Povoado de Palmeirândia, onde se casou com Zózimo Soares.

Na adolescência, ela apreciava cultivar belos jardins, mas não tinha afinidade alguma com os afazeres domésticos, preferia cuidar do gado, montar a cavalo e andar de canoa pelos campos, práticas condenadas pela sua mãe que a queria preparando comida, tecendo redes, costurando e fazendo rendas.

Casou-se com José dos Santos no dia 25 de agosto de 1950. Seu namoro não era aprovado pela sua mãe, por preconceito social. Porém, seu pai fazia gosto, pois considerava José dos Santos um homem sério e trabalhador. Ela cuidou de não retirar o nome de sua mãe do nome de casada, apenas acrescentou o sobrenome do marido, o que era incomum daquela época. Depois do casamento foram morar na casa dos seus pais, lá nasceram seus primeiros filhos: Ademir de Jesus e Cleonice de Jesus.

Pela vontade do seu marido, eles ficariam na casa dos seus pais para sempre. Mas Maria Amélia queria ter a sua casa, conquistar seus sonhos e criar seus filhos longe dos mimos dos avós. Com isso, mudaram-se para o Cametá – no fundo da enseada da Ponta do Poço -, terra da mãe do seu marido.

Maria Amélia ganhou seu quinhão de gado e partiu para as terras do seu marido. Lá encontrou uma grande parceira, Maria Santos, a irmã de José que a ajudava em tudo, principalmente com o cuidado com as crianças. Praticamente nascia um filho por ano e assim, nasceram 10 (dez): Ademir de Jesus (in memoriam), Cleonice, Edmilson, Ricardina, Ademir, Maria do Nascimento, Ana Creusa, Ana Cléres, José Maria e Carlos Magno (in memoriam).

O seu filho mais velho faleceu com um ano e sete meses, vítima de difteria. Esse fato angustiou a jovem mãe que não teve mais alegria em sua casa tão bem construída pelo marido. Essa angústia levou José Santos a construir uma nova casa em outro local que era de propriedade do pai de sua esposa. E para lá se mudaram, antes, porém, destruíram a antiga casa e partiram para uma aventura, foram morar em uma casa improvisada, que nunca foi concluída. Acredita-se que houve arrependimento e desânimo por parte do esposo, que nunca concluiu a construção da nova casa.

Maria Amélia era a principal responsável pela educação dos filhos. O marido saía cedo para a lida na lavoura e só voltava à tardinha. Os filhos ficavam muito felizes, tanto pela presença amorosa do pai, quanto pela garantia de que a partir daí mais ninguém levava surra, as traquinagens podiam ficar para correção no dia seguinte, mas aqueles momentos eram sagrados com o pai,  que contava suas aventuras de infância e mocidade, bem como outras histórias repassadas pela sua mãe.

A formação religiosa dos filhos era motivo de preocupação dos pais. As orações antes de dormir eram obrigatórias. Reunida, a família sempre rezava uma dezena do terço, mas na época da quaresma, era um rosário inteiro, com contemplação dos mistérios e nas sextas-feiras a oração “Sexta Santa” era sempre recitada. Também aos domingos a família assistia aos cultos e, uma vez por mês à Santa Missa, celebrada pelo Padre Gerard. Os filhos desenvolveram o hábito de pedir a bênção aos pais, parentes e idosos.

Maria Amélia fazia questão que os filhos estudassem. Todos iniciaram seus estudos na Escola Sá Mendes que funcionava no Povoado Ilha Grande, tendo como principais professoras Lourdes Pinheiro Martins e Maria de Jesus (a Maria de Nhonhô). Naquela época, era costume a técnica da palmatória e as meninas se responsabilizarem pelos afazeres domésticos da casa da professora, como varrer casa, fazer comida e até cuidar dos filhos pequenos da professora. Os meninos ajudavam o marido da professora nas atividades de pecuária, muitas vezes tinham que cair no campo para ir atrás do gado. Isso, com certeza, prejudicava as atividades escolares. Entretanto, os filhos de Maria Amélia eram poupados dessas atividades.

No dia da matrícula, Maria Amélia que era brava quando o assunto era educação, já ia avisando:

– Meus filhos quem corrige sou eu, e eles não são teus empregados.

Com essa advertência, os filhos de Maria Amélia podiam estudar tranquilos. E ela ainda cuidava de orientar os filhos nesse quesito.

Com o acidente de seu marido em 20 de novembro de 1972, novos desafios ela iria enfrentar. Alguns vizinhos e amigos a aconselharam a tirar os filhos da escola para ajudarem no sustento da família. Ela sempre com a resposta na ponta da língua, dizia: – eu estou te pedindo alguma coisa? – Com a doença do pai é que eles precisam estudar mais. E assumiu os trabalhos da roça e na criação de animais e peixes e assim seguiu a vida.

Não foi à toa que seu filho caçula – Carlos Magno – mais tarde a chamava de “Galinha de Pinto”, simbolizando uma galinha que guarda a sua ninhada debaixo das asas e protege os pintinhos do ataque dos predadores, especialmente, o gavião.

Na comunidade ela praticava a medicina rudimentar. Aplicava massagens, curativos, enfaixava ossos quebrados. Depois que teve seus filhos, foi uma parteira eficiente, acompanhava as mães durante o período gestacional, orientando, inclusive, na alimentação. Verificava a posição correta do feto para o nascimento. Não raro, realizava manobras na barriga da mãe, para que a criança ficasse na posição ideal para o parto. De sorte que, nenhuma parturiente morreu em suas mãos.

Fica assim demonstrado que Maria Amélia lutava pelos direitos dos oprimidos, exercia sua função de mãe e esposa, sem descuidar em quebrar preconceituosos prejudiciais à convivência harmônica entre as pessoas. Percebe-se que ela estava à frente do seu tempo e que possui a marca dos vencedores, porque a sua força vem do espírito.

Eunice Diniz Pereira

Conhecida como Dona Nicinha. Eunice nasceu no dia 8 de maio de 1942, no povoado denominado atualmente de Mangueiral, no município de Peri-Mirim. Filiação: Marcelino Diniz e Almerinda Almeida Diniz. Casou-se com Raimundo Pereira no dia 28/11/1957, com quem teve 10 (dez) filhos: Edson, Evilásio, Edilson, Antônio Luís, Francisco das Chagas, Sebastião, Edna, Nasaré, José Raimundo e Edenilson.

Em Peri-Mirim, Dona Nicinha é considerada a maior autoridade quando o assunto é Festa do Divino Espírito Santo. Iniciou-se nas festividades no dia 15/12/1979, no povoado hoje chamado Igarapé Açu (nessa época eram sempre animadas com o período natalino que finalizavam 23, 24 e 25 de dezembro).

O gosto pela festividade foi herdada da tia Maria Lucinda Almeida Diniz, que com seu falecimento, a avó de Nicinha, Maria Agda Almeida e seu tio Raimundo Almeida Diniz (Bê) continuaram com a festa na Enseada do Pau D´Arco, hoje Canaranas. Falecendo sua avó, seu tio continuou, falecendo seu tio a festa parou por alguns anos, até que Nicinha resolveu resgatar a festa até os dias atuais.

Conta Dona Nicinha que nas festas dos seus familiares, Dona (mãe de Margarida) emprestava a imagem do Divino para a festa. A festa era animada e boa que ninguém queria que parasse.

As principais festas eram feitas por Bernadino na Ilha Grande; Sinhá de Caetano na Enseada Santo Antônio; Maria de Santinho no Cametá e Ascensão nos Porções.

A festa do Divino possui um ritual pré-estabelecido, composto por: 4 bandeiras, 4 caixeiras, 1 bandeira do Império, 1 Imperatriz, 1 Mordoma, 2 Aia, 1 Mestre-sala, 1 Rei e 1 Rainha. O número de bandeiras tem que ser igual ao número de caixeiras.

O festejo do Divino Espírito Santo é regado com muitas comidas e bebidas. Os mais antigos pagavam promessas com a realização de festas anuais.

No 1º Sarau Cultural da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), realizada no dia 07 de abril de 2019, a equipe de Nicinha abrilhantou o evento.  A equipe foi composta por: Mazoca, Domingas, Nicinha,  Maria Rosa, Rosa e Sibuca do Igarapé Açu; Sebastiana do Jaburu, Domingas Caul do São Lourenço; Marizinha e Wenya do Cametá; Isabel e Ducineia do Portinho; Rosinha, Da Paz e Teresinha.

As contribuições de Dona Nicinha para a manutenção da  festa do Divino ajudaram no resgate de festas tradicionais quase esquecidas. Ela também participa do levantamento e derrubamento de mastro no festejo do padroeiro de Peri-Mirim, São Sebastião.

Entrevista realizada por Diêgo Nunes Boaes e envaida à redação de O Resgate.

Terezinha Nunes Pereira

Conhecida como Teca, nasceu no povoado de Santana no Município de Peri-Mirim em 22 de setembro de 1929. Filha de Maria Isabel Martins Nunes e Domingos do Rosário Nunes conhecido popularmente como “Tibingo”. Teve como avós maternos João de Deus Martins (Dedeus) e Maria Rosa Martins (Mãe Cota). Bisavós (maternos), Benvindo Mariano Martins e Ana Teresa Martins. Trisavós (maternos): Emídio Pinheiro e Mariana Pinto. Avós paternos: Albertino Marculino Nunes e Sofia Pereira. Bisavós Paternos: Eduardo Nunes e Rosa Pereira.

O ano do nascimento de Teca foi marcado por vários acontecimentos históricos mundiais:

  • Ano em que se iniciou uma grande depressão econômica mundial, cujo início foi marcado pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, que se prolongou ao longo da década de 30 do séc. XX;
  • O Tratado de Latrão no qual a Itália reconhece a soberania da Santa Sé sobre o Vaticano;
  • A primeira premiação do Oscar em Hollywood, Los Angeles, Califórnia;
  • Foi formada a Aliança Liberal para a disputa da eleição presidencial de 1930, formando a chapa Getúlio Vargas presidente, e João Pessoa, como vice;
  • Nascimentos: no Brasil, Hebe Camargo, apresentadora de TV; Odete Lara atriz; Ronald Golias comediante e ator; Atlanta, Geórgia, Martin Luther King, Jr., defensor dos direitos dos negros norte-americanos, galardoado com o Prêmio Nobel da Paz em 1964; Em Frankfurt, na Alemanha, Anne Frank, jovem judia presa pelos nazistas e autora do famoso “Diário de Anne Frank”;
  • Morre Karl Benz, inventor do automóvel movido a gasolina e fundador, empresa Daimler-Benz que mais tarde veio a produzir os famosos Mercedes-Benz.

Teresinha é a terceira filha do casal (de uma prole de 12 filhos). Fruto de uma família pobre, honesta e trabalhadora. A sua família era muito católica. Desde criança a sua mãe foi a sua primeira catequista ensinando-lhe as primeiras orações. Em sua casa, tinham a prática de rezar o terço ajoelhados em uma mensaba de folha de palmeira (pindoba) que servia de tapete.

Quando criança, teve muitas aventuras, brincava com suas irmãs, primas e a esposa de um tio, na frente de sua casa. Na estrada que passava em frente a sua casa, tinha um areal, areia bem branquinha e lá era o local predileto de suas brincadeiras, às vezes brincavam a noite, a lua estava bonita e espiava lá de cima as crianças brincando aqui em baixo.

Em sua casa havia uma senhora idosa que morava com sua mãe a qual todos a chamavam “dindinha” ela carregava água nas vasilhas para dar banho nas crianças após as brincadeiras antes de dormir.

Um acontecimento marcou a sua vida, quando ela tinha apenas seis anos de idade, sua irmã Maria Rosa caiu no poço, vindo a falecer; desde então ela tem medo de águas profundas, rio, poço, mar; por duas vezes quase veio a se afogar, uma vez em São Luís e outra vez em Santa Helena.

Quando ela estava com sete anos a sua irmã mais velha, Joanita, casou-se, logo engravidando; ao ter a sua filha, com 40 dias após o parto veio a falecer, supostamente por complicações oriundas do parto. A menina foi criada com a avó, sua mãe Isabel Martins Nunes; o nome da menina é Inácia Rosa, sua sobrinha e mãe da confreira Eni Amorim. O pai a visitava na casa da avó duas vezes por semana.

Oito anos depois, conta ela: – “meu pai fez uma festa de tambor lá no sítio, nesse dia meu cunhado que se chamava Calisto Pereira mandou um recado que queria falar comigo, procurou pela filha e ela estava dormindo, daí começou um namoro era 23 de novembro de 1945. Em janeiro de 1946 meu cunhado mandou uma carta para meus pais me pedindo em casamento. Os velhos não queriam aceitar porque poderia ser pecado, eu casar com meu cunhado, mas depois conversando com amigos e o pai do meu cunhado eles falaram que não era pecado e que eu iria ser uma irmã /mãe para a menina (sua filha órfã)”.

Como costumamos dizer: “A vida é uma caixinha de surpresa”, e Teca ainda uma menina a desabrochar, teve que interromper os seus sonhos ao florescer da juventude, ela era mulher e era garota ao mesmo tempo, tinha a garra de uma mulher resolvida e o sorriso e o brilho no olhar de uma menina inocente. Ela era uma mistura interessante de adulta e criança e ela encantava a todos com seu jeito de ser “mulher”!

E foi então que o destino já havia escrito a sua história. Casou-se aos 14 anos com Calixto Pereira, este com 42 anos. O Casamento entre Terezinha e Calisto foi realizado no dia 20 de julho de 1946. Receberam a criança no aconchego do seu lar e a criaram com amor, carinho e zelo.

Após um ano de casados nasceu sua primeira filha, Izabel Nunes (Belinha) em 17/08/1947. Em 02/01/1953 nasceu a segunda filha Maria da Luz (Marizinha); a terceira filha, Lucinda nasceu em 24/01/1955. A caçula Delcy dos Remédios nasceu em 16/10/1956. São primas-irmãs de Inácia Rosa que nasceu em 31/07/1939.

Terezinha morava com o seu sogro na época, além de Inácia, criaram, Raimundo (Bicó) e outros “filhos alheios”. Em uma época onde a pobreza era extrema naquele dado momento histórico, ela teve que driblar as dificuldades da vida como doméstica, redeira, lavradora (trabalhou na roça, na casa de farinha), auxiliar de enfermagem. Em um período onde os meios de transportes eram escassos tinha que andar quilômetros a pé ou em lombo de animais para fazer seus atendimentos. Mais tarde, foi voluntária em cursos promovidos pela EMATER – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – ministrando cursos de Primeiros Socorros, doces e culinária.

Com a chegada dos padres canadenses da Missão de Sherbrook no município no final da década de 80 e início da década de 60, padre Gérard Gagnon assumiu a paróquia São Sebastião, conseguindo junto ao prefeito da cidade trazer do Rio de Janeiro duas enfermeiras para trabalhar no Município Ana Lúcia de Almeida e Sílvia Alves Barbosa e assim, Terezinha foi treinada/capacitada para atendimentos na área de Primeiros Socorros e a partir daí começou a ministrar cursos nas comunidades juntamente com as enfermeiras. Comunidades Atendidas: Santana, Serra (comunidade hoje extinta), Miruíras, Buragical, Torna, Rio Grande, Taocal.

Terezinha foi uma das atoras que ajudou na construção da Igreja e do Club das Mães em Santana; trabalhava como voluntária fazendo merenda para os trabalhadores na abertura das estradas, trabalhos esses organizados pelo Padre Gérard Gagnon.

Após o falecimento do seu esposo Calisto Pereira no ano de 1972, vítima de esquistossomose, uma doença que naquela época dizimou muitos homens no município deixando muitas mulheres viúvas e muitos filhos órfãos de pai. Foi convidada para trabalhar na Casa Paroquial na qual trabalhou oito anos, esse trabalho além de fornecer-lhe uma renda para ajudar na criação dos filhos, ajudou-lhe a dissipar a tristeza e a dor da perda do seu amado esposo.

No ano de 1978 começou a trabalhar na Pastoral da Saúde em Santana. No ano de 1998 passou a trabalhar no Hospital São Sebastião na Gestão de Carmem Serrão e na gestão de Benedito Costa Serrão (Dejesus). Na gestão de Evilásio Pereira trabalhou somente quatro meses, vindo a adoecer, teve um infarto e realizou um cateterismo e uma angioplastia, tendo que fazer acompanhamento trimestral com o cardiologista.

Trabalhou ainda no Club das Mães, na Pastoral da Criança, ministrando cursos de Primeiros Socorros na comunidade de Pedrinhas pela EMATER, projeto conseguido por Virgínia. Ana Lúcia de Almeida foi quem lhe ajudou na preparação das aulas. Também foi instrutora de produção de doces e licores de frutas variadas na comunidade de Ponta Branca (também pela EMATER).

Além de tudo que já foi falado, é apascentada, Legionária, Ministra Extraordinária da Sagrada Comunhão visitando e levando o sacramento aos doentes, idosos e pessoas que estão impossibilitadas de irem às celebrações, é Adoradora do Deus Vivo, participa das missas aos domingos, encontros de orações de ruas, rezas do terço, além das suas orações pessoais realizadas em sua casa em prol das famílias, da comunidade, do universo. Faz parte do Grupo de Idosos do Município idealizado pelo projeto CRAS – Centro de Referência de Assistência Social, onde realiza atividades físicas, lanches e acompanhamento médico, além de atividades lúdicas.

Já realizou algumas viagens conhecendo lugares maravilhosos: São Paulo, Goiânia Trindade, Aparecida do Norte, Curitiba, Blumenau, Beto Carreiro, Florianópolis, Camboriú, Joinville, Gramado, Canela, Caxias do Sul, Foz do Iguaçu, Caldas Novas, Argentina e Paraguai.

Teca tem uma vasta descendência: filhas biológica e netos: 09; netos e filha criação: 06;  bisnetos filhas biológica: 05; bisnetos filha criação: 09; Tataranetos de filha criação: 04.

A vida de Teca conta histórias de desbravamentos em terras nem sempre férteis, mas, que foram aradas e deram as colheitas possíveis. Assim como as cicatrizes as tuas rugas, são marcas de sobrevivência, são motivos de orgulho, símbolos de respeito registrando um passado de alegrias e superações enviando-nos sempre poeticamente teus sorrisos emoldurados por seus vincos.

Ela é uma mulher incrível! Sempre ajudando o próximo, importando-se com os sentimentos dos outros, para servir. Está sempre na luta e dá o seu melhor para concretizar os teus sonhos e para ajudar com o teu fazer e com teu exemplo de vida na construção de um mundo melhor. Teca sempre escolhe enfrentar as suas batalhas diárias de cabeça erguida, com um sorriso nos lábios . Ela é melhor versão de si mesma:  Terezinha Nunes Pereira, para sempre!

Biografia encaminhada ao Jornal Eletrônico O Resgate por Eni do Rosário Pereira Amorim, atual Presidente da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), a quem agradecemos pela contribuição com a historicidade de Peri-Mirim e sua gente.

Thomasia Viegas

Natural do Povoado de Mojó no município de Bequimão-MA, de onde veio aos seis meses de idade com seus pais para viverem na Ponta de Wadir, próximo à Ponta do Lago, embora no seu documento de identidade conste que ela é natural de Peri-Mirim/MA. Nasceu no dia 28 de janeiro de 1924, é a primeira filha de Raimundo França Pereira e Joanna Viegas. Seu marido era Armando Leôncio da Paz,  conhecido como Manduca (in memorian). Seus irmãos são Helena, Cândida, Justina, Filomeno, Sebastião e Antônio, estes dois últimos ainda estão vivos e moram próximos a ela.

Estudou por pouco tempo, lê um pouco e mal sabe escrever seu nome. Contou que teve uma experiência traumática com um professor. Certa vez, o seu professor particular mandou que os meninos fossem embora mais cedo e ficou com ela, com a desculpa de que precisava lhe ensinar mais uma lição.

Para sua surpresa, o professor colocou as mãos nos seus seios que ainda estavam despontando. A destemida Thomasia se defendeu dizendo que “não era galinha para ser apalpada” e não hesitou em sentar-lhe um pescoção com toda a força. Saiu furiosa para contar o fato à sua mãe. Assim que chegou a casa, o dito “professor” chegou em seguida para dizer que era mentira. A sua mãe, por óbvio, não acreditou naquele sujeito. Porém, a mocinha nunca mais frequentou uma escola.

Depois dessa experiência desagradável, foi morar na casa de Margarida Brenha de São Bento que veio morar em Peri-Mirim, com quem aprendeu a bater redes. Nessa época, conheceu a mãe do seu marido, a senhora Guilhermina de Castro, que fazia muito gosto do namoro com seu único filho, Manduca, que era 12 anos e meio mais velho que ela. Manduca já era um carpinteiro experiente.

Após um breve namoro, no dia 21 de janeiro, Manduca praticou o rapto da bela moça, então com 19 anos de idade. Moraram na casa da sogra – a mãe de Manduca -, em frente à Prefeitura, depois compraram uma casa no bairro em que vive até hoje, no Campo de Pouso.

Da união nasceram 12 (doze) filhos, entre eles, alguns abortos espontâneos, pela ordem: 1) Raimunda Nonata (faleceu com 1 ano e 5 meses, com problema de dentição); 2) Francisco (que é acadêmico da ALCAP); 3) Maria de Nazaré (mora em Imperatriz); 4) Isaías (faleceu em 27/12/2009); 5) Alzirene; 6) Domingos; 7) Marinalva (faleceu com 1 ano e 1 mês); 8) Artemísia e 9) José Viegas.

Lembra que na construção do campo de pouso, ela estava grávida de Francisco e que derrubaram a sua casa, depois construíram outra casa próxima ao local. Lembra que lá pousavam muitos aviões, mas não demoravam na cidade.

O primeiro prefeito que ela tem recordação é Manoel Miranda. Lembra também de Agripino Marques que morava no Apirital, depois mudou-se para a sede. Lembra que ele foi um bom prefeito, e que construiu a Barragem do Defunto com trabalhadores em mutirão. Tem uma lembrança vívida que atravessava a canoa por cima dessa barragem para ir visitar os seus parentes no Mojó, Bequimão. Lembra também da professora Maria Guimarães que era comadre de sua mãe.

A sua mãe contava que os seus pais morreram de bexiga brava e que os filhos foram distribuídos nas casas de parentes, para não contraírem a doença fatal. Com isso, a sua mãe ficou órfã ainda criança e foi criada na “casa dos outros”, nem sabia a sua idade.

Conta que seu marido morreu há 22 anos e que depois de sua morte, ela vive maritalmente com Benedito Garcia (Benedito Piolho), que é trinta anos mais moço que ela.

Perguntada sobre o confrade Francisco Viegas, para que ela contasse algo engraçado sobre o filho, ela disse que ele era um menino obediente, estudava muito e quase ia ser padre. Que só dava trabalho para comer, tinha muito fastio, e que tomou muito Emulsão Scott. Ele era muito carinhoso que a chama de “Bá” e ao pai “Duduca”. Segundo ela, Francisco era o filho preferido do pai. Disse ainda que não costumava bater nos filhos porque eles eram obedientes, apenas ralhava.

Thomasia lembra com saudades do festejo de janeiro, que tinha alvorada e coro na procissão. Era “um céu aberto”, com música de Nogueira. As vestes para os bailes eram terno, gravata e vestidos longos. Os bailes aconteciam na casa de José Gomes. Lembra também das missas lindas e dos padres Gerard e Edmundo que vieram do Canadá. As brincadeiras de Bumba-meu-boi eram feitas por João Brito e Secundino Pereira, este era proprietário de barco.

Compareceram à casa de Thomasia: Ana Creusa, Ana Cléres, Eni Amorim e Maria Amélia (mãe das Anas). O confrade Francisco Viegas estava na cidade, mas resolveu deixar a mãe à vontade para falar com os entrevistadores e foi participar de uma cantoria com seus amigos do Rio Aurá e somente chegou depois da entrevista, mas a tempo de posar para uma foto com a sua mãe.

Importante ressaltar que Thomasia goza de excelente memória, de gestos carinhosos, alegre e, durante a entrevista, soltava sonoras gargalhadas ao lembrar de sua juventude. Para coroar a visita exitosa, a anfitriã presenteou os visitantes com uma bela canção. Os visitantes despediram-se já sentindo saudades daquela jovem de cabelos brancos, acolhedora e amável. Thomasia é um exemplo de vida!

Entrevista realizada na residência de Thomasia Viegas no dia 01/03/2020 no Bairro Campo de Pouso, na presença de sua sobrinha Rosane Viegas. Nossos agradecimentos à Família pela preciosa colaboração à historicidade de Peri-Mirim.

Eni, Thomasia, Maria Amélia e Ana Creusa
Rosane, Thoamasia, Maria Amélia e Ana Cléres
Thomasia e Benedito Garcia
Thomasia e Francisco Viegas