ALCAP define a data de sua Confraternização 2019

Com a finalidade de celebrar a chegada do Natal e Ano Novo, a Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), realizará a confraternização entre os Acadêmicos  no dia 27 de dezembro de 2019 no Restaurante Tiquara (Sítio Daluz) a partir das 19:00 um local aconchegante com piscina. Na programação está previsto um delicioso jantar, música ao vivo e o tradicional “Amigo Secreto”.

Memórias de uma cidade

Por Eni Amorim

No início era só uma floresta,
Íngreme,
Cercada entre belos morros,
E Verdes Campos,
Cheia de animais e aves exóticas,
Muitos bacabais,
Babaçuais, jussarais,
Buritizais, entre tantas outras plantas nativas.
Campos inundáveis brotavam,
Cortando sua extensão,
Embelezando a paisagem,
Com sua diversidade de fauna e de Flora.
Certo dia,
Um Caminhante Errante,
Passou por aquele lugar,
E se apaixonou.
Fez um roçado,
E dentro dele,
Construiu uma cabana
Para se proteger do sol e da chuva.
Avaliou o local,
Havia caça em abundância,
O local era farto de fruteiras,
A terra era propícia para o cultivo,
E a criação de animais domésticos.
Havia sol, ar respirável,
Rios de águas perenes,
Cantos de pássaros…
Perfeito!
Achou que seria um bom lugar,
Para fixar residência.
Voltou para sua casa,
Conversou com a esposa, filhos e vizinhos,
Sobre a novidade do local encontrado.
E assim, a esse desbravador,
Se juntaram outros e voltaram ao local.
Avaliaram e,
Embevecidos,
Pelo que encontraram,
Resolveram ali fixar residência…
Foram buscar suas famílias,
Fizeram uma Choupana,
Que mais tarde virou uma casa.
Com o sucesso,
Dos primeiros moradores ao novo local,
Outros vieram e fizeram suas modestas casinhas,
Construíram logo uma capela,
Onde se reuniam para rezar.
Nasceu a devoção a São Sebastião Guerreiro,
Protetor da fome, da peste e das guerras.
Uma Quitanda,
Para suprir as necessidades dos moradores,
Nasceu uma rua aqui, outra ali,
Formando uma vila.
Elegeram um líder comunitário,
O qual seria responsável pela organização comunitária.
Plantavam, pescavam, caçavam, criavam,
Faziam festas,
E foram organizado seus espaços.
Havia solidariedade,
E todos se ajudavam em trabalhos de mutirões,
Como não podia deixar de ser,
No local também tinha lendas e Magias,
Haviam os currupiras que protegiam a Vila,
Dos cumes dos seus outeiros,
As mães d’água que protegiam as águas,
E as Curacanga que assombravam os vaqueiros e pescadores,
Na beirada dos Verdes Campos,
E tantas outras…
E assim,
Nesse exuberante Rincão da Baixada Maranhense,
Entre morros e belos Campos,
Sobre a égide do milagreiro e guerreiro São Sebastião,
Surgiu e cresceu uma comunidade amiga,
Esbanjadora de hospitalidade,
A vila de Macapá.

E a vila vai crescendo…
Nasce uma fazenda,
Duas fazendas.
Um engenho de cana de açúcar,
Dois engenhos…
Uma escola,
Um posto de saúde,
Uma pracinha,
Um cemitério,
Uma delegacia,
As primeiras farmácias,
Agência do Correios,
E a vila de Macapá se torna Peri-Mirim.
Que para alguns de seus filhos apaixonados é chamada “Rainha da Baixada”,
Para outros carinhosamente,
“Paris-Mirim”…

Parabéns Peri-Mirim pelo seu Centenário 👏👏👏

Publicada em 31/03/2019

Fotos da Igreja antiga de São Sebastião e da Igreja atual.

 

Matéria jornalística sobre a inauguração do Município de Macapá em 1919

Matéria publicada no Jornal Pacotilha-Maranhão (quinta-feira), 7 de agosto de 1919

“De uma visita que fizemos a Macapá, no dia da inauguração do Município e vila do mesmo nome, trouxemos a mais agradável impressão. Então, viu-se quanta força de vontade possui tão nobre gente e a ânsia de progredir que preside a todas as almas. Em toda parte, na rua, na Igreja, nos edifícios públicos, nos lares, nos bairros vizinhos, a alegria era enorme. Todos exultaram ao sentir que iam ter vida própria, com governo seu, daí por diante.

A vila de Macapá está situada ao pé de um morro, de altitude regular, tendo em frente o campo. Está cortada em duas secções por um pequeno rio intermitente, que as limita. Uma dessas secções entende com a denominação propriamente de Macapá, e a outra tem o nome de Portinho, mas essas divisões não têm importância, é a mesma relação que existe outra, a cidade de São Bento propriamente e o bairro Outra Banda.

A população de Macapá não deve decrescer de 5.000 habitantes, número fixado pela Constituição do Estado para autorizar a emancipação.

Pelas delimitações fixadas, o Município possui várias fazendas importantes, de engenho e gado, pelo que é de esperar que haja arrecadação suficiente para custear os serviços públicos. Afora esse parêntesis, vamos continuar a nossa narração.

Em viajem, antes de chegarmos a pitoresca vila deparamos com a fazenda do Sr. João de Deus Martins, o homem que, só entre filhos e genros, possui 20 e tantos electores. A sua amabilidade fez-no transpor os humores da sua morada, e aí fomos tratados com fidalguia cativante.

Chegamos a Macapá às 6 horas da tarde da véspera da inauguração do Município. Logo pela manhã, do grande dia, houve alegre alvorada na Igreja, com música e foguetes. O reverendíssimo Padre Felipe Candurú, que aí então se achava para provar que a Igreja comungava também dos sentimentos do povo, fez de propósito reparar algumas meninas, tolas muito interessantes e graciosas para receberem a comunhão sagrada.

Como era natural, depois do despertar, tomamos o caminho da Igreja, e lá assistimos a cerimonia religiosa, em que houve a maior concorrência popular. Após essa cerimonia, o povo todo, inclusive o Padre Felipe Candurú dirigiu-se em passeata para o lugar destinado á inauguração, e durante o trajecto, a banda de música tocou várias peças alegres e canções patrióticas. Muitos nomes eram aclamados entre estes, com mais fervor, os do Dr. Urbano Santos Cel. Bricio de Araujo, Dr. Raul Machado, Cel. Carneiro de Freitas, Dr. Carlos Reis, etc.

O salão que os esforçados macapaenses para a cerimônia estava regularmente movimentado e inteiramente repleto.

As dez horas, começou o serviço das actas. Era meio dia quando foi instalada a Câmara e empossados o Prefeito e o Sub-Prefeito às suas residências. Era de encantar o modo fidalgo como era tratados todos os visitantes. A família Ignacio Mendes, numa actividade pasmosa procurava por todos os meios com solicitude e carinho, agradar a todos. Estava aí uma miniatura do lar de Macapá, franco e hospitaleiro. A festa rematou com um animadíssimo baile na residência do Prefeito, em que compareceu toda a elite Macapaense cada qual mostrando o maior capricho no trajar. Foi uma desta, a bem dizer, deliciosa, onde sentimos no coração de cada macapaense pulsar fibra dessa alma sertaneja, orgulhosa da sua fidalguia de trato e nobreza de coração. Ainda relembramos com imensas saudades os dias ditosos que possamos, naquela terra, em contacto com o seu gênero e hospitaleiro povo”. (Matéria fornecida pelo pesquisador Zacarias do Arquivo Público Estadual do Maranhão).

* Alguns termos antigos foram colocados para a linguagem atual, para não confundir os pesquisadores, especialmente alunos perimirienses.

Poema ao Aniversário da ALCAP

Por Nasaré Silva

A ALCAP é pura alegria
Pois está a aniversariar.
A casa de Naísa Amorim
Tem a honra de apresentar
Os ilustres acadêmicos
Confesso, são totêmicos,
Fazem cultura neste lugar.

Em maio de 2018
A ALCAP foi formada
Após algumas reuniões
Naísa fora homenageada
Por ter prestado serviço
Com amor e compromisso
Hoje está sendo louvada.

São vinte e sete cadeiras,
Para compositores e poetas.
Professor, jovem aprendiz,
Sonhadores e arquitetas
De esperança, sonhos, ideais.
As mãos não se soltam jamais.
A união, a arma secreta.

A cadeira número um
Compete a Maria Isabel
Patronesse Naísa Amorim,
Deixou-nos e mora no céu
Fez o bem por onde andou,
Na educação se lançou,
Tirou-nos da vista, o véu.

Carlos Pereira Oliveira,
O seu nome é distinto.
A cadeira é número dois,
Seu patrono, Jacinto Pinto.
Carlos pique, o poeta,
Da cultura é o profeta,
É amado neste recinto.

A cadeira número três
É de Raimundo Campelo
E Olegário Martins
Seu patrono, seu modelo.
Campelo, o cirurgião,
Fez suturas de pé ou mão,
Hoje, acadêmico terceiro.

Todos já ouviram falar
Em José Ribamar Bordalo,
Na política, veterano,
Acorda ao cantar o galo
Quatro é sua cadeira,
Na fazenda fez carreira,
Seu robe, campear gado.

Antônio João França Pereira,
É um grande visionário.
Sua cadeira, número seis,
Com Cecília Botão fez Ginásio.
Por sinal, sua patronesse.
Das Letras ele é o alicerce.
Dedicou-se no Seminário.

E a cadeira número sete
Pertence a Viegas da Paz.
Já escreveu alguns livros,
Ele é um poeta capaz.
Seu patrono, Rafael Botão,
Ambos nos causam emoção
Viegas escritor tenaz.

Graça Maria França
Oito, é a sua cadeira.
Seu patrono é importante
Secundino Mariano Pereira,
Ela reside no Portinho,
Da Academia é o pergaminho
Foi professora de carreira.

Cleonice Martins Santos
É uma grande mulher
Sua cadeira, número nove.
Patronesse, Maria Sodré,
Guerreira e empreendedora
Em seu cartório era doutora,
Uma grande mulher de fé.

A cadeira de número dez
É de uma professora
Nani Sebastiana da Silva
Nesta cidade, educadora.
Patronesse, Nazaré Maia,
Na educação, revolucionária,
Deste povo, preceptora.

A confreira Adelaide Pereira Mendes,
Amiga, corajosa e destemida.
Sua cadeira é de número onze
Mulher de fibra, aguerrida.
Patronesse, Jarinila Pereira,
Na educação fez carreira,
Flor preferida, margarida.

Ana Creusa dos Santos
Nome pomposo e bonito.
Fundadora da Academia
Escuta da natureza, o grito.
João de Deus é seu patrono
A cadeira doze é o seu trono.
O seu destino é bendito.

A cadeira número treze
É de Manoel Braga, o imortal.
Seu patrono, Walter Braga,
Corajoso, íntegro e especial.
Hoje está aqui presente
Nossa alegria ele consente
Pertence a ala cultural.

A cadeira catorze tem a honra
De pertencer à presidente,
Da Academia de Peri-Mirim,
Eni Amorim Pereira, o presente.
Sua patronesse, Dona Isabel.
Viveu em Santana, hoje no Céu.
Abençoa-nos constantemente.

A cadeira número quinze
Pertence a mim, a poeta.
Sou verdadeira e amiga,
O estudo é minha meta.
José Silva, meu patrono,
Em Santana fez seu trono
Eu o considero um profeta.

Flávio Andrade Braga
Possui cadeira dezesseis
É escritor renomado,
Faz sucesso o “Baixadês”
Patrono, Alexandre Botão,
Homem de bom coração,
Seu dote, a sensatez.

Alda Regina Correia
Deu cara nova à educação,
Patronesse, Helena Ribeiro,
Pois a amou de paixão.
Dezessete é sua cadeira
Professora, sua carreira.
Foi gestora de Cecília Botão.

E a cadeira dezoito
Tem patrono o Furtuoso.
Paulo Sérgio, o escolheu,
Por ser de fibra e valoroso.
Paulo, poeta, compositor,
É guerreiro, vencedor.
É homem bom, virtuoso.

Venceslau Pereira Júnior,
Homem de fibra e de fé,
Sua cadeira é dezenove,
Rônia, a sua mulher.
Patrono, Venceslau Pereira.
Foi dentista, fez carreira,
Creu em Deus, tinha fé.

Gisélia Pinheiro Martins,
Filha de Valton Barreira.
Cadeira de número vinte
Fala mansa, não diz asneira.
Seu patrono, João Botão.
Gisa é da educação
E professora de carreira.

Atanieta Nunes Martins
Amiga da faculdade,
Sua cadeira é vinte e um.
É leal, pratica alteridade.
Seu patrono, Carneiro de Freitas,
A Peri-Mirim deu receitas
De como viver de verdade.

A cadeira vinte e dois
É de Liliene da Glória,
Mãe de um casal de filhos,
A primeira Sara Vitória,
Patrono, Edimilson Ribeiro.
Farmacêutico e até parteiro,
Deus abençoe sua história.

Jessytania Carvalho Santos
Faz parte da diretoria,
Sua cadeira é vinte e três
Seu sorriso, pura alegria.
Agripino Marques, seu patrono,
Até hoje tem o trono,
De melhor prefeito da freguesia.

Jose Sodré Ferreira Neto
Sua cadeira é vinte e quatro.
Seu patrono, José dos Santos.
Gostava de campear nos prados
Cleres é a mãe de José,
Mulher de fibra e de fé.
A justiça os deixa empolgados.

A confreira Edna Jara,
Tem cadeira vinte e cinco.
Raimunda França, patronesse,
Trabalhava com afinco,
A sua avó, guerreira mulher,
A neta é assim, não tem mister.
Dessa forma, a estrofe eu findo.

Diego Nunes Boaes,
Tem cadeira vinte e seis,
Escolheu para patrono
Alguém fluente no inglês.
João Garcia Furtado
Até hoje admirado.
Falava também o francês..

A cadeira vinte e sete
É da confreira Elinalva.
Inteligente e brilhante,
Parece a estrela D’alva.
Júlia Silva, sua patronesse,
Nossa homenagem merece.
Voz de barítono, ressalva.

Jailson Alves Sousa
Vinte e oito, sua cadeira.
Raimundo João Santos,
Escolhido para patrono
O matemático Taninho,
Todos lhe davam carinho,
Nas quatro estações do ano.

A primeira diretoria
Desta forma é composta.
Presidente, Eni Amorim,
A vice é muito disposta,
Jessytania é seu nome.
Essa dupla é graciosa.

O primeiro secretário,
É nosso amigo à parte,
O companheiro Diego Nunes,
A sua vida é uma arte
Por onde passa deixa alegria
A todos dá felicidade.

A segunda secretária,
Ana Creusa, a fundadora,
Desta nossa Academia
É amiga, batalhadora.
Edna Jara Abreu Santos
É sua colaboradora.

Elinalva de Jesus Campos,
Tesoureira incondicional.
Atanieta e Francisco da Paz
São do conselho fiscal.
Bordalo também compõe
A equipe triunfal.

As atividades continuam
Fique aqui a nos honrar,
Com sua linda presença
Este evento só tem a brilhar
O poema está encerrando
Mas vocês, continuo amando
Já é hora de encerrar.

Obrigada,
Maria Nasaré Silva

Cecília Euzamar Campos Botão

Por Antônio João França Pereira

Patrona da Cadeira nº 06 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Antônio João França Pereira. Nasceu em São Luís, no dia 22 de novembro de 1912, filha de Torquata Campos, esta natural de São Vicente Ferrer, sem condições econômicas suficientes para criá-la e educá-la, decidiu deixá-la aos cuidados do Sr. Domingos Vieira, seu padrinho, não por falta de amor, mas como uma oportunidade de que Cecília viesse a ter melhores oportunidades na vida, tão difícil naquela época, principalmente para uma mãe solteira. E garças a Deus, assim aconteceu! Cecília teve uma boa criação e educação como prometeu seu padrinho.

Formou-se Professora Normalista, curso máximo do magistério na época. Como as dificuldades de trabalho no Estado eram grandes, só foi possível conseguir sua nomeação como Professora Normalista para o Município de Peri-Mirim, cidade da Baixada Maranhense. Chegou a Peri-Mirim em 1930, aos 18 anos, normalista, nomeada para licenciar no Grupo Escolar Carneiro de Freitas, o qual dirigiu e ensinou gerações até 1970.

Logo que lá se estabeleceu, mandou buscar para o seu convívio sua mãe e seus irmãos, que moravam em São Vicente Ferrer. A família consanguínea passou a viver junta até o casamento dos irmãos e morte de sua mãe, compensando, dessa forma, os anos que estiveram separados.

Profissionalmente, Cecília realizou-se na área educacional. Por muitos anos exerceu a função de Diretora e Professora do Grupo Escolar Carneiro de Freitas e ao se aposentar foi a primeira a oferecer seus dadivosos préstimos à Fundação do Ginásio Bandeirante, como Secretária. Foi também coordenadora das professoras leigas da Escola que leva a seu nome: “Escola Municipal Cecília Botão”, homenagem recebida depois de aposentada.

Naquele interior tão pequeno, e desprovido de tantas coisas, Cecília foi um pouco de tudo: professora, advogada, médica, parteira, conselheira e tantas outras atividades, consideradas de grande importância para suavizar as carências ali existentes.

A verdade é que ela adotou Peri-Mirim como sua, pelo amor que passou a lhe ter. E sempre dizia: “São Luís não me quis, mandou-me embora aos 18 anos, numa idade tão bonita para uma jovem! Esta cidade, Peri-Mirim, me acolheu e aqui sou feliz!”.

Casou-se no dia 26 de dezembro de 1940, com Antenor Botão, comerciante da cidade e tiveram três filhos biológicos: José de Ribamar, Maria das Graças e Conceição de Maria e dois de “coração”: João Furtado (que faleceu muito cedo) e João Felipe. Teve três netos: Cecília, filha de José, Giovana e Eduardo filhos de Graça e Eduardo que quando nasceu ela já havia partido. Faleceu aos 64 anos de idade em 10 de setembro de 1976, ironicamente no dia que estava marcada a mudança definitiva do casal para São Luís.

Como primícias da notável Escola Normal do Maranhão, sua vida foi um desfilar de bons exemplos como mestra, mãe e amiga. Pregou pela palavra e pelos atos de vida. Esposa irreverente, a mulher forte de quem falam as escrituras.

Emprestando seu nome a uma instituição educacional à cidade que ela adotou e na qual semeou verbo e vida, o povo perimiriense só faz justiça àquela que, como muitos outros, merece ter seu nome gravado na pedra e na alma das grandes e pequenas mentes claras.

Jacinto Pinto Pinheiro

Por Carlos Pereira Oliveira

Patrono da Cadeira nº 02 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada Carlos Pereira Oliveira. Nasceu no dia 30 de janeiro de 1932, no Povoado de Inambu – Peri-Mirim. É o segundo filho do casal Bonifácio Pinheiro e Patrocina Pinto. Na fase pré-escolar, a família mudou-se para o povoado Poções e mais tarde para a sede do município, com o propósito de colocar os filhos para estudarem.

Jacinto foi matriculado no Colégio Coronel Carneiro de Freitas, onde cursou até o quinto ano do primário. Fazia um turno de aula e outro na oficina de carpintaria, sendo seus mestres Manduca (Armando Leôncio Paz) e Tácito Nunes. Aprendeu a profissão rapidamente e se tornou um dos melhores marceneiros da região. Com a competência demonstrada na marcenaria e o carinho que tinha pelas pessoas, atraiu muitos discípulos, para aprenderem a profissão.

Jacinto gostava muito de cantar e tocar pandeiro, o que desempenhava com maestria e altivez. Sendo cobiçado para cantar na Igreja, na Escola de Samba e no Conjunto Musical de Rafael Botão.

Tudo que fazia tinha a marca da sua dedicação, compromisso e perfeição. Era um homem muito tratável, respeitoso e amigo. Por isso, tinha 360 (trezentos e sessenta) afilhados. Uma marca difícil de ser ultrapassada em qualquer localidade da Baixada Maranhense e, principalmente, da sua terra natal Peri-Mirim. O acadêmico da ALCAP, Francisco Viegas Paz foi o seu primeiro afilhado.

Jacinto era um dos principais articuladores do time de futebol Santa Cruz Esporte Clube da cidade de Peri-Mirim, do qual era um exímio jogador. Por ser um homem muito forte, tinha um chute potente e a cabeçada, mais ainda.

Ele teve uma vida dedicada às artes locais e, por isso, convidado para fazer parte até das ladainhas, muito comum nas décadas passadas e que até hoje ainda algumas pessoas pagam suas promessas nos festejos.

Duas moradoras da sede do município tinham horror aos seus apelidos, mas faziam maior elogio aos irmãos Jacinto e Raimundo Pinto que as respeitavam e de certo modo se sentiam amadas por eles. Um bom exemplo para os outros que, por acaso, agiam ao contrário dos bons costumes.

Quando os padres canadenses chegaram a Peri-Mirim, em 15 de agosto de 1958, o contrataram para renovar os bancos da Igreja e construir um parapeito que separava a nave principal da igreja do altar, deixando aberto um espaço para o deslocamento. Os padres ficaram satisfeitos em ver o cantor do coro da igreja executar com maestria as referidas obras.

Em 31 de dezembro de 1962 ele estava ensaiando a Escola de Samba, do qual era membro efetivo e, antes de sair cantou pela última vez uma música de  Ataulfo Alves “Me dá meu paletó”, que diz:

O general chegou Aurora
Me dá meu paletó
Que eu vou me embora

Quem se arrumou se arrumou
Quem não se arrumou se arrumasse
Eu não sou daqui sou de fora
Me dá meu paletó
Que eu vou me embora.

Jacinto foi assassinado no dia 31 de dezembro de 1962 e deixou a cidade de Peri-Mirim perplexa e os seus trezentos e sessenta afilhados órfãos da sua bênção.

Walter da Silva Braga

Por Manoel de Jesus Andrade Braga

Patrono da Cadeira nº 13 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Manoel de Jesus Andrade Braga. Conhecido como Tetê Braga, nasceu em Pericumã, povoado pertencente ao município de Peri-Mirim (MA), no dia 08 de agosto de 1911, filho de Antônio Florêncio Diniz Braga (o Velho Braga) e de Joana Regina da Silva Braga (Nhá Resna). Teve como irmãos Constantino Braga e Valdivino da Silva Braga. Filho de fazendeiro, herdou do pai a profissão de criador. Criava, além de gado bovino, outros animais como porcos, patos, galinhas, paturis, catraios, perus, cabras, cavalos e peixes. Tinha um tanque em frente à sua casa que dava farturas de peixes. No início de sua vida adulta, Tetê Braga teve uma pequena barraca e também foi pequeno agricultor, mas a paixão pela criação de gado falou mais alto, fazendo-o optar por essa atividade deixando aquelas outras definitivamente.

Em sua pequena propriedade, produzia bastante leite, que servia como base da alimentação de sua família e para a produção de queijos e manteiga. O que era produzido na propriedade, queijos, manteiga, ovos era vendido para comerciantes de Peri-Mirim (Mundico Botão) e de São Bento (Adrião) que levavam para revender em São Luís. Na propriedade havia grande produção de coco babaçu, donde eram extraídas as amêndoas para vender aos comerciantes locais (Ademar Peixoto). A receita da vendas desses produtos era a principal fonte de renda para sustentação da família.

Tetê Braga aprendeu a aplicar injeção e servia a comunidade de Pericumã, aplicando injeção nos enfermos do lugar, inclusive na veia. Desde jovem, era um homem muito conceituado e cobiçado por muitas mulheres da região. Casou-se aos 32 anos com a jovem Maria José Andrade Braga de apenas 16 anos, no dia 23 de dezembro de 1944 (no civil) e no dia 24 do mesmo mês no religioso, na cidade de Pinheiro. Viveram por 45 anos em uma relação profícua que gerou vários frutos. Dessa bela união, nasceram 13 filhos, que são pela ordem cronológica: João Batista, Maria Regina, Valtemar, Walter da Conceição, Maria do Rosário, José Maria, Manoel de Jesus, Valber do Socorro, Leônia Maria, Wewman Flávio, Lidiane da Graça, além dos falecidos Maremaldo e Verionaldo. Complementando a família adotaram e criaram cerca de 10 filhos, dentre eles: Aristo, Ernesto, Cota, José de Cananã, Beatriz, Coronel, Erenice, José Maria e Clenilde.

Ouvindo os conselhos de dona Almerinda Gonçalves e por suas próprias ideias, Tetê Braga alimentou um nobre e grande sonho que era deixar seus filhos bem encaminhados na vida. Para isso, sabia que só tinha um caminho: o estudo. E foi se agarrando com amigos e contando com a ajuda dos padres e freiras que conseguiu realizar seu sonho.

Dona Almerinda Gonçalves, descendente de portugueses e matriarca  da destacada família Gonçalves da cidade de Pinheiro, era sua grande amiga e conselheira. Foi através dela que conseguiu uma vaga no Patronato São Tarcísio para seu filho mais velho (João Batista) e uma no Convento das Irmãs para sua filha mais velha (Regina). No ano seguinte, obteve vagas para Valtemar e posteriormente para Waltinho. E assim foi colocando os filhos no caminho certo.

Todos os filhos da dona Almerinda eram seus compadres. O Sr. Américo Gonçalves deu hospedagem para Regina por algum tempo, o mesmo aconteceu com Rosário que foi hospedada na casa do Sr. Raimundo Gonçalves, seu padrinho. E assim as portas da educação foram se abrindo para esse agricultor, que com muito orgulho conseguiu que todos os filhos estudassem e se formassem em cursos de nível superior.

A religiosidade do casal Tetê Braga e Maria José era notável. Como membros da Legião de Maria, participavam das reuniões e cultos dominicais e das missas que aconteciam na comunidade. Uma missão que eles faziam questão de exercitar eram as visitas aos enfermos, idosos e pessoas que estavam passando por momentos de dificuldades, levando a palavra da Bíblia e as orações para conforto dessas pessoas. Outra prática religiosa da família, era a oração do santo terço diariamente.

Por ser muito religioso, conquistou a amizade e o respeito dos padres canadenses que tinham missão em Peri-Mirim, notadamente Padre Edmond Poliot e Padre Gérard Gagnon. Essa amizade abriu as portas para que seus filhos Regina e Valtemar fossem estudar em Guimarães no Convento das Irmãs de Assunção e no Seminário São José, respectivamente. Do mesmo jeito aconteceu com filho Waltinho que foi estudar no Seminário Santo Antônio em São Luís. Sem essas ajudas, dificilmente Tetê Braga teria tido condições de oferecer a seus filhos a oportunidade de estudarem.

Embora nunca tenha frequentado uma sala de aula regular, foi alfabetizado por seu tio André Avelino Mendes, irmão de sua mãe, Tetê desenvolveu uma verdadeira paixão pela educação. Apesar do pouco estudo, tinha um grande prazer pela leitura. Lia a Bíblia, os catecismos da Igreja Católica, livros, revistas, histórias infantis, até bulas de remédios, tudo que aparecia em sua frente ele lia. Essa paixão pela leitura foi passada para seus filhos, podendo está aí, uma explicação para o sucesso destes, em concursos e vestibulares.

Alguns valores muito caros até hoje e que se fossem mais observados, as pessoas viveriam muito melhor, eram cultivados pelo homenageado: Gratidão, Perdão, Tolerância e Serenidade. Em tudo dava Graças a Deus, mesmo quando parecia algo ruim (Gratidão); não guardava rancor de ninguém, perdoava mesmo os ladrões de seus cavalos e gado (Perdão); mesmo sendo muito católico, abria as portas para irmãos de outras religiões que passavam evangelizando, ouvia atentamente sem mudar suas convicções (Tolerância); por pior que fosse a situação, nunca perdia a calma, não exaltava a voz, nunca se exasperava (Serenidade).

Outro ponto que merece ser destacado em sua vida é que nunca teve  vícios. Não ingeria bebida alcoólica, nunca fumou e não participava de jogos de azar.

Durante os 45 anos de casado, com Maria José Braga, viveu um clima de harmonia, de respeito, de diálogo, de compreensão, de abnegação, de renúncia e de um amor verdadeiro. Faleceu no dia 10 de novembro de 1989, em São Luís, aos 78 anos, deixando um legado de homem honesto, educado, católico praticante e que gostava de conversar com os filhos, a esposa e os amigos.

Quando morreu todos os filhos estavam casados e quase todos, bem empregados. Portanto, morreu com a missão de educar os filhos cumprida. Viva Tetê Braga!

João Garcia Furtado

Por Diêgo Nunes Boaes

Patrono da Cadeira 26 da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), ocupada por Diêgo Nunes Boaes. Nasceu em Peri-Mirim, no dia 15 de setembro de 1944. Filho de Paulo Pereira Furtado e de Domingas Garcia Furtado, ambos naturais de Peri-Mirim. Filho mais velho de uma geração de 10 filhos, teve como irmão: Benta Garcia Furtado, Maria do Socorro Furtado Câmara, José Maria Garcia Furtado, Raimundo Garcia Furtado, Geraldo Garcia Furtado, Francisco Garcia Furtado, Inês Garcia Furtado, Cecília Garcia Furtado (in memoriam) e Pedro Garcia Furtado. Sua avó, Teresa Almeida, era descendente de português, oriunda da cidade de Luzitânia.

Foi batizado no dia 15/05/1945 pelo vigário padre René Carvalho, teve como padrinhos: Francisco Mendes e Celina Gonçalves; crismado no dia 22/05/1959 na Igreja Matriz de Guimarães pelo bispo Dom Afonso Ungarelli. Alistou-se no dia 24 de agosto de 1964, na cidade de Fortaleza (CE), porém não serviu o exército.

Cursou o primário do Ginásio Bandeirantes, por cinco anos na cidade de Peri-Mirim-MA, aos 15 anos de idade mudou-se para Guimarães, em busca de uma boa educação, onde ingressou no ginasial por 4 anos na cidade de Guimarães-MA. O Científico por 3 anos na cidade de Guimarães-MA, ambos no Seminário São José, além de aluno, ele também ensinava na cidade para fins de ajudar nas despesas com o seminário, deixou a batina com um mês antes de sua ordenação. Cursou Filosofia por 3 anos no Seminário em Fortaleza (CE) e se formou Bacharel em Letras Modernas durante 3 anos em São Luís (MA), pela UFMA.

Foi professor de língua portuguesa nos colégios “Conceição de Maria”, “Nina Rodrigues”, “Rosa Castro”, “Ateneu Teixeira Mendes”, “Dom Bosco”, “Colégio Batista”, “Santa Teresa”, “Maristas”, “Instituto Divina Pastora” todas em São Luís-MA e “Ginásio Bandeirante” de Peri-Mirim-MA (1968-1976); professor de francês nos colégios “Conceição de Maria” e “Nina Rodrigues” (1969-1971); professor de língua portuguesa, literatura luso-brasileira e história geral do Brasil nos cursos preparatórios de vestibular “Castro Alves”, “CMV”- Centro Maranhense de Vestibulares, sob direção de Carlos Cunha e “VECTOR”.

Fundador e administrador do Cursinho Papa João Paulo, último até sua morte. Aprovado pelo concurso de professor de latim pela UFMA, não assumindo por conta do baixo vencimento e do seu curso ser mais alto e mais lucrativo em relação à vaga. Ofertava de graça seu curso às pessoas que ele via que tinha interesse e força de vontade de estudar, mas não tinham uma boa condição financeira.

Foi diretor do “Ginásio Bandeirantes” de Peri-Mirim (1968); 3 anos secretário e tradutor de cursos agrícolas pela Caritas Brasileira (órgão ligado ao Vaticano) e por 2 anos exerceu o cargo de  Auxiliar de Escritório da Ação Social da Prelazia de Pinheiro. Cursado em datilografia manual e elétrica; diretor de escolas do 1.º grau (intensivo) e de dinâmica em grupo. Falava e escrevia fluentemente o português, francês, inglês, espanhol, latim e italiano e estava já se adaptando ao russo.

Fundou a ASFIP- Associação dos Filhos de Peri-Mirim no dia 27/09/1987 com sede na Rua Rio Branco Nº 276, Centro e no Conjunto Newton Bello, Quadra B, Casa 12 AL, São Luís-MA. Sendo nomeado vice-presidente da associação. Criou o Jornal na ASFIPE, onde publicava os seus pasquins denunciando a política perimiriense, escreveu contos, poemas e crônicas além de ter seus escritos em participação de jornais, como O Estado do Maranhão e revistas como ISTOÉ, considerado um dos melhores professores do Maranhão, escritor de discursos para políticos, iniciou seu primeiro livro, porém, faleceu antes de concluir.

As madrugadas eram pequenas para tanta tarefa, era onde ele se preparava para as aulas do dia seguinte, não utilizava os livros para ministrar suas aulas, a memória e o conhecimento os supriam naqueles momentos. Se sentia bem em ajudar o próximo, não gostava de mídia, se expor suas tarefas para querer se “esnobar”, era contrário a política, mas em 1992, para o bem da cidade de Peri-Mirim, resolveu ser um patrocinador na campanha à prefeitura da cidade, foi atuante na campanha da chapa de Vilásio França Pereira e vice José Ribamar Martins Bordalo, na qual foram vitoriosos. Faleceu de forma trágica no dia 24 de junho de 1993.

No município de Peri-Mirim foi homenageado com um prédio da Escola Municipal do povoado Tucunzal e o farol da educação no bairro Campo de Pouso. Em relação a sua grande contribuição para com o município não somente na área da educação, mas em todas as áreas, pois ajudava na saúde, administração, ministrava aulas de catecismo durante a noite em alguns povoados, como Tucunzal, Santa Maria. Atualmente recebe merecida homenagem pelo confrade Diêgo Nunes Boaes.

Rafael Paz Botão

Por Francisco Viegas Paz

Patrono da Cadeira nº 07, ocupada por Francisco Viegas Paz. Filho de João Albino Paz Botão e Domingas de Castro Botão, nascido em 30 de outubro de 1905 na localidade Santo Antônio do Acre (hoje Xapuri – terra de Chico Mendes) e faleceu em 23 de junho de 1986. Seu pai era conhecido como Coronel Albino Paz, (dono de seringal) e descendente de holandês. O seu título vem do holandês Boton, que foi aportuguesado para Botão.

Como Rafael Botão veio para o Maranhão?

Em 1918 surgiu a gripe espanhola (H1N1). E a probabilidade que ela chegasse aos seringais era inevitável, haja vista que os europeus vinham constantemente comprar seringas na região, inclusive em Santo Antônio do Acre. Antes que a gripe se alastrasse na região, o Coronel Albino Botão, combinou com a família para enviá-la ao Maranhão o mais rápido possível, devido esta localidade não está incluída na rota da gripe. Então arrumou uma mala com dinheiro, roupas e outros utensílios e mandou toda a família junta. Fazia parte da expedição os seguintes membros da família: a mãe Domingas de Castro Botão e os filhos Marsonilo Paz Botão (mais velho), Rafael Paz Botão (segundo filho, com 13 anos de idade), Albino Paz Botão, Artemízia Paz Botão, Alice Paz Botão (Santinha) e Osório Paz Botão (filho caçula).

Todos viajavam numa embarcação de porte pequeno e, no Golfão Maranhense, com a maré enchendo provocou o desvio da rota, rumando para o Itaúna e de lá até São Bento.

Com o dinheiro que a família trouxe alugou uma casa e começou a tocar a vida livre daquela peste, que dizimou muitos índios na Região Amazônica. O dinheiro estava reduzindo a cada dia e a mãe preocupada com as despesas, para que sua economia não desaparecesse. Então era “um olho no gato e o outro no peixe”.

Rafael começou a se enturmar com os pescadores e foi à luta, garantindo o sustento da família com o auxílio dos outros irmãos.

A mãe de Rafael o matriculou no Seminário de São Bento. Ele não era interno. Ia às aulas e depois vinha para casa. Foi lá que ele aprendeu música com o padre Felipe Condurú Pacheco.

Mais tarde um amigo de Rafael, residente em São Luís lhe mandou uma carta aconselhando que ele viesse para a capital maranhense e escolhesse o Bairro Diamante por possuir opções de adquirir um imóvel para residir e que, na cidade havia maior possibilidade de arranjar emprego. O aconselhamento foi muito bem-vindo pela família. Imediatamente Rafael viajou para São Luís e fez a opção de comprar uma casa. Voltou a São Bento comunicou à sua mãe, que precisava da quantia ajustada para compra do imóvel. A mãe que possuía joias vendeu algumas e deu o dinheiro ao seu filho para fechar o negócio com o proprietário da casa.

A família toda se mudou para o Diamante e, mais tarde, colocou o nome da rua onde morava de Preciosa – existente até hoje. Lá nasceram os irmãos: João de Deus Paz Botão e Fernando Paz Botão.

Rafael arranjou um emprego na Fábrica Fabril, localizada no canto da Fabril, próximo a Receita Federal. Lá aprendeu um pouco de mecânica realizando manutenção das máquinas.

Depois ele se apaixonou por uma jovem chamada Elisa, residente no mesmo bairro em que residia (Diamante) e começaram um relacionamento que durou pouco tempo.

A vinda de Rafael para Peri-Mirim.

Rafael adoeceu de um problema no fígado e já havia tomado muito remédio receitado por farmacêuticos e médicos, mas nenhum deles tinha a eficácia esperada. Então lhe informaram uma senhora em Peri-Mirim, de nome Quitéria e residente entre Portinho e Jaburu, que poderia curá-lo. Ele se dispôs a experimentar os préstimos da dona Quitéria, que realmente o curou, alegando coisa feita. Na recomendação da dieta pediu ao cliente (Rafael Botão), que não comece mais jerimum.

Com o resultado alcançado, ele disse a dona Quitéria que ia retornar para São Luís, mas a vidente senhora profetizou dizendo que o seu lugar atual era no Portinho e depois em Macapá.

“Ou por tralhas ou por malhas”, como diziam os mais velhos, Rafael ficou um pouco mais no município e se apaixonou pela senhorita Odineia França, com quem casou em 30 de junho 1934. E dessa forma cumpria-se a primeira parte da profecia de dona Quitéria. Em função do casamento, a esposa passou a assinar o nome como Odineia França Botão. O casal teve os seguintes filhos: Benedita Marta Botão França (falecida), Maria Lúcia Botão de Oliveira, Lindoura Botão Martins, Raimunda Lélia Botão de Oliveira, Emanoel França Botão e Odinésio França Botão. (Odineia morreu de parto).

Rafael casou-se novamente, cumprindo o que determinava a profecia de dona Quitéria e veio morar na sede do município. A esposa do segundo casamento era Elizabeth Castro Botão, com a qual tiveram os seguintes filhos: Dulcilene Castro Botão, João Albino Paz Botão Neto, Marsonilo da Paz Botão Sobrinho, José Ribamar Castro Botão (falecido), Maria da Graça Castro Botão, Maria Vitória Castro Botão (falecida) e Maria Marta Castro Botão.

Rafael Paz Botão foi Delegado de Polícia e Suplente de Juiz, autorizado, portanto, a realizar casamentos e questões do dia a dia do município.

Como entusiasta e conhecedor de música, Rafael reuniu alguns amigos e parentes com conhecimentos afins para criarem um Conjunto Musical no município, com a participação dos seguintes músicos: Rafael Paz Botão (tocava saxofone alto); José Ribamar Pereira Bahury– Nana (tocava trombone); Herbert de Jesus Abreu – Bebê (tocava saxofone tenor); Furtuoso José Corrêa (tocava saxofone alto); Constantino Corrêa (tocava trombone); Valter Guterres (tocava tuba); João Picola (tocava banjo); João de Deus Paz Botão (tocava pandeiro) e José Ribamar Castro Botão – Sebinho, o caçula dos músicos (tocava bateria).

Por ocasião da visita do Núncio Apostólico canadense a Peri-Mirim, em 1959, que coincidiu com a primeira comunhão da primeira turma de alunos educados para esse fim, o conjunto musical de Rafael Botão tocou o Hino do Canadá e em seguida um dobrado composto e arranjado pelo próprio Rafael. Os canadenses gostaram imensamente da composição ao ponto de solicitarem ao seu compositor uma cópia. Rafael, então, deu o original para o padre Edmundo, que o levou para o Canadá.

Foi uma festa muito animada, realizada no canto da casa Paroquial de São Sebastião, com muito folclore, inclusive com o tambor de crioula do mestre Gervásio do Pontal, que cantava várias músicas do reportório do tambor e uma das letras dizia o seguinte:

Balanceia, balanceia, quero ver balancear, balança de pesar ouro não pode pesar metá. Refrão: balanceia, balanceia, quero ver balancear.

Menina casa comigo, que eu sou um nego trabalhador: com chuva não vou na roça, com sol também não vou.

Rafael foi um homem extremamente dedicado a cultura perimiriense, a ponto de inovar cada vez mais as brincadeiras de bumba meu boi, com a sua criatividade de dar gosto. Ele confeccionava o boi, construía os personagens e ensaiava a comédia de mãe Catirina e Pai Francisco. Cada cena era cuidadosamente elaborada por ele. Como em uma novela, onde o diretor diz como deve ser o enredo, proposto para aquele ato.

A Escola de samba do Portinho tinha sempre a sugestão e autocrítica de Rafael, para que ela fizesse bonito no desfile. Em 1951 o prefeito Agripino Marques, em desavença com Rafael patrocinou um bloco da sede, chamado de “Só prá nós” e, em desafeto, seu Rafa, como era chamado carinhosamente, fez o “Bloco Popular” do Portinho. Muito criativo conseguiu um carro de boi e sua equipe enfeitou da melhor forma possível. Nele os músicos se agruparam e tocavam, como se fosse num trio e os demais brincantes e a população os seguia, com muito entusiasmo, cantando a música:

“Vem cá ioiô, vem cá iaiá, não sejam tolinhos que este bloco é popular (bis)”.

“É assim que a rosa respira, seja o caipira ou o general, seja o doutor, seja o pobre, seja o rico, todos caem no fuxico deste carnaval”.

Quando o Bloco Popular chegou à Praça de São Sebastião, Agripino Marques foi embora para casa. Então sua esposa dona Julieta Marques lhe disse: você deixa a animação na praça e vem se esconder em casa? – Ele refletiu deixou o orgulho de lado, vestiu uma bermuda e foi brincar no meio da multidão.

No que diz respeito a bens e serviços ele não poderia ser melhor do que era. Consertava tudo que fosse necessário, mesmo com os míseros recursos da época. Como prova ainda poderá ser vista o Crucifixo da Igreja de São Sebastião, que lá chegou avariado e Rafael o deixou como fora esculpido o original.

Enfim, a sua vinda para Peri-Mirim, foi traçada por um destino que só fez bem para a população. O acadêmico Francisco Viegas Paz é muito grato em poder prestar-lhe esta homenagem com o esmero que o seu Patrono merece.

Maria de Nasaré Serra Maia

Por Nani Sebastiana Pereira da Silva

É patrona da Cadeira nº 10, ocupada por Nani Sebastiana Pereira da Silva. Natural da cidade de São Bento-MA, nasceu em 21 de fevereiro de 1925, filha legítima de Bernardino Serra e Nila Carvalho Serra, tinha mais três irmãos: Bento Carvalho Serra, José Ribamar Carvalho Serra e Walton Brígido Carvalho Serra, todos naturais de São Bento, depois naturalizados macapaenses, hoje perimirienses.

Iniciou seus estudos em São Bento-MA, mais tarde mudou-se para São Luís para ingressar no magistério no Colégio Rosa Castro, onde se formou como professora normalista. Sua vida profissional iniciou -se como professora leiga em Peri-Mirim, depois como normalista do Estado onde trabalhou em diversos povoados, enfrentando preconceitos em relação a sua cor da pele, pois nessa época era latente na sociedade perimiriense, mas em todas as suas lutas era sempre vitoriosa. Permaneceu durante 33 anos no Grupo Escolar Carneiro de Freitas, onde encerrou sua carreira profissional.

Casada com Jorge Antônio Maia, o qual amava muito, dessa união nasceram 12 filhos, sendo 8 mulheres e 4 homens, gerando assim 22 netos e 11 bisnetos. Filhos todos formados com nível superior. Com 91 anos, no dia 25 de maio de 2016, encerra sua jornada aqui na terra, deixando um legado forte de sabedoria na sua família de amor, respeito, companheirismo e acima de tudo fé, muito católica e perseverante. Assim foi sua estada no meio de vós.