Adalberto Ferreira Coimbra, Galanchinho

Adalberto Ferreira Coimbra nasceu no Bairro do Portinho, Peri-Mirim-MA, no dia 08 de setembro de 1962. Casado com Jeane Margareth Martins Ferreira, pai de 04 filhos. Filho de José França Coimbra (popular Biruá) e de Mariana França Coimbra. Conhecido como Galanxinho, apelido dado por sua bisavó paterna.

Galanxinho aos 19 anos de idade organizou uma quadrilha denominada Força Jovem que envolvia jovens de várias comunidades. No ano de 1977 na Rua Humberto de Campos no Bairro do Portinho, os ensaios aconteciam no quintal da casa de seus pais, terreno amplo e propício para adequar os ensaios da quadrilha. A quadrilha tinha a participação de 50 integrantes e durou por 10 anos.

Passando-se alguns anos, comandou o Bumba-meu-boi de zabumba Campeão do Norte do Bairro do Portinho, na administração do prefeito Vilásio, em 1995 que durou apenas 01 (um) ano. Anos mais tarde, comandou outra quadrilha “Agora que são elas”, organizada pelo professor Valtinho, Terezinho, Shonem e Dora. Que tinha como lema: Arraial sem preconceito, era uma dança diferenciada que fazia muito sucesso nos arraiás, pela dinâmica e liberdade de gênero, onde o cenário era diferente das outras quadrilhas, nesta, homem se vestia de mulher e mulher de homem. A quadrilha abrilhantou os arraiais por 03 anos.

Após a quadrilha: Agora que São Elas, Galanxinho resolveu organizar a Dança Portuguesa Império de Portugal que se encerrou em 2014. A dança também foi uma das atrações mais marcantes dos arraiais de Peri-Mirim, pela exuberância, estilo e delicadeza na qual levava em suas apresentações.

Galanxinho teve sua inspiração por danças culturais desde sua infância, quando um senhor por nome Vicente organizava uma quadrilha e ele por ser muito criança não podia participar, até que Antônio de Lauro, pai do atual vereador Cleomar organizou uma quadrilha no bairro e ele pôde participar. Foi par da professora Lourdes na Dança Portuguesa Thiagad, organizada pelo professor Valtinho.

Sempre teve muito apoio da comunidade do Portinho, na organização das danças e nas despesas e algo que ele retratou que fazia com que a cada ano eles se empenhavam em fazer mais bonito eram as disputas entre as danças. Os ensaios eram às portas fechadas, as roupas só no dia das apresentações do dia 23 de junho no arraial em Peri-Mirim. A rivalidade era sadia. O que o desestimulou a não fazer mais danças foi o apoio que além de ser pouco, a dança portuguesa tem muitos gastos. E para mantê-la é muito caro. Mas até hoje ele sente muita saudade das andanças pela baixada, pois a Império de Portugal abrilhantou o arraial de várias cidades maranhenses.

Em 2021 foi homenageado pela Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) com a honraria do Mérito Cultural Perimiriense, João de Deus Paz Botão,  concedido pelo reconhecimento da importância, o trabalho e dedicação daqueles que constroem a história do município por meio da promoção e apoio a diversas manifestações folclóricas e culturais no Município de Peri-Mirim.

ALCAP: Mérito Cultural Perimiriense

A ALCAP – Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense, realizará na próxima quarta-feira, em 30 de junho de 2021 às 19:30 horas em ambiente virtual uma solenidade de entrega do Diploma de Mérito Cultural Perimiriense, João de Deus Botão, que será concedida à algumas pessoas da cidade, de forma a reconhecer a importância, o trabalho e a dedicação daqueles que constroem a história da cidade por meio da promoção e apoio a diversas manifestações folclóricas e culturais no Município de Peri-Mirim.

Homenageados:

Adalberto Ferreira Coimbra (Galanchinho);
Carlos Pereira Oliveira (Carlos Pique);
José de Jesus Pereira Campos (J. Campos – in memorian);
Manoel de Jesus Campos (Santiago);
Maria de Lourdes Campos e
Rui Ribeiro Corrêa.

Helena Ribeiro Corrêa

Por Alda Regina Ribeiro Corrêa

Helena Ribeiro Corrêa é patrona da Cadeira nº 17 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Alda Regina Ribeiro Corrêa. Nasceu no dia 29 de outubro de 1934, na cidade de Peri Mirim- MA. Filha de família tradicional da região, sendo seu pai o senhor Justino e a mãe senhora Rosa Silva Ribeiro. Seus pais vieram da zona rural atraídos pelas ricas terras Macapá. Hoje atual cidade de Peri Mirim, uma vez que eram agricultores. Dos quatro filhos ela era a 3ª. Estudou na Escola Reunida, naquela época, aonde hoje é a Escola Carneiro de Freitas (Escola Municipal Cecilia Botão- anexo II), teve como Professoras Maria Guimarães, Naísa Amorim, Matilde (cujo nome popular Matilde Perigosa), Margarida…, conta-se em relatos que era uma das melhores alunas. Aos sete anos de idade, a então menina Helena Ribeiro ingressava na escola primária, frequentando na época o Grupo Escolar de sua cidade natal.

Quando concluiu o curso primário, matriculou-se no mesmo estabelecimento de ensino para frequentar o Curso Complementar, formando-se assim como Professora Complementarista, e que a mesma recebia seu honorário em valor de conto de reis, conta-se que aos dezesseis anos de idade, no ano de 1951. Como era muito dedicada ao ensino, naquela época o responsável pela Escola Municipal Urbano Santo no Povoado Picumã, onde, a pedido do senhor Clovis Ribeiro (seu irmão), a convidou, a título de estímulo para ser funcionária municipal, na função de Professora de Ensino, atividade esta que desenvolvia com remuneração de 50 conto de reis. Nessa época (1951), Helena ingressava no Curso Normal Regional, formando-se Professora Regionalista no ano de 1954.

Em primeiro de março de 1954, Helena Silva Ribeiro foi nomeada Professora Complementarista, para lecionar no estabelecimento onde estudava, passando assim a trabalhar oficialmente como professora nomeada, recebendo uma remuneração conto de reis, realizando dessa forma um de seus maiores sonhos o de ser “professora nomeada”. Em dezembro de 1954, formara-se no Curso Normal Regional. Formada normalista Regional, Helena Silva Ribeiro continuava exercendo suas atividades docentes, conquistando a simpatia das pessoas que com ela trabalhavam bem como de seus alunos e que a chamava de minha mestra.

A professora Helena Silva Ribeiro, em 20 de janeiro de 1960, casou-se com o Senhor Anastácio Florêncio Corrêa, na época Lavrador, onde mais tarde passou a exercer também a profissão de Vigilante de Portaria do CEMA. A partir dessa data passou a assinar Helena Ribeiro Corrêa, passa a residir então no povoado Pericumã, na cidade de Peri Mirim. Dessa união, nasceram dez filhos: José Reinaldo Ribeiro Corrêa, Renivaldo Ribeiro Corrêa, Rosângela Ribeiro Corrêa, Rosélia Ribeiro Corrêa, Rubem Ribeiro Corrêa, Rui Ribeiro Corrêa, Alda Regina Ribeiro Corrêa, Everaldo Ribeiro Corrêa, Roseane Ribeiro Corrêa e Herbeth Ribeiro Corrêa.

Decorrente da atividade de seu marido, Helena Ribeiro Corrêa, transferia sua residência para sede do município no ano de 1969, conseguindo também a transferência do exercício de seu cargo para esta cidade, onde exerceu o cargo de professora na sede do município, fora nomeada com a função de Diretora da Escola Municipal Cecília Botão no período compreendido de 1976 a 1982.

Como professora e diretora, Helena Ribeiro Corrêa teve atuação marcante, era responsável e dedicada, apresentava grande capacidade administrativa e pedagógica, sempre pronta para solucionar os mais diversos problemas inerentes ao cargo que ocupava, atraindo dessa forma a simpatia de todos que com ela trabalhavam: colegas, alunos e a comunidade em geral.

Durante a sua vida profissional Helena Ribeiro Corrêa, procurava frequentar todos os cursos de aperfeiçoamento que eram ministrados em sua cidade em outras localidades pertinentes. E assim superar os obstáculos e realizar uma das tarefas que ela mais gostava, dedicar-se a educação.

Com 35 anos de serviços, se aposentou, na então gestão do Prefeito João França Pereira, e a mesma depois de aposentada continuou na profissão de rendeira que antes em suas folgas exercia, com suas belezas de estampas e transados do tear de madeira onde os fios de cores variadas, sobre saídas e entradas, entre fios e outros fios e dava origens de suas belezas incalculáveis.

Em 1983, o casal Anastácio Florêncio Corrêa e Helena Ribeiro Corrêa que viviam 25 anos de bodas de prata, no dia 11 de setembro seu casamento chega ao fim depois de tantos tempos de amores e namorados.

Preocupada com seu aperfeiçoamento e tendo em vista que possuía apenas uma vida normal, a professora, rendeira e mãe separada, Helena Ribeiro Corrêa, mãe de 10 (dez) filhos, continuou a sua inteira vida trabalhando para o sustendo da sua família.  Com o passar do tempo alguns filhos foram morar em São Luís, no ano de 1985 muda-se também para lá.

Logo a sua família foram aumentando com 23 (vintes três) netos e 7 (sete) bisnetos, tinha uma vida bastante dedica à Igreja Católica e com o passado tempo entrega a sua inteira dedicação em outra religião, ou seja, converte-se à Igreja Evangélica Batista aonde morava. Pela vida regressa de tantos trabalhos, sua idade e tantas outras coisas, seu estado de saúde de Helena se agravava, mas, sempre visitava sua cidade natal que tanto amava.

Um ano após, mesmo sofrendo muito em relação a doença (diabete, pressão alta, dificuldades de locomoção) acreditando que haveria de vencer a própria doença, mesmo dependendo da cadeira de rodas para se locomover, ficou internada na UTI do Hospital de São Domingos em São Luís, seis meses e dezoito dias.

Porém, no dia 18 de março de 2016, falecia a professora, rendeira e mãe Helena Ribeiro Corrêa deixando entre todos que a queriam bem uma imensa saudade, que nem mesmo o tempo conseguirá apagar tendo em vista ser ela uma pessoa batalhadora, competente, que não mediu esforços em prol da educação e, principalmente pelo estabelecimento que dirigia, seus filhos que sempre almejavam de dedicação de uma mulher mãe dedicada, carinhosa e muita atenciosa.

O baú da Bisa Bebel

Por Eni Amorim

A Bisa Bebel era uma mulher de porte pequeno, magra, aparência de mulher frágil, mas tinha um forte espírito de liderança. Sua palavra era Lei.
De face fina, olhos miúdos, narinas estreitas com a ponta levemente para cima e o dorso levemente côncavo.
Usava vestidos longos, nos cabelos um cocó, (coque) no qual colocava uma flor do seu jardim.
A bisa Bebel tinha um baú de estimação no qual guardava os seus tesouros: biscoitos, ovos, chocolates, bolos e frutas do seu pomar.
Todas as pessoas que a visitavam, tinham que receber algum mimo que ela tirava do seu precioso baú.
Juntamente com aquele gesto singular, a bisa Bebel tirava do fundo do seu baú sentimentos de: amizade, carinho, ternura, e amor, uma forma de demonstrar que aquela pessoa era importante para ela.
Os gestos da Bisa Bebel diziam muito para nós seus netos (as) e bisnetos (as) era uma aula de delicadeza, partilha, solidariedade e amor ao próximo.

N.A: Créditos da Imagem, banco de imagens do Google.

Anastácio Florêncio Corrêa

     Nasceu no dia 11 de março de 1939. Filho de Honório Pereira e Maria da Anunciação Correia, sendo o 3° dos onze filhos, seus irmãos são: Justino Corrêa, Valdemar Corrêa, João de Deus Corrêa, Maria José Pereira, Agostinho Corrêa, Valmir Corrêa, Dulcinete Corrêa, Maria Raimunda Corrêa, Raimunda Corrêa e Edvan Corrêa. Todos residiam na Serrinha – Pericumã. Avós Paternos: Joaquim Pereira e Plautila Pereira e avós Maternos: João da Paciência Andrade e Emília Correia, moravam no Povoado Conceição.

    Começou a estudar com dez anos de idade, na Escola Urbano Santos, com a professor Ciroca, com quem estudou a carta do ABC, Cartilha e o Livro do 1° ano. Sua segunda professora foi Maria de Crescencio, por 6 meses. Depois estudou a EJA, com 32 anos de idade, no CEMA, com a professora Maria da Conceição Corrêa.

     Com 12 anos já trabalhava na Lavoura, pescava e caçava na mata e no campo. Casou-se, com Helena Ribeiro no dia 20 de janeiro no ano de 1960, com quem teve 10 filhos, residindo no Barreiro.

      São eles:  José Reinaldo Ribeiro Corrêa, Reinivaldo Ribeiro Corrêa Rosângela Ribeiro Corrêa, Rosélia Ribeiro Corrêa, Ruben Ribeiro Corrêa, Rui Ribeiro Corrêa, Alda Regina Ribeiro Corrêa, Everaldo Ribeiro Corrêa, Roseane Ribeiro Corrêa e Herbeth Ribeiro Corrêa e mais dois com a senhora Claredite Nogueira, que são Júlio César Nogueira e Fernando Nogueira. Nos anos de 1965 e 1966, foi estudar no Município de Guimarães, na Escola da fé, seis meses em cada ano. Mudara-se, para a sede do Município no ano de 1970.

      O povoado Pericumã, tinha somente duas casas, uma de Honório e outra do seu pai. Depois, foi construída a de Rosico e a de Pedrinho Pereira e da Senhora Joaquina. Não havia estradas, só caminhos abatidos pelos moradores, dividido em quarteirões pelo prefeito. No ano de 1956, Clóvis Ribeiro abriu um comércio no Barreiro e falou com a professora Ciroca para ministrar aulas na casa de André Avelino. Após Ciroca a professora foi Helena Ribeiro, no ano de 1959. Ano no qual Clóvis Ribeiro falou com o prefeito da época, Agripino Marques para construir a Escola Urbano Santos. Sendo Helena Ribeiro a professora até o ano de 1970 e nesse mesmo ano chegou em Peri-Mirim o Padre Edmundo e por ele foi construída a igreja do Barreiro, próximo a Escola. Depois a professora passa ser Juscelina Pereira, por um período de 22 anos.

        No ano de 1970 passa a morar na sede do Município, na casa alugada de Jair Amorim e no dia 27 de fevereiro de 1978, através do Deputado Chiquitinho, ganhou uma nomeação do Estado, para trabalhar como vigia no CEMA, a diretora era Concita Pereira. Trabalhou nessa função por 33 anos. Em 1983, no mês de setembro se separou da esposa, Helena Ribeiro Corrêa. Depois morou com por 11 anos com Maria de Jesus Lopes, na entrada do povoado Porções, separa-se outra vez, e foi morar com Rosa Catarina Andrade por 12 anos na Travessa São José no Campo de Pouso.

     De 02 de janeiro de 2001 até 31 de dezembro de 2012, trabalhou para a Prefeitura Municipal de Peri-Mirim, na função de Fiscal Geral.

    Teve 12 filhos, 24 netos, 11 bisnetos. E morava sozinho, na Rua Desembargador Pereira Junior. Peri-Mirim/MA. Aos 82 anos, faleceu no Hospital do Servidor em São Luís, no dia 15 de maio de 2021, às 18:00 horas. E foi sepultado no dia seguinte no Cemitério do Povoado Pericumã, Povoado onde nasceu e se criou.

Biografia enviada ao Jornal O Resgate por Alda Ribeiro

Casa na árvore

Por Diêgo Nunes Boaes

Sonho de toda criança
Feita de madeira, ferro, tecido e muita emoção
A casa na árvore se torna um espaço para a recreação, espaço de trabalho, habitação e observação.

De degrau em degrau,
de galho em galho,
com delicadas mãos,
Feita sem nenhum atrapalho

Planejada, com meses
de projetos bem sucedidos,
No alto da azeitoneira divisa com a paparaubeira.
Com amarros corridos


Assento triangular
e de cor alaranjado
laterais de cortinas de tecido
para esconder do sol avantajado.

Cada galho tem um degrau
Que espalha o cansaço ao subir
Porém, uma sensação boa ao chegar
Naquele belo local pude sentir

A vista de cima,
dá-se ao campo radiante
que no inverno nos propicia
um cenário exuberante.

A 14 metros aproximadamente,
levou um mês de construção.
Na descida pude sentir extremamente
o calor da emoção.

Naquele lindo lugar
O forte vento,
A paz e a tranquilidade,
É que nos permite passar mais tempo.

O que vale é a aventura
O desejo de passar mais tempo ali
De fazer mil e uma peripécias
E lá mesmo se divertir.

PEQUENAS GRANDES CRÔNICAS: TEMPOS DE CRIANÇA

Por Diêgo Nunes Boaes  

Brincadeira de criança

Veio-me à memória a brisa leve, o cheiro da terra molhada depois da chuva, o canto tímido dos pássaros que dançava sobre as terras dos meus avós. Debaixo da mangueira, eu me sentava e deixava que o vento me presenteasse com pequenas mangas caídas. Com uma farpa de pindoba, transformava aquelas frutas em bois e vacas: um, dois, e logo toda uma boiada surgia entre meus dedos. O mundo cabia ali, entre a imaginação e o simples gesto de brincar.

Minha avó contava histórias de bonecas feitas de sabugo de milho, e meu avô criava milagres com o que tinha à mão: cata-ventos de folhas de pindoba, brinquedos que giravam com o vento; cascas de coco manso que se tornavam pés-de-lata; latas de sardinha que viravam carrinhos; folhas de bananeira e de pindoba que se transformavam em cavalinhos, e o barro do campo que, sob suas mãos, virava bois e cavalos. Cada brinquedo carregava vida, e cada brincadeira, magia.

Minha bisavó, com suas bonecas de pano, hoje se encanta pelas modernas que falam, preenchendo seu quarto de vozes e sorrisos. Ela ainda brinca, ainda se permite ser criança, e nos seus gestos vejo que o tempo não apaga a ternura, apenas a transforma em lembrança viva. Brincar, percebo, é mais do que gesto: é memória, é poesia, é o coração que aprende a ver beleza nas pequenas coisas.

E quando falamos de andar de canoa? Era uma alegria sem fim, e ainda recordar a maravilha que era sentir a brisa suave do campo, o cheiro úmido da terra que ainda guarda histórias, o perfume das folhas e a doçura do ar que acaricia a pele. Os pássaros cantam como notas dispersas pelo espaço, enquanto patos e parturis deslizam sobre a água, mergulhando com precisão, buscando alimento, despertando encantamento.

A canoa se movia lentamente, enforquilhando, balançando de um lado para o outro, sentindo o barro maciço que se mantém firme sob nossos pés, companheiro antigo e silencioso, testemunha de tantas jornadas. Nas margens, os pés de folhas abrigam ninhos: jaçanãs, joaninhas, criaturas minúsculas que colorem o espaço com vida, cores e segredos.

À frente, um recanto surge, limpo, tranquilo, perfeito para uma pausa. Mas a alegria insiste, e a canoa se alaga, a água invade, fria, clara, provocando risadas e saltos. Mergulhamos todos, corpo e espírito, rindo, gritando, sentindo a água envolver-nos, sentir a liberdade e a felicidade simples de existir naquele instante.

O vento passa entre nós, a luz dança na superfície da água, e por um momento o tempo deixa de existir. Não há preocupações, nem pressa. Só nós, o campo, a canoa, a água, e o riso que se espalha como música. O dia parece infinito, e cada mergulho é uma promessa de que a infância, mesmo que fugaz, permanece viva dentro de nós, como o canto dos pássaros, o cheiro do barro e a brisa que nunca se cansa de nos tocar.

Hoje, enquanto o cheiro da comida me envolvia, me dei mais uma vez que as brincadeiras eram simples, sem recursos, mas intensamente puras. Não havia malícia, nem intenção de machucar; apenas momentos que se imprimiam na memória, despertando riso, coragem e vontade de viver.

No balanço de pneu, preso aos troncos grossos da mangueira. Sentar-se nele era tocar o céu com os dedos. A cada impulso, o mundo se expandia, e eu voava sem tocar o chão. A imaginação era vento e força, medo e desafio se misturavam, dissolvendo-se no riso.

Brincar de balanço exigia força e habilidade, mas a melhor parte era o instante de suspensão, aquele momento entre o chão e o voo, quando o frio na barriga transformava-se em êxtase. O medo de altura desaparecia, rendido ao sorriso amarelo que surgia nos lábios, tímido e verdadeiro.

O balanço era mais que um brinquedo. Era liberdade. Era voo. Era aventura e magia. Cada impulso era um reencontro com o mundo que a infância nos oferece: infinito, leve, possível.

Na rua da minha casa, brincávamos de bete, ou tacobol como muitos conhecem, era uma relação entre latas, litros e tacos, a rua se enchia de círculos riscados no chão.
Tacadas brutas, correria, gritos que se espalham como vento.
A bola ia de mão em mão, os pés descalços batem no chão,
e a alegria se misturava com o pó e o sol da tarde.

Uma dupla segura a bola, outra enfrenta o taco;
os contadores correm de dez em dez, até cem, até a vitória,
até o riso final que anuncia o campeão.
“Licença! Licença!” ecoa nos momentos de tropeço,
e entre pequenas quedas e grandes risadas,
todas as crianças celebram a festa que é ser criança.

No meio da brincadeira, do calor e da poeira,
reina a cansaria, mas também a emoção,
a sensação única de liberdade,
o coração batendo rápido,
os braços abertos para o mundo que é só delas.
E cada tacada, cada corrida, cada riso,
se torna memória viva,
como se a rua guardasse a eternidade da infância.

Correr, pular, brincar, sentir o vento no rosto e o chão quente sob os pés descalços.
Chorar, sorrir, estudar, tropeçar, levantar-se, aprender.
A vida da infância é essa dança de pequenos gestos, de grandes descobertas,
um mundo inteiro cabendo em risadas e em sorrisos singelos.

Ser feliz é simples: basta ter amizade para dar,
um sorriso aberto, leve,
e a coragem de fazer o que é preciso, mesmo com dúvidas que rondam o coração.
Deixe para trás o que envenena, abrace o que aquece,
pois viver vale a pena, e cada instante pode ser memória viva.

No meu tempo de criança havia: corda, queimado, futebol, amarelinha, elástico, boca de forno,
roda, corrida de saco, rouba-bandeira, bombarquinho, peteca, mímicas.
Cada brincadeira um portal, cada risada, um fio dourado que nos ligava à alegria.
Ah, como é bom recordar!
Os tempos simples, os jogos pequenos,
fazem bem à alma, acalmam o coração,
nos lembram que a infância não se perde, apenas se transforma,
em lembrança, em calor, em canto de liberdade.

E mesmo agora, adulto, é possível sentir:
a corda que estala, a bola que rola,
o grito de amigos, a corrida sem fim,
o sorriso amarelo no rosto cansado,
a felicidade pura, sem malícia, apenas vida.



Nota de Pesar pelo falecimento de Anastácio Florêncio Corrêa

Os membros da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) vêm externar o mais profundo  pesar pelo falecimento de Anastácio Florêncio Corrêa, pai da acadêmica Alda Regina Ribeiro Corrêa, ocorrido às 20 horas deste sábado, dia 15 de maio de 2021, no Hospital dos Servidores Estaduais em São Luís.

Ao longo de sua vida, Anastácio sempre esteve envolvido em movimentos sociais e políticos em prol dos trabalhadores, especialmente os mais humildes. Era um profundo conhecedor das causas sociais que pudessem beneficiar as pessoas do seu lugar.

Construiu uma família exemplar e sua lembrança ficará eternamente gravada na alma dos seus conterrâneos e amigos. Anastácio deixa saudades, faz parte da História de Peri-Mirim, e deverá ser lembrado para sempre, como alguém que não se curvou diante das dificuldades.

Neste momento, as palavras falham, então, juntamos as nossas orações para que Deus fortaleça os corações dos familiares, conterrâneos e amigos do saudoso Anastácio.

Receba nossos pêsames, confreira Alda Ribeiro e à sua família. Lembrem-se que a morte não é o fim, é o coroamento da missão de Anastácio, o ápice do seu serviço aqui neste plano material. Deus esteja com toda a família neste momento de dor e saudades.

Finalmente, apresentamos à família Ribeiro Corrêa e aos amigos enlutados nossos sinceros sentimentos de solidariedade e respeito, bem como condolências pela inestimável perda.

POEMA ÀS MAMÃES

Por Nasaré

Hoje é o seu, o meu,
O dia de todas as mães.
Mãe sofrida, mãe querida,
Mãe amada, abandonada,
Não importa, coração suporta,
Dor, alegria, felicidade, nostalgia.
Qualquer que seja a sorte,
Só não aceita a morte
Destruir sua fantasia.

 

Fantasia e sonho
Tudo num só enredo.
Enredo cheio de segredo
Que só coração de mãe sente.
Coração fica dormente
Cheio de tanto amor,
Que se transforma em dor
Quando um filho lhe desmente.

 

Mãe, quisera eu poder.
Todo o amor expressar.
E só assim demonstrar
O que sinto por você.
Com gestos, palavras, ações,
Tirar a dor dos corações
Das mães que vivem a sofrer

 

Mãe, quando digo que te amo.
Não é engano, pode crer.
O que sinto por você
É amor, ternura carinho,
Mãe você é o caminho
Quando as portas se fecham,
E não mostra uma brecha
A clarear meu destino.

 

Quando já é dia ou noite
E o mundo parece açoite
A destruir minha vida.
Lembro teus braços, querida.
Que outrora me carregaram
E jamais me abandonaram,
Quando já desfalecida

 

Sem você a minha vida
Não seria cheia de graça,
Seria apenas fumaça
A evaporar-se no ar.
Amor, carinho, ternura.
Seria só desventura
Se não pudesse lhe amar.

 

Mãe, você é tão linda!
Tão meiga e tão formosa!
Parece mesmo uma rosa
Que vive a desabrochar.
Até mesmo quando triste,
Com seu sorriso insiste
O seu amor demonstrar.

 

Mãezinha, quantos netos,
Quanta alegria recebeu!
E quanta alegria nos deu,
Com sua firmeza de mulher
Mãe, seu abraço é meu suporte
Mas, infelizmente a morte
Transformou-a num mister.

 

Oh, minha querida mãe,
Mãezinha meiga e singela
Quanta dor eu lhe causei!
Alegria que não desfrutei,
Vivendo ao lado seu,
Peço-lhe mil vezes perdão
Do fundo do coração
Peço à senhora e a Deus.

 

Com tantos momentos belos
Os mais lindos e singelos
Foram os que vivi do seu lado.
Junto do meu pai amado
Deram-me só amor e carinho
Mostraram-me sempre o caminho
Da Verdade e do Adorado.

 

Quantas noites, tantas vezes
Já passaste sem dormir
Cuidando sempre de mim
E dos outros irmãos meus.
Só quem sabe mesmo é Deus
O que a senhora passou
Minha mãezinha querida
És minha melhor amiga
Que Deus para mim, enviou.

 

É certo que só devia
Ser um milagre de Deus
Este grande criador
Que a mim destinou
Esta mãe especial
Vinda do espaço sideral
E enviada por Jesus
Clarear-me com sua luz
A me defender do mal.

 

Mãe você é para mim
Um imensurável tesouro
Que nem a peso de ouro
Jamais poderia comprar.
Sinto falta do seu colo
Em meus momentos de dor.
Descanse em paz, minha mãe,
Ao lado de quem sempre amou.
Fim.

Amor Perfeito

Por Eni Amorim

Eu quis um dia entender esse amor de mãe.
Mas, acho que nenhuma literatura consegue explicar.

A mãe passa nove meses alimentando um embrião em seu ventre;
Sente náuseas,
Tonturas;
Enjoos;
Vomita até ficar verde.
Desmaia.
O nariz cresce,
Os seios crescem,
Os pés e as pernas incham,
O umbigo estufa,
A barriga cresce,
O corpo perde as formas;
Sente dores nas costas;
Tem desejos estranhos;
Não consegue posição confortável para dormir;
Sente cansaço;
Geme as dores do parto.

Depois que o bebê nasce,
Inicia outra maratona,
É um tal de:
Troca fraldas,
Limpa a bunda,
Dá banho,
Troca a roupa;
Dá de mamar,
Bota pra arrotar,
Aguenta as golfadas,
Acalenta o bebê,
Não dorme direito (o bebê não deixa),
A mãe deixa de comer para encher a barriga do filho;
Quando o filho está doente vela por ele,
Seu amor é unguento para todas as dores,
O amor de mãe é contundente,
Literalmente um amor visceral.
Amor de mãe é luz que não se apaga,
Ainda que os ventos sejam fortes,
Se o filho está feliz ela também está,
Se o filho está infeliz ela também será,
Quando o filho sai à noite,
Ela só dorme depois que ele chega,
Se o filho vem lhe visitar ela dá um sorriso de orelha a orelha,
Seus olhinhos brilham como a luz do sol.
Se o seu filho entra numa fria,
Ela entra junto com ele.
A mãe pelo seu filho:
Ela mata! Ela morre!
A pior dor de uma mãe,
É ver o filho morrer antes dela,
O seu coração murcha como uma flor arrancada do caule.

Ser mãe é sofrer no Paraíso,
É andar chorando com um sorriso,
Ser mãe é ser uma leoa, Ser mãe é ser uma fênix,
Ser mãe é uma missão.
A mais sublime das missões.
Ser mãe é ser formadora de caráter,
Ser mãe é um dom que transcende a todos os dons.

Eu acho que quando Deus criou a mãe, foi para ter uma representante do céu aqui na terra.

Obrigada mamãe por ser esse canal entre o céu e e a terra.