PLANTIO SOLIDÁRIO: Ipê Rosa de João Garcia Furtado

A Academia de Letras Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) lançou um projeto intitulado: Plantio SolidárioJoão de Deus Martins”. A primeira etapa do projeto prevê que cada membro da ALCAP deverá plantar uma árvore para homenagear o seu patrono.

Em entrevista aos familiares de João Garcia Furtado, patrono da Cadeira 26, ocupada por Diêgo Nunes Boaes, a irmã mais nova do mestres, Inês Garcia Furtado falou que Ipê Rosa era uma das árvores que seu irmão mais gostava e apreciava por sua grande beleza. Por coincidência ela tinha um pé em seu quintal e, de imediato, procedeu a doação.

O Ipê Rosa, Tabebuia impetiginosa, é originária da Bacia do Paraná, conhecida também por piúva. O Ipê Rosa, é o primeiro dos Ipês da florar no Brasil, entre os meses de maio a agosto, dependendo do clima e região. Alguns governantes e técnicos adotam essa árvore como paisagismo urbano, ou seja, plantam essa espécie para que o ambiente urbano fique mais agradável, devido ao seu rápido desenvolvimento.

Perguntei ainda quais eram os locais que ele mais gostava de estar, ela disse que Furtado amava Peri-Mirim, mas os ambientes onde ele mais se encontrava ou era na escola, ou na igreja. Então, resolvi plantar a muda em frente à escola que leva o seu nome, localizada no povoado Tucunzal, contei um pouco da história do professor Furtado aos alunos, conversamos um pouco, fizemos uma dinâmica para alegrar os alunos, fiz a doação da biografia dele e da foto e convidei todos da escola para plantar comigo, da gestora à zeladora, e pedi a eles que tomassem conta dessa árvore tão linda e preciosa. Creio que este dia vai ficar na memória de todos.

Diêgo Nunes Boaes, Peri-Mirim, 09/03/2020.

Sala de aula Escola do Tucunzal
Todos abençoando a plantinha

Maria José Campos Sodré Ferreira

Patrona da Cadeira nº 09 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Cleonice de Jesus Martins Santos. Nasceu no 20 de março de 1930, em Peri- Mirim-MA, filha de Sérgio Martins Campos e Eugênia Costa Campos. Era conhecida como Maria Sodré.

Iniciou os estudos em sua a cidade natal, formando-se normalista. Conheceu e apaixonou-se por José Sodré Ferreira, casando-se com este em 21 de setembro de 1951, com quem teve cinco filhos: João Campos Sodré Ferreira (in memorium); José Sodré Ferreira Filho; Antônio Campos Sodré Ferreira (casado com uma irmã de Cleonice, a quem tem como irmão); Alcides Campos Sodré Ferreira e Sheila Campos Sodré Ferreira. Também criou e amou igualmente a seus filhos de criação, Ana Teresa Macedo Ferreira, Pedro Castro Lopes e Cafeteira.

Por ser uma pessoa bastante influente na sociedade perimiriense, teve mais de trezentos afilhados, pois os pais a levavam como madrinha de seus filhos na certeza de que eles estariam seguros e protegidos de quaisquer adversidades.

Em 1955, aos 25 anos, prestou concurso público para tabeliã no Cartório de Ofício Único em seu município, onde permaneceu por 47 anos, passando o cargo ao seu filho José Sodré Ferreira Filho.

Foi uma pessoa comprometida e muito caridosa, ajudando as pessoas carentes com seus serviços gratuitos, registrando certidões e celebrando casamentos indo às comunidades juntamente com o Juiz de Paz, Jorge Maia, utilizando como transporte canoas ou cavalos, já que na época eram os únicos meios de transporte disponíveis.

Tinha como hobby reunir-se nos finais de semanas com amigos para jogar canastra e buraco, sempre acompanhados de café com biscoito ou refresco de frutas da estação, onde sorriam muitos com as piadas e assuntos referentes à sua cidade e seu povo. Também gostava muito de ler romances e bordar toalhas para preencher o tempo e não se sentir sozinha.

Sempre organizada e perfeccionista, com uma caligrafia belíssima e um raciocínio que impressionava a todos. Um exemplo de mãe, esposa e amiga que viveu muito além do seu tempo.

Aos 65 anos, infelizmente, para tristeza de todos que a amam, foi acometida pela doença de Alzheimer.

Faleceu no dia 21 de setembro de 2016, aos 86 anos, deixando com legado um exemplo de sentimentos puros para seja lembrada como alguém que viveu feliz, vencendo desafios, lutas e conflitos sempre de maneira sábia e prudente, partilhando e participando dos eventos sociais, vivendo em comunhão com o próximo.

O Pequeno Príncipe: Clube de Leitura ” Professor João Garcia Furtado” realizou encontro para análise da obra

O Clube de Leitura “Professor João Garcia Furtado” é um projeto de incentivo à leitura desenvolvido pela Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), que objetiva fomentar a leitura na comunidade como uma prática social, bem como contribuir para a formação de uma nova geração de leitores. O nome do projeto é uma homenagem ao professor João Garcia Furtado, patrono da cadeira nº 28, ocupada pelo acadêmico Diêgo Nunes Boaes.

A obra escolhida para inaugurar o Clube de Leitura foi “O Pequeno Príncipe” do escritor, ilustrador e piloto Antoine de Saint-Exupéry. Publicado em 1943, o livro narra uma bela história de reflexão e aprendizado. Com uma escrita fluida e simples, o autor incita o leitor a reavaliar seus valores, levando-o a repensar as verdadeiras riquezas da vida.

O encontro foi realizado no Colégio “Artur Teixeira de Carvalho”,  no dia 30 de novembro de 2019 e contou com a participação de alunos da Escola Carneiro de Freitas, Colégio Artur Teixeira de Carvalho, membros da ALCAP, professores e comunidade.

A presidente da Academia, Eni Amorim, deu inicio ao encontro, solicitando a apresentação de todos os participantes, em seguida, falou que o  projeto do Clube da Leitura Professor João Garcia Furtado está alinhado aos objetivos da Academia de Letras ciências e artes Perimiriense (ALCAP) e objetiva fomentar a leitura da comunidade como uma prática social e contribuir para a formação de uma nova geração de leitores. Após a apresentação foi feito um resumo da vida do Professor João Garcia Furtado também pela Presidente.

A mediadora do debate, Juliana Câmara, ressaltou a importância do projeto desenvolvido pela ALCAP, que é um grande estímulo para que as pessoas desenvolvam o hábito de leitura e elogiou a interação dos alunos com a obra. Juliana Câmara é graduada em Ciências Humanas/História pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e tem um artigo intitulado “O Pequeno Príncipe: um diálogo interdisciplinar entre literatura e ciências humanas na Escola Municipal Professora Alnir Lima Soares – Pinheiro-MA” publicado na Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, resultado de um projeto de intervenção.

Sobre o encontro, o participante José Ribamar Durans Neto, filho do acadêmico Venceslau Pereira Júnior, avalia como bastante proveitoso, dizendo que “Eu gostei bastante do projeto de leitura da ALCAP porque influencia nós, os alunos, a buscarmos mais conhecimentos, a lermos e a melhorarmos mais o nosso lado crítico“.

Participaram do 1º encontro os alunos Cauã Eduardo França, Ana Carolina Pereira, Shalana Câmara França, Brendha Caroline Câmara Boas, José Ribamar Durans Neto, Emili Kauany Garcia Melo, Fábian Grazielle Ferreira Gomes, João Kelvyn Santos Melo, Breno Kauê Martins Pereira, a mãe de um dos alunos participantes Cleudiane Sousa Garcia, a professora Maria de Lourdes Campos, a mediadora Julyana Cabral Araújo, a amiga da ALCAP Maria do Carmo Pereira Pinheiro e as acadêmicas Giselia Pinheiro Martins, Eni Pereira Amorim e Jessythannya Carvalho Santos.

O próximo encontro está agendado para dia 23 de maio de 2020, no Colégio Artur Teixeira de Carvalho. O livro-tema será “O Mágico de Oz”, de L. Frank Baum.

Para participar do Clube de Leitura é necessário inscrever-se no link e ficar atento aos informativos sobre os encontros nas mídias sociais da ALCAP.

O Mágico de Oz

O Projeto Clube de Leitura lançado pela Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP)  agora lança a segunda obra “O Mágico de OZ” para ser lida e interpretada pelos acadêmicos, professores, alunos e a população em geral que queiram compartilhar conhecimentos.

Leia o livro acessando o link a seguir:  O Magico de Oz – L. Frank Baum

 

Título da obra: O Mágico de OZ
Autor: L. Frank Baum (1856-1919)
Instituição: http://lelivros.love/
Ano: 1900
Nº de Páginas: 132
Tipo: Livro Digital
Formato:  pdf
Licença: Domínio

Faça a aqui sua inscrição para participação no Clube de Leitura 

PLANTIO SOLIDÁRIO: Ipê Roxo de Maria Isabel Martins Nunes

Texto de Eni Amorim

A árvore escolhida para representar minha patronesse Maria Isabel Martins Nunes foi o Ipê Roxo, pois, de acordo com o projeto Plantio Solidário “João de Deus Martins”, cada membro da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) deverá plantar uma árvore duradoura para homenagear o seu patrono.

O ipê roxo é a árvore “símbolo do Brasil” a árvore nacional é o pau-brasil que deu nome ao país. O ipê roxo (Handroanthus impetiginosus) é uma das árvores mais representativas da floresta brasileira, para os índios ela é chamada de “Árvore Divina”, pesquisadores acreditam que a árvore tem muito mais a oferecer do que apenas uma madeira forte e resistente é a segunda madeira mais cara só perdendo para o mogno.

A árvore foi escolhida por lembrar a fortaleza da minha bisavó e pelos poderes curativos por meio de sua intercessão em orações ou pelos remédios homeopáticos que produzia ou ensinava a fazer na comunidade e no Município.

Pelos meus conhecimentos de ambientalista, sei que as árvores não gostam de viver sozinhas,  por isso, plantei um companheiro para ela, outra muda de ipê roxo representando meu bisavô Domingos Nunes.

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Ignácio de Sá Mendes

Patrono da Cadeira nº 5 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Itaquê Mendes Câmara. Ignácio de Sá Mendes, nasceu em 16 de setembro de 1868, 4º filho do casal Antônio Jorge Souza Mendes, que veio de Portugal em 10 de agosto de 1841 com 9 anos, e Thereza Augusta de Sá.

Casou-se em 30 de dezembro de 1894 com Maria Botão Mendes, ela com 17 anos e ele com 26 anos e três meses. Veio de mudança para Macapá em 15 de março de 1897.

Ignácio de Sá Mendes e Maria Botão Mendes tiveram os seguintes filhos: Antônio Botão Mendes nascido em 28/10/1895, Raimundo Botão Mendes nascido em 20/05/1897, Marina Botão Mendes nascida em 25/11/1900, Mercedes Botão Mendes nascida em 03/12/1904, Margarida Botão Mendes nascida em 26/02/1907 e Marieta Botão Mendes nascida em 13/12/1909.

Ignácio principiou a negociar em 1888. Em 15 de junho de 1919, Ignácio de Sá Mendes foi eleito prefeito de Macapá e na mesma data  foi instalada a  Câmara Municipal, que empossou o prefeito eleito Ignácio Mendes e o vice-prefeito João Maia.

Ignácio de Sá Mendes Sobrinho, filho de Manoel Gonçalves de Sá Mendes e de Maria Clara Martins Mendes.

Academia Perimiriense realizou o I Concurso Artístico e Literário “Prêmio ALCAP Naísa Amorim”

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Peri-Mirim (SEMED), realizou dia 29 de março de 2019, o I Concurso Artístico e Literário “Prêmio ALCAP Naisa Amorim”, nas categorias Desenho, Poesia e Crônica, com o tema “Peri-Mirim e suas memórias, 100 anos de história”, em comemoração ao I Centenário da Cidade. O certame, idealizado pela acadêmica Jessythannya Carvalho Santos, homenageia a Patrona da ALCAP, professora Naisa Ferreira Amorim.

A ALCAP, por meio desse concurso, objetivou ampliar os conhecimentos acerca da história e cultura do Município de Peri-Mirim-MA, incentivando produções artísticas e literárias dos estudantes.

O concurso, destinado a alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio, incluída a modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), mobilizou mais de 2000 alunos em 14 escolas no município.

Alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental concorrem com trabalhos do tipo “Desenho”. Alunos do 6º ao 9º ano, incluindo a modalidade EJA, concorreram com trabalhos do tipo “Poesia”. Já os alunos do 1º ao 3º ano do Ensino Médio, incluindo a modalidade EJA, concorreram com trabalhos do tipo “Crônica”.

O primeiro colocado de cada categoria recebeu um livro e um tablet. Já o segundo colocado de cada categoria recebeu um livro e um prêmio em dinheiro no valor de R$ 150,00. Todos os autores das obras premiadas receberam uma medalha personalizada e certificado de reconhecimento emitido pela ALCAP e SEMED; todos os professores-orientadores das obras premiadas receberam certificado de moção de aplausos também emitidos pela ALCAP e SEMED. As escolas das obras premiadas receberam placa personalizada.

Os prêmios em dinheiro e os tablets foram doados pelo Juiz Douglas Amorim, filho da patrona da ALCAP, Naisa Amorim. As placas personalizadas foram doadas pelo Fórum em Defesa da Baixada Maranhense. Os livros e certificados foram disponibilizados pela ALCAP. Os livros são de autoria do acadêmico Francisco Viegas Paz – “Curiosidades históricas de Peri-Mirim”.

Para a presidente da ALCAP, Eni do Rosário Pereira Amorim, “Os grandes ganhadores deste concurso são os 130 alunos que tiveram seus trabalhos inscritos e todos os outros que tiveram a ousadia para produzir uma obra, isso porque, produzir uma obra em forma de desenho, poesia ou crônica é uma atividade potente para o desenvolvimento de nossas capacidades e habilidades de inventar narrativas afins, e isso vale muito mais do que a seleção em destaque, porque toda comunidade educacional saiu ganhando no final”.

Para a Secretária de Educação, Alda Regina Ribeiro Corrêa, “Foi um projeto satisfatório que despertou o interesse de boa parte dos alunos da rede municipal e estadual de ensino. embora, apenas seis alunos tenham recebido a premiação, mas todos estão de parabéns, pelo esforço e dedicação, assim, como os gestores das escolas e os professores que se doaram. Falhas, pontos negativos… sempre existirão, todavia, servem para aprimoramento dos próximos projetos. Avante ALCAP!

Kelisson Melo, Professor-orientador Ana Sheilla Pinheiro Pimentel, vencedora do 2º Lugar, categoria Desenho Eni do Rosário Pereira Amorim, Presidente da ALCAP
Kelisson Melo, Professor-orientador Ana Sheilla Pinheiro Pimentel, vencedora do 2º Lugar, categoria Desenho Eni do Rosário Pereira Amorim, Presidente da ALCAP
Kelisson Melo, Professor-orientador Ana Sheilla Pinheiro Pimentel, vencedora do 2º Lugar, categoria Desenho Alda Regina Ribeiro Corrêa, Secretária de Educação Assunção de Maria Martins Lima, Diretora da EM Cecília Botão – anexo II (Carneiro de Freitas)
Kelisson Melo, Professor-orientador Ana Sheilla Pinheiro Pimentel, vencedora do 2º Lugar, categoria Desenho, Alda Regina Ribeiro Corrêa, Secretária de Educação, Assunção de Maria Martins Lima, Diretora da EM Cecília Botão – anexo II (Carneiro de Freitas)
Flávia Maria Martins Silva, representando a EM Cecília Botão Ione Costa Pereira, Professora-orientadora, Willyan Guilherme Silva Boás, vencedor do 2º Lugar, Categoria Poesia, Alda Regina Ribeiro Corrêa, Secretária de Educação e Augusto César Ferreira Castro, representando o Juiz Douglas Amorim.
Felipe Jesus da Conceição Pereira, aluno vencedor do 1º Lugar, categoria Crônica Hilário Nunes Martins, Diretor-Adjunto da C.E Artur Teixeira de Carvalho Ana Cléres Santos, representando o Fórum em Defesa da Baixada Alda Regina Ribeiro Corrêa, Secretária de Educação.
Hilário Nunes Martins, Diretor-adjunto da C.E Artur Teixeira de Carvalho Stefany Almeida Pereira, vencedora do 2º Lugar, Categoria Crônica Jessythannya Carvalho Santos, vice-presidente da ALCAP Alda Regina Ribeiro Corrêa, Secretária de Educação.

Rotina do acaso

Crônica de Francisco Viegas, publicada no livro Ecos da Baixada.

Quando os raios de sol descortinam no horizonte e começam a bronzear as nuvens que se movimentam como fumaça levadas pelo vento é a anunciação de que o dia está chegando para cumprir o que de mais belo ocorre na rotina da natureza.

Os pássaros em revoadas brincam sem parar num vaivém de intensa alegria e cantam o prelúdio da vida em sintonia com o amanhecer.

A rotina que se desenha em cada alvorecer parece transbordar as medidas do possível que, em outros momentos, vão tomando forma e proclamam o que sempre acontece de um jeito ou de outro. Nada fica para trás sem que se cumpra o que tem de ser cumprido nos primeiros momentos da aurora. A natureza providencia tudo segundo a rotina da vida no espaço e no tempo. E a terra se entrega em produção e colore sua existência do que há de mais belo aos olhos das criaturas.

O fascinante impressionismo remete a todos a feitura do Grande Arquiteto do Universo, que não poupou esforços em criar o que de mais encantador existe debaixo do céu. Um pedacinho desse universo se chama de Baixada Maranhense. Nela foram colocadas, de formas ornamentais, ilhas, morros, rios, lagos, lagoas e uma infinidade de campos inundáveis a perder de vista.

Como é lindo olhar as graúnas e outros pássaros em voos miúdos e as japeçocas (japiaçocas) pousadas nas vitórias-régias, que dão um tom ornamental de uma beleza ímpar aos campos com centenas de outras flores. Na Amazônia as vitórias-régias chegam a medir um metro de diâmetro, com o aspecto de grandes sombreiros mexicanos, onde os peixes se abrigam da luz solar.

Peixes de pequenos portes praticam suas peripécias em saltos para abocanharem os insetos de seus interesses que estão descansando nos caules das plantas. E quando o pescador observa esse fato faz seu pesqueiro ali próximo para disputar, também, a sua sobrevivência com alguns pescados.

Os campos da Baixada Maranhense formam uma grande manjedoura que cria e acalanta a vida aquática a se repetir todos os anos enquanto a água perdura. Sem água, quebra-se a cadeia produtiva e o encanto da vida. E, se falta água, sobra sofrimento e desespero, que deixa a esperança do baixadeiro árida e prolongada até o próximo inverno.

O poeta José Chagas no Soneto 3 do seu livro Colégio do Vento, com sua criatividade, dá uma dimensão do que tudo isso representa em beleza e preocupação para os baixadeiros, mesmo ele sendo sertanejo:

O campo era um continuar de vida

a se estender pelo horizonte a fora,

e a paisagem se dava repetida,

tanto em seu pôr do sol, como na aurora,

com a luz sendo uma cálida bebida

a embriagar a vastidão sonora,

onde as aves em voo na paz erguida

cobriam de asas o seu ir embora,

e o azul era uma longa despedida

do tempo a consumir-se todo em hora,

para, fugindo assim, dar a medida

de tudo o que era pressa na demora,

e o quanto fosse solidão já ida

não mais voltasse como volta agora”.

Os prometidos Diques da Baixada pelas autoridades governamentais parecem obra de ficção. Passada a filmagem nada se concretizou a não ser a promessa. E, novamente, no próximo pleito eleitoral renova-se tudo mais uma vez, e até colocam máquinas para garantir, como quem garantia antigamente com um fio do bigode, o trato acordado.

A Barragem dos Defuntos localizada ao sudeste de Peri-Mirim, construída com o objetivo de manter a água doce nos campos e evitar a contaminação pela água salgada, que vem do mar, por diversas vezes, durante a estação invernosa sofria a ação das intempéries do tempo e tinha que ser socorrida com o fim de evitar a evasão fulminante da água, que descia ao mar formando caudalosos rios.

Para solucionar o desperdício e o rompimento progressivo daquele anteparo, o prefeito de Peri-Mirim contratava um homem experiente que soubesse liderar uma boa equipe de trabalhadores com o objetivo de sanar as avarias causadas pelas fortes chuvas. Essa labuta exigia dos trabalhadores um condicionamento físico de boa qualidade e muita dedicação no enfrentamento da tarefa, inclusive em condições inesperadas, com animais peçonhentos de todas as espécies e tamanhos, muriçocas e maruins a perturbarem o desenvolvimento do serviço.

Por volta do ano de 1956, meu pai era o líder de uma equipe que recuperava a barragem em ocasiões de acentuado inverno, quando um dos seus comandados foi mordido por uma cascavel pequena, que os companheiros mataram. Levaram o acidentado juntamente com o réptil para o líder avaliar o que fazer, haja vista que não havia soro antiofídico no local. A solução encontrada pelo líder no momento foi dar um brado no trabalhador, argumentando que uma cobrinha daquele tamanho não teria como molestar um homem novo e forte do tipo do acidentado. E não é que deu certo! – Além disso, foi espremido o local ferido para expulsar o veneno inoculado no sangue e lavado com uma pinga, superficialmente.

Naquela época os habitantes do município, principalmente os criadores de gado, cobravam do prefeito da cidade que cuidasse de manter a barragem íntegra para o bem dos seus rebanhos e o povo, por sua vez, também fazia coro nesse sentido com o intuito de garantir o sustento de suas famílias com o pescado.

Havia, portanto, um entendimento saudável entre a população e o Poder Executivo. A cada inverno os canoeiros e pescadores se juntavam para limpar os igarapés com o incentivo do prefeito que, mesmo sem gastar dinheiro para isso, parecia ter em mente a satisfação de lidar com o problema mostrando a eficácia desse trabalho.

Com os igarapés limpos os canoeiros praticavam menos esforços na movimentação de suas embarcações e as piabas usavam o caminho limpo e com água corrente vinda do rio Aurá, para tentarem subir em piracema. Mas ao chegarem numa pequena barragem que une a sede do município ao bairro Portinho eram alcançadas pelas tarrafas dos pescadores que as esperavam com o fim de capturá-las. E assim a vida na Baixada vai seguindo seu curso na beleza enquanto tem água, enquanto tem alimento, e no sacrifício de décadas de espera por uma tomada de decisão que prolongue o tempo de cheias em nossa região.

Diques 2

JOÃO DE DEUS MARTINS

Patrono da Cadeira nº 12 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Ana Creusa Martins dos Santos. João de Deus Martins, conhecido como Dedeus, filho de Benvindo Mariano Martins e Ana dos Santos Martins. Segundo a acadêmica Maria Isabel Martins Veloso, ele era português, nascido em Açores, cuja data de nascimento ainda não foi identificada Porém, na Certidão de Óbito consta que ele é maranhense. Segundo a mesma fonte, ele veio para o Brasil no final do século XIX, aos 18 anos, com seu pai, Benvindo Mariano Martins.

Chegaram em São Luís, depois foram para Alcântara, de lá para Sacoanha em Peri-Mirim, pois pretendiam comprar terras para morar e trabalhar. Souberam que havia algumas terras não muito distantes; foram ver, gostaram, compraram e ali fixaram residência, em um lugar chamado Santa Severa, cujo nome mudaram mais tarde para Feijoal, porque de tudo que plantaram o que mais prosperava era feijão. Mas, Santa Severa continuou sendo a padroeira do lugar, tanto que a primeira escola estadual fundada em 1936 e chamava-se “Escola Santa Severa”.

Plantando mandioca, milho, algodão, arroz, cana-de-açúcar e todas as hortaliças, estes portugueses começaram a comprar mais terras (Centrinho, Boca do Rio e Umbaubá) e também começaram a comprar gado, pois as terras eram férteis e os campos maravilhosos para criar tudo que se quisesse.

Dessa maneira, foram construindo patrimônio, conseguiram seus primeiros escravos e se tornaram um dos maiores fazendeiros do lugar. Logo que o gado aumentou, o seu pai Benvindo começou a fazer queijo e vender em São Bento. Foi aí que depois todos os outros fazendeiros aprenderam a fazer o queijo e começaram a chamar “Queijo de São Bento” (pura invenção, pois o queijo é português, feito à mão pelo pai de João de Deus; portanto, de Peri-Mirim).

Quando seu pai Benvindo faleceu, João de Deus Martins (Dedeus), já estava casado com Maria Rosa Pinheiro Martins (Cota), assumiram tudo com muita sabedoria e garra. Do seu casamento com a esposa foram gerados 24 filhos, dos quais, criaram-se 18, sendo 9 homens e 9 mulheres.

Os filhos de João de Deus são: Raimundo Amâncio Martins (Mundico); João Venâncio Martins; Benvindo Mariano Martins Neto; João Bertoldo Martins; Antônio Raimundo Martins; Pedro Alexandrino Martins; Manoel de Jesus Martins; Procório José Martins; Raimundo Guilherme Martins (Santo) e José Martins.

As filhas são: Francisca Martins Campos (Chiquinha); Senhorinha Martins Melo; Ana Paula Martins Gonçalves (Anica); Mariana Martins Gonçalves; Maria Isabel Martins Nunes; Maria Joana Martins Pinheiro; Catarina Martins Pinheiro; Plautila Martins Ferreira (Florzinha) e Ana Teresa Martins Pinheiro (Donana).

Nessa época não havia escolas no interior, mas João de Deus contratava professores particulares para lecionar em sua casa para seus filhos e amigos. Um dos professores foi Opílio Lobato. Ele era à frente do seu tempo, muito inteligente, correto, sua palavra era lei. Outra professora foi Naisa Amorim, patrona de Maria Isabel Martins Veloso, detentora da Cadeira nº 01 da ALCAP e neta de João de Deus.

Depois que ele adquiriu as terras da Ilha Grande e Cametá, levou para esses povoados a Escola Sá Mendes – que subsiste até os dias de hoje – nome dado em homenagem a Ignácio de Sá Mendes, seu grande amigo e primeiro Intendente de Macapá, título que equivale a Prefeito.

Percebe-se, ao longo da história de João de Deus que ele dava muito valor para a Educação e ao Meio Ambiente, pois sempre conseguia uma forma de instalar escolas para seus filhos e netos e outras pessoas do lugar. Também mantinha uma floresta com árvores nativas, denominada “Mata”, que servia para retirada de madeiras e extrativismo, que também foi cenário de muitas histórias de visagens.

João de Deus faleceu no dia 10 de julho de 1943, em consequência de problemas na próstata. Seu túmulo está na entrada do cemitério de Peri-Mirim, junto de sua esposa Cota, de alguns filhos e netos.

CERTIDÃO DE ÓBITO DE JOÃO DE DEUS MARTINS (faltam as informações da data de nascimento e faltam listar alguns filhos).

Vida na Roça

Por Diêgo Nunes Boaes

Em meus tempos de criança, meu avô me acordava às 5h da manhã, antes de o galo do terreiro cantar, pegava sua foice e íamos a pé pelo campo, sentido povoado Canaranas em Peri-Mirim, era o mês de novembro, tempo de fazer roçado, íamos andando nos torrões que o tempo tinha marcado pela seca. Eu carregava uma garrafa térmica com bastante água e gelo para que até meio-dia tivéssemos o que beber. Minha avó preparava farofa de ovo para levarmos como merenda, às vezes colocava uma carninha seca frita, quando tinha, mas a farinha d´água não podia faltar. Ao chegar na casa da minha bisavó, recebíamos a benção dela e partimos para o roçado do meu avô, Domingos, vulgo Duro.

Entrávamos mato a dentro, ele cortava todos os matos e eu os puxava e os arrumava, deixamos que o tempo tomasse conta e todos secassem. Podíamos ouvir longe, aqueles toques nas madeiras. Após três dias de sol intenso, voltávamos para o roçado e tocávamos fogo em todas as plantas derribadas e já totalmente secas. O fogo se cabia de torrar tudo.  Os talos meu avô fazia questão de pegar todos eles, pois iriam servir para o cercado da roça. Eu os arrumava, os matos que não queimavam, fazíamos as rumas, chamadas de coivara para que queimassem também. O suor escorria aos nossos rostos, e a cor da tisna do carvão, criado a partir da queima, transcendência nosso corpo, os ombros avermelhados e feridos ficavam.

Depois que estava completamente limpo todo o roçado, iniciávamos a cercar, meu avô tirava os morões e os cipós, ele sempre tirava e eu era responsável em carregar as coisas necessárias para dentro da futura roça, levava nos ombros, mas quando não dava conta, arrastava-os.  Ele fazia os buracos, colocávamos os morões, socávamos com um pedaço de pau um pouco fino, para que o morão ficasse bem firme. Metíamos os talos secos, entremeávamos um com outros entrelaçados ficavam bem firmes, os cipós serviam para amarrar as pontas dos talos entre um e outro e ainda para segurar junto dos morões. Após tudo isso, limpávamos todo o roçado e aguardávamos o início das chuvas. Minha bisavó Tonha e minha tia bisavó Lica chegavam de surpresa para pegar a madeira que havia queimado para servir de lenha em suas cozinhas.

Ao início das chuvas, geralmente nos meses de janeiro para fevereiro, começávamos a nos preparar para as plantações, levávamos milho, feijão, maxixe, maniva e arroz para o plantio. O arroz era plantado nas áreas mais baixas, devido ao escoramento d´água e o alagamento. Geralmente ia conosco, meus tios, primos e avós. A família toda ocupava o roçado, para passar o dia todo. Era feito até uma pequena cabana improvisada. Minha avó levava o nosso almoço para a roça, e várias mangas doadas pela bisa Tonha, juntamente com um punhado de farinha. Uma manga para cada um e farinha para saboreamos com a manga era distribuído para todos, até no almoço a farinha não podia faltar, pois como bom baixadeiro, comer sem a preciosa farinha d´água parece que o comer não desce.

Eu plantava junto com meu avó e meus primos os caroços de milho e ajudamos os tios no plantio da maniva, minha avó e minha bisa plantavam o feijão e o arroz, meus tios plantavam maniva e maxixe. Deles o que mais demorava era a maniva, ao chegarmos, meu avó e meus tios pegavam os troncos das manivas secas e decotavam, ou seja, cortava todos em tamanhos pequenos e iguais, com auxilio do facão ou patacho e um tronco de árvore que era colocado transversalmente apoiado em uma pendoveira. Juntávamos os pedaços de maniva com tamanho de um palmo e colocávamos nos cofos, os destinados a plantá-las amarravam o cofo nas cinturas.

Os milhos, e as demais sementes eram despejadas nas cuias que serviam de suporte para colocar nas covas abertas pelas enxadas. As manivas eram colocadas de duas em duas, as cabeças dos pedaços de maniva ficavam juntas, para que ao crescer acompanhassem só um ritmo. O milho era colocado 2 ou 3 sementes em cada cova, quando o milho era bonito e de belas espigas colocávamos 2 caroços, mas quando eram espigas pequenas colocávamos 3 caroços, as covas eram feitas em sentido dobrado, duas covas juntas, pois se morresse o milho plantado em uma, a outra ficaria para suprir aquele vago. O arroz era plantado com auxílio de uma máquina, 5 em 5 caroços para cada cova e eram bem próximas as covas uma das outras. O feijão era semeado também na baixa e colocado 3 ou 4 sementes nas covas, as folhas do arroz cobriam as covas abafando e servindo de estrume para as covas de feijão para que crescessem mais rápido e dessem bons e belos pés de feijão. Os pedaços secos de maxixe eram atirados junto das covas de maniva.

Em meio a muita chuva, as plantações cresciam, junto dela vários matos também, meu avô e eu íamos para a roça, para capinar com o auxílio de um patacho e ver se não tinha furos feitos por porcos nas cercas do roçado. O que me faz às vezes rir é que meu primo mais velho, quando meu avô dizia: – vamos plantar rápido para ir cedo pra casa. Ele enchia de 8, 9 e até 10 caroços as covas de milho. Só descobríamos quando chegávamos para capinar.

No mês de abril íamos colher as espigas de milho, era a parte que mais gostava, pois pensava logo em comê-las assadas, cozidas, feitas pamonhas e canjicas. Minha avó separava as espigas moles serviam para comer cozida, um pouco mais dura, assávamos ou eram raladas para fazer canjica ou pamonha, as muito duras eram utilizadas para alimentar as criações de galinha, pato e porco.

Naquela vida de roça, lembro-me dos pés de frutinha do mato, maracujazinho, murta, ingá e veludo eram as frutas que mais apreciava. Lembro-me também do cansaço, mas da única maneira que tínhamos de ajudar no sustento de casa, de como meu avô havia criado seus 6 filhos, na luta e no batalho, nos cabos da enxada e da foice, às vezes reclamava de acordar cedo, mas muito aprendi com meu avô, dos valores que ele me ensinou levo para a vida toda.